Gambiarra evolutiva: diferenças entre revisões

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== Exemplos de Gambiarras evolutivas ==
 
=== CaracóisÓrgãos defecamsituados sobreno alugar própria cabeçaerrado ===
 
==== Caracóis defecam sobre a própria cabeça ====
Uma característica particular dos [[caracóis]] é que durante sua formação, a concha calcária sofre uma [[distorção helicoidal]], girando para abrigar seu corpo e permitir que a cabeça possa ser puxada para dentro do manto de proteção<ref name=":4">CHAPMAN, Jenny. Biodiversity: the Abundance of Life. Cambrige. Cambridge University Press 1997. ISBN: 0521577942. (1997).
</ref>, evidentemente para se proteger de predadores. Acontece que, conforme gira durante sua fase larval, seu trato digestivo juntamente com o resto do [[Víscera|visceral]] também são submetidos a torção, torção em torno de 180 graus, de modo que o [[ânus]] do animal finda localizado acima da própria cabeça<ref>BARNES, Robert D. Zoologia de Invertebrados. Philadelphia, PA: Holt-Saunders International. pp. 348-364. <nowiki>ISBN 0-03-056747-5</nowiki>. (1982).</ref><ref name=":4" />.
 
==== A bolsa do coala abre-se para baixo ====
A [[coala]] é [[marsupial]] arborícola noturno, com até 85 cm de comprimento, que passa seus dias agarrado a troncos de árvores e que possui o [[marsúpio]] que se abre para baixo, em vez de para cima, como a dos [[Canguru|cangurus]]. A razão isso é um legado da história. Os coalas descendem de um ancestral parecido com o [[vombate]]<ref name=":8">DAWKINS, R. The greatest show on Earth: The evidence for Evolution. New York, NY: Free press, 2009.</ref>. Segundo Williams (2006), os coalas evoluíram de marsupiais escavadores como o vombate, que escavavam ninhos subterrâneos, a bolsa de seus ancestrais abrem-se para trás como resultado de proteção dos filhotes durante a escavação<ref>WILLIAMS, Robyn. Unintelligent design: why God isn’t as smart as she thinks she is. National Library of Australia. Ed. Allen & Unwin, <nowiki>ISBN 978 1 74114 923 4</nowiki>. (2006).
</ref>. A medida que os atuais coalas evoluíram, essa característica manteve-se como [[estrutura vestigial]].
 
==== ONervo ferrãolaríngeo dasda abelhasgirafa ficagasta preso4,5 à vítimametros ====
O [[Nervo laríngeo recorrente|nervo laríngeo]] da [[girafa]] é um nervo craniano que parte diretamente do seu cérebro, onde um de seus ramos parte de cada lado do pescoço e se dirige à [[laringe]]. Uma parte chega à laringe diretamente, mas outra parte chega a ela por um caminho bem longo, ele se dirige para “baixo”, para dentro do tórax, caminha até o coração, dá a volta em uma de suas [[artérias]] e volta para cima, até atingir a laringe. O nervo laríngeo é um exemplo bizarro, pois como a [[aorta]] da girafa se encontra no tórax, e o tórax encontra-se muito distante do crânio, o nervo laríngeo “caminha” 4,5 metros em uma girafa adulta, quatro metros e meio, para chegar a uma posição a centímetros da origem do nervo<ref name=":8" />.
O sistema de defesa das [[abelhas]] com ferrão ativo, torna sua defesa um ato suicida<ref name=":5">DAWKINS, R. O gene egoista. São Paulo: EDUSP. (1979).</ref>. Quando a abelha ferroa, o ferrão se desloca do abdômen, e, na maioria das vezes parte dos órgãos internos da abelha ficam na vítima e a abelha morre em seguida<ref name=":5" />. Isto acontece devido as estriações do ferrão que acabam fixando o ferrão no tecido picado<ref>WALKER, T. et al. Imaging diagnosis: acute lung injury following massive bee envenomation in a dog. Veterinary Radiology & Ultrasound, v.46, n.4, p.300-303, (2005).</ref>. A resposta evolutiva é que aparelho inoculador de veneno (ferrão) das abelhas e de outros indivíduos dessa [[ordem]] zoológica, foi derivado de um ovopositor modificado, o qual possui glândulas veneníferas anexas<ref>FIGHERA R. A.; SOUZA, T. M.; BARROS, C. S. L.; Acidente provocado por picada de abelhas como causa de morte de cães. Ciência Rural, Santa Maria, v.37, n.2, p.590-593. ISSN 0103-8478 (2007).</ref>.
 
=== CoelhosCausam necessitama comermorte suasdo fezesindivíduo ===
Os [[coelhos]] têm de comer algumas das suas próprias fezes, a fim de digerir completamente as suas refeições<ref name=":7">{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=09B4ge387uQC&pg=PA25&lpg=PA25&dq=Rabbits+have+to+eat+some+of+their+own+feces+in+order+to+fully+digest+their+meals&source=bl&ots=63Sz5YEXWa&sig=lRgw8mLeCdG2cKvJdGtsQRD_lt4&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwimrOiJxL3TAhWFG5AKHW0aAiEQ6AEIYzAI#v=onepage&q=Rabbits%20have%20to%20eat%20some%20of%20their%20own%20feces%20in%20order%20to%20fully%20digest%20their%20meals&f=false|título=Modular Science: Separate award. Year 10|ultimo=Hirst|primeiro=Keith|data=2002-01-01|editora=Heinemann|lingua=en|isbn=9780435572044}}</ref>. Acontece que os coelhos tiveram que se adaptar para digerir a [[celulose]]. Eles têm um apêndice alargado e ceco que contêm bactérias de digestão de celulose. Contudo, açúcares e outros nutrientes não são absorvidos completamente no intestino e vão para as fezes produzidas. Parte das fezes que os coelhos produzem são ingeridas para passar através de seu sistema digestivo duas vezes e com isso absorver todo o nutriente necessário<ref name=":7" />. As fezes que os coelhos produzem durante o dia são secas, duras e não são consumidas.
 
==== NervoO laríngeoferrão dadas girafaabelhas gastafica 4,5preso metrosà vítima ====
O sistema de defesa das [[abelhas]] com ferrão ativo, torna sua defesa um ato suicida<ref name=":5">DAWKINS, R. O gene egoista. São Paulo: EDUSP. (1979).</ref>. Quando a abelha ferroa, o ferrão se desloca do abdômen, e, na maioria das vezes parte dos órgãos internos da abelha ficam na vítima e a abelha morre em seguida<ref name=":5" />. Isto acontece devido as estriações do ferrão que acabam fixando o ferrão no tecido picado<ref>WALKER, T. et al. Imaging diagnosis: acute lung injury following massive bee envenomation in a dog. Veterinary Radiology & Ultrasound, v.46, n.4, p.300-303, (2005).</ref>. A resposta evolutiva é que aparelho inoculador de veneno (ferrão) das abelhas e de outros indivíduos dessa [[ordem]] zoológica, foi derivado de um ovopositor modificado, o qual possui glândulas veneníferas anexas<ref>FIGHERA R. A.; SOUZA, T. M.; BARROS, C. S. L.; Acidente provocado por picada de abelhas como causa de morte de cães. Ciência Rural, Santa Maria, v.37, n.2, p.590-593. ISSN 0103-8478 (2007).</ref>.
O [[Nervo laríngeo recorrente|nervo laríngeo]] da [[girafa]] é um nervo craniano que parte diretamente do seu cérebro, onde um de seus ramos parte de cada lado do pescoço e se dirige à [[laringe]]. Uma parte chega à laringe diretamente, mas outra parte chega a ela por um caminho bem longo, ele se dirige para “baixo”, para dentro do tórax, caminha até o coração, dá a volta em uma de suas [[artérias]] e volta para cima, até atingir a laringe. O nervo laríngeo é um exemplo bizarro, pois como a [[aorta]] da girafa se encontra no tórax, e o tórax encontra-se muito distante do crânio, o nervo laríngeo “caminha” 4,5 metros em uma girafa adulta, quatro metros e meio, para chegar a uma posição a centímetros da origem do nervo<ref name=":8" />.
 
==== Tartarugas não conseguem se desvirar ====
O casco dos [[Testudinata|testudines]] (tartaruga, cágado e jabuti) possui um formato geométrico que complica a vida destes animais, muita das vezes, se virados de costas para baixo, não conseguem se desvirar sozinhos<ref name=":9">{{Citar web|url=http://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/7228-maior-apreensao-dos-ultimos-anos-resgata-383-tartarugas-da-amazonia|titulo=Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Maior apreensão dos últimos anos resgata 383 tartarugas da Amazônia|acessodata=2017-04-26|obra=www.icmbio.gov.br|lingua=pt-br}}</ref> e que acarreta sofrimento, pois devido ao seu grande peso corporal e ausência de esqueleto interno, as [[Víscera|vísceras]], órgãos e músculos se descolam para baixo comprimindo o pulmão do animal causando [[asfixia]], que muitas vezes leva esses indivíduos à óbito<ref name=":9" />, chegando a esse resultado lamentável lentamente, depois de cerca de 20 dias virado.
 
==== OvelhasDentes edo cabrasBabirusa rejeitamperfuram seuspróprio filhotescrânio ====
O parto prolongado pode levar o animal à exaustão e ter efeitos adversos sobre, raramente a mãe bandona a sua cria, porém em casos de parto múltiplo ou [[primíparas]] a atenção é dispensada em uma única cria e, passado o período crítico de reconhecimento, a [[cabra]] rejeita os outros filhotes<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=gssTh9pKbMEC&pg=PA183&lpg=PA183&dq=cabra+rejeita&source=bl&ots=qutVvJq0jl&sig=YkBX2tO1srh9mt2_r6ZKXCenHug&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiolJKkj8bTAhWBD5AKHYl0D78Q6AEIMDAC#v=onepage&q=cabra%20rejeita&f=false|título=Caprinocultura|ultimo=Ribeiro|primeiro=Silvio Doria de Almeida|data=1997-01-01|editora=NBL Editora|lingua=pt|isbn=9788521309727}}</ref>. No caso da [[ovelha]], se ela permitir que o cordeiro consuma o [[colostro]] revela que ela o reconheceu e o aceitou como seu, rejeitando qualquer outro filhote que tente mamar<ref>'''Rech''' et al. '''''Temperamento e comportamento materno ovino'''''. Rev. Bras. Reprod. Anim., Belo Horizonte, v.35, n.3, p.327-340, jul./set. 2011.</ref>. Dados de mamíferos sugerem que, quando o recurso alimentar é severamente restrito, tornando fêmeas [[Lactente|lactantes]] incapazes de manter seu peso vivo, as mães são mais propensas a rejeitar e abandonar seus filhotes<ref>{{Citar periódico|ultimo=Rech|primeiro=Carmen Lucia de Souza|ultimo2=Rech|primeiro2=José Luiz|ultimo3=Fischer|primeiro3=Vivian|ultimo4=Osório|primeiro4=Maria Teresa Moreira|ultimo5=Manzoni|primeiro5=Nelson|ultimo6=Moreira|primeiro6=Heden Luiz Marques|ultimo7=Silveira|primeiro7=Isabella Dias Barbosa da|ultimo8=Tarouco|primeiro8=Adriana Kroef|data=2008-08-01|titulo=Temperamento e comportamento materno-filial de ovinos das raças Corriedale e Ideal e sua relação com a sobrevivência dos cordeiros|jornal=Ciência Rural|volume=38|numero=5|paginas=1388–1393|issn=0103-8478|doi=10.1590/S0103-84782008000500030|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0103-84782008000500030&lng=en&nrm=iso&tlng=pt}}</ref>.
 
=== Micromalthus debilis: o besouro que devora a mãe viva ===
Alguns insetos desenvolveram métodos macabros de propagar a espécie, assim como o que acontece em besouros [[Micromalthus debilis]]. As fêmeas desta espécie, que são [[Partenogénese|parternogênicas]], geram suas larvas fêmeas descendentes de forma normal. Porém, o Micromalthus debilis o desenvolveu um sistema praticamente idêntico aos [[cecidomiídeos]], com uma variação macabra. As fêmeas paternogênicas produzem um único descendente [[macho]], e essa larva se prende à [[cutícula]] da mãe durante cerca de quatro ou cinco dias, em seguida insere a cabeça pela abertura [[genital]] dela e a devora<ref name=":10">GOULD, Stephen Jay. Darwin e os Grandes Enigmas da Vida. São Paulo: Martins Fontes, 2º ed., 1999, 274p.</ref>.
 
=== Dentes do Babirusa perfuram próprio crânio ===
Os [[Canino (dente)|dentes caninos]] da mandíbula do [[Babirussa|babirusa]] macho crescem por sobre a face, e os caninos superiores emergem na vertical dos [[Alvéolo dentário|alvéolos]] do maxilar e penetram pela pele do nariz, então saem em curva para cima e na frente da face<ref>GROVES, C. P. Systematics of Babyrousa, Zoologische Mededelingen.</ref> <ref name=":11">MACDONALD, A.; LEUS, K & HOARE, H.; 'Maxillary canine tooth growth in babirusa (genus Babyrousa)' Journal of Zoo and Aquarium Research, vol 4, no. 1.(2016)</ref>. Os dentes caninos crescem curvados e em direção à cabeça, onde acabam, muitas vezes, perfurando o crânio do animal e atingindo o cérebro<ref>GBIF Secretariat: GBIF Backbone Taxonomy. doi:10.15468/39omei Acessado via <<nowiki>http://www.gbif.org/species/2441208</nowiki>> Em 2016-10-23</ref><ref>WESSON, Robert G. Beyond Natural Selection. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1991.
</ref>. A função atual destes dentes é desconhecida. Eles são bastante frágeis, facilmente se quebram e são raramente usados em combate<ref>IRVEN, P. 1996. The Babirusa. Mainly About Animals 29, 5-7.
</ref>. Estudos subsequentes do comportamento, da fragilidade estrutural do dente canino superior e a relativa superficialidade destes, mostraram que os dentes caninos do macho adulto nunca foram usados diretamente em lutas<ref name=":11" />.
 
==== Galhada do alce irlandês acarretou sua extinção ====
=== Gatos possuem espinho no pênis ===
[[Gatos]] têm um pênis cercado de dezenas de [[espinhos]] rígidos (as [[Espícula|espículas]]) que de acordo com um estudo publicado na revista ''[[The Anatomical Record]]'', estão associados com o estímulo da [[ovulação]]: Provocam sangramento por ocasião do coito, isto estimula o aumento da secreção do [[Hormônio luteinizante|hormônio LH]] que leva a ovulação na gata. Essas espículas além provocarem esse sangramento, provocam dor por machucarem intensamente as paredes da vagina da fêmea que necessita desse estímulo dessa para poder ovular. A perda de espinhos também leva à estimulação reduzida do pênis do gato durante a intromissão promovendo a diminuição da excitação sexual. Assim, para que haja sucesso na reprodução, são necessários os espinhos tanto para o macho quanto para a fêmea<ref>ARONSON, L. R. and COOPER, M. L. Penile spines of the domestic cat: Their endocrine-behavior relations. The Anatomical Record, 1967.</ref>.
 
=== Galhada do alce irlandês acarretou sua extinção ===
A [[galhada]] de muitos animais possui entre uma de suas funções fundamentais, um "símbolo visual de posição de domínio". Com 41 kg de chifre que possuía 3,65 metros de ponta a ponta, o [[Alce-gigante|Megaloceros]] (Alce irlandês) rearranjou seus chifres de forma que pudessem ser exibidas por completo quando o animal olhasse pra frente, pois manobrar os chifres como os animais modernos fazem não seria viável. Contudo, embora estivesse bem adaptado às campinas abertas e relvadas, com poucos bosques da época, aparentemente o Megaloceros não se adaptou de forma suficientemente rápida à [[tundra]] subártica ou ao denso florestamento ocorrido depois do último recuo da camada de gelo, sendo incapaz de fugir dos predadores pela densa floresta, provavelmente o animal foi vítima do seu sucesso evolutivo anterior<ref name=":10" />.
 
=== Relações familiares macabras ===
=== Sistema de defesa da cigarra é saciar o predador ===
Para propagar a espécie, os seres vivos desenvolvem diferentes estratégias de defesa como [[espinhos]], cascas, ferrões e etc. Porém, alguns seres vivos desenvolveram um sistema de defesa que consiste em "saciar o predador". Nesse sistema, os seres ficam inteiramente visíveis para o predador, e, em tão grande número de indivíduos que os predadores não conseguem consumir a todos. Por fim, os poucos que sobrevivem se reproduzem propagando a espécie<ref name=":10" />. A hipótese da saciedade do predador tem sido aplicada às diferentes espécies (SHIBATA et al., 2002)<ref>SHIBATA, M. et al. Synchronized annual seed production by 16 principal tree species in a temperate deciduous Forest, Japan. Ecology, v.83, n.6, p.1727-1742, 2002.</ref>. Esses padrões de defesa têm sido observados em plantas como algumas espécies [[bambu]] e em animais como as [[cigarras]]<ref name=":10" />.
 
==== Ovelhas e cabras rejeitam seus filhotes ====
=== O percevejo de instinto estuprador e homossexual ===
O parto prolongado pode levar o animal à exaustão e ter efeitos adversos sobre, raramente a mãe bandona a sua cria, porém em casos de parto múltiplo ou [[primíparas]] a atenção é dispensada em uma única cria e, passado o período crítico de reconhecimento, a [[cabra]] rejeita os outros filhotes<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=gssTh9pKbMEC&pg=PA183&lpg=PA183&dq=cabra+rejeita&source=bl&ots=qutVvJq0jl&sig=YkBX2tO1srh9mt2_r6ZKXCenHug&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiolJKkj8bTAhWBD5AKHYl0D78Q6AEIMDAC#v=onepage&q=cabra%20rejeita&f=false|título=Caprinocultura|ultimo=Ribeiro|primeiro=Silvio Doria de Almeida|data=1997-01-01|editora=NBL Editora|lingua=pt|isbn=9788521309727}}</ref>. No caso da [[ovelha]], se ela permitir que o cordeiro consuma o [[colostro]] revela que ela o reconheceu e o aceitou como seu, rejeitando qualquer outro filhote que tente mamar<ref>'''Rech''' et al. '''''Temperamento e comportamento materno ovino'''''. Rev. Bras. Reprod. Anim., Belo Horizonte, v.35, n.3, p.327-340, jul./set. 2011.</ref>. Dados de mamíferos sugerem que, quando o recurso alimentar é severamente restrito, tornando fêmeas [[Lactente|lactantes]] incapazes de manter seu peso vivo, as mães são mais propensas a rejeitar e abandonar seus filhotes<ref>{{Citar periódico|ultimo=Rech|primeiro=Carmen Lucia de Souza|ultimo2=Rech|primeiro2=José Luiz|ultimo3=Fischer|primeiro3=Vivian|ultimo4=Osório|primeiro4=Maria Teresa Moreira|ultimo5=Manzoni|primeiro5=Nelson|ultimo6=Moreira|primeiro6=Heden Luiz Marques|ultimo7=Silveira|primeiro7=Isabella Dias Barbosa da|ultimo8=Tarouco|primeiro8=Adriana Kroef|data=2008-08-01|titulo=Temperamento e comportamento materno-filial de ovinos das raças Corriedale e Ideal e sua relação com a sobrevivência dos cordeiros|jornal=Ciência Rural|volume=38|numero=5|paginas=1388–1393|issn=0103-8478|doi=10.1590/S0103-84782008000500030|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0103-84782008000500030&lng=en&nrm=iso&tlng=pt}}</ref>.
 
==== Micromalthus debilis: o besouro que devora a mãe viva ====
Alguns insetos desenvolveram métodos macabros de propagar a espécie, assim como o que acontece em besouros [[Micromalthus debilis]]. As fêmeas desta espécie, que são [[Partenogénese|parternogênicas]], geram suas larvas fêmeas descendentes de forma normal. Porém, o Micromalthus debilis o desenvolveu um sistema praticamente idêntico aos [[cecidomiídeos]], com uma variação macabra. As fêmeas paternogênicas produzem um único descendente [[macho]], e essa larva se prende à [[cutícula]] da mãe durante cerca de quatro ou cinco dias, em seguida insere a cabeça pela abertura [[genital]] dela e a devora<ref name=":10">GOULD, Stephen Jay. Darwin e os Grandes Enigmas da Vida. São Paulo: Martins Fontes, 2º ed., 1999, 274p.</ref>.
 
==== O percevejo de instinto estuprador e homossexual ====
O '''Xylocaris maculipennis''' ou [[Cimex lectularius]], desenvolveu um hábito reprodutivo curioso conhecido como “estupro perfurante homossexual”. Aparentemente, em algumas variedades deste inseto o macho fecha a fêmea com um tipo de "rolha" após fertilizá-la para evitar que os outros machos a fertilizem também. Então, certos percevejos adaptaram-se a esse problema perfurando a fêmea durante a relação de modo a evitar o caminho normal e contornar a rolha. Outros, desenvolveram algo ainda mais drástico: O macho perfura e insemina os outros machos à força de modo que, os seus [[genes]] sejam "carregados" para as fêmeas quando o macho estuprado acasalar com elas<ref>Sommer, Volker & Paul L. Vasey (2006), Homosexual Behaviour in Animals, An Evolutionary Perspective. Cambridge. ISBN 0521864461</ref>.
 
==== Cuco: o pássaro que mata os irmãos adotivos ====
O [[cuco]] é capaz de [[parasitismo]] social. Isso quer dizer que as fêmeas depositam seus ovos nos ninhos de outras aves, onde serão criados por pais de outras [[espécies]]. Criar um filhote de cuco no seu próprio ninho representa um grande prejuízo aos cucos pais, uma vez que o filhote de cuco ao nascer, ele instintivamente mata seus irmãos de criação lançando todos os ovos antes que eles possam eclodir o ovo (ovos do pássaro hospedeiro requerem 15 dias de incubação e o do cuco apenas 12 dias) e competir por alimento<ref name=":8" /><ref>https://bdbjnkdbndah.files.wordpress.com/2017/02/the-greatest-show-on-earth.pdf</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Krüger|primeiro=O.|ultimo2=Davies|primeiro2=N. B.|data=2002-02-22|titulo=The evolution of cuckoo parasitism: a comparative analysis|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11886625|jornal=Proceedings. Biological Sciences|volume=269|numero=1489|paginas=375–381|issn=0962-8452|pmid=11886625|doi=10.1098/rspb.2001.1887|urlissn=0962-8452|pmid=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11886625}}</ref>.
 
=== Causam prejuízo aos indivíduos ===
 
==== Gatos possuem espinho no pênis ====
[[Gatos]] têm um pênis cercado de dezenas de [[espinhos]] rígidos (as [[Espícula|espículas]]) que de acordo com um estudo publicado na revista ''[[The Anatomical Record]]'', estão associados com o estímulo da [[ovulação]]: Provocam sangramento por ocasião do coito, isto estimula o aumento da secreção do [[Hormônio luteinizante|hormônio LH]] que leva a ovulação na gata. Essas espículas além provocarem esse sangramento, provocam dor por machucarem intensamente as paredes da vagina da fêmea que necessita desse estímulo dessa para poder ovular. A perda de espinhos também leva à estimulação reduzida do pênis do gato durante a intromissão promovendo a diminuição da excitação sexual. Assim, para que haja sucesso na reprodução, são necessários os espinhos tanto para o macho quanto para a fêmea<ref>ARONSON, L. R. and COOPER, M. L. Penile spines of the domestic cat: Their endocrine-behavior relations. The Anatomical Record, 1967.</ref>.
 
=== Problemas com a alimentação ===
 
==== Coelhos necessitam comer suas fezes ====
Os [[coelhos]] têm de comer algumas das suas próprias fezes, a fim de digerir completamente as suas refeições<ref name=":7">{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=09B4ge387uQC&pg=PA25&lpg=PA25&dq=Rabbits+have+to+eat+some+of+their+own+feces+in+order+to+fully+digest+their+meals&source=bl&ots=63Sz5YEXWa&sig=lRgw8mLeCdG2cKvJdGtsQRD_lt4&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwimrOiJxL3TAhWFG5AKHW0aAiEQ6AEIYzAI#v=onepage&q=Rabbits%20have%20to%20eat%20some%20of%20their%20own%20feces%20in%20order%20to%20fully%20digest%20their%20meals&f=false|título=Modular Science: Separate award. Year 10|ultimo=Hirst|primeiro=Keith|data=2002-01-01|editora=Heinemann|lingua=en|isbn=9780435572044}}</ref>. Acontece que os coelhos tiveram que se adaptar para digerir a [[celulose]]. Eles têm um apêndice alargado e ceco que contêm bactérias de digestão de celulose. Contudo, açúcares e outros nutrientes não são absorvidos completamente no intestino e vão para as fezes produzidas. Parte das fezes que os coelhos produzem são ingeridas para passar através de seu sistema digestivo duas vezes e com isso absorver todo o nutriente necessário<ref name=":7" />. As fezes que os coelhos produzem durante o dia são secas, duras e não são consumidas.
 
==== Sistema de defesa da cigarra é saciar o predador ====
Para propagar a espécie, os seres vivos desenvolvem diferentes estratégias de defesa como [[espinhos]], cascas, ferrões e etc. Porém, alguns seres vivos desenvolveram um sistema de defesa que consiste em "saciar o predador". Nesse sistema, os seres ficam inteiramente visíveis para o predador, e, em tão grande número de indivíduos que os predadores não conseguem consumir a todos. Por fim, os poucos que sobrevivem se reproduzem propagando a espécie<ref name=":10" />. A hipótese da saciedade do predador tem sido aplicada às diferentes espécies (SHIBATA et al., 2002)<ref>SHIBATA, M. et al. Synchronized annual seed production by 16 principal tree species in a temperate deciduous Forest, Japan. Ecology, v.83, n.6, p.1727-1742, 2002.</ref>. Esses padrões de defesa têm sido observados em plantas como algumas espécies [[bambu]] e em animais como as [[cigarras]]<ref name=":10" />.
 
== Ver também ==