Quatrocentão: diferenças entre revisões

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pobre
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A condição de quatrocentão se opõe à dos novos ricos, burgueses descendentes de [[imigrante]]s inicialmente pobres, alguns dos quais também bem sucedidos nos negócios a partir dos [[anos 1880]] mais ou menos, como o terceiro ''[[rei do café]]'', o [[Prússia|prussiano]] [[Francisco Schmidt]] (1850-1924), e o quinto ''rei do café'', o italiano [[Geremia Lunardelli]] (1885-1962).
 
A maioria, entretanto, hoje em dia tem [[poder aquisitivo]] de [[classe média alta]]. Tendo aqueles que preservam suas fortunas, como os Souza Aranha Setúbal, do [[banco Itaú]], os Simonsen e os Silveira Mello, entre outros. Também, comCom o tempo, diversos quatrocentões casaram-se com descendentes enriquecidos de imigrantes [[italianos]], [[alemães]], [[franceses]], [[poloneses]] e [[libaneses]] que teriam imigrado para oSão BrasilPaulo em fins do Império brasileiro (1822-1889) em busca de melhores condições de vida, ainda que de início tenha havido muita rejeição entre os quatrocentões "puros" para com estes imigrantes outrora pobres, muitos dos quais vieram por contrato para trabalharem como colonos das fazendas, carentes de mão de obra após a [[Lei Áurea|abolição da escravatura]] (1888).
 
Entre essas famílias tradicionais fundadoras de [[São Paulo de Piratininga]] (em 1554) e demais vilas quinhentistas paulistas, destacam-se, entre outros: os Leme, Prado, Almeida, Castro, Monteiro de Castro, Almeida Prado, Silva Prado, Castro Prado, Cardoso de Almeida, Pinheiro Guimarães, Bueno da Silva, Furquim, Castanho, Almeida Castanho, Freitas, Cunha Gago, Dias, Botelho, Arruda, Arruda Botelho, Afonso Gaia, Rendon, Moraes Antas, Fernandes Reis, Fernandes Gonçalves Reis, Fernandes , Gama, Nogueira da Gama, Cobra, Nogueira Cobra, Ataliba Nogueira, Grou, Pires, Camargo, Pimenta, Pires de Camargo, Pimenta Camargo, Camargo Penteado, Penteado de Camargo, Bueno da Ribeira, Penteado, d'Horta, Godói, Bueno, Cubas, Oliveira Horta, Jorge Velho, TGarcia Velho, Souza Aranha, Raposo Góes, Raposo Tavares, Félix, Arzão, Raposo, Alcântara Machado, Sarmento, Bicudo, Moreira, Oliveira Dias, Campos Bicudo, Rego, Mello, Mello Rego, Oliveira Mello, Silveira Mello, Pompeu (também citado como Pompeo), Toledo Piza, Toledo Ribas, Pompeu de Toledo, Taques Pompeu, Pompeu de Almeida, Silva Leme, Furtado, Vaz Guedes, Arias, Aguirre, Sodré, Freitas Valle, Toledo, Preto, Rodrigues Lopes, Saavedra, Taques, Borges, Mattoso, Nunes de Siqueira, Siqueira Mendonça, Campos, Pires de Ávila, Dutra Machado, Maciel, Jorge, Morato, Andrade, Rocha Pimentel, Lacerda, Cerqueira, Borges da Fonte, Borges de Cerqueira, Cerqueira César, Barros, Monteiro de Barros, Pacheco, Gama, Gato, Guedes de Souza, Guedes de Andrade, Martins Bonilha, Mesquita, Veiga, Pedroso, Paes, Cabral, Silva Rudge, Costa Cabral, Rudge Ramos, Baião, Cordeiro Paiva, Paes Leme, Paes de Barros, Dias Chaves, Pedroso Barros, Canto, Andrada, Ribeiro de Andrada, Pimentel, Ferraz, Queirós, Borba Gato, Souza Queiroz, Ribeiro, Garcia Leal, Gonçalves Figueira, Carrasco, Parente, Borba, Junqueira, Ortiz, Lara, Caldeira, Pinto, Pinto Caldeira, Caldeira Brant, Piva de Albuquerque, Souza Campos, Mello Franco, Mello e Oliveira, Albuquerque, Campos Vergueiro, Lemos, Abreu, Domingues, Vergueiro, Cardoso, Quadros, Rocha, Ramos, Branco, Vaz, Leite, Mendonça, Teixeira, Oliveira, Alvarenga, Amaral, Rodrigues, Xavier Monteiro, Corrêa, Aguiar, Cordeiro, Barreto, Tenorio, Guerra, Aranha, Ramalho, Roiz, Telles, etc.<ref name="ReferenceA"/>
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Brasilêro é muito raro''!}}<ref>PIRES, Cornélio, Sambas e Cateretês, Editora Unitas Ltda., São Paulo, 1932</ref>
 
Segundo [[Raymundo Faoro]], em seu livro ''Os donos do poder'', no início do [[século XX]], muitos dos novos-ricos, habitantes da cidade de São Paulo, principalmente os de origem italiana ou japonesa, tinham sido colonos nas grandes fazendas de café dos quatrocentões. Outros, de origem árabe, trabalhavam na incipiente indústria e no comércio.
 
A peça teatral ''Os ossos do barão'', de [[Jorge Andrade]], ele mesmo amargurado por ser afetado pessoalmente pela queda financeira familiar, retrata os conflitos do período em que a [[miscigenação]] se inicia. A ação se passa no momento em que as famílias tradicionais paulistas são afetadas pela queda da [[Bolsa de Nova York]], em [[1929]], que derrubou os preços do café. Os fazendeiros paulistas, chamados ''barões do café'' - nem sempre tendo o título legítimo de barão -, não encontrando compradores para sua produção, empobrecidos, veem-se obrigados a vender algumas de suas fazendas. Em muitos casos, elas foram compradas por antigos empregados. Na peça de Jorge Andrade, a filha de um fazendeiro casa-se com um filho de colonos italianos, ex-empregados de seu pai. O rapaz, apesar de ter estudado e obtido um diploma de "doutor", não tinha ''[[pedigree]]'' e só consegue ser recebido pela alta sociedade através do casamento com moça das famílias quatrocentonas, que aceitava o consórcio para ''dourar'' o [[brasão]].<ref>{{Citar periódico|titulo=Bis!: Conheça a história de 'Os Ossos do Barão', maior sucesso do TBC|jornal=redeglobo.globo.com|url=http://redeglobo.globo.com/globoteatro/bis/noticia/2013/09/os-ossos-do-barao-importancia-da-obra-e-tematica-por-tras-da-trama.html}}</ref>
 
Os conflitos gerados pela gradual miscigenação entre aparte da aristocracia paulistana antiga e a emergente classe dos descendentes de italianos foram mostrados também pelo dramaturgo e contista [[Antônio de Alcântara Machado]], um quatrocentão, que na obra ''[[Brás, Bexiga e Barra Funda]]'', "uma coletânea de contos publicada em [[1928]], trata do quotidiano dos imigrantes italianos e dosde seus ítalo-descendentes na cidade", mostrando "as impressões duma São Paulo imersa na experiência da imigração, de pobres sem qualificação que então vinha modificando os trejeitos da cidade".
 
Há muitos exemplos reais de casos, como o de [[Yolanda Penteado]], de tradicional família paulistana, desquitada de um rapaz da tradicional família Silva Telles, e não havendo divórcio em sua época, se uniu a [[Ciccilo Matarazzo]], romance este retratado com certa liberdade, do ponto vista histórico, na minissérie ''[[Um Só Coração|Um só Coração]]'', de [[Maria Adelaide Amaral]], exibida na [[TV Globo]].