Bacia do Paraná: diferenças entre revisões

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A '''Bacia Geológica do Paraná''', ou simplesmente '''Bacia do Paraná''', ou ainda '''Bacia Paranaica''',<ref>{{Citar web |url=http://www.algosobre.com.br/geografia/bacias-sedimentares-brasileiras-as-caracteristicas-gerais.html |título=Bacias Sedimentares Brasileiras. Características Gerais, por Eduardo Frigoletto |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> é uma ampla [[bacia sedimentar]] situada na porção centro-leste da [[América do Sul]]. A sua área de ocorrência abrange, principalmente, o centro-sul do [[Brasil]], desde o estado do [[Mato Grosso]] até o estado do [[Rio Grande do Sul]], onde perfaz cerca de 75% de sua distribuição areal. Além do Brasil, ela também distribui-se no nordeste da [[Argentina]], na porção leste do [[Paraguai]] e no norte do [[Uruguai]]. É uma depressão ovalada, com o eixo maior no sentido quase norte-sul, e possui uma área de cerca de 1,5 milhão de [[km]]².<ref name="Carta Bacia do Paraná">{{Citar periódico |ultimo=Milani |primeiro= E.J.|autorlink= |coautores=Melo, J. H. G.; Souza, P. A.; Fernandes, L. A. e França, A. B.|data=|ano=2007 |mes =maio/nov |titulo=Cartas Estratigráficas – Bacia do Paraná |jornal=Boletim de Geociências da Petrobras |volume=15 |numero =2 |paginas = 265–287 |editora =Petrobras |local=Rio de Janeiro |issn= |pmid= |doi= |bibcode= |oclc= |id= |url= |idioma= |formato= |acessadoem = |aspas= }}</ref><ref name="Milani, E. J. p. 135-162">{{Citar periódico |ultimo=Milani |primeiro= E.J.|autorlink= |coautores=França, A. B. e Medeiros, R. Á.|data=novembro de 2006/mai 2007 |ano= |mes = |titulo=Roteiros Geológicos, Rochas geradoras e rochas-reservatório da Bacia do Paraná |jornal=Boletim de Geociências da Petrobras |volume=15 |numero =1 |paginas = 135–162 |editora =Petrobras |local=Rio de Janeiro |issn= |pmid= |doi= |bibcode= |oclc= |id= |url= |idioma= |formato= |acessadoem = |aspas= }}</ref>
 
Desenvolveu-se durante parte das [[Era geológica|eras]] [[Paleozoica]] e [[Mesozoica]], e seu registro sedimentar compreende [[rocha]]s formadas do [[Período geológico|Período]] [[Ordoviciano]] ao [[Cretáceo]], abrangendo um intervalo de tempo entre 460 e 65 milhões de anos atrás. A seção de maior espessura, superior a {{Fmtn|7000}} [[metro|m]], está localizada na sua porção central e é constituída por [[rocha sedimentar|rochas sedimentares]] e [[rochas ígneas|ígneas]]. As rochas sedimentares da Bacia do Paraná são ricas em restos de animais e vegetais [[fóssil|fossilizados]].<ref name="Carta Bacia do Paraná"/>
 
A Bacia do Paraná é uma típica bacia flexural de interior [[craton|cratônico]], embora durante o [[Paleozoico]] fosse um [[golfo]] aberto para sudoeste para o então [[Oceano]] [[Panthalassa]]. A gênese da bacia está ligada à relação de convergência entre a margem sudoeste do antigo [[supercontinente]] [[Gondwana]], formado pelos atuais continentes América do Sul, [[África]], [[Antártica]] e [[Austrália]], além da [[Índia]], e a [[litosfera]] oceânica do Panthalassa, classificando a bacia, pelo menos no Paleozoico, como do tipo antepaís das orogenias Gondwanides.<ref name="Carta Bacia do Paraná"/><ref name="ZalanEtAl1991">Zalan, P. V. ''et al.'' (1991) ''The Paraná Basin, Brazil''. IN: Leighton, M. W. ''et al.'' (Eds.). ''Interior cratonic basins''. Tulsa, Okla.: American Association of Petroleum Geologists, p. 707-708. (AAPG. Memoir 51).</ref><ref name="Melo1988">Melo, J. H. G.(1988) ''The Malvinokaffric ream in the Devonian of Brazil''. IN: McMilillan, N. J.; Embry, A. F.; Glass, D. J. (Ed.). ''Devonian of the world''. Calgary: Canadian Society of Petroleum Geologists, 1988, v. 1. p. 669-704. (CSPG Memoir, 14).</ref>
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A partir do Triássico, houve um período de reativação da plataforma continental, com expressivos [[rifte]]amentos e extensivos [[vulcão|processos vulcânicos]], cuja intensidade máxima se deu no Cretáceo e se estendeu até o Terciário, fruto do processo de ruptura do Gondwana e à formação do Atlântico sul. Volumes gigantescos de lavas acabaram sendo injetados e extravasados em toda a Bacia do Paraná, cobrindo todo o deserto Botucatu em dezenas de derrames. As rochas formadas a partir desse processo, principalmente [[basalto]]s, deram origem a [[Formação Serra Geral]]. Estas rochas se estendem pelo continente africano, através da Bacia de Etendeka, na [[Namíbia]] e na [[Angola]]. Os eventos de derrames de lavas que deram origem a Formação Serra Geral constituem a maior manifestação de vulcanismo conhecida no planeta. Atualmente, após mais de 100 milhões de anos do derramamento, três quartos da Bacia do Paraná ainda continua recoberto por derrames vulcânicos da Formação Serra Geral, cobrindo cerca de 1 milhão de km², com até mais de 2000 m de espessura e um volume total de aproximadamente 650 mil&nbsp;km³, sendo comumente conhecido como Trapp do Paraná e Província Magmática do Brasil meridional.<ref name="Carta Bacia do Paraná"/><ref name="Bartorelli2005"/><ref name="MarquesEtAl2005"/><ref name="Milani2005"/>
 
'''Bacia Bauru:''' Após o término do vulcanismo que gerou os derrames basálticos da Formação Serra Geral, houve a instalação de uma nova bacia sedimentar, a Bacia Bauru, de idade Cretáceo superior, e localizada sobre a porção centro-norte da Bacia do Paraná, nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso, assim como no nordeste do Paraguai.<ref name="Bacia Bauru">{{Citar periódico |ultimo=Fernandes |primeiro= L. A.|autorlink= |coautores=Coimbra, A. M.|data=março 1996 |ano= |mes = |título=A Bacia Bauru (Cretáceo Superior, Brasil) |jornal=Anais da Academia Brasileira de Ciências |volume=68 |numero =2 |paginas = 195–205 |editora =Academia Brasileira de Ciências |local=Rio de Janeiro |issn= |pmid= |doi= |bibcode= |oclc= |id= |url= |idioma= |formato= |acessadoem = |aspas= }}</ref> As sucessões sedimentares desta bacia estão agrupadas na supersequência Bauru. Esta supersequência é constituída por depósitos de arenitos e conglomerados alúvio-fluviais do grupos Bauru e eólicos do Grupo Caiuá, que foram depositados em ambiente continental [[semi-árido]] a desértico, o chamado deserto Caiuá.<ref name="Carta Bacia do Paraná"/><ref name="Milani2005"/> O Grupo Bauru é subdividido nas formações [[Formação Adamantina|Adamantina]], [[Formação Marília|Marília]] e [[Formação Uberaba|Uberaba]], enquanto que o Grupo Caiuá é subdividido nas formações Goio-Erê, Rio Paraná e Santo Anastácio.<ref name="Fernandes 1994 ">Fernandes, L. A. e Coimbra, A. M. (1994). "O Grupo Caiuá (Ks): Revisão Estratigráfica e Contexto Deposicional." '' Revista Brasileira de Geociências'', 24(3): 164-176, setembro de 1994.</ref> Essas formações atingem até 300 metros de espessura, onde é comum a presença de [[paleossolo]]s.<ref name="Milani2005"/> Além disso, as rochas desta supersequência são ricas em fósseis, inclusive de [[dinossauros]]. Até o momento já foram encontrados restos fósseis de quatro [[espécie]]s de dinossauros de grande porte, do grupo dos [[saurópode]]s, incluindo o ''[[Austroposeidon|Austroposeidon Magnificus]]'' e o ''[[Maxakalisaurus topai]]'', respectivamente o maior e o segundo maior dinossauros já encontrados no Brasil.<ref name="Bandeira 2016">{{Citar periódico |ultimo= Bandeira |primeiro= K.L.|autorlink= |coautores= et al. |data=2016 |ano= |mes = |titulo= A New Giant Titanosauria (Dinosauria: Sauropoda) from the Late Cretaceous Bauru Group, Brazil.|jornal= PLoS ONE |volume= 11 |paginas = e0163373 |doi= 10.1371/journal.pone.0163373 | url = http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0163373 }}</ref><ref name="Kellner 2006">Kellner, A.W.A., Campos, D.A., Azevedo, S.A.K., Trotta, M.N.F., Henriques, D.D.R., Craik, M.M.T., and Silva, H.P. (2006). "''On a new titanosaur sauropod from the Bauru Group, Late Cretaceous of Brazil.''" ''Boletim do Museu Nacional (Geologia)'', '''74''': 1-31.</ref> Em rochas da Fm. Goio-Erê foram encontrados, na cidade paranaense de [[Cruzeiro do Oeste]], fósseis de [[pterossauros]], répteis voadores extintos. Esta descoberta, realizada inicialmente por lavradores da cidade, foi considerada pelos [[geocientista]]s que estudaram os fósseis como de impacto mundial. Ao longo do estudo, foi identificado um conjunto de fósseis de, no mínimo, 47 indivíduos de uma espécie desconhecida até o momento e batizada de ''Caiuajara dobruskii''. Esta espécie viveu no Cretáceo superior, entre 93 e 83 milhões de anos atrás.<ref name=" Manzig 2014 ">Manzig PC, Kellner AWA, Weinschütz LC, Fragoso CE, Vega CS, et al. (2014) ''Discovery of a Rare Pterosaur Bone Bed in a Cretaceous Desert with Insights on Ontogeny and Behavior of Flying Reptiles''. PLoS ONE 9(8): e100005. doi:10.1371/journal.pone.0100005.</ref>
 
== Recursos naturais ==
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Apesar de crateras de impactos, chamados de [[astroblema]]s, não terem sua origem relacionadas a bacias sedimentares, por serem relacionados a quedas de [[meteorito]]s ou [[cometa]]s na superfície de corpos celestes como a Terra, até o momento três [[cratera]]s causadas por corpos extraterrestres foram identificados sobre rochas da Bacia do Paranáː
 
'''[[Cratera de Araguainha]]''': A Cratera de Araguainha é o maior astroblema conhecido na América do Sul. Está localizada na divisa dos estados de [[Goiás]] e do [[Mato Grosso]], sendo que o [[Riorio Araguaia]] corta a estrutura ao meio. Foi formada próxima ao limite Permiano-Triássico, a cerca de 245 milhões de anos atrás. Possui cerca de 40&nbsp;km de diâmetro e afeta rochas paleozoicas da Bacia do Paraná;<ref>{{Citar web |url=http://sigep.cprm.gov.br/sitio001/sitio001.pdf|título=Domo de Araguainha |autor= Alvaro P. Crósta|obra= Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil 1|data= 1999|acessodata=23/12/2014}}</ref>
 
'''[[Cratera de Vargeão]]''': A Cratera de Vargeão foi formada sobre rochas vulcânicas basálticas da Formação Serra Geral, a pelo menos 125 milhões de anos. Está localizada na região oeste do Estado de Santa Catarina, abrangendo os municípios de [[Faxinal dos Guedes]], [[Passos Maia]] e [[Vargeão]]. Possui diâmetro de cerca de 12&nbsp;km de diâmetro e constitui uma das raras crateras formadas em basaltos existentes na Terra;<ref>{{Citar web |url=http://sigep.cprm.gov.br/sitio114/sitio114.pdf|título=Astroblema Domo de Vargeão|autor= Alvaro P. Crósta, César Vieira, Asit Choudhuri e Alfonso Schrank |obra= Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil 114|data= 2009|acessodata=23/12/2014}}</ref>
 
'''[[Cratera de Vista Alegre]]''': A cratera de Vista Alegre foi formada sobre rochas vulcânicas basálticas da Formação Serra Geral, a pelo menos 125 milhões de anos. Está localizada na localidade de Vista Alegre, município de [[Coronel Vivida]], sudoeste do estado do Paraná. Possui diâmetro de cerca de 9,5&nbsp;km de diâmetro e constitui uma das rara crateras formadas em basaltos existentes na Terra.<ref>{{Citar web |url=http://sigep.cprm.gov.br/sitio044/sitio044.pdf|título=Cratera de Vista Alegre|autor= Álvaro Crósta, Rafael Furuie, Alfonso Schrank e César Vieira|obra= Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil 44|data= 2011|acessodata=23/12/2014}}</ref>
 
{{Referências|col=3|scroll=s}}