Fé: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:La Fe (L.S. Carmona, MRABASF E-108) 01.jpg|thumb|300px|right|[[Escultura]] ''[[Alegoria]] da fé'', de [[Luis Salvador Carmona|L.S. Carmona]] ([[1752]]–[[1753|53]]). O [[véu]] simboliza a impossibilidade de se conhecer diretamente as [[evidência]]s.]]
'''Fé''' (do [[Latim]] ''fide'')<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 764.</ref> é a adesão de forma [[Condicional material|incondicional]] a uma [[hipótese]] que a pessoa passa a considerar como sendo uma [[verdade]]<ref>{{citar web|url=http://www.priberam.pt/dlpo/f%C3%A9|título=Dicionário Priberam da Língua Portuguesa|lingua=portugês|acessodata=27 de Fevereiro de 2015}}</ref> sem qualquer tipo de [[prova]] cientítica que siga a rígidos critérios [[Objetividade (filosofia)|objetivos]] de [[verificação]], pela absoluta [[confiança]] que se deposita nesta ideia ou fonte de transmissão.

A fé não se trata de abstinência de [[dúvida]], pois esta última faz parte da condição humana e não é expurgável através da fé. Cientistas e lógicos, no entanto, afirmam que exista um [[:wikt:antagonismo|antagonismo]] entre a Fé e a dúvida enquanto fenômenos psicológicos e da [[lógica]] conceitual. Ou seja, é impossível duvidar e ter fé ao mesmo tempo, mas apenas naquilo que se refere ao mesmo objeto, em outras palavras, é possível a um [[Humano|Ser Humano]] ter fé em [[Deus]] enquanto objeto lógico, e é possível ao mesmo ser humano, ao acordar, ter dúvidas a respeito do que comerá no almoço de meio-dia, visto que o ser humano comum, por mais que acredite em Deus como ser superior, nem por isso deve possuir um dom profético ou de clarividência para saber, logo após ter acordador, o que comerá no almoço ou a sucessão de acontecimentos de seu dia, em outras palavras, por mais que a pessoa exposta no problema tenha fé em Deus enquando [[Deus|Ser superior,]] existe um infinito de possibilidades óbvias em termos de dúvidas (e.g.: o que comerei? Com quem sairei? O que farei para me divertir durante a noite?), e tais dúvidas não tem relação direta com a fé inicial em [[Deus]].
 
A expressão se relaciona [[Semântica|semanticamente]] com os [[verbo]]s ''[[crença|crer]]'', ''acreditar'', ''confiar'' e ''apostar'', embora estes três últimos não necessariamente exprimam a "realidade" da fé, posto que podem embutir dúvida parcial como reconhecimento de um possível engano. A relação da fé com os outros verbos, consiste em nutrir um sentimento de [[afeição]], ou até mesmo [[amor]], por uma [[hipótese]] na qual se ''acredita'' ou ''confia'' ser [[verdade]].<ref>Russell, Bertrand. [http://www.skeptic.ca/Russell_Religious_Faith.htm "Will Religious Faith Cure Our Troubles?"]. ''Human Society in Ethics and Politics''. Ch 7. Pt 2. Retrieved 16 August 2009.</ref>
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Portanto, se uma pessoa ''acredita'', ''confia'' ou ''aposta'' em algo, não significa necessariamente que ela tenha fé. Diante dessas considerações, embora não se observe oposição entre crença e racionalidade, como muitos parecem pensar, deve-se atentar para o fato de que tal oposição é real no caso da fé, principalmente no que diz respeito às suas implicações no processo de aquisição de [[conhecimento]], que pode ser resumida à oposição direta à [[dúvida]] e ao importante papel que essa última desempenha na aprendizagem, a Fé no entanto não tem a ver com aprendizagem no sentido científico, e não pode ser vista como um "algo" que se "conhece", mas como um [[Bem (filosofia)|Bem]] que se adquire, ou um [[Objeto]] que se [[Compreensão|compreende]], a compreensão em si é diferente do [[Conhecimento]], enquanto que a primeira concerne à noção de abarcar, obter ou auferir em definitivo depois de uma série de esforços e estudos empreendidos a termo, o segundo diz respeito ao primeiro contato que se tem com relação a algo antes desconhecido.
 
É possível nutrir um sentimento de fé em relação a uma pessoa, um [[objeto]] inanimado, uma [[ideologia]], um pensamento [[filosofia|filosófico]], um sistema qualquer, um conjunto de regras, um [[paradigma]] popular social e historicamente instituído, uma base de propostas ou [[dogma]]s de uma determinada [[religião]]. Tal sentimento pode se sustentar em um conjunto de evidências fenomenológicas que servem como componentes de uma fé pessoal (do indivíduo), mas não se baseia, como já ressaltado anteriormente, em provas científicas que sigam rígidos critérios de verificação, se baseia sim em entendimento racional e pode ser defendida através de entendimento racional, do contrário não haveriam tratados filosóficos que discorressem a respeito da Fé, utilizando-se de estruturas lógicas bem definidas, tal como as obras de [[Platão]], [[Agostinho de Hipona]] ou [[Tomás de Aquino]]. Ainda assim, o critério do entendimento racional da Fé é amplamente discutido dentro da [[epistemologia]], que afirma que a defesa da Fé como algo racional é um mero [[sofismo]] ou [[falácia]]. Fato é que a Fé pode ser racionalmente discutida e defendida através de argumentação, e se esta premissa fosse falsa, a Fé certamente não seria, de todo e nem de forma alguma, discutida, pois seu erro estaria tão em evidência quanto a sua [[Irracionalidade]], que não caberia aí qualquer forma de discussão e nem de argumentação.

Alegações baseadas em fé não são reconhecidas pela [[comunidade científica]], pois a prova científica segue rígidos [[Critério|critérios]] objetivos de [[Verificação de fatos|Verificação de Fatos,]] como parâmetro de reconhecimento ou avaliação da [[verdade]] de um [[Postulado]].
 
A Fé é geralmente associada a experiências pessoais, conhecimentos e estudos