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'''Alexandre Borba''', mais conhecido como '''Gaules''', é um [[YouTuber|youtuber]], ''streamer'' e ex-[[Esporte eletrônico|jogador profissional]] [[brasil]]eiro de ''[[Counter-Strike]]''.
 
== ReconhecimentoHistória ==
=== 2000–2006: Monkey Tatuapé e criação da g3nerationX ===
Aos 14 anos, no início dos anos 2000, Gaules frequentava a ''[[lan house]]'' Monkey Tatuapé. Segundo ele, seu sonho era participar do time de ''[[Counter-Strike]]'' de lá; ele pedia diariamente para fazer parte deste, mas sua proposta era sempre rejeitada. Gaules queria participar do time, pois: "Primeiro porque eu não tinha condições de pagar [pelas horas] e o patrocínio dos jogadores era jogar de graça enquanto não havia nenhum cliente. E também porque queria estar no melhor time da lan-house que eu frequentava". Ele acreditava que estava apto para participar do time, pois, conforme ele, "Eu estudava o jogo. Eu assistia o melhor da lan jogando, porque eu não tinha dinheiro para pagar a hora. Eu ia para o campeonato porque eu queria estar naquele ambiente todos os dias para conseguir a minha chance".<ref name=espn/>
 
Cansados com a insistência de Gaules em pedir diariamente para participar do time, a Monkey Tatuapé decidiu colocá-lo como líder de um "time júnior" da ''lan house''. Apesar de isto deixar Gaules desanimado, ele percebeu que havia duas formar de "encarar" a situação: "ou como uma coisa ruim ou como uma oportunidade de entrar no time principal. Montei o time com outros jogadores muito novos e começamos a treinar contra eles". Em 2001, ele teve a oportunidade de viajar com o time principal para o [[Rio de Janeiro]] e disputar a primeira seletiva da Cyberathlete Professional League no Brasil. Um dos jogadores do time passou mal, e Gaules foi chamado para substituído, que aceitou, e relembra: "Nem troquei equipamentos nem nada, só sentei no computador e viramos aquela partida. Aí eu não saí mais do time".<ref name=espn />
 
No entanto, Gaules ficou por pouco tempo no time principal. A franquia de ''lan houses'' decidiu montar uma seleção, escolhendo os principais jogadores para formar apenas uma escalação, e Gaules ficou de fora. Assim, ele decidiu criar seu próprio time: em 27 de julho de 2001, foi criada a equipe g3nerationX (abreviada como g3x), com Igor "vip" Melro, Rodrigo "crash" Rodrigues, Mee e Feijaum, que também frequentavam a ''lan house''. O primeiro campeonato da equipe foi na inauguração de outra ''lan house'' da Monkey, a Monkey Santa Cruz, onde seria mostrado também a seleção do local. A g3x foi à ''lan house'' e venceu esta seleção, e Gaules relembrou: "Todo mundo ficou questionando de onde a gente tinha surgido. Todos os holofotes estavam na seleção e conseguimos muita visibilidade [ganhando deles]".<ref name=espn />
 
Depois da vitória, Gaules, vip e crash continuaram na g3x, mas Mee e Feijaum saíram, dando lugar a Rafael "BlooD" Frid, Raphael "cogu" Camargo e Carlos Henrique "Kiko" Segal. Com esta escalação, a g3x alçou seu primeiro vôo internacional e cenceu a etapa brasileira da [[World Cyber Games]] (WCG). Eles conseguiram a vaga para a final mundial do torneio, em [[Seul]], na [[Coreia do Sul]]. Com Guilherme "Carva" Carvalhaes no lugar de de Kiko, a g3x conseguiu a 7-8ª colocação no campeonato. Depois disso, a g3x teve um período "hegemônico", segundo a ''[[ESPN]]''. Gaules relata que o time ficou do final de 2001 até 2003 "sem perder partida". Nesse período, houve uma "ruptura", e Kiko e cogu foram para outras equipes. Ao longo dos anos, Gaules seguiu competindo pela g3x mundialmente. Em 2006, acabou a parceria com a Intel do time, deixando as coisas "complicadas".<ref name=espn />
 
=== 2007: migração para a MIBR e DreamHack Winter ===
Em 2007, com a iminência da liga de ''esports'' Championship Gaming Series (CGS), Gaules conversou com Paulo “pvell” Velloso sobre a possibilidade de uma parceria com a equipe [[MIBR]] que, até então, era uma arquirrival.<ref name=espn/>
 
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"Ele convidou o nosso time para virar MIBR [já que o MIBR principal participaria da CGS e não disputaria mais torneios de 1.6]. Foi um convite legítimo, me dando respaldo para cuidar, administrar e decidir quem entra e sai. Me reuni com os jogadores da g3x, expliquei a situação e fizemos uma votação".<ref name=espn/>
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Na ocasião, o time era formado por Gaules, Thiago "btt" Monteiro, Norberto "Lance" Lage, Lincoln “fnx” Lau e Wellington "ton" Caruso. Gaules conta que maioria decidiu ir para o MIBR devido à estrutura. Ele começou a jogar e gerenciar o time. Mais tarde, pvell procurou Gaules para relembrar que Bruno "bit" Lima, o único remanescente da equipe que foi à CGS, merecia uma vaga entre os titulares da MIBR. No entanto, só haviam cinco vagas para seis jogadores, então Gaules escolheu ceder seu lugar. Ele contou: "Sugeri que eu virasse o treinador e o pvell gostou muito da ideia [...] Meu sonho era jogar, mas eu era o líder e não podia abandonar ninguém. Foi nessa movimentação que a gente criou um dos times mais fortes, se não o mais forte, que já tivemos". Em novembro de 2007, Lance e Olavo "chucky" Napoleão trocaram de lugar, e Gaules voltou a atuar ao lado dos ex-companheiros da g3x.<ref name=espn/>
 
A equipe da MIBR foi disputar a DreamHack Winter 2007. Apesar de ter vaga garantida no torneio, Gaules optou por jogar a seletiva BYOC (''bring your own computer'', em tradução livre, "traga seu próprio computador").<ref name=espn />
 
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"Se a gente não tivesse capacidade de ganhar a BYOC, não estaríamos prontos para sermos campeões do mundo. Chegamos na final da BYOC contra o Spirit of Amiga (SoA), que era um grande time, e saímos atrás. “Ali eu fiquei me perguntando o porque tinha decidido jogar a BYOC. Estávamos jogando com computadores e monitores alugados e colocando cinco pessoas num espaço que cabia quatro. O ton teve que usar o teclado no colo em alguns mapas."<ref name=espn />
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Apesar dessas complicações, a MIBR venceu a SoA "de virada", e foi disputar a competição principal. A equipe foi campeã invicta e, de acordo com Gaules, a conquista "ajudava a moldar o papel do treinador nos esports do Brasil [...] Eu me sentia como parte do time, só não estava com um mouse e um teclado na mão. Todos falavam que a gente venceu com seis jogadores".<ref name=espn />
 
=== 2008–2016: Samsung, volta aos ''esports'' e Seleção Brasileira de Games ===
Em meados de 2008, Gaules estava concluindo a faculdade de Marketing e conseguiu um estágio na [[Samsung]]. Assim, ele decidiu deixar sua carreira nos ''esports'' para trabalhar em um emprego formal, "ganhando muito menos e trabalhando muito mais". Gaules cuidava da área voltada a informática e conseguiu boas parcerias para torneios, equipes e jogadores, como um patrocínio da Samsung para a MIBR. Na expectativa de ser contratado em definitivo antes de 2010, Gaules era avisado: "Você só vai ser admitido depois de se formar", mas ele conta que "Depois de uns 6 ou 7 meses de estágio, eu falei que ou eles me contratavam ou eu saíria. Acabou que fui o primeiro funcionário a ser contratado sem o diploma".<ref name=espn />
 
Gaules conta que a Samsung dava prêmios "a cada seis meses ou um ano para as pessoas que faziam a diferença na empresa" e Gaules foi um deles. Ele foi convidado pela empresa a ir à WCG 2010 acompanhar a delegação brasileira, que contava com Gabriel "[[FalleN]]" Toledo e outros pela compLexity Gaming. Lá, Gaules viu que o Brasil "ainda estava muito distante dos outros países", então decidiu deixar a empresa e retornar aos ''esports''.<ref name=espn />
 
Gaules abriu uma produtora com o objetivo de criar vídeos para times e marcas do mercado brasileiro. Ele comandou o projeto da Mandic e iniciou a Seleção Brasileira de Games (SBG) em 2011; isso conseguiu "profissionalizar mais os times", segundo ele.<ref name=espn />
 
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"Mostramos que com assessoria, jornalista, fotógrafo, marketing, comercial, atendimento e outras funções dentro de um time, você conseguiria fazer algo com mais retorno para as marcas que estavam investindo. E isso foi replicado".<ref name=espn/>
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Outros projetos de Gaules também começaram a surgir, como a Brazil Gaming League, a Agência X5 e a Mega Arena X5.<ref name=espn/>
 
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"Eu participei ativamente de todas essas frentes. Como jogador, treinador, gerente, dono de time, organizador de evento, transmissão. Eu consegui uma bagagem que me fez entender de todos os cenários possíveis, pois eu participei da criação, onde é mais difícil."<ref name=espn/>
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=== 2017–2018: depressão severa, começo de carreira como ''streamer'' e a "tribo" ===
Em 2017, Gaules começou a se afastar ds empresas, pois não queria mais "ser dependente das outras pessoas". Ele escolheu fazer de um projeto em uma agência para assessorar times, eventos e jogadores, mas conta que não se encontrou dentro da agência, o que fez a situação piorar. Gaules foi diagnosticado com depressão severa, e ele "se viu sem nada": "Foi quando eu quebrei. Acabei fazendo escolhas erradas em questão de investimento. Eu estava literalmente quebrado [...] investi em coisas que não deram certo". Em dezembro de 2017, ele fez uma [[tentativa de suicídio]].<ref name=espn/>
 
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"Eu parei e pensei que nem aquilo [o suicídio] eu consegui fazer, então significava que tinha alguma coisa muito grande por vir".<ref name=espn/>
 
"Foi aí que eu resolvi transformar essa situação. Eu não tinha mais sócio, namorada, emprego, dinheiro no banco e nem lugar para morar. Foi aí que descobri que eu tinha construído uma história que não tinha preço."<ref name=espn/>
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Gaules alugou um apartamento sem ter garantias e, apenas com seu computador e sua webcam, Gaules recorreu a seus amigos na antiga época dos ''esports'' para pedir ajuda. Ele conta que apenas os jogadores Mee, Apoka, vip e Crash lhe ajudaram. Gaules "precisava de ajuda para comer, viver e ter uma tranquilidade de 2 ou 3 meses para [se] reerguer".<ref name=espn />
 
Em 2018, com o apoio da velha equipe da g3x, Gaules começou a fazer transmissões na [[Twitch]], decidindo "''streamar'' como quem vai morrer no dia seguinte". Gaules "se reinventou e renasceu ao lado dos novos e velhos fãs", que são chamados de "tribo" por ele.<ref name=espn/>
 
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"Eu vi que [a Twitch] era um ambiente que a maioria queria status, fama e dinheiro. E eu estava ali só porque eu não queria mais passar fome, não queria depender de ninguém e queria fazer as pessoas se sentirem melhores. Para mim, era uma grande terapia".<ref name=espn/>
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Gaules começou a transmitir para poucas pessoas, "sem parceria, sem conta verificada e sem nada". Ele conta que, mesmo com a ajuda de seus fãs, aquilo não era suficiente. Gaules pediu "ajuda para ir ao psiquiatra, pagar o aluguel, comprar remédios, pagar a internet [...]" e conta que sempre foi sincero sobre o que estava fazendo com o dinheiro recebido. Ele dobrou a quantidade de dinheiro no mês seguinte, mas isso ainda não era suficiente. Gaules questionou se "desistia ali" ou se "via aquilo pelo lado positivo" e continuava, e decidiu continuar.<ref name=espn/>
 
Com o crescimento lento de seu canal, Gaules foi criticado por alguns. Ele conta que uma pessoa disse que Gaules estava "passando vergonha" e "mendingando na Internet", mas Gaules disse que "essas pessoas que estavam rindo de mim iriam rir comigo".<ref name=espn/>
 
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"Todo esse lance da tribo e das coisas que aconteceram criaram essa comunidade, que para mim é minha família. Há dois anos eu me afastei da minha família por várias questões e hoje vejo como é fácil ter empatia pela sua mãe e pelo seu pai. Difícil é ter empatia com pessoas que você não conhece e eu decidi ter empatia com essas. Eles acabaram virando minha família e hoje eu tenho a maior família do mundo."<ref name=espn/>
</blockquote>
 
Até 25 de outubro de 2018, data da publicação de uma entrevista com Gaules no ''ESPN'', ele ainda tratava a depressão, mas relatava também que não tinha mais sintomas. Ele disse que a cura foi "a tribo".<ref name=espn/>
 
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"Os assuntos que a gente trata dentro da tribo são pesados. Falamos de abuso, depressão, preconceito e crises. O que eu mais escuto é pessoas falando que a tribo salvou elas da depressão, que eles conseguiram um emprego, a mulher ou o homem que desejavam. Eles conseguiram felicidade".<ref name=espn/>
 
"A tribo salvou não só a minha vida, mas salva vidas diariamente".<ref name=espn/>
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== Reconhecimento como ''streamer'' ==
De acordo com o Globo Esporte, ele é "um dos principais nomes das transmissões de streaming do Brasil, sobretudo de ''[[Counter-Strike: Global Offensive]]'' (CS:GO)."<ref name=novembromais /> Em 2019, era o único brasileiro no ''top'' 10 dos ''streamers'' mais assistidos da [[Twitch]].<ref>{{Citar web |url=https://globoesporte.globo.com/e-sportv/csgo/noticia/csgo-gaules-e-unico-brasileiro-no-top-10-dos-streamers-mais-assistidos-do-ano.ghtml |titulo=CS:GO: Gaules é único brasileiro no top 10 dos streamers mais assistidos do ano |acessodata=2021-01-06 |website=Globo Esporte}}</ref> Em maio, junho e novembro de 2020, foi o ''streamer'' mais assistido do mundo na plataforma.<ref name=novembromais>{{Citar web |ultimo=Carbone |primeiro=Filipe |url=https://globoesporte.globo.com/esports/csgo/noticia/csgo-gaules-e-o-streamer-mais-assistido-do-mundo-na-twitch-em-novembro.ghtml |titulo=CS:GO: Gaules é o streamer mais assistido do mundo na Twitch em novembro |data=2020-12-07 |acessodata=2021-01-06 |website=Globo Esporte}}</ref> Até outubro de 2020, era o ''streamer'' brasileiro mais assistido do ano,<ref>{{Citar web |url=https://globoesporte.globo.com/esports/noticia/gaules-lidera-lista-de-streamers-mais-populares-do-brasil-na-twitch-nos-tres-primeiros-trimestres-de-2020.ghtml |titulo=Gaules é streamer mais popular do Brasil na Twitch nos três primeiros trimestres de 2020 |acessodata=2021-01-06 |website=Globo Esporte}}</ref> e atingiu 2 milhões de seguidores na Twitch, no dia 28 do mesmo mês.<ref>{{Citar web |url=https://globoesporte.globo.com/esports/noticia/gaules-chega-a-2-milhoes-de-seguidores-na-twitch.ghtml |titulo=Gaules chega a 2 milhões de seguidores na Twitch |acessodata=2021-01-06 |website=Globo Esporte}}</ref> De acordo com o ''TechTudo'', Gaules foi um destaque brasileiro para o ''esports'' em 2020 com seu sucesso na Twitch, notando que ele transmitiu torneios de CS:GO e de jogos variados, como ''[[Among Us]]'' e ''[[FIFA 21]]''.<ref>{{Citar web |url=https://www.techtudo.com.br/noticias/2021/01/sete-vezes-em-que-o-brasil-foi-destaque-nos-esports-em-2020-esports.ghtml |titulo=Sete vezes em que o Brasil foi destaque nos esports em 2020 |acessodata=2021-01-06 |website=TechTudo}}</ref> O ''Globo Esporte'' colocou Gaules em sua lista dos "dez ''streamers'' brasileiros que se destacaram em 2020", dizendo que ele "foi o fenômeno do ano e isso é incontestável."<ref>{{Citar web |url=https://globoesporte.globo.com/esports/noticia/gaules-nobru-dez-streamers-brasileiros-que-se-destacaram-em-2020.ghtml |titulo=Gaules, Nobru... dez streamers brasileiros que se destacaram em 2020 |acessodata=2021-01-09 |website=Globo Esporte}}</ref> Foi o segundo ''streamer'' mais assistido de 2020, atrás apenas de [[xQc]].<ref>{{Citar web |url=https://globoesporte.globo.com/esports/noticia/gaules-foi-o-segundo-streamer-mais-assistido-do-mundo-em-2020.ghtml |titulo=Gaules foi o segundo streamer mais assistido do mundo em 2020 |data=2021-01-11 |acessodata=2021-01-17 |website=Globo Esporte |lingua=pt-br}}</ref>
 
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{{Referências}}|refs=
 
<ref name=espn>{{Citar web |url=https://www.espn.com.br/esports/artigo/_/id/4907344/criado-na-resiliencia-curado-pela-tribo-a-historia-de-gaules |titulo=Criado na resiliência, curado pela tribo: a história de Gaules |data=2018-10-25 |acessodata=2021-01-17 |website=ESPN.com |lingua=pt}}</ref>
 
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== Ligações externas ==