Estrutura vestigial: diferenças entre revisões

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[[File:Rudimentary hindlegs spurs in Boa constrictor snake.jpg|thumb|Vestígios de membros traseiros em uma jibóia ([[Esporão pélvico|esporões pélvicos]]).]]
{{Wikificação|data=outubro de 2015}}
Durante'''Estruturas avestigiais''' evoluçãosão algumasórgãos, tecidos, células ou [[Estrutura (biologia)|estruturas]] podempresentes no corpo de um [[Organismo|organismo vivo]], que perderperderam ou modificarmodificaram a sua funcionalidade não exercendo mais a sua principal função anterior, a qual era exercida em seus ancestrais. Elas sesão tornamfrequentemente chamadas '''estruturasórgãos vestigiais''', frequentemente chamadas órgãos vestigiais, embora muitas delas não sejam realmente órgãos e são enganosamente retratadas como estruturas sem nenhuma utilidade. Apesar de terem perdido ou diminuído sua principal função, as estruturas podem continuar a exercer tarefas secundárias e muitas vezes é possível reconhecer seu papel em outras espécies ancestrais ou relacionadas por derivação de [[ancestral comum]].
 
Para todos os fins, a definição da [[comunidade científica]] sobre vestigialidade, de forma resumida<ref> Ridley, Mark. '''Evolução'''. 3ª edição. Tradução: Henrique Ferreira, Luciane Passaglia, Rivor Fischer. Porto Alegre: Artmed, 2006. </ref>, é a seguinte:
{{quote1|Estrutura vestigial é uma estrutura que perdeu ou modificou a sua funcionalidade de forma que não exerce mais a sua principal função anterior. Logo, ainda que uma estrutura posse ter se tornado vestigial para seu propósito adequado ou sua principal função, ela pode continuar a exercer papéis anatômicos secundários que eram realizados anteriormente.}}
 
== Histórico ==
[[Image:Blindmaus-drawing.jpg|thumb|O rato-toupeira cego (''[[Spalax typhlus]]'') tem olhos minúsculos completamente cobertos por uma camada de pele.]]
Há muito tempo as estruturas vestigiais vem sendo observadas pela humanidade, e a razão para sua existência foi bem especulada. No século IV aC, Aristóteles foi um dos primeiros a comentar a respeito dessas estruturas, em seu livro "História dos Animais", sobre olhos vestigiais em alguns organismos. Mas um estudo sério sobre o assunto só foi iniciado nos últimos séculos, em 1798, Étienne Geoffroy Saint-Hilaire observou as estruturas vestigiais. Jean-Baptiste Lamarck, também dissertou sobre essas estruturas, nomeando um número de estruturas vestigiais em seu livro "Philosophie Zoologique", 1809. Charles Darwin já estava familiarizado com o conceito de estruturas vestigiais, embora o termo para eles ainda não existisse. Ele listou uma série deles em "The Descent of Man", incluindo diversas estruturas, como os músculos da orelha, os dentes do siso, o apêndice, o osso do cóccix, os pelos do corpo, e a dobra semilunar no canto do olho. Darwin também notou que uma estrutura vestigial pode ser inútil para a sua função primária, mas ainda mantêm papéis anatômicos secundários. No livro "[[A origem das espécies]]", Darwin aborda a origem de órgãos rudimentares e em sua dissertação faz a analogia a seguir:<ref name = Darwin>[[DARWIN, Charles]]. '''A Origem das Espécies (3ª edição)''' - [[São Paulo (estado)|São Paulo]]: Editora Martin Claret LTDA, 2004. 509-514p. '''</ref>
Estruturas vestigiais foram notadas desde os tempos antigos, e a razão de sua existência foi especulada por muito tempo antes que a [[Darwinismo|evolução darwiniana]] fornecesse uma explicação amplamente aceita. No século 4 aC, [[Aristóteles]] foi um dos primeiros escritores a comentar, em sua ''História dos Animais'', os olhos vestigiais das [[Talpidae|toupeiras]], chamando-os de "atrofiados no desenvolvimento" devido ao fato de que as toupeiras mal conseguem ver. <ref>Aristóteles (c. 350 BC). ''Historia Animalium''. IX, 621b-622a . Citado em Borrelli, Luciana; Gherardi, Francesca; Fiorito, Graziano (2006). ''Um catálogo de padrões corporais em Cephalopoda''. Firenze University Press. <nowiki>ISBN 978-88-8453-377-7</nowiki>. </ref> No entanto, apenas nos últimos séculos os vestígios anatômicos se tornaram um assunto de estudo sério.
{{quote1|Os órgãos vestigiais podem ser comparados com as letras mortas conservadas na grafia de algumas palavras e que não são pronunciadas na fala,servindo apenas como uma chave para o descobrimento de sua origem.}}
 
Em 1798, [[Étienne Geoffroy Saint-Hilaire]] notou sobre estruturas vestigiais:<ref>St. Hilaire, Geoffroy (1798). "Observations sur l'aile de l'Autruche, par le citoyen Geoffroy", ''La Decade Egyptienne, Journal Litteraire et D'Economie Politique'' 1 (pp. 46–51).</ref>
 
{{quote1|Embora inúteis nesta circunstância, esses rudimentos... não foram eliminados, porque a Natureza nunca trabalha por saltos rápidos, e ela sempre deixa vestígios de um órgão, embora seja completamente supérfluo, se esse órgão desempenha um papel importante em outras espécies da mesma família.}}
 
Seu colega, [[Jean-Baptiste de Lamarck|Jean-Baptiste Lamarck]], citou uma série de estruturas vestigiais em seu livro de 1809 ''[[Philosophie Zoologique]]''. Lamarck observou que "o ''[[Spalax]]'', que vive no subsolo como a toupeira e aparentemente é exposto à luz do dia ainda menos do que a toupeira, perdeu totalmente o uso da visão de modo que não mostra nada mais do que vestígios desse órgão."<ref>Lamarck, Jean-Baptiste. ''Philosophie zoologique ou exposition des considérations relatives à l'histoire naturelle des animaux''. 1809.</ref>[[File:Darwin-s-tubercle.jpg|thumb|[[Tubérculo de Darwin]].]]
 
[[Charles Darwin]] estava familiarizado com o conceito de estruturas vestigiais, embora esse termo para elas ainda não existisse. Ele listou vários deles em ''[[A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo|The Descent of Man]]'', incluindo os músculos da orelha, os [[Dente siso|dentes do siso]], o [[Apêndice cecal|apêndice]], o [[Cóccix|osso da cauda]], os pelos do corpo e a [[Prega semilunar da conjuntiva|prega semilunar]] no canto do olho. Darwin também observou, em ''[[a Origem das Espécies]]'', que uma estrutura vestigial pode ser inútil para sua função primária, mas ainda retém papéis anatômicos secundários:<ref>Darwin, Charles. ''On the Origin of Species by Means of Natural Selection''. John Murray: London. 1859.</ref>
 
{{quote1|Um órgão que serve para duas finalidades, pode se tornar rudimentar ou totalmente abortado para uma, mesmo a finalidade mais importante, e permanecer perfeitamente eficiente para a outra .... [Um] órgão n pode se tornar rudimentar para seu propósito adequado e ser usado para um objeto distinto.}}
 
Em 1893, [[Robert Wiedersheim]] publicou ''A Estrutura do Homem'', um livro sobre [[anatomia humana]] e sua relevância para a história evolutiva do homem. O livro continha uma lista de 86 estruturas humanas que Wiedersheim descreveu como "Órgãos que se tornaram totalmente ou em parte sem função, alguns aparecendo apenas no [[embrião]], outros presentes durante a vida constante ou inconstantemente. Para a maior parte, órgãos que podem ser corretamente denominados vestigiais."<ref>Wiedersheim, Robert (1893). The Structure of Man: an index to his past history. London: Macmillan and Co. OL 7171834M.</ref> Desde sua época, a função de algumas dessas estruturas foi descoberta, enquanto outros vestígios anatômicos foram desenterrados, tornando a lista de interesse principalmente como um registro do conhecimento da anatomia humana na época. Versões posteriores da lista de Wiedersheim foram expandidas para até 180 "órgãos vestigiais" humanos. É por isso que o zoólogo [[Horatio Newman]] disse em uma declaração escrita lida como evidência no [[Julgamento de Scopes]] que "Existem, de acordo com Wiedersheim, nada menos que 180 estruturas vestigiais no [[corpo humano]], o suficiente para fazer de um homem um verdadeiro museu ambulante de antiguidades." <ref>Darrow, Clarence e William J. Bryan. (1997). O julgamento mais famoso do mundo: The Tennessee Evolution Case Pub. The Lawbook Exchange, Ltd. p. 268</ref>
O anatomista alemão chamado [http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Wiedersheim Robert Wiedersheim] foi o primeiro a reunir uma lista de estruturas vestigiais, durante sua vida acadêmica, tornou-se um especialista em anatomia comparada publicando uma série de livros-textos. As obras de Darwin foram uma grande influencia para o seu trabalho. Ele catalogou em uma lista 86 órgãos considerados vestigiais, cujas funções nos organismos que se localizavam atualmente eram desconhecidas, essa lista foi publicada em seu livro "The Structure of Man an Index to his past History" em 1983. Sua lista possuíam várias estruturas que atualmente se conhecem suas funções sendo consideradas essenciais, pelo avanço da ciência, mas os criacionistas utilizam alguns desses exemplos errôneos de Wiedersheim como argumento contra a evolução a favor da teoria criacionista. Versões posteriores da lista Wiedersheim foram expandidos para até 180 "órgãos vestigiais" humanos.
 
== Conceito ==
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=== Asas vestigiais ===
 
O [[avestruz]], as [[Ema|emas]] e outras aves não voadoras possuem asas presentes, porém muito pequenas para exercer a função de voar, que é a principal função dessa estrutura, tendo ainda certa funcionalidade no equilíbrio, na direção durante a corrida, exibições sexuais e social, mas para o voo ela é inutilizada, todos avestruzes ainda possuem os dois dedos preservados nas asas (com garras).<ref name= "Darwin">[[DARWIN, Charles]]. '''A Origem das Espécies (3ª edição)''' - [[São Paulo (estado)|São Paulo]]: Editora Martin Claret LTDA, 2004. 509-514p. '''<nowiki/>'''</ref> O [[pinguim]] também possui asas que não tem a finalidade do voo, desenvolveram a habilidade do nado com essas asas, tendo uma nova função substancial. Mas claramente ambos os exemplos descenderam de ancestrais que usavam as asas para [[Voo|voar]].
 
Um exemplo dos insetos são as [[Formiga|formigas]], que perderam as suas asas, mas não a capacidade de desenvolvê-las. Somente as '''formigas rainhas''' e os machos possuem as asas, mas as formigas operárias não possuem, provavelmente porque sua vida no subsolo tornou desnecessária essa estrutura.