Guerra dos Chimpanzés de Gombe: diferenças entre revisões

A '''Guerra dos Chimpanzés de Gombe''' foi um conflito violento entre duas comunidades de [[Chimpanzé-comum|chimpanzés]] no [[Parque Nacional de Gombe Stream|Parque Nacional Gombe Stream,]] na [[Tanzânia]], que durou de 1974 a 1978 observado por [[Jane Goodall]]. Os dois grupos já foram um grupo único na comunidade [[Kasakela|Kasakela.]] Em 1974, a pesquisadora Jane Goodall percebeu a fragmentação da comunidade. <ref name="goodall120">Goodall 2010, p. 120</ref> Em um período de oito meses, um grande grupo de chimpanzés se separou na área sul de Kasakela e foi renomeado como comunidade Kahama. Os separatistas consistiam em seis machos adultos, três fêmeas adultas e seus filhotes. A Ocomunidade Kasakela ficou com oito machos adultos, doze fêmeas adultas e seus filhotes.

Durante o conflito de quatro anos, todos os machos da comunidade Kahama foram mortos, efetivamente dissolvendo a comunidade. A comunidade vitoriosa de Kasakela então se expandiu para outro território, mas foi mais tarde repelida por outra comunidade de chimpanzés.

Antes da guerra de quatro anos, o Parque Nacional de Gombe era conhecido como '''Gombe Stream Research Center''' até se tornar um [[parque nacional]]. <ref name=":0">{{Citar periódico |titulo=The Predatory Behaviour of Wild Chimpanzees, by Geza Teleki. Bucknell University Press, $15. |data=1974 |jornal= |ultimo=Martin |primeiro=R. D. |paginas=387–388 |doi=10.1017/s0030605300012084 |issn=0030-6053 |volume=12 |doi-access=free |journal=Oryx}}</ref> O parque está localizado na região inferior do Vale Kakombe, <ref>{{Citar periódico |titulo=The Predatory Behaviour of Wild Chimpanzees, by Geza Teleki. Bucknell University Press, $15. |data=1974 |jornal= |ultimo=Martin |primeiro=R. D. |paginas=387–388 |doi=10.1017/s0030605300012084 |issn=0030-6053 |volume=12 |doi-access=free |journal=Oryx}}</ref> e é conhecido por suas oportunidades de pesquisa de primatas aproveitadas pela pesquisadora Jane Goodall, que atuou como diretora do Gombe Stream Research Center. O local em si é composto de encostas íngremes de floresta aberta, elevando-se acima de vales de riachos exuberantes com floresta ribeirinha. <ref name=":1">{{Citar periódico |titulo=On the occurrence of Colobus Kirkii |data=1884 |paginas=307 |doi=10.1080/00222938409459242 |issn=0374-5481 |volume=13 |journal=Annals and Magazine of Natural History}}</ref> Os chimpanzés percorriam essas colinas em comunidades territoriais, que os dividiam em grupos de um a 40 membros. O termo Kasakela se refere a uma das três áreas de pesquisa no vale central com Kasakela no norte, Kakombe e Mkenke no sul. A evidência de territorialismo foi documentada pela primeira vez quando Goodall seguiu os chimpanzés em suas situações de alimentação, observando seu comportamento territorial agressivo, <ref>{{Citar periódico |titulo=Intergroup Relations in Chimpanzees |data=2003 |ultimo=Wilson |primeiro=Michael L. |ultimo2=Wrangham |primeiro2=Richard W. |paginas=363–392 |doi=10.1146/annurev.anthro.32.061002.120046 |issn=0084-6570 |volume=32 |journal=Annual Review of Anthropology}}</ref> mas ela não previu que o conflito aconteceria.

Esses ganhos territoriais não foram permanentes, no entanto. Com o desaparecimento do grupo de Kahama, o território agora pertencia a Kasakela e colidia diretamente com o território de outra comunidade de chimpanzés, chamada Kalande. <ref name="goodall129-130">Goodall 2010, pp. 129&#x2013;130</ref> Intimidados pela força e número superior de primatas em Kalande, bem como por breves e violentos combates ao longo de sua fronteira, os Kasakela rapidamente desistiram de grande parte de seu novo território. Além disso, quando eles voltaram para Kasakela no norte, foram assediados por forageiros de outra comunidade chamada Mitumba, que também superavam a comunidade Kasakela em número. Por fim, as hostilidades cessaram e a ordem normal das coisas foi restaurada.

A eclosão da guerra foi um choque perturbador para [[Goodall]], que anteriormente considerava os chimpanzés, embora semelhantes aos [[seres humanos]], "bastante legais" em seu comportamento. <ref name="goodall128">Goodall 2010, p. 128</ref> Juntamente com a observação em 1975 de um caso de [[infanticídio]] [[Canibalismo|canibal]] por uma fêmea de alto escalão na comunidade, a violência da guerra de Gombe revelou pela primeira vez a Goodall o "lado negro" do comportamento dos chimpanzés. Ela ficou profundamente perturbada com esta revelação; em suas memórias ''Uma Janela Para a Vida: 30 Anos com Chimpanzés da Tanzânia'', ela escreveu:<blockquote>Por vários anos, lutei para aceitar esse novo conhecimento. Frequentemente, quando eu acordava durante a noite, imagens horríveis surgiam espontaneamente em minha mente - Satanás [um dos macacos], colocando a mão em concha abaixo do queixo de Sniff para beber o sangue que brotou de um grande ferimento em seu rosto; o velho Rodolf, geralmente tão benigno, de pé para arremessar uma pedra de quatro libras no corpo prostrado de Godi; Jomeo arrancando uma tira de pele da coxa de Dé; Figan, atacando e acertando, repetidamente, o corpo ferido e trêmulo de Golias, um de seus heróis de infância (...).<ref name="elephants" /></blockquote>

Quando Goodall relatou os eventos da Guerra de Gombe, seu relato de uma guerra que ocorria naturalmente entre chimpanzés não foi universalmente aceito. Na época, os modelos científicos de comportamento humano e animal virtualmente nunca se sobrepunham. <ref name="elephants">{{Citar livro|url=https://archive.org/details/elephantsonedgew0000brad|título=Elephants on the Edge: What Animals Teach Us about Humanity|ultimo=Bradshaw, G. A.|editora=Yale University Press|ano=2009|isbn=9780300154917}}</ref> Alguns cientistas a acusaram de [[antropomorfismo]] excessivo; outros sugeriram que sua presença e sua prática de alimentar os chimpanzés criaram um conflito violento em uma sociedade naturalmente pacífica. <ref name="morris290">Morris, p. 290</ref> No entanto, pesquisas posteriores usando métodos menos intrusivos confirmaram que as sociedades de chimpanzés, em seu estado natural, travam a [[guerra]]. <ref>{{Citar web |ultimo=<!--StaffLincoln writer(s);Park no by-line.-->|primeiro=Zoo |url=https://www.sciencedaily.com/releases/2014/09/140917131816.htm |titulo=Nature of war: Chimps inherently violent; Study disproves theory that 'chimpanzee wars' are sparked by human influence |data=17 September 2014 |websiteacessodata=12/05/2021 |publicado=[[ScienceDaily]]}}</ref> Um estudo de 2018 publicado no ''[[American Journal of Physical Anthropology]]'' concluiu que a Guerra de Gombe foi provavelmente uma consequência de uma luta pelo poder entre três machos de alto escalão, que foi exacerbada por uma escassez incomum de fêmeas férteis. <ref>{{Citar web |ultimo=Duke |primeiro=University |url=https://www.sciencedaily.com/releases/2018/03/180326140214.htm |titulo=How infighting turns toxic for chimpanzees |data=March 26, 2018 |websiteacessodata=12/05/2021 |publicado=[[ScienceDaily]]}}</ref>

* {{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=5BglAwAAQBAJ|título=War! What Is It Good For?: The Role of Conflict and the Progress of Civilisation from Primates to Robots|ultimo=Morris|primeiro=Ian|editora=MacMillan|ano=2014|isbn=9781847654540|autorlink=Ian Morris (historian)}}

== Leitura complementarReferências ==