Dinheiro: diferenças entre revisões

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{{ver desambiguação}}
{{Mais fontes|Este artigo|eco|data=novembro de 2016}}
O '''dinheiro''' é na sua aparência mais imediata o meio usado na troca de [[Bem (economia)|bens]], podendo fazê-lo na forma de [[Moeda|moedas]] (pedaços de metal amoedados e cunhados, isto é, marcados por desenhos, letras e números), notas ([[Cédula|cédulas]] de papel, igualmente desenhadas e escritas), ou, como atualmente, sinais elétricos carregados de informação, chamados bits. Vê-se assim como dinheiro e [[moeda]] se confundem; sendo que as moedas - quando mais físicas são, metal ou papel - mais obscurecem que esclarecem o que este é realmente. Isso porque o que o dinheiro é essencialmente é um [[Signo linguístico|signo]]. E um signo representativo de valores, que é a [[informação]] que este signo carrega. Estes valores representados no dinheiro são os das coisas ([[bens e serviços]]) que se desprendem dos homens nos impessoais mercados, mas também e principalmente os valores dos compromissos, dívidas e [[Crédito|créditos]], que os homens estabelecem entre si desde sempre, ou desde muito antes dos [[mercados]].
 
As economias modernas, [[Capitalismo|capitalistas]], são essencialmente monetárias[1]<ref>{{citar livro|título=Teatise on money|ultimo=KEYNES|primeiro=John Maynard|editora=Harcourt, Brace and company.|ano=1930|local=New York}}</ref>; isso significa dizer que o conjunto das relações sociais é mediado pelo dinheiro. O dinheiro não apenas media compras de bens e [[Serviço (economia)|serviços]], mas media a obtenção de [[Trabalho (economia)|trabalho]], as decisões das famílias de gastar ou poupar, e as importantes decisões empresariais - de produzir, investir, ou especular. As decisões empresariais como um todo visam obter mais dinheiro do que o dinheiro inicial. Decisões de produzir implicam utilizar a capacidade produtiva existente, de investir implicam em aumentar essa capacidade, o que só é feito se e quando há elevadas expectativas de ganho. Os capitalistas investem o dinheiro que têm, ou mesmo tomam dinheiro emprestado dos bancos ou o conseguem junto a acionistas, se as expectativas de retorno pagam com sobra os juros dos bancos e os dividendos dos acionistas. Mas eles podem também usar o dinheiro de que dispõem (e o que conseguem obter com bancos e acionistas) para aplicar financeiramente eles próprios. Ou seja, não necessariamente o dinheiro tem de ser gasto por eles. Assim sendo, ao contrário do que pensam alguns economistas desde [[Jean-Baptiste Say|Jean Baptiste Say]], o dinheiro não serve apenas para facilitar as trocas, e aquele não gasto na troca por bens de consumo das famílias não será automaticamente usado pelos capitalistas na compra de bens de investimento. Economistas como [[Karl Marx|Marx]], [[John Maynard Keynes|Keynes]], [[Michal Kalecki|Kalecki]], [[Joseph Schumpeter|Schumpeter]] entre outros heterodoxos chamaram a atenção quanto a isso - que o dinheiro pode se ausentar da produção e assim gerar [[Crise econômica|crises]], pois o dinheiro não gasto equivale a máquinas e equipamentos parados e mão de obra desempregada.
 
Sendo o dinheiro um [[Signo linguístico|signo]] de [[valor]] que serve para exprimir os [[Preço|preços]] das coisas, ele próprio não necessita ser uma coisa. Ou seja, não é dinheiro apenas o que é uma [[mercadoria]] produto do [[trabalho]] e sujeita a [[escassez]] como as outras, ainda que isso tenha acontecido em alguns momentos da história (ver adiante). Não é regra que o dinheiro seja aquela mercadoria que no confronto com as demais torna-se a mais aceita por razões de praticidade. Os economistas que pensam o dinheiro como mercadoria derivam suas teorias de um idílico estado primitivo de [[escambo]]. Para estes economistas ser mercadoria garante ao dinheiro ter estabilidade - essencial em algo que serve de medida. Os economistas que pensam o dinheiro como signo também dão importância para a estabilidade de seu valor, mas esse valor é de saída estipulado pelos governantes que o administram, e eles o fazem controlando as taxas básicas de juros que funcionam como preço do dinheiro, ou quão mais caro ou barato é consegui-lo. Esses economistas são filiados mais ou menos diretamente à escola da moeda como oriundo do Estado de Knapp[1[Knapp]]<ref>{{citar livro|título=The State Theory of Money.|ultimo=KNAPP|primeiro=Georg Friedrich|editora=Simon Publications|ano=2003|local=San Diego}}</ref>.[[Imagem:Usdollar100front.jpg|thumb|412x412px|O dinheiro é um grande símbolo de [[poder]].]]Os [[Estados nacionais]] têm nas moedas nacionais a sua mais importante [[instituição]]. Garantir que a moeda que produzem seja a que efetivamente os cidadãos usam como dinheiro é fundamental para sua credibilidade política. Usar a moeda como dinheiro implica usá-la como meio de troca (compra e venda de bens e serviços), como reserva de valor (poupança e aplicações financeiras) e, fundamentalmente, como unidade de conta (expressão dos preços, definidora de valores nos contratos, signo generalizado de registro de débitos e créditos). Moedas fracas podem perder uma ou mais destas funções para uma moeda estrangeira. Um governo que permite o enfraquecimento de sua moeda corre sério risco de deixar de ser governo e pode colocar em risco a nação que governa. Isso aconteceu, por exemplo, no período de entre guerras na [[Alemanha]] quando o país passou por um processo de [[Hiperinflação na República de Weimar|hiperinflação]]. Contudo, estão equivocados os economistas que julgam que para manter o valor estável da moeda nacional, e os preços sobre controle, devem ser impostas aos governo rígidas regras que os impeçam de emitir dinheiro demais.
 
Os [[Governo|governos]] emitem dinheiro, na forma de suas moedas (de papel ou eletrônicas), toda vez que fazem um gasto e creditam algum valor nas contas comerciais de algum cidadão ou empresa. Contra esse crédito é realizado um débito na conta do governo no seu [[Banco central|Banco Central]]. O financiamento dos gastos do governo nunca é um problema - em território nacional -, como acreditam os que desconhecem que o dinheiro é uma criatura do Estado. Isso não significa que não seja absolutamente relevante que a sociedade controle como, quando e onde gastam seus governos, o que podem e devem fazer por meio das discussões orçamentárias (onde se define, por exemplo, se mais ou menos recursos devem ir para educação ou propaganda). Contudo, o controle quantitativo do total dos gastos dos governos, com vistas a garantir finanças públicas ditas "equilibradas", parte em geral da má compreensão de que os governos gastam a partir do que arrecadam de seus cidadãos e empresas na forma de impostos[2].
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== História ==
[[Imagem:Coin making at Jorvik Viking Centre.jpg|thumb|direita|250px|Reconstituição de antigo [[processo]] para [[cunhagem]] de [[moeda]]s.]]
A história do dinheiro está absolutamente ligada à história das primeiras comunidades humanas e à sua necessidade de construir, como chama [[Yuval Harari|Yuval Harari,]] "fábulas compartilhadas".  . Em seu livro [[Sapiens: Uma Breve História da Humanidade|Sapiens]], [[Yuval Harari|Harari]] defende o mesmo que outros tantos historiadores e antropólogos ([[David Graeber|Graeber]] , por exemplo): que o dinheiro é antes de qualquer coisa uma ideia, uma instituição social que toma diferentes formas em diferentes momentos da história humana. Se sabemos que o mercado e o Estado são também instituições que convivem entre si ainda que disputem ao longo dos séculos e milênios a primazia sobre a outra, sabemos que o dinheiro não precisa ser procurado na história como uma criatura exclusiva do mercado - o que faz muitos economistas a apelarem para a fábula do [[escambo]] como sendo sua origem. Nesta indivíduos soltos do tempo e no espaço só se relacionariam entre si pelos produtos do seu trabalho, e a comparação de todos as coisas que trocassem entre si faria com que uma delas assumisse naturalmente o papel de dinheiro. Nessa fábula
Inicialmente, o homem comercializava através de simples troca ou [[escambo]].<ref>{{citar web |url=http://web.archive.org/web/20130128070508/http://www.bcb.gov.br/?ORIGEMOEDA |título=Origem e Evolução do Dinheiro |acessodata=17 de janeiro de 2012 |autor= |coautores= |data= |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=[[Banco Central do Brasil]] |páginas= |língua= |língua2= |língua3= |lang= |citação= }}</ref> A mercadoria era avaliada na quantidade de tempo ou força de trabalho gasta para produzi-la ou até mesmo pela necessidade que o "comprador" tinha por determinada mercadoria. Com a criação da moeda o valor da mercadoria se tornou independente da força de trabalho. Com o surgimento dos [[banco]]s apareceu uma nova atividade financeira em que o próprio dinheiro é uma mercadoria.{{Carece de fontes|data=Dezembro de 2008}}
 
=== Origem e evolução do dinheiro ===
==== O engodo do Escambo ====
[[Imagem:Escambo pintura.jpg|thumb|esquerda|180px]]
A [[moeda]], como hoje é conhecida, é o resultado de uma longa evolução. No início não havia moeda. Praticava-se o [[escambo]], simples troca de mercadoria por mercadoria, sem equivalência de valor.<ref>{{citar web |url=http://www.canalkids.com.br/bankids/dinheiro.htm |título=História do Dinheiro |acessodata=17 de janeiro de 2012 |autor= |coautores= |data= |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=[[Band Kids|Canal Kids]] |páginas= |língua= |língua2= |língua3= |lang= |citação= }}</ref>
 
Assim, quem [[pesca]]sse mais [[peixe]] do que o necessário para si e seu grupo trocava este excesso com o de outra pessoa que, por exemplo, tivesse plantado e colhido mais [[milho]] do que fosse precisar. Esta elementar forma de [[comércio]] foi dominante no início da [[civilização]], podendo ser encontrada, ainda hoje, entre povos de economia primitiva, em regiões onde, pelo difícil acesso, há escassez de meio circulante, e até em situações especiais, em que as pessoas envolvidas efetuam permuta de objetos sem a preocupação de sua equivalência de valor. Este é o caso, por exemplo, da [[criança]] que troca com o colega um [[brinquedo]] caro por outro de menor valor, que deseja muito.
 
As [[mercadoria]]s utilizadas para escambo geralmente se apresentam em estado natural, variando conforme as condições de meio ambiente e as atividades desenvolvidas pelo grupo, correspondendo a necessidades fundamentais de seus membros. Nesta forma de [[troca]], no entanto, ocorrem dificuldades, por não haver uma medida comum de valor entre os elementos a serem permutados.
 
==== Moeda-mercadoria ====