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=== '''Do ouro ao dinheiro de papel (VI D.C. a XVI D.C.)''' ===
Falando exclusivamente da Europa - berço da [[Idade Moderna|civilização moderna]] Ocidental e do [[Capitalismo]] como [[modo de produção]] que transformará o dinheiro em capital - pode-se dizer que o dinheiro amoedado de um governo forte central desapareceu durante toda a [[Idade Média]]. De fato, mesmo que moedas de ouro e prata romanas ainda circulassem, não eram usadas no cotidiano nem das populações citadinas (bastante diminuídas nesse período) nem das numerosas populações rurais; e mesmo nas transações mais robustas do comércio de curta distância e longa distância o ouro, prata e cobre utilizados valiam como tais e não pelo brasão que ostentavam. Assim, do mesmo modo como o poder esfacelou-se no mundo [[Feudalismo|feudal]], as moedas circulantes eram inúmeras e, na prática, foram subjugadas novamente pelo dinheiro de crédito que servia muito bem às comunidades reduzidas, mais uma vez, aos seus laços de proximidade e consanguinidade.[[Imagem:Pennies.jpg|thumb|direita|250px|Fotografia de várias [[moeda]]s.]]A decomposição feudal foi lenta e se deu principalmente: pela transformação do trabalho obrigado dos [[Servidão|servos]] nas terras de domínio dos [[Senhores feudais|senhores]] em prestações pagas em gêneros ou dinheiro, o que estimulou a retomada do cálculo pessoal e a luta pelo trabalho livre e propriedades camponesa; e pela retomada do comércio, reativação das [[Feira|feiras]], do [[artesanato]] no âmbito das [[Corporações de ofício|corporações]] citadinas, e da vida urbana em geral<ref>{{citar livro|título=História do capitalismo de 1500 a nossos dias|ultimo=BEAUD|primeiro=Michael|editora=Brasileinse|ano=1987|local=São Paulo}}</ref>. O dinheiro ligado ao comércio, e a uma mercadoria em particular, volta à cena. Mas esta retomada do comércio ocorre numa sociedade em revolução interna, tendo lugar algo como um capitalismo mercantil que dribla as proibições morais, religiosas e legais (que proibiam a chamada usura, ou cobrança de juros dos endividados) que sempre rondaram o dinheiro e ele passa a ser [[negócio]] como nunca antes. Nesse caso, certificados em papel de depósitos de itens de comércio nos portos (como cargas de especiarias ou escravos), de jóias e bens de luxo em lojas de penhores, de quantidades de ouro e prata em casas que os seguravam, passaram a ser aceitos/negociados em bancas de trocas que deram origem aos [[Banco|bancos]]. Além disso, essa mobilização de diversos tipo de moedas privadas acontece ao mesmo tempo que o renascimento dos [[Estado|Estados]]. Desta vez, pequenos (se comparados a dimensão territorial dos antigos impérios) estados nacionais se formam quase simultaneamente na Europa, menos ligados a etnias, castas e exércitos e mais ligados a classes e seus negócios (exércitos ficam mas sob mando dos poderes/burocracias do Estado). A moeda estatal passa a ser novamente central. Um governante (rei ou presidente) não pode precisar de um dinheiro que não emita, não pode dever a um banqueiro privado qualquer, mas ao seu próprio (o [[Banco central|Banco Central]] Holandês e o Inglês nascem já no século XVII).
 
Os Estados modernos passaram a cunhar novamente moeda em metal - em ouro as de maior [[valor]], em prata e cobre as de valores menores - mas rapidamente passaram a emitir [[papel-moeda]] que, a depender da época, sequer necessitavam de assegurar um [[lastro]] em metal (como o fez a Suécia no em 1660). <!--Veja-se, um pouco mais de perto, o caso inglês. Nos anos de 1690 a coroa em vez de meramente buscar crédito junto aos banqueiros privados, usa um destes bancos (mais tarde tornado o Banco da Inglaterra, com funções de Banco Central) para emitir títulos de dívida assegurados pela posse exclusiva dos saldos do governo e pelo fato de ser a única empresa com permissão para emitir notas bancárias. Os credores do governo, compradores dos títulos, dariam portanto dinheiro ao governo (o ouro ainda era a moeda para o comércio mais robusto, internacional em particular) e emitiriam notas contra os títulos do governo, denominadas neles, que poderiam ser emprestadas. Vide https://en.wikipedia.org/wiki/Bank_of_England-->O importante era produzir a moeda nacional como instituição fundamental da nação. Essa moeda, desde então, carrega acima de tudo um nome, e as moedas privadas (bancárias) devem ser nomeadas pelo mesmo, e reguladas pela autoridade central.
A decomposição feudal foi lenta e se deu principalmente: pela transformação do trabalho obrigado dos [[Servidão|servos]] nas terras de domínio dos [[Senhores feudais|senhores]] em prestações pagas em gêneros ou dinheiro, o que estimulou a retomada do cálculo pessoal e a luta pelo trabalho livre e propriedades camponesa; e pela retomada do comércio, reativação das [[Feira|feiras]], do [[artesanato]] no âmbito das [[Corporações de ofício|corporações]] citadinas, e da vida urbana em geral<ref>{{citar livro|título=História do capitalismo de 1500 a nossos dias|ultimo=BEAUD|primeiro=Michael|editora=Brasileinse|ano=1987|local=São Paulo}}</ref>. O dinheiro ligado ao comércio, e a uma mercadoria em particular, volta à cena. Mas esta retomada do comércio ocorre numa sociedade em revolução interna, tendo lugar algo como um capitalismo mercantil que dribla as proibições morais, religiosas e legais (que proibiam a chamada usura, ou cobrança de juros dos endividados) que sempre rondaram o dinheiro e ele passa a ser [[negócio]] como nunca antes. Nesse caso, certificados em papel de depósitos de itens de comércio nos portos (como cargas de especiarias ou escravos), de jóias e bens de luxo em lojas de penhores, de quantidades de ouro e prata em casas que os seguravam, passaram a ser aceitos/negociados em bancas de trocas que deram origem aos [[Banco|bancos]]. Além disso, essa mobilização de diversos tipo de moedas privadas acontece ao mesmo tempo que o renascimento dos [[Estado|Estados]]. Desta vez, pequenos (se comparados a dimensão territorial dos antigos impérios) estados nacionais se formam quase simultaneamente na Europa, menos ligados a etnias, castas e exércitos e mais ligados a classes e seus negócios (exércitos ficam mas sob mando dos poderes/burocracias do Estado). A moeda estatal passa a ser novamente central. Um governante (rei ou presidente) não pode precisar de um dinheiro que não emita, não pode dever a um banqueiro privado qualquer, mas ao seu próprio (o [[Banco central|Banco Central]] Holandês e o Inglês nascem já no século XVII).
 
A partir do século XVII, o dinheiro que já havia existido como registros regulados por regras sociais desde há 5000, volta a se parecer menos como o material de que é feito e mais as regras que o criam, o fazem circular, o associam a diferentes formas de contratos, apostas e outras operações internas e externas aos países, e por fim as regras cambiais que dizem respeito as trocas das moedas nacionais entre si.
[[Imagem:papelmoeda1810.jpg|thumb|esquerda|180px|Primeiro bilhete de banco, emitido pelo Banco do Brasil em 1810.]]
 
=== '''Do dinheiro de papel ou moeda fiduciária''' ===
==== Papel Moeda ====
Na passagem do dinheiro-mercadoria ao dinheiro-dívida de papel, houve muito tumulto público, e discussão teórica, sobre a insegurança para a reprodução da vida econômica graças aos poderes que bancos, públicos e privados, ganhavam com isso<!--"Em 1705, John Law, na Escócia, publicou Money and Trade, que examinou o fracasso da moeda baseada em metal nos 150 anos anteriores e propôs substituí-lo por um sistema de papel moeda com um banco de terras baseado no valor do imobiliário. Embora tenha conseguido fazer com que essa proposta fosse implementada, não conseguiu aproveitar seriamente as lições da Revolução Espanhola de Preços e o seu banco falhou, com uma bolha especulativa explodindo em inflação extrema." In https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_monet%C3%A1ria-->.[[Imagem:papelmoeda1810.jpg|thumb|esquerda|180px|Primeiro bilhete de banco, emitido pelo Banco do Brasil em 1810.]]Os temores quanto aos poderes dos criadores de moeda por vezes faziam com que economistas, políticos e cidadãos defendessem a manutenção de lastro ou conversibilidade entre as notas de papel e os metais. Os economistas mantiveram embates vigorosos desde o século XV, entre [[Bulionismo|Bulionistas]] e Antibulonionistas, [[Metalismo|Metalistas]] e Chartalistas, ''Currency School'' e ''Banking School,'' até chegar ao século XX com os debates entre ''[[Monetarismo|Monetaristas]] e [[Economia institucional|Institucionalistas]].'' <ref>{{citar livro|título=Dinheiro, dinheiro: Inflação, desemprego, crises financeiras e bancos.|ultimo=SAYAD|primeiro=João|editora=Portfolio-Penguin|ano=2915}}</ref>. Em geral, todas elas têm a ver com as desconfianças em torno dos poderes da [[moeda fiduciária]] - todo papel ou título público cuja aceitabilidade se dá apenas por [[fidúcia]], credibilidade, e não por ser conversível a algum metal (ouro, prata) com valor intrínseco.
Na [[Idade Média]], surgiu o costume de se guardarem os valores num [[ourives]], pessoa que negociava objetos de [[ouro]] e [[prata]]. Este, como garantia, entregava um recibo. Com o tempo, esses recibos passaram a ser utilizados para efetuar pagamentos, circulando de mão em mão e dando origem ao [[papel-moeda]].
[[Ficheiro:One bitcoin sitting atop bundles of US $100 notes.png|miniaturadaimagem|Bitcoin, a primeira cripto moeda]]
É fato que governos e bancos podem abusar de seus poderes de criação de moeda fiduciária, e, pior, podem produzi-la em excesso justamente quando não é o caso - como os bancos nas fases de prosperidade a fim de lucrar mais, o que os fazem dar créditos a negócios insólitos ou mesmo dirigir recursos novos a riqueza já existentes, criando as famosas bolhas -; ou quando os governos fazem o oposto e reduzem o gasto/produção de moeda nas fases de baixa da economia, o que só reforça esse movimento levando a crise e ao desemprego. Mas a melhor gestão da moeda não é conseguida atrelando-a a um bem escasso qualquer - seja o ouro, escasso por natureza, seja o [[Bitcoin|Bitcoin,]] escasso por planejamento de seus criadores.
 
De fato, é impossível retirar do dinheiro sua dimensão política. E com o dinheiro de papel (e o eletrônico depois dele) isso fica mais evidente. Se em determinados períodos da história, um ou mais países mantiveram relações de paridade e conversibilidade com algum metal (como durante vários períodos da história européia e em particular durante a vigência do [[Padrão-ouro|padrão Libra-ouro]] na Inglaterra do final do século XIX e início do XX), isso se deveu a um estratagema para se manter a confiança necessária na moeda, e, por tabela, no Estado. Estratagema esse que previa também a sua suspensão, caso necessário (como também ocorrera na Inglaterra com a [[Bank of England|Lei de Restrição Bancária de 1797]], quando as trocas de notas por ouro foram proibidas por mais de 20 anos). Mas mesmo que a conversibilidade em ouro seja apenas um artifício usado numa ou outra época (o foi novamente no [[Bretton Woods|padrão Dólar-ouro]] no pós segunda -guerra), ela imprimiu uma marca no imaginário popular que, ainda hoje, cidadãos desconfiados dos super poderes do Estado e/ou bancos e todo o [[sistema financeiro]], pleiteiam-no como necessário e suficiente para os regular.
No [[Brasil]], os primeiros bilhetes de banco, precursores das [[cédula]]s atuais, foram lançados pelo [[Banco do Brasil]], em 1810. Tinham seu valor preenchido à mão, tal como, hoje, fazemos com os cheques.
 
Essa atitude é não só compreensível quanto necessária, o problema é que a crença em algo natural que se imponha aos embates político-econômicos pode eximir os cidadãos de uma ação política mais pertinente de controle desses poderes<ref>{{citar livro|url=https://dowbor.org/wp-content/uploads/2012/06/a_era_do_capital_improdutivo_2_impress%C3%A3oV2.pdf|título=A Era do Capital Improdutivo|ultimo=DOWBOR|primeiro=Ladislau|editora=Autonomia Literária|ano=2017|local=São Paulo}}</ref><ref>{{citar livro|título=O Minotauro global – A verdadeira origem da crise financeira e o futuro da economia|ultimo=VAROUFAKIS|primeiro=Yanis|editora=Autonomia Literária|ano=2016|local=São Paulo}}</ref>. Como dizia Lerner, a adoção da conversibilidade, só faz com que o Estado se ausente da prerrogativa de regular a moeda <ref>{{citar periódico |titulo=Money as a creature of the state |acessodata=1947 |jornal=American Economic Review,
Com o tempo, da mesma forma ocorrida com as moedas, os governos passaram a conduzir a emissão de cédulas, controlando as [[falsificação|falsificações]] e garantindo o poder de pagamento. Atualmente quase todos os países possuem seus bancos centrais, encarregados das emissões de cédulas e moedas. A moeda de papel evoluiu quanto à técnica utilizada na sua impressão. Hoje a confeção de cédulas utiliza papel especialmente preparado e diversos processos de impressão que se complementam, dando ao produto final grande margem de segurança e condições de durabilidade.
37. |ultimo=LERNER |primeiro=Jaime |pagina=312-317}}</ref>. Do mesmo modo, a crença em regras draconianas de controle do gasto público é algo popular, uma vez que parece às populações um meio de controle de políticos e governos auto-interessados, quando o ideal seria controlá-los nos embates orçamentários, pela definição do que deverão ser os gastos e pelo controle de sua realização.
 
Em resumo, ao longo de sua longa história o dinheiro foi se tornando cada vez mais o que era em sua essência, algo virtual. Ou seja, o dinheiro vai se estabelecendo historicamente como aquilo que sempre foi, uma ideia ou [[significado]] abstrato que é incorporado num [[significante]] concreto (as moedas do que quer que seja). Pode-se dizer assim que o dinheiro é uma ideia. Uma ideia abstrata que se concretiza pelas regras que a fazem operar entre os humanos. Mas acima de tudo, o que essa ideia carrega são os compromissos concretos assumidos entre os humanos no tempo. Assim, como dizia Keynes<ref>{{citar livro|url=https://www.afoiceeomartelo.com.br/posfsa/Autores/Keynes,%20John/Keynes%20-%20Os%20economistas.pdf|título=Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda|ultimo=KEYNES|primeiro=John Maynard|editora=Nova Cultural|ano=1996|local=Rio de Janeiro}}</ref> na sua [[A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda|Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda]], o dinheiro é elo entre o presente e o futuro, e isso não apenas porque simboliza apostas privadas sobre valorização futura deste ou daquele ativo ou itens de riqueza, mas porque compromete os homens a produzi-los.
== Dinheiro e economia ==
O dinheiro é um dos tópicos de estudo centrais na [[economia]] e está numa ligação implícita com o campo das [[finanças]]. A quantidade de dinheiro numa dada economia diretamente afeta fenômenos como a [[inflação]] e a taxa de [[juro]]s. Uma [[crise monetária]] pode ter efeitos significativos, particularmente se ela levar a uma falência generalizada tal que resulte na adoção de economia de trocas.
 
== Dinheiro e economia hoje ==
A economia moderna também enfrenta a dificuldade em decidir o que exatamente ''dinheiro'' é. (veja [[suprimento de dinheiro]]).
Atualmente, as novas [[Tecnologias da informação e comunicação|tecnologias]] de transmissão dos pagamentos em meio eletrônico tornaram os significantes físicos do dinheiro desnecessários. Fica cada vez mais evidente que dinheiro é representante da riqueza criada ou por criar (daí crédito e dívida) e nesse sentido ele não tem nada a ver com algo que se entesoura, como as moedas ou mesmo muitas das cripto-moedas que se tornaram [[Ativo|ativos]] [[Especulação|especulativos]]. Afinal, algo que se entesoura e contra o que se [[Especulação financeira|especula]] (se fazem apostas) é um [[ativo financeiro]].
[[Ficheiro:Wall Street bubbles - Always the same - Keppler 1901.jpg|miniaturadaimagem|479x479px|Wall Street Bubles - Keppler 1901]]
A complexidade em entender o que é, e o que pode ser, o dinheiro na atualidade deriva em grande parte da complexidade do sistema financeiro atual. Os [[Mercado de futuros|mercados de futuros]] que tornam bens materiais objetos de apostas elas mesmas tornadas papeis negociados, segurados, e nos quais são baseados outros papeis, os [[Derivativo|derivativos]] em geral baseados em [[Ação|ações]], créditos, operações sem qualquer materialidade, levou a dimensão virtual do dinheiro às alturas. O potencial crítico desse sistema é (como sempre foi no passado) o endividamento excessivo. Mas não o dos Estados, como em propagandeiam os interesses dominantes sempre que não sejam eles os beneficiados pelas emissões públicas. Esta dívida, cujo passivo são os ativos das pessoas e empresas, é bem vinda, e tem, na prática, nos anos finais do século passado e neste, salvado a [[Economia mundial|economia mundial.]] O endividamento que preocupa é o dos mais frágeis cujo efeito é a perda de bens reais, sejam eles cidadãos, sejam países (vide o caso da [[Grécia|Grécia na crise do Euro]]).
 
À complexidade atinente ao sistema financeiro, pode-se acrescentar a complexidade de uma economia-mundo bastante integrada, ainda que uma integração marcada pela desigualdade, para explicar porque é tão difícil entender hoje o dinheiro. Nesse ambiente, é curioso como alguns países têm vivenciado a transformação de créditos de telefone em moeda<ref>{{citar web |ultimo=VICKERY |primeiro=Matthew |url=https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-41614920 |titulo=O 'país' africano que caminha para ser o primeiro do mundo a abolir o dinheiro |data=17 outubro de 2017 |acessodata=22 junho de 2021}}</ref>.
=== Características essenciais ===
O dinheiro tem as seguintes características:
# Deve ser um meio de troca;
# Deve ser uma [[unidade contábil]];
# Deve servir para acumular valores.
# Deve ser uma medida geral de valor, permitindo calcular preços de todos os tipos de itens.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Bower|primeiro=Bruce|data=2018-07-30|titulo=Money's mysterious, complicated origin story|url=https://www.sciencenews.org/article/money-ancient-origins-debate-mystery|jornal=Science News|lingua=en}}</ref>
 
No que diz respeito à teoria econômica o renascimento das teses de [[John Maynard Keynes|Keynes]], [[Lerner]]<!--https://en.wikipedia.org/wiki/Abba_P._Lerner-->, [[Hyman Minsky|Minsky]] e outros pelos autores da chamada [[Teoria Monetária Moderna]], Warren Mosler, Randall Wray<!--https://en.wikipedia.org/wiki/L._Randall_Wray-->, Bill Mitchell, Sthephanie Kelton <!--https://en.wikipedia.org/wiki/Stephanie_Kelton-->, tem trazido novo fôlego às discussões, particularmente por explicarem como o discurso [[Neoliberalismo|neoliberal]] fundado na necessidade de diminuir o Estado, entre outras coisas criminalizando a dívida pública e insistindo nas antigas teses da [[Teoria quantitativa da moeda|Teoria Quantitativa da Moeda]] do excesso de dinheiro em circulação como causa da i[[Inflação|nflação]], não encontra mais sustentação desde a crise de 2008. No Brasil, duas publicações recentes merecem destaque: o livro de [[André Lara Resende|André Lara Rezende]] "[[Juros, moeda e ortodoxia - Teorias monetárias e controvérsias políticas]]" e o livro de Enzo Gerioni, David Deccache, Julia Ozzimolo, Daniel Conceição, e Fabiano Dalto, "Teoria monetária moderna: A chave para uma economia a serviço das pessoas".
==== Meio de troca ====
[[Imagem:Pennies.jpg|thumb|direita|250px|Fotografia de várias [[moeda]]s.]]
Quando um [[objeto]] tem seu principal uso como intermediário de trocas—recorre-se a ele para trocar coisas diferentes—tem essa propriedade. Esta característica permite ao dinheiro ser usado como padrão de trocas adiadas, uma ferramenta para saldar débitos.
 
==== UnidadeCultura contábil ====
{{Quote2|''Dinheiro compra tudo, até amor verdadeiro!''|[[Nelson Rodrigues]], dramaturgo brasileiro.}}
Quando o valor de um bem é frequentemente usado para comparar ou medir o valor de outros bens, ou quando o valor é utilizado para especificar [[Débito (banco)|débitos]], então esse bem funciona como unidade contábil.
 
O dinheiro influencia a arte de diversas formas.
Um débito ou uma dívida não podem servir como unidade contábil porque seu valor é especificado em comparação com alguma referência valorativa externa, alguma outra unidade contábil determinada.
 
No cinema, alguns filmes de bancos, sistema financeiro, crises bancárias, como por exemplo:
==== Acumular valores ====
[[Imagem:Maximinus denarius - transparent background.PNG|thumb|esquerda|250px|Antigo [[denário]] [[Roma antiga|Romano]].]]
Quando um objeto é adquirido primariamente para acumular valores a serem utilizados em negócios futuros, então está servindo para acumular valores. Por exemplo, uma [[marcenaria]] pode manter um inventário de [[Madeira (material)|madeira]] que possui um valor de mercado. Da mesma forma pode manter dinheiro em caixa que tem também valor de mercado. Ambos representam uma reserva de valores porque podem ser convertidos em outros bens no futuro. A maioria dos bens não-perecíveis têm essa característica.
 
* [[O Capital (filme)|Le Capital]], Costa-Gavras
Muitos bens ou símbolos possuem as três características enumeradas acima, porém apenas o dinheiro possui as três juntas.
* [[The Big Short|The big Short]], Allan McKay
 
Na [[música]], podem-se destacar alguns exemplos:
Além disso, para funcionar bem numa economia o dinheiro deve ter as seguintes características adicionais:
* Ter valor estável
* Ser de difícil [[falsificação]]
* Ser facilmente repartível e transportável
* Deve ter um valor padronizado e reprodutível (duas representações de dinheiro devem ser idênticas, caso refiram-se ao mesmo valor)
 
* [[1406 (canção)|1406]] pela banda [[Mamonas Assassinas]]
=== Formas modernas de dinheiro ===
* [[Dark Side of the Moon|Money]] pela banda [[Pink Floyd]]
Quando utilizado anonimamente, o método mais comum de uso do dinheiro é através de cédulas bancárias ou moedas, ou ainda cartões com valor [[pré-pago]].
* [[Money, Money, Money]] pela banda [[ABBA]]
 
* [[Money]] por [[Michael Jackson]]
Há também o uso do dinheiro com registro financeiro, também chamado de [[conta corrente]] (ou também [[conta bancária]]). Nesse caso, os métodos mais comuns são os [[cheque]]s, [[cartão de crédito|cartões de crédito]] e [[cartão de débito|de débito]], e [[dinheiro digital]].
* [[Money (That's What I Want)]] canção de Barrett Strong
 
== Cultura ==
{{Quote2|''Dinheiro compra tudo, até amor verdadeiro!''|[[Nelson Rodrigues]], dramaturgo brasileiro.}}
 
O dinheiro influencia a arte de diversas formas. Na [[música]], podem-se destacar alguns exemplos:
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* [[Money (That's What I Want)]] canção de Barrett Strong
 
*
== Perspectiva Psicológica ==
O dinheiro foi considerado durante muito tempo como de domínio exclusivo da Economia.<ref>Gusmán, 2000</ref> Para Furnham e Argyle, o tema dinheiro pertencia tradicionalmente aos economistas o que manteve os psicólogos afastados. No entanto a conjuntura econômica mundial despertou o interesse da psicologia por esse tema. Iniciou-se estudos para uma clara definição do dinheiro.
 
Segundo Snelders,<ref>Varieties of money: Experts' and non-experts' typicality judgments, (1996) Journal of Economic Psychology, 17 (3), pp. 403-413.</ref> trata-se de um conceito polimorfo, ou seja não há uma clara definição; as definições são criadas a partir de experiências individuais nomeadas com base em famílias de semelhanças.
 
Essas famílias de semelhanças possuem algumas propriedades já estabelecidas, que são:
* Tipicidade: as pessoas conseguem classificar a categoria conforme a tipicidade e há uma concordância subjectiva clara quanto a essas classificações.
* Intensidade: quanto mais típico algo é de uma determinada categoria, mais as pessoas concordam que ela pertence àquela categoria.
* Similaridades: Quanto mais similares as instancias de uma categoria, maior será a concordância quanto a categoria que pertence.
 
=== Instrumentos de mensuração do significados do dinheiro ===
==== Diferencial Semântico Modificado (DSM) ====
Wernimont e Fitzpatrick (1972) reportaram o primeiro instrumento para mensurar o significado do dinheiro, criado a partir do pressuposto adoptado pelos autores, de que o significado do dinheiro seria construído pelos indivíduos com base em diferentes histórias de aprendizagem.
 
A escala no formato de Diferencial Semântico Modificado (DSM) foi constituída por 40 pares de adjetivos atribuídos ao dinheiro. Sendo constituída por 5 componentes como:
* Fracasso e vergonha.
* Aceitabilidade social.
* Atitude ora-ora (o dinheiro foi analisado como algo sem importância).
* Pecado moral (princípios morais).
* Segurança confortável (significado positivo atribuído ao dinheiro).
 
==== Escala de atitudes quanto ao dinheiro (MAS) ====
Yamauchi e Templer (1982) desenvolveram uma escala de atitudes quanto ao dinheiro tendo como base teórica a literatura clínica psicanalítica. Baseando-se nos três domínios psicológicos do dinheiro, que representariam as três fases de desenvolvimento propostas por Freud: oral, anal e fálica.
 
Foram representados pelos domínios:
# Segurança, relacionado a conceitos como: otimismo, conforto; e seu reverso: pessimismo, insegurança e insatisfação.
# Retenção: parcimônia, avareza e personalidade obsessiva.
# Poder-prestígio, composto por status, importância, superioridade e aquisição.
 
Foram gerados 62 itens que refletiam os três domínios citados.
 
==== Escala ética do dinheiro (EAD) ====
Tang (1992) utilizou a hierarquia das necessidades de Maslow e as escalas de Wernimont e Fitzpatrick, Yamauchi e Templer e Furnham para criar a Escala ética do dinheiro.
 
Essa escala procurava mensurar as atitudes quanto ao dinheiro em ambientes organizacionais e averiguar a relação das atitudes quanto ao dinheiro com variáveis relacionadas ao trabalho. Foram formulados cinquenta itens com uma escala Likert de sete pontos.
 
==== Escala de Significado do Dinheiro (ESD) ====
Moreira (2000) criou um instrumento para mensuração do significado do dinheiro, que apresentasse características mais confiáveis.
 
Contemplando as seguintes dimensões :
* Positivas : desenvolvimento sociocultural, prestígio, utilitarismo, estabilidade e prazer.
* Negativas: desigualdade social, dominação, conflito e preocupação.
 
== Ver também ==
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== Bibliografia ==
* Barracho,Carlos. Lições de psicologia Económica. Instituto Piaget. Lisboa. 2001
*DOWBOR, Ladislau (2017). A Era do Capital Improdutivo (PDF). São Paulo: Autonomia Literária
*FINLEY, Moses (1960). Slavery in Classical Antiquity: Views and Controverses. Cambridge: W.Heffer and Sons.
*GERIONI et all, Enzo (2016). Teoria monetária moderna: A chave para uma economia a serviço das pessoas. Rio de Janeiro: Nova Civilização. 150 páginas.
*GRAEBER, David (2016). Dívida - os primeiros 5000 anos. São Paulo: Três Estrelas.
*HARARI, Yuval (2011). Sapiens: Uma Breve História da Humanidade. São Paulo: L&PM.
*KEYNES, John Maynard (1930). Teatise on money. New York: Harcourt, Brace and company.
*KEYNES, John (1996). Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: Nova Cultural. <nowiki>https://www.afoiceeomartelo.com.br/posfsa/Autores/Keynes,%20John/Keynes%20-%20Os%20economistas.pdf</nowiki>
*KELTON,, Stephane (2020). The Deficit Myth: Modern Monetary Theory and the Birth of the People's Economy. New York: Public Affairs. 272 página
*KNAPP, Georg Friedrich (2003). The State Theory of Money. San Diego: Simon Publications.
*POLANYI, Karl (1971). Trade and Market in the Early Empires. Gateway.
*VAROUFAKIS, Yanis (2016). O Minotauro global – A verdadeira origem da crise financeira e o futuro da economia. São Paulo: Autonomia Literária
 
== Ligações externas ==
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{{Wikiquote|Dinheiro}}
{{Wiktionary1|dinheiro}}
 
* [https://iffdbrasil.org/ Instituto de Finanças Funcionais para o Desenvolvimento - https://iffdbrasil.org/]
 
* [http://www.bcb.gov.br/?HISTDIN ''A História do Dinheiro pelo Banco Central do Brasil'']
* [https://web.archive.org/web/20070614014529/https://www.egwald.com/ubcstudent/aboriginal/exchanges.php Linguistic and Commodity Exchanges]by Elmer G. Wiens. Examines the structural differences between barter and monetary commodity exchanges and oral and written linguistic exchanges.