1964: O Brasil entre Armas e Livros: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 39:
''1964'' estreou no [[YouTube]] em 2 de abril. Em 8 de abril, houve uma sessão na [[Assembleia Legislativa de São Paulo]]. Vinte dias depois, o filme contava com 5,6 milhões de visualizações na plataforma supracitada.<ref name="piaui" /> Eduardo Bolsonaro divulgou um local de exibição gratuita do filme, que ocorreu em 7 de novembro no [[Distrito Federal (Brasil)|Distrito Federal]]. Sem necessidade de alvará, houve manifestantes que tentaram proibir a transmissão.<ref name="m">{{Citar web |url=https://www.metropoles.com/colunas-blogs/janela-indiscreta/filme-da-ditadura-apoiado-por-eduardo-bolsonaro-nao-requer-alvara |titulo=Filme da ditadura apoiado por Eduardo Bolsonaro não requer alvará |data=2019-11-07 |acessodata=2021-07-06 |website=Metrópoles}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://www.metropoles.com/colunas-blogs/janela-indiscreta/veja-fotos-da-exibicao-do-filme-sobre-1964-convocada-por-eduardo |titulo=Veja fotos da exibição do filme sobre 1964 convocada por Eduardo |data=2019-11-08 |acessodata=2021-07-06 |website=Metrópoles}}</ref> O fotógrafo Sebastião Salgado declarou que uma de suas fotos foi utilizada sem sua autorização no filme. Um advogado da Brasil Paralelo respondeu: "[A empresa] tem enorme respeito com a questão relacionada aos direitos autorais – até porque também sofre muito com isso".<ref name="foto">{{Citar web |url=https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/cinema/noticia/2019/05/filme-1964-o-brasil-entre-armas-e-livros-faz-uso-indevido-de-foto-de-sebastiao-salgado-cjve9wpfm01jn01llz4rpbt1m.html |titulo=Filme "1964 - O Brasil entre Armas e Livros" faz uso indevido de foto de Sebastião Salgado |data=2019-05-07 |acessodata=2021-07-03 |website=GZH}}</ref>
 
== Recepção e análise da crítica ==
{{em construção}}
{{Críticas profissionais
Linha 47:
|ava2=1/10<ref name="cp">{{Citar web |url=https://www.cineplayers.com/criticas/1964-o-brasil-entre-armas-e-livros |titulo=Crítica de 1964: O Brasil Entre Armas e Livros (2019) |data=2021-02-12 |acessodata=2021-07-03 |website=Cineplayers}}</ref>
}}
''1964'' foi criticado por diversas fontes devido à sua versão da ditadura militar,<ref name="uol" /><ref name="cp" /> com quase todas afirmando que o mesmo é pró-ditadura.<ref name="folha" /><ref name="exame" /><ref name="estadao" /><ref name="p360" /><ref name="m" /><ref name="oglobo">{{Citar web |url=https://oglobo.globo.com/brasil/entrevistados-em-filme-pro-ditadura-reconhecem-que-houve-golpe-em-64-23569366 |titulo=Entrevistados em filme pró-ditadura reconhecem que houve golpe em 64 |data=2019-04-03 |acessodata=2021-07-03 |website=[[O Globo]]}}</ref> Em sua crítica ao ''Cineplayers'', Ted Rafael Araujo Nogueira deu uma nota de 1/10 e começou sua análise descrevendo o filme como: um "Documentário[d]ocumentário revisionista que busca impor uma narrativa histórica própria que deslegitime a vasta bibliografia sobre o tema, considerada como marxismo cultural por esta turma da nova direita. A galera do Brasil Paralelo."<ref name="cp" /> [[Eduardo Escorel]] fez uma crítica similar à ''Piauí'', dizendo que ''1964'' "desconsidera cinco décadas de historiografia, brasileira e estrangeira, por julgá-la parcial e omissa", e alegou que o mesmo é "uma peça de propaganda política com pretensões didáticas".<ref name="piaui" /> OLeonardo Rodrigues disse ao ''UOL'' declarou que o filme "ameniza" a ditadura e listou cinco pontos falsos do filme: "Havia [[Ameaça comunista no Brasil|ameaça comunista]] em 1964", "Militares não queriam assumir o Brasil", "Relativização da repressão e tortura", "[[Censura no Brasil|Censura]] era tímida" e "[[Diretas Já]] não foi movimento orgânico".<ref name="uol" />
 
ANo Brasilentanto, Paralelohouve negouaqueles que oforam filmelevemente émais umapositivos propaganda da ditadura militar. Lucas Ferrugem declarou que ''1964'' tentou apenas "equilibrar opiniões" para "buscar a verdade", e quecom o filme critica extensivamente a ditadura.<ref>{{harvnb|The Noite|2019}}, [https://www.youtube.com/watch?v=-cbyRJnZExk&t=318s 5:18]—5:52</ref> O jornalista conservador [[Rodrigo Constantino]] declarou: que "O[o] documentário faz críticas de ambos os lados [...] há uma nítida tentativa de imparcialidade, que, por óbvio, não é absoluta".<ref name="gzt">{{Citar web |ultimo=Constantino |primeiro=Rodrigo |autorlink=Rodrigo Constantino |url=https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/minha-visao-sobre-o-documentario-1964-brasil-entre-armas-e-livros/ |titulo=Minha visão sobre o documentário "1964 – Brasil entre armas e livros" |acessodata=2021-07-03 |website=Gazeta do Povo}}</ref> João Victor Barros, ao ''[[Cinema com Rapadura]]'', deu uma nota de 8/10 e disse que o filme "se equilibra em uma linha tênue, e é visível que tende para um lado. Lado esse que precisa consertar seus erros e ser visto de outro modo, afinal, somos todos passíveis de erro."<ref name="ccr" /> O historiador e professor de literatura comparada [[João Cezar de Castro Rocha]] afirmou em sua coluna na revista ''[[Veja]]'' que "o documentário não apoia a ditadura e condena explicitamente a tortura", embora também afirme que a premissa do filme "favorece a explicação de processos complexos por meio de teorias conspiratórias" e dá "amparo à política beligerante de Jair Bolsonaro".<ref>{{Citar web |url=https://veja.abril.com.br/brasil/retorica-de-guerra/ |titulo=Retórica de guerra |acessodata=2021-07-03 |website=Veja}}</ref> A Brasil Paralelo negou que o filme é uma propaganda da ditadura militar; Lucas Ferrugem declarou que ''1964'' tentou apenas "equilibrar opiniões" para "buscar a verdade", e que o filme critica extensivamente a ditadura.<ref>{{harvnb|The Noite|2019}}, [https://www.youtube.com/watch?v=-cbyRJnZExk&t=318s 5:18]—5:52</ref>
Historiadores consideraram-o um exemplo de [[Negacionismo da ditadura militar brasileira|negacionismo]] e distorção da história da ditadura militar.<ref>{{citar periódico |url=https://www.revista.ueg.br/index.php/revista_geth/article/view/9680 |título=O Paralelismo do Absurdo: 1964 – O Brasil entre Armas e Livros e seus Desserviços Históricos e Sociais |data=2019 |acessodata= |periódico=Revista Expedições: Teoria da História e Historiografia |número=2 |último=Borges |primeiro=Ítalo Nelli |páginas=152–166 |issn=2179-6386 |ref=harv |volume=10}}</ref><ref>{{Citar conferência |ultimo=Buzalaf |primeiro=Márcia Neme |url=http://www.uel.br/eventos/eneimagem/2019/wp-content/uploads/2019/08/7.-CINEMA-E-AUDIOVISUAL.pdf |título=A construção estereotipada do comunista na produção 1964 – o Brasil entre armas e livros |data=2019 |publicado=Universidade Estadual de Londrina |editor-sobrenome1=Pelegrinelli |editor-nome1=André Luiz Marcondes |local=Londrina |paginas=34-42 |ref=harv |editor-sobrenome2=Molina |editor-nome2=Ana Heloisa |editor-sobrenome3=Silva |editor-nome3=Gustavo do Nascimento |titulolivro=Anais do VII Encontro Nacional de Estudos da Imagem [e do] IV Encontro Internacional de Estudos da Imagem}}</ref><ref>{{Citar vídeo |último=Villaça |primeiro=Pablo |autorlink=Pablo Villaça |url=https://www.youtube.com/watch?v=T8GRqNZDogc |titulo=1964: Brasil - Entre Armas e Livros - Comentários |data=2019-04-05 |acessadoem=16-05-2020 |ref=harv |via=Youtube}}</ref>
 
=== Análise histórica ===
A Brasil Paralelo negou que o filme é uma propaganda da ditadura militar. Lucas Ferrugem declarou que ''1964'' tentou apenas "equilibrar opiniões" para "buscar a verdade", e que o filme critica extensivamente a ditadura.<ref>{{harvnb|The Noite|2019}}, [https://www.youtube.com/watch?v=-cbyRJnZExk&t=318s 5:18]—5:52</ref> O jornalista conservador [[Rodrigo Constantino]] declarou: "O documentário faz críticas de ambos os lados [...] há uma nítida tentativa de imparcialidade, que, por óbvio, não é absoluta".<ref name="gzt">{{Citar web |ultimo=Constantino |primeiro=Rodrigo |autorlink=Rodrigo Constantino |url=https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/minha-visao-sobre-o-documentario-1964-brasil-entre-armas-e-livros/ |titulo=Minha visão sobre o documentário "1964 – Brasil entre armas e livros" |acessodata=2021-07-03 |website=Gazeta do Povo}}</ref> João Victor Barros, ao ''[[Cinema com Rapadura]]'', deu uma nota de 8/10 e disse que o filme "se equilibra em uma linha tênue, e é visível que tende para um lado. Lado esse que precisa consertar seus erros e ser visto de outro modo, afinal, somos todos passíveis de erro."<ref name="ccr" /> O historiador e professor de literatura comparada [[João Cezar de Castro Rocha]] afirmou em sua coluna na revista ''[[Veja]]'' que "o documentário não apoia a ditadura e condena explicitamente a tortura", embora também afirme que a premissa do filme "favorece a explicação de processos complexos por meio de teorias conspiratórias" e dá "amparo à política beligerante de Jair Bolsonaro".<ref>{{Citar web |url=https://veja.abril.com.br/brasil/retorica-de-guerra/ |titulo=Retórica de guerra |acessodata=2021-07-03 |website=Veja}}</ref>
Diversos historiadores notaram que o mesmo defende a falsa teoria de que havia uma ameaça comunista no Brasil. Sobre o uso de documentos de StB que supostamente confirmariam uma ameaça comunista no Brasil, Ítalo Nelli Borges comentou que, mesmo que houvesse relações como essa, "isto não significa dizer, e nem há dados que comprovem empiricamente, uma direta e quase irreparável influência soviética com o centro do poder político brasileiro [...] O que se faz ao longo do filme é um exercício de suposição, e poderíamos supor que, se existisse tanto empenho e associação da StB com o poder político brasileiro, por que, então, não houve nenhuma reação dos comunistas ao que ocorreu em 1964? O grande problema do filme é que a partir da suposição chega-se à convicção de que o Brasil estava em grande iminência de tornar-se comunista executando uma experiência análoga do que ocorrera em Cuba."<ref name="italo">{{citar periódico |url=https://www.revista.ueg.br/index.php/revista_geth/article/view/9680 |título=O Paralelismo do Absurdo: 1964 – O Brasil entre Armas e Livros e seus Desserviços Históricos e Sociais |data=2019 |acessodata= |periódico=Revista Expedições: Teoria da História e Historiografia |número=2 |último=Borges |primeiro=Ítalo Nelli |páginas=152–166 |issn=2179-6386 |ref=harv |volume=10}}</ref> Leonardo Rodrigues citou que "[s]egundo a maioria dos historiadores, o governo João Goulart (PTB, mesmo partido de Getúlio Vargas), que tinha diretrizes trabalhistas, não comunistas, esteve bem distante de fomentar uma revolução no Brasil. Na historiografia, a aproximação dele com Cuba, China e países do leste europeu tinha caráter estritamente diplomático, já que o governo era apoiado por parte da esquerda, e não conspiratório".<ref name="uol" />
 
Márcia Neme Buzalaf notou que o filme utiliza o comunismo como "uma justificativa para todas as atrocidades históricas", mas isso é "[u]m discurso retrógado e que se propõe a ser revisionista quando, na verdade, se configura, de fato, como apenas mais uma propaganda política do mesmo temor que justificou atrocidades". Declarou ainda: "A utilização manipuladora de imagens fora de seus contextos, bem como o excesso de narração em ''off'' na condução do roteiro do filme, por si só são elementos que inviabilizam caracterizar ''1964'' como um documentário histórico".<ref>{{Citar conferência |ultimo=Buzalaf |primeiro=Márcia Neme |url=http://www.uel.br/eventos/eneimagem/2019/wp-content/uploads/2019/08/7.-CINEMA-E-AUDIOVISUAL.pdf |título=A construção estereotipada do comunista na produção 1964 – o Brasil entre armas e livros |data=2019 |publicado=Universidade Estadual de Londrina |editor-sobrenome1=Pelegrinelli |editor-nome1=André Luiz Marcondes |local=Londrina |paginas=34-42 |ref=harv |editor-sobrenome2=Molina |editor-nome2=Ana Heloisa |editor-sobrenome3=Silva |editor-nome3=Gustavo do Nascimento |titulolivro=Anais do VII Encontro Nacional de Estudos da Imagem [e do] IV Encontro Internacional de Estudos da Imagem}}</ref> [[Pablo Villaça]] também criticou o excesso de narração em ''off'' e enfatizou em vídeo que o filme é um "documentário", entre aspas, por não ser factual, e comenta que o filme faz um "revisionismo histórico terrível".<ref name=pablo>{{Citar vídeo |último=Villaça |primeiro=Pablo |autorlink=Pablo Villaça |url=https://www.youtube.com/watch?v=T8GRqNZDogc |titulo=1964: Brasil - Entre Armas e Livros - Comentários |data=2019-04-05 |acessadoem=16-05-2020 |ref=harv |via=YouTube}}</ref> Ítalo acusou o filme de omitir os "poderosos setores econômicos nacionais e internacionais que passaram anos difundindo propaganda anticomunista afim de atacarem a esquerda de modo geral e o próprio governo Goulart quando ia de encontro a seus interesses". Além disso, criticou a qualidade técnica, dizendo que o mesmo é "pouco criativo", "obsoleto" e "cansativo", "com uma fotografia previsível e monótona".<ref name="italo" /> Pablo Villaça também criticou erros estéticos e "básicos" de fotografia.<ref name=pablo />
 
{{Referências}}