Crime de honra: diferenças entre revisões

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== Na História ==
[[Matthew A. Goldstein]] observou que as mortes por "honra" foram encorajadas na Roma antiga, onde os membros masculinos da família que não agissem contra as mulheres adúlteras das suas famílias eram ativamente perseguidos".<ref name=":9">{{citar web|url=http://www.politicsandthelifesciences.org/Contents/Contents-2002-9/PLS2002-9-3.pdf|titulo=The biological roots of heat-of-passion crimes and honor killings|data=Setembro de 2002|acessodata=|publicado=Politics and the Life Sciences • September 2002 • vol. 21, no. 2 (Arq. em WayBack Machine)|ultimo=Goldstein|primeiro=Matthew A.|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120915124300/http://www.politicsandthelifesciences.org/Contents/Contents-2002-9/PLS2002-9-3.pdf|arquivodata=2012-09-15|urlmorta=yes}}</ref>
 
A origem dos crimes de "honra" e o controle das mulheres são evidenciados ao longo da história nas culturas e tradições de muitas regiões. A lei romana de ''pater familias'' dava controle total aos homens da família tanto sobre seus filhos quanto sobre suas esposas. Sob essas leis, as vidas das crianças e esposas ficavam a critério dos homens de suas famílias. A lei romana antiga também justificava assassinatos de "honra" afirmando que as mulheres que fossem consideradas culpadas de adultério poderiam ser mortas por seus maridos; obviamente o contrário não se permitia. Durante a [[dinastia Qing]] na China, pais e maridos tinham o direito de matar as filhas que fossem consideradas "desonradas" pelas famílias.<ref name=":9" /><ref name=":10">{{citar web|url=http://hbv-awareness.com/history/|titulo=Historical Overview|data=|acessodata=2 de Fevereiro de 2019|publicado=HBVA|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
Entre os [[aztecas]] e [[incas]], o adultério era punido com a morte.<ref name=":9" /> Durante o governo de [[João Calvino]] em Genebra, as mulheres consideradas culpadas de adultério eram afogadas no rio Ródano.<ref name=":10" />
 
Os assassinatos de "honra" têm uma longa tradição em alguns países da Europa Mediterrânea (Grécia, Espanha, Itália...) <ref name=":10" />
 
Em épocas um pouco mais recentes, ficaram conhecidos os casos de [[Tursunoy Saidazimova]] e [[Nurkhon Yuldasheva]]. Tursunoy S., nascida em 1911 em [[Tashkent]], foi a primeira atriz uzbeque da ex-[[União Soviética|URSS]] a tornar-se conhecida por remover o véu em palco. Foi assassinada pelo marido, pressionado pela família, fanáticos religiosos, em 10 de maio de 1928. Nurkhon Y. nascida em 1913, em [[Marguilã]], foi também uma das primeiras mulheres uzbeques a dançar no palco sem o tradicional véu islâmico e por isso foi assassinada por um irmão em 1929. Uma estátua de Nurkhon existiu em Marguilã, mas, julgada inconveniente, foi retirada após o desmantelamento da URSS em 1991.<ref>{{citar web|url=https://www.ietm.org/en/system/files/publications/theatre_in_central_asia_and_afghanistan.pdf|titulo=An Introduction to Theatre Today in Central Asia and Afghanistan|data=Janeiro de 2006|acessodata=|publicado=IETM|ultimo=Tordjman|primeiro=Simon|pagina=74}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=A little boy stands admiring the monumental statue of actress Nurkhon...|url=https://www.gettyimages.pt/detail/fotografia-de-not%C3%ADcias/little-boy-stands-admiring-the-monumental-fotografia-de-not%C3%ADcias/517775498|obra=Getty Images|acessodata=2019-02-04|lingua=pt-pt}}</ref><ref>{{citar livro|título=The Lost Heart of Asia|ultimo=Thubron|primeiro=Colin|editora=Vintage Books|ano=1994|páginas=248|acessodata=}}</ref>
 
== Características únicas do crime de "honra" ==
Os crimes de "honra" diferenciam-se claramente da simples [[violência doméstica]], ou dos chamados "[[Crime passional|crimes passionais]]", pela sua natureza colectiva e planeamento prévio. A sua motivação é completamente diversa, e baseia-se em códigos de moralidade e comportamento típicos de algumas culturas, geralmente reforçadas por imposições religiosas fundamentalistas. Os crimes de "honra" são geralmente um assunto familiar, com as vítimas a ser mortas pela sua própria família, (ou também por multidões) e geralmente com múltiplos autores. Também a sua grande crueldade os distingue ; mais de metade das vítimas são torturadas, com a finalidade de uma morte lenta e dolorosa. As torturas incluem [[Estupro coletivo|violações colectivas]], [[estrangulamento]]s, esfaqueamentos repetidos, [[Apedrejamento|lapidação]], corte da garganta, [[Ataque com ácido|ataques com ácidos]], [[decapitação]], queima <ref>{{citar livro|título=Honor Killings (Edit. Lisa Idzikowski) Cap: The Difference Between Honor Killing and Domestic Violence|ultimo=Chesler|primeiro=Phyllis|editora=Green Haven|ano=2018|páginas=17-29|acessodata=}}</ref> e mais recentemente, a [[Eletrocussão|electrocussão]].<ref>{{citar web|url=https://nypost.com/2017/09/12/teens-who-tried-to-elope-electrocuted-to-death-in-honor-killing/|titulo=Teens who tried to elope electrocuted to death in ‘honor killing’|data=12 de Setembro de 2017|acessodata=|publicado=New York Post|ultimo=Janjua|primeiro=Haroon}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=‘Kill them to salvage the tribe’s honour’|url=https://www.thenews.com.pk/print/228656-Kill-them-to-salvage-the-tribes-honour|obra=www.thenews.com.pk|acessodata=2019-01-27|lingua=en}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Karachi &#39;honour killing&#39;: Exhumed bodies of teenage couple bear electrocution, torture marks|url=https://www.dawn.com/news/1357435|obra=DAWN.COM|data=2017-09-13|acessodata=2019-01-27|lingua=en|primeiro=Imtiaz|ultimo=Ali}}</ref>
 
Os assassinatos são por vezes realizados em público, e com crianças assistindo, como um aviso para os outros indivíduos, dentro da comunidade, de possíveis conseqüências de se engajar no que é visto como comportamento ilícito.<ref>{{citar web|url=https://www.washingtonpost.com/news/morning-mix/wp/2014/05/28/in-pakistan-honor-killings-claim-1000-womens-lives-annually-why-is-this-still-happening/|titulo=In Pakistan, 1,000 women die in ‘honor killings’ annually. Why is this happening? (No Paquistão, morrem por ano 1000 mulheres em crimes de "honra" - Porque é que isto ainda acontece? - em inglês)|data=28 de maio de 2014|acessodata=|publicado=The Washington Post|ultimo=McCoy|primeiro=Terrence}}</ref>
 
Uma característica importante é a conexão dos crimes de "honra" ao controle do comportamento do indivíduo, (essencialmente a mulher) em particular no que diz respeito à sexualidade / casamento, pela família como um coletivo. Outro aspecto-chave é a importância da reputação da família na comunidade e o estigma associado à perda de estatuto social, particularmente em comunidades fechadas.<ref>{{citar web|url=http://hbv-awareness.com/faq/|titulo=Frequently Asked Questions about Honour Based Violence (HBV) and Honour Killings:|data=|acessodata=1 de Dezembro de 2018|publicado=HBVA (Honour Based Violence Awareness Network)|ultimo=|primeiro=}}</ref> Os perpetradores muitas vezes não enfrentam estigma negativo dentro de suas comunidades, porque seu comportamento é visto como inteiramente justificado, sendo na maior parte dos casos admirados como verdadeiros heróis.<ref>{{citar web|url=https://www.justice.gc.ca/eng/rp-pr/cj-jp/fv-vf/hk-ch/p1.html|titulo=Preliminary Examination of so-called "Honour Killings" in Canada|data=|acessodata=1 de Dezembro de 2018|publicado=Departement of Justice Government of Canada|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.jn.pt/mundo/interior/kim-kardashian-do-paquistao-morreu-as-maos-do-irmao-5289839.html|titulo="Kim Kardashian do Paquistão" morreu às mãos do irmão|data=17 Julho 2016|acessodata=|publicado=Jornal de Notícias|ultimo=Autor|primeiro=não citado}}</ref><ref>{{citar livro|título=The Hidden Half|ultimo=Robinson|primeiro=Stuart|editora=CHI Books|ano=2017|páginas=38-39|acessodata=}}</ref>
 
Algumas mulheres que se envolvem publicamente com outras comunidades ou adotam alguns dos costumes ou a religião de um grupo externo podem ser atacadas. Nos países que recebem imigrantes, alguns destes têm assassinado membros da família que participaram da vida pública, por exemplo, em políticas feministas e de integração.<ref>{{citar web|url=http://www.spiegel.de/international/the-death-of-a-muslim-woman-the-whore-lived-like-a-german-a-344374.html|titulo=The Death of a Muslim Woman "The Whore Lived Like a German" (A morte de uma mulher muçulmana - A puta vivia como uma alemã)|data=2 Março 2005|acessodata=|publicado=Spiegel (edição on line, inglesa)|ultimo=Biehl|primeiro=Jody K.}}</ref>
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Estatísticas precisas são bastante difíceis de obter devido à natureza de tais crimes e ao facto de que muito poucos são relatados ou colectados. Muitos destes assassinatos são apresentados pelas famílias como suicídios ou acidentes, e registados como tal.<ref>{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20131202235026/http://www.unicef.org.tr/en/content/detail/74/honour-crimes-and-forced-suicides-2.html|titulo=Honour Crimes and Forced Suicides|data=3 de Dezembro de 2013|acessodata=|publicado=UNICEF|ultimo=|primeiro=}}</ref> O ''United Nations Population Fund'' estima que cerca de 5.000 mulheres são assassinadas dessa maneira a cada ano em todo o mundo, provavelmente uma estimativa baixa. Adicionemos à lista Alemanha, Suécia, outras partes da Europa, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos, e é claro que as mulheres muçulmanas jovens no Ocidente estão se tornando cada vez mais vulneráveis.<ref>{{citar web|url=http://www.sfgate.com/politics/article/Honor-killings-When-the-ancient-and-the-modern-2548311.php|titulo=Honor killings: When the ancient and the modern collide (Crimes de honra: Quando o arcaico e o moderno colidem - em inglês)|data=23 Janeiro de 2008|acessodata=|publicado=SFGate|ultimo=Stillwell|primeiro=Cinnamon}}</ref> Segundo a BBC, ''"grupos de defesa das mulheres, no entanto, suspeitam que mais de 20.000 mulheres são mortas em todo o mundo por ano".<ref>{{citar web|url=https://www.bbc.com/news/world-middle-east-22992365|titulo=Many Jordan teenagers 'support honour killings'|data=20 de Junho de 2013|acessodata=|publicado=BBC|ultimo=Maher|primeiro=Ahmed}}</ref>''
 
Embora os [[sikhs]] e os [[hindus]] às vezes cometam estes crimes, os assassinos, tanto no mundo como no Ocidente, são principalmente muçulmanos, contra muçulmanos. Em todo o mundo, 91 por cento dos perpetradores eram muçulmanos. Na América do Norte, a maioria dos assassinos (84%) eram muçulmanos, com apenas alguns sikhs e ainda menos hindus perpetrando homicídios de "honra"; na Europa, os muçulmanos constituíam uma maioria ainda maior, com 96%, enquanto os sikhs eram uma pequena percentagem. Nos países muçulmanos, obviamente quase todos os perpetradores eram muçulmanos.<ref>{{citar web|url=http://www.meforum.org/2646/worldwide-trends-in-honor-killings|titulo=Worldwide Trends in Honor Killings (Tendências dos crimes de honra em todo o Mundo - em inglês) by Phyllis Chesler|data=Primavera de 2010|acessodata=|publicado=Middle East Quarterly|ultimo=Chesler|primeiro=Phyllis}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.independent.co.uk/voices/commentators/fisk/robert-fisk-the-crimewave-that-shames-the-world-2072201.html|titulo=The crimewave that shames the world (A onda de crime que envergonha o mundo - em inglês)|data=7 Setembro 2010|acessodata=|publicado=The Independent|ultimo=Fisk|primeiro=Robert}}</ref> Os irmãos menores das vítimas são frequentemente ordenados a cometer o crime, porque, como menores, estarão sujeitos a sentenças consideravelmente mais leves se chegar a haver ação legal.<ref>{{citar web|url=http://www.humanrights.ch/upload/pdf/070419_Kvinnoforum_HRV.pdf|titulo=Honor Related Violence (HRV) Manual|data=2005|publicado=Kvinnoforum, Estocolmo|acessodata=2017-02-05|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160305024614/http://www.humanrights.ch/upload/pdf/070419_Kvinnoforum_HRV.pdf|arquivodata=2016-03-05|urlmorta=yes}}</ref>
 
Um suicídio forçado, ou forjado, pode ser um substituto para um crime de "honra". Neste caso, os membros da família não matam diretamente a própria vítima, mas forçam-na a matar-se, a fim de evitar a punição; ou apresentam a morte como suicídio.<ref>{{citar web|url=http://theshariahwaronwomen.org/fatima-abdallah-florida-2011/|titulo=Fatima Abdallah The Tampa Police Department has accepted a Palestinian family’s account that Fatimah Abdallah killed herself by repeatedly beating her head against a coffee table. (O Departamento de Polícia de Tampa (Florida, EUA) aceitou o relato duma familia palestiniana conforme Fatima Abdallah se suicidou batendo com a cabeça numa mesa de café)|data=8 Maio de 2012|acessodata=2 Abril de 2017|publicado=The Shariah War On women}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.independent.co.uk/news/world/europe/women-told-you-have-dishonoured-your-family-please-kill-yourself-1655373.html|titulo=Women told: 'You have dishonoured your family, please kill yourself'" -As Turkey cracks down on 'honour killings', women are now told to commit suicide|data=27 Março 2009|acessodata=2 Abril 2017|publicado=Independent|ultimo=Navai|primeiro=Ramita}}</ref>
 
Os crimes de "honra" entre os hindus diferençam-se em alguns importantes aspectos dos cometidos nos países de maioria muçulmana ou nas comunidades muçulmanas no Ocidente. Aponta [[Phyllis Chesler]] que eles atingem também uma maior percentagem de homens, e são cometidos principalmente por razões de pureza de casta. Ao contrário, por exemplo, dos muçulmanos paquistaneses, que trazem essa prática para o Ocidente, os hindus nessa ocasião abandonam-na, por razões não muito claras.<ref>{{citar livro|título=A family conspiracy: Honor Killing New English Review Press|ultimo=Chesler|primeiro=Phyllis|editora=New English Review Press|ano=2018|páginas=292|acessodata=}}</ref>
 
Tahira Shahid Khan, uma professora da Universidade de Aga Khan, no Paquistão, escreveu no livro "Chained to Custom" (Acorrentadas aos Costumes), uma revisão dos crimes de "honra", publicado em 1999: "''As mulheres são consideradas a propriedade dos homens em sua família, independentemente de seu grupo de classe, étnica ou religiosa. O proprietário do imóvel tem o direito de decidir seu destino. O conceito de propriedade transformou as mulheres numa mercadoria que pode ser trocada, comprada e vendida."'' <ref>{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20141016194204/http://www.sanctuaryforfamilies.org/index.php?option=com_content&task=view&id=252&Itemid=259|titulo=International Domestic Violence Issues|data=16 de Outubro de 2014|acessodata=|publicado=Sanctuary for Families (Arq. em WayBack Machine)|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
== Causas ==
 
=== Misoginia ===
Os crimes de "honra" são frequentemente resultado de opiniões fortemente misóginas em relação às mulheres e à posição das mulheres na sociedade. Nestas sociedades tradicionalmente dominadas pelos homens, as mulheres dependem primeiro do pai e depois do marido, a quem se espera que obedeçam. As mulheres são vistas como propriedade e não como indivíduos com ações próprias. Elas devem submeter-se a figuras de autoridade masculinas na família - e não o fazer pode resultar em extrema violência como castigo. A violência é uma maneira de garantir o cumprimento e prevenir a rebelião.<ref name=":0">{{citar web|url=https://www.academia.edu/2233603/Honour_Killing-_A_Study_of_the_Causes_and_Remedies_in_its_Socio_Legal_Aspect......_Dr._Alka_Bhatia|titulo=Honour Killing- A Study of the Causes and Remedies in its Socio Legal Aspect.|data=Novembro de 2012|acessodata=|publicado=Academia.edu|ultimo=Bhatia|primeiro=Alka}}</ref> Em tais culturas, as mulheres não têm permissão para assumir o controle sobre seus corpos e sua sexualidade: são propriedade dos homens da família, do pai (e de outros parentes do sexo masculino) que devem garantir a virgindade até o casamento; e após isso, o marido, a quem a sexualidade de sua esposa é subordinada - uma mulher não deve minar os direitos de propriedade de seu guardião ao se envolver em sexo antes do casamento ou adultério.<ref>{{citar web|url=http://menengage.org/wp-content/uploads/2014/06/Honor_Related_Violence_Manual.pdf|titulo=Honour Related Violence|data=2005|acessodata=|publicado=Kvinnoforum / Foundation of Women’s Forum|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
O conceito de "honra" familiar é extremamente importante em muitas comunidades muçulmanas. As Nações Unidas em 2000 estimam 5.000 assassinatos em todo o mundo por ano, a maioria deles em regiões islâmicas do sul da Ásia, norte da África e Médio Oriente.<ref>{{citar web|url=https://eu.usatoday.com/story/news/world/2016/06/09/honor-killings-united-nations-pakistan/85642786/|titulo='Honor killings': 5 things to know|data=9 de Junho de 2016|acessodata=|publicado=USA Today|ultimo=Zoroya|primeiro=Gregg}}</ref> Atos de familiares que podem ser considerados inadequados são vistos como trazendo vergonha para a família aos olhos da comunidade. Tais atos geralmente incluem comportamentos femininos relacionados ao sexo fora do casamento ou à maneira de se vestir, mas também podem incluir a homossexualidade masculina . A família ''"perde a face"'' na comunidade e pode ser marginalizada por parentes. A única maneira pela qual a vergonha pode ser apagada é através de um assassinato.<ref name=":0" /> As culturas em que ocorrem as mortes por "honra" são geralmente consideradas "culturas coletivistas", onde a família é mais importante que o indivíduo, e a autonomia individualista é vista como uma ameaça à família coletiva e à sua honra.<ref>{{citar web|url=http://hbv-awareness.com/faq/|titulo=Frequently Asked Questions about Honour Based Violence (HBV) and Honour Killings|data=|acessodata=15 de Janeiro de 2018|publicado=Honour Based Violence Awareness Network (HBVA)|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
A sociedade indiana, em geral, não é menos misógena do que, por exemplo, a paquistanesa. Rapazes são preferidos; as meninas são vistas como um fardo. Os abortos selectivos são em grande quantidade; o referendo de 2011 encontrou o número de 914 meninas para cada 1000 rapazes entre as crianças até aos seis anos de idade. Além dos crimes de "honra" a sociedade indiana enfrenta também uma sua variante, os [[crimes por dote]], em que as vítimas são mortas ou feridas por insuficiência ou inexistência de dote.<ref>{{citar livro|título=A family conspiracy: Honor Killing|ultimo=Phyllis|primeiro=Chesler|editora=New English Review Press|ano=2018|páginas=289|acessodata=}}</ref>
 
=== Tradição e Religião ===
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Os crimes de honra são actualmente praticados na maioria por muçulmanos, e também em menor grau por [[sikhs]] e por [[Hinduísmo|hindus]], embora neste último grupo a motivação seja quase sempre questões de casta. O sistema de castas está oficialmente abolido na Índia pelo art. 15 da sua Constituição, todavia, o preconceito de casta atravessa ainda toda a sociedade indiana, mais acentuado nas regiões rurais; casar fora da casta é desaprovado.<ref>{{citar web|url=https://www.theguardian.com/commentisfree/belief/2009/dec/29/india-caste-hinduism|titulo=India's silent prejudice (O preconceito silencioso da India - em línhgua inglesa)|data=29 de Dezembro de 2009|acessodata=|publicado=The Guardian|ultimo=Ramnarayan|primeiro=Abhinav}}</ref>
 
A prática dos crimes de "honra" é anterior ao surgimento do Islão. Não se encontra no Alcorão nada que os ordene. No entanto, anota [[Peter Pilt,]] eles estão, obviamente, profundamente enraizados no mundo islâmico.<ref>{{citar livro|título=Honor Killings (Cap: Honor killing runs rampant in islamic cultures)|ultimo=Idzikowski|primeiro=Lisa (editora)|editora=Green Haven Publishing|ano=2018|páginas=82|acessodata=}}</ref> Existem, contudo, vários hádices que narram mortes por "honra" ( [http://quranx.com/Hadith/Bukhari/USC-MSA/Volume-2/Book-23/Hadith-413/ Sahih Bukhari 2:23:413], [http://quranx.com/Hadith/Bukhari/USC-MSA/Volume-3/Book-34/Hadith-421/ Sahih Bukhari 3:34:421], [http://quranx.com/Hadith/Bukhari/USC-MSA/Volume-3/Book-49/Hadith-860/ Sahih Bukhari 3:49:860], [http://quranx.com/Hadith/Bukhari/USC-MSA/Volume-4/Book-56/Hadith-829/ Sahih Bukhari 4:56:829] e outros). e a [[Xaria]] prevê a pena capital para o [[adultério]] e [[Apostasia no Islã|apostasia]], dois dos motivos mais fortes dos assassinatos por "honra".<ref>{{citar web|url=http://hadithcollection.com/sahihmuslim/145-Sahih%20Muslim%20Book%2017.%20Punishments%20Prescribed%20By%20Islam/12549-sahih-muslim-book-017-hadith-number-4206.html|titulo=Sahih Muslim Book 017, Hadith Number 4206 -Chapter : He who confesses his guilt of adultery.|data=|acessodata=6 de Dezembro de 2016|publicado=Hadith Collection|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{citar web|url=https://quranx.com/Hadith/IbnMajah/DarusSalam/Volume-3/Book-9/Hadith-1944/|titulo=Sunan Ibn Majah / Volume 3 / Book 9 / Hadith 1944|data=|acessodata=6 de Dezembro de 2018|publicado=QuranX|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.loc.gov/law/help/apostasy/#_ftn67|titulo=Laws Criminalizing Apostasy|acessodata=29 de Setembro de 2017|publicado=The Law Library of Congress}}</ref> Para Peter Pilt, tal como no caso da [[mutilação genital feminina]], que precedeu o Islão, os crimes de "honra" foram adoptados como ''"a coisa certa a fazer no Islão",'' sendo aprovados por muitos clérigos.<ref>{{citar livro|título=Honor Killings - ed. de Lisa Idzikowski (Cap: Honor killing runs rampant in islamic cultures)|ultimo=Pilt|primeiro=Peter|editora=Greenhaven Publishing|ano=2018|páginas=86-87|acessodata=}}</ref><ref>{{citar livro|título=Reliance of the Traveller (Trad.inglesa de Nuh Ha Mim Keller) -Capitulo O1.2 Os seguintes (crimes) não estão sujeitos a retaliação:(...) 2- um muçulmano por matar um não muçulmano; -3- um judeu ou cristão do estado islâmico por matar um apóstata do Islã (porque um súbdito do Estado está sob sua proteção, enquanto matar um apóstata do Islã não tem consequências); -4- um pai ou mãe (ou seus pais e mães) por matar sua prole, ou descendência da sua prole;(...)|ultimo=Al-Misri|primeiro=Ahmad Ibn Naqib|editora=Amana Publications|ano=1997|acessodata=}}</ref>
 
A muçulmana [[Riffat Hassan]], professora aposentada da Universidade de Louisville e especialista no Alcorão, comenta: ''"A cultura muçulmana reduziu muitas mulheres, se não a maioria, à posição de marionetes, a criaturas semelhantes a escravas cujo único propósito na vida é atender às necessidades e prazeres dos homens ".''<ref>{{citar web|url=https://www.phoenixnewtimes.com/news/how-a-muslim-woman-was-honor-killed-by-her-father-because-he-believed-she-was-too-americanized-6445842|titulo=How a Muslim Woman Was "Honor-Killed" by Her Father Because He Believed She Was Too Americanized|data=1 de Abril de 2010|acessodata=|publicado=Phoenix News Times|ultimo=Rubin|primeiro=Paul}}</ref> Ela assinala que as crianças do sexo feminino são discriminadas desde o momento do nascimento, pois é costume nas sociedades muçulmanas considerar um filho como um presente e uma filha como uma provação vinda de Deus. Desta forma, o nascimento de um filho é uma ocasião para celebração, enquanto o nascimento de uma filha pede comiseração, se não lamentação.<ref>{{citar web|url=http://www.religiousconsultation.org/hassan2.htm#six|titulo=Are Human Rights Compatible with Islam? - The Issue of the Rights of Women in Muslim Communities|data=|acessodata=2 de Janeiro de 2019|publicado=The Religious Consultation|ultimo=Hassan|primeiro=Riffat}}</ref>
 
=== Leis ===
Quadros legais podem encorajar mortes por "honra". Tais leis incluem, por um lado, a leniência em relação a esses assassinatos e, por outro lado, a criminalização de vários comportamentos, como sexo extraconjugal, vestimentas "indecentes" em locais públicos ou actos homossexuais, com essas leis agindo como uma forma de garantir aos perpetradores que as pessoas envolvidas nesses comportamentos merecem punição.<ref>{{citar web|url=http://www.stopvaw.org/law_and_policy3|titulo=Law and Policy on "Honor" Killings and Crimes|data=Novembro de 2008|acessodata=|publicado=Stop Violence Against Women|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
Na maioria dos países onde as mortes por "honra" são toleradas, esses actos enquadram-se nas leis gerais de assassinato, mas ao mesmo tempo são aceites como defesa circunstâncias atenuantes que podem ser encontradas nos seus códigos penais. Essas atenuantes muitas vezes têm origem em antigos códigos penais do tempo colonial (espanhóis, franceses, otomanos, britânicos, etc.) onde os crimes de "honra" são vistos como semelhantes aos chamados [[Crime passional|"crimes passionais"]], em que a sentença é baseada não no acto em si, mas nos sentimentos do agressor. Se a defesa da "honra" da família for considerada uma circunstância atenuante, o criminoso pode incorrer em uma sentença de apenas alguns meses.<ref>{{citar web|url=http://www.europarl.europa.eu/thinktank/en/document.html?reference=EXPO-JOIN_ET(2007)385527|titulo=Honour Killing its Causes & Consequences: Suggested Strategies for the European Parliament|data=20 de Dezembro de 2007|acessodata=|publicado=European Parlament|ultimo=Hailé|primeiro=Jane|pagina=10}}</ref>
 
Tomando como exemplo o Paquistão, o membro de uma família podia cometer o assassinato e de seguida, de acordo com a lei, ser perdoado pelos guardiões da vítima, geralmente cúmplices do crime. A questão não costuma chegar sequer aos tribunais, e a vítima é esquecida como se nunca tivesse existido.<ref name=":1">{{citar livro|título=Honor Killings in the Twenty-first Century|ultimo=Pope|primeiro=Nicole|editora=Palgrave MacMillan|ano=2012|páginas=167, 176|acessodata=}}</ref>
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Na Jordânia, o Artigo 340 do Código Penal estabelece que ''“quem descobre sua mulher ou um de seus parentes cometendo adultério com outro, e mata, ou fere um ou ambos, está isento de qualquer pena.'' <ref name=":1" />
 
No Bangladesh, a 27 de Fevereiro de 2017 foi aprovada uma nova legislação que permite que raparigas menores se casem — nomeadamente com os violadores - se se tratar de ''“um caso especial”'' e se os pais considerarem que o casamento é do ''“melhor interesse”'' para a menina. O Governo defende esta medida como medida de proteção da "honra" das meninas que engravidam. Mas organizações como a [[Girls Not Brides]] defendem que a medida legitima a violência sexual e incentiva ao casamento de menores — segundo um relatório de 2016 da UNICEF, 52% das raparigas do Bangladesh já estão casadas pelos seus 18 anos.<ref>{{citar periódico|ultimo=Friaças|primeiro=Andreia|data=30 de Dezembro de 2018|titulo=“Quando uma menina é violada, torna-se impura. E tudo aquilo em que toca torna-se impuro também”|url=https://www.publico.pt/2018/12/30/mundo/noticia/menina-violada-bangladesh-tornase-impura-pessoas-acham-toca-tornase-impuro-tambem-1856287|jornal=Público|acessodata=}}</ref>
 
== Casos e Vítimas ==
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=== Bélgica ===
O assassinato de [[Sadia Sheikh]] ocorreu em 22 de outubro de 2007, em [[Charleroi]], quando a belga de 20 anos de idade, de origem paquistanesa, foi morta a tiros por um seu irmão. Sadia S. havia deixado a casa da família depois de seus pais a terem pressionaram para casar com um primo que ela nunca conhecera. Seu irmão confessou o assassinato em um julgamento de 2011, alegando que havia agido sozinho. O caso foi chamado o primeiro julgamento de crime de "honra" na Bélgica.
 
O tribunal belga considerou os pais culpados de orquestrar o assassinato e de ordenar a seu filho que o levasse a cabo. O pai foi condenado a 25 anos de prisão, a mãe a 20 anos, e o irmão a 15 anos; uma irmã foi também condenada a 5 anos de prisão por causa de seu envolvimento no assassinato premeditado de Sadia S.<ref>{{Citar web|titulo=Sadia Sheikh &#124; Memini|url=http://memini.co/memini/tag/sadia-sheikh/|obra=memini.co|acessodata=2019-02-05}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Belgique: un crime d'honneur jugé|url=http://www.lefigaro.fr/flash-actu/2011/12/09/97001-20111209FILWWW00548-belgique-un-crime-d-honneur-juge.php|obra=FIGARO|data=2011-12-09|acessodata=2019-02-05}}</ref>
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=== Dinamarca ===
Em 23 de Setembro de 2005, [[Ghazala Khan]], de dezoito anos de idade, dinamarquesa de ascendência paquistanesa, foi morta a tiro na Dinamarca por seu irmão depois de se ter casado contra a vontade da família. O assassinato de Ghazala foi ordenado por seu pai para salvar a "honra" da família, e envolveu nove elementos da sua própria família, que organizaram e executaram o crime, sendo todos considerados culpados pelos tribunais dinamarqueses em Junho de 2006.<ref>{{citar web|url=http://www.msmagazine.com/news/uswirestory.asp?ID=9743|titulo=Family Sentenced for 'Honor Killing' of Woman|data=30 de Junho de 2006|acessodata=|publicado=Ms. Magazine|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
=== EUA ===
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=== Holanda ===
Foi a activista Hirsi Ali que na Holanda, como parlamentar, levantou a questão dos crimes de "honra" na Holanda em 2002. Até ali, não havia registo de casos, que quando relatados eram tratados como vulgares homicídios ou violência doméstica. No seu trabalho anterior como tradutora em centros de abrigo para mulheres maltratadas, Hirsi Ali tinha verificado o número desproporcionado de mulheres muçulmanas ali acolhidas.O Instituto Trimbos, em 2000, constatou que mais de metade (56%) dos moradores dos abrigos de mulheres eram imigrantes. muito embora os imigrantes representem apenas cerca de doze por cento da população da Holanda. Estes números, contudo, são provávelmente a ponta do icebergue, Muitas mulheres não só são maltratadas, mas também trancadas ou isoladas do mundo exterior, por exemplo, porque não lhes é permitido aprender a língua holandesa. A sociedade holandesa, tolerante e pacífica, não queria estigmatizar qualquer grupo.<ref>{{citar livro|título=De zoontjesfabriek Fábrica de filhos) CapːPvdA subestima o sofrimento das mulheres muçulmanas (em holandês)|ultimo=Ali|primeiro=Ayan Hirsi|editora=|ano=2002|acessodata=}}</ref><ref>{{citar livro|título=In honor of Fadime : murder and shame|ultimo=Wikan|primeiro=Unni|editora=The University of Chicago Press|ano=2008|páginas=79-80|acessodata=}}</ref>
 
Em Outubro de 2003, deu-se um dos casos mais conhecidos, o de Zarife, de 18 anos e origem turca. Levada pelos pais para Ankara, a pretexto de férias, foi morta, segundo Hirsi Ali, por conviver com raparigas holandesas e abandonar o hijab.<ref>{{citar web|url=https://womensenews.org/2005/01/hirsi-ali-leaves-hiding-spotlight-honor-killings/|titulo=Hirsi Ali Leaves Hiding to Spotlight Honor Killings|data=23 de Janeiro de 2005|acessodata=|publicado=Women´s eNews|ultimo=Esman|primeiro=Abigail R}}</ref>
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Em 2006, Hina Saleem, de 20 anos, uma paquistanesa que morava em [[Bréscia|Brescia]], na Itália, foi morta por seu pai, que alegou estar ''"a salvar a honra da família"''. Ela recusara um casamento arranjado e morava com um namorado italiano. Hina S. foi morta com vinte e oito facadas na garganta e enterrada no jardim da casa com a ajuda de familiares.
 
Souad Sbai, fundadora da Associação de Mulheres Marroquinas na Itália, comentaː ''"Casos de 'crimes de 'honra' representam um fracasso do sistema de [[multiculturalismo]]''. ''Continuamos a subestimar o problema, porque esses grupos étnicos vivem suas próprias vidas com pouca integração, especialmente para as mulheres".''
 
Na própria Itália, contudo, uma lei que oferecia a possibilidade de clemência em casos de crimes de "honra" só foi revogada em 1981.<ref>{{citar web|url=https://www.independent.co.uk/news/world/europe/murder-of-muslim-girl-rebel-by-her-father-shocks-all-italy-6232053.html|titulo=Murder of Muslim girl 'rebel' by her father shocks all Italy|data=20 de Agosto de 2006|acessodata=|publicado=|ultimo=Popham|primeiro=Peter}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.bbc.com/news/world-europe-12416394|titulo=Murdered by her father for becoming a Western woman|data=10 de Fevereiro de 2011|acessodata=|publicado=BBC|ultimo=Kennedy|primeiro=Duncan}}</ref>
 
=== Jordânia ===
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=== Paquistão ===
A maioria dos crimes de "honra" é cometida por pobres e desfavorecidos. Mas Samia Sarwar, de 29 anos,casada e com dois filhos, pertencia a uma família abastadaː era filha do presidente da Câmara de Comércio de [[Peshawar]], e sua mãe era médica. Alegando abuso conjugal, Samia S. fugiu com Nadir Mirza, um oficial do exército, deixando os filhos com seus pais. Samia então procurou obter um divórcio, e contactou [[Hina Jilani]], e [[Asma Jahangir]], feministas e advogadas bem conhecidas por terem a cabeça a prémio por grupos islamistas. Pouco depois, numa reunião entre Samia e sua mãe, em 6 de Abril de 1999, em seus escritórios em Lahore, Samia foi morta a tiros por um assassino contratado por seus próprios pais, que também tentou matar H.Jilani.
 
Os pais de Samia e o indivíduo que ainda era seu marido perdoaram o assassino, e o caso ficou por aqui. Nadir Mirza foi expulso do exército por "baixa moral" .As duas advogadas foram ameaçadas de morte por fanáticos religiosos, principalmente o grupo [[Jamiat-e-Ulema-e-Islam]], por alguns membros da Câmara de Comércio de Peshawar e pelo pai da vítima e seus apoiantes. Muitos paquistaneses estavam furiosos - houve violentas manifestações contra as advogadas.<ref>{{Citar web|titulo=Robert Fisk: Relatives with blood on their hands|url=http://www.independent.co.uk/voices/commentators/fisk/robert-fisk-relatives-with-blood-on-their-hands-2073142.html|obra=The Independent|data=2010-09-08|acessodata=2019-02-17|lingua=en}}</ref><ref>{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20100329054735/http://www.jazbah.org/asmaj.php|titulo=Asma Jahangir|data=29 de Março de 2010|acessodata=|publicado=Jazbah Magazine (Arq. em WayBack Machine)|ultimo=Kazmi|primeiro=Laila}}</ref><ref>{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20081203171739/http://www.newint.org/issue363/view.htm|titulo=When culture kills|data=Dezembro de 2003|acessodata=|publicado=New Internationalist (Arq. em WayBack Machine)|ultimo=Butalia|primeiro=Urvashi}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=UN Executions Envoy Threatened With Death|url=https://www.hrw.org/news/1999/04/13/un-executions-envoy-threatened-death|obra=Human Rights Watch|data=1999-04-13|acessodata=2019-02-17|lingua=en|primeiro=Human Rights Watch &#124; 350 Fifth|ultimo=Avenue|primeiro2=34th Floor &#124; New|ultimo2=York|primeiro3=NY 10118-3299 USA &#124;|ultimo3=t 1.212.290.4700}}</ref><ref>{{citar livro|título=A family conspiracy: Honor Killing" - 2018, New English Review Press|ultimo=Phyllis|primeiro=Chesler|editora=New English Review Press|ano=2018|páginas=300|acessodata=}}</ref>[[Imagem:Mukhtaran Mai2005.jpg|miniatura|200px|direita|Mukhtaran Bibi cerca de 2005]] Em Junho de 2002, [[Mukhtaran Bibi]] (ou Mukhtar Mai) no sul do Paquistão, sofreu uma violação de grupo ordenada por um conselho tribal, e foi depois obrigada a passear nua diante de uma multidão de 300 pessoas. Ela não cometeu suicídio, como é esperado nos incidentes de violação em grupo no Paquistão, mas tentou buscar justiça, com a ajuda dum líder islâmico local. Após quase uma década, cinco dos seis acusados de estupro foram absolvidos, enquanto o sexto foi sentenciado a prisão perpétua, mais tarde suspensa. Com a indemnização que recebeu depois do julgamento, Mukhtaran decidiu usar o dinheiro em prol da sua comunidade. Semanas após o julgamento, já estava a trabalhar no projecto de construção de duas escolas, uma para meninos e outra para meninas que, tradicionalmente, são impedidas de estudar.<ref>{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20130820214857/http://www.nytimes.com/2005/06/14/opinion/14kristof.html?_r=0|titulo=Raped, Kidnapped and Silenced|data=14 de Junho de 2005|acessodata=|publicado=The New York Times (Arq. em WayBack Machine)|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{citar web|url=https://activa.sapo.pt/estilo-de-vida/2007-04-30-Mukhtaran-Bibi-transformou-a-dor-em-esperanca|titulo=Mukhtaran Bibi transformou a dor em esperança|data=1 de Maio de 2007|acessodata=|publicado=Activa|ultimo=Correia|primeiro=Cristina}}</ref> Ela continua a enfrentar discriminação generalizada no Paquistão e tem sido objeto de prisão domiciliar, detenção ilegal e assédio por parte do governo e de agentes da lei, sendo acusada de dar má imagem do país.<ref>{{citar web|url=https://www.huffingtonpost.com/human-rights-first/mukhtar-mai-pakistani-wom_b_219553.html|titulo=Women’s Rights in Pakistan: Descending into Darkness|data=25 de Julho de 2009|acessodata=|publicado=Huffington Post|ultimo=Human Rights First|primeiro=}}</ref>
 
Em Julho de 2008, em Baba Kot, no Paquistão, três mulheres, que tinham desejado escolher os maridos, foram enterradas ainda vivas, após um julgamento sumário por uma [[jirga]] tribal. Duas familiares que teriam tentado defendê-las foram mortas também.<ref>{{citar web|url=https://www.lemonde.fr/asie-pacifique/article/2008/09/25/pakistan-un-crime-au-nom-de-la-tradition_1099397_3216.html|titulo=Pakistan : un crime au nom de la tradition -Victimes d'un "crime d'honneur", cinq femmes ont été ensevelies vivantes dans une fosse commune, dans la province pakistanaise du Baloutchistan. Un acte qui soulève les consciences.|data=25 de Setembro de 2008|acessodata=|publicado=Le Monde|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.nytimes.com/2008/09/02/world/asia/02iht-pstan.4.15840349.html|titulo=Pakistan investigates case of 5 killed over 'honor'|data=2 de Setembro de 2008|acessodata=|publicado=The New York Times|ultimo=Masood|primeiro=Salman}}</ref>
 
Cerca de Junho de 2014, em [[Gujranwala]], [[Saba Qaiser]], uma paquistanesa de dezanove anos,foi a rara sobrevivente de um crime de "honra". Após o seu casamento contra a vontade da família, foi primeiro espancada e depois alvejada a tiro na cabeça pelo seu próprio pai e um tio. Julgando-a morta, meteram o corpo num saco e atiraram-na ao rio. Contudo, Saba estava inconsciente, mas viva. A bala atravessou-lhe o lado esquerdo do rosto, mas não a matou. A água do rio reanimou-a e ela conseguiu atingir terra e pedir auxílio.<ref>{{citar web|url=https://www.bbc.com/news/world-asia-28321078|titulo=Love, honour and the Pakistani girl who lived|data=16 de Julho de 2014|acessodata=|publicado=BBC|ultimo=Shamsi|primeiro=Amber Rahim}}</ref>
 
A polícia prendeu o pai de Saba, Maqsood, e o tio, Muhammad, e a defesa deles foi que eles fizeram a coisa certa.''"Ela tirou-nos a nossa honra"'', disse Maqsood. Finalmente, e após enormes pressões da comunidade, Saba perdoou aos seus agressores. As leis paquistanesas em vigor permitem que os assassinos, após serem perdoados pela vítima ou pela sua família, saiam em liberdade. Saba continua a recear pela sua vida.<ref>{{citar web|url=https://www.samaa.tv/news/2017/03/pakistani-woman-fears-for-life-after-surviving-honour-killing/|titulo=Pakistani woman fears for life after surviving honour killing|data=3 de Março de 2017|acessodata=|publicado=Samaa|ultimo=|primeiro=}}</ref>
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Este caso foi o tema dum famoso documentário, " ''[[A Girl in the River: The Price of Forgiveness]]"'' ''(Uma Garota no Rio: O Preço do Perdão),'' da cineasta [[Sharmeen Obaid-Chinoy]], a qual já tinha realizado também "[[Saving Face (curta-metragem)|Saving Face]]" acerca dos ataques com ácidos sobre mulheres no Paquistão. Ela foi acusada por muitos paquistaneses de denegrir o Paquistão, no que ela chama de "matar o mensageiro".<ref>{{citar web|url=https://www.theguardian.com/film/2016/feb/14/sharmeen-obaid-chinoy-interview-saba-qaiser-honour-killing-documentary-girl-river-oscar-nomination|titulo=Interview: The case of Saba Qaiser and the film-maker determined to put an end to 'honour' killings|data=14 de Fevereiro de 2016|acessodata=|publicado=The Guardian|ultimo=Clark|primeiro=Alex}}</ref>
 
Em 15 de julho de 2016, em [[Multan]], Paquistão, a modelo [[Qandeel Baloch]] foi asfixiada enquanto dormia em Multan. Seu irmão, Muhammad Waseem, viciado em drogas, confessou o crime, dizendo que ela estava a atingir a "honra" da família. Qandeel era o sustento financeiro de cerca de uma dúzia de familiares. O assassino, que foi ajudado por familiares, orgulha-se do ocorridoː ''"As mulheres nascem para ficar em casa e seguir as tradições",'' disse ele. ''"Agora todos se vão lembrar de mim com honra."'' <ref>{{citar web|url=http://www.newser.com/story/228836/family-implodes-after-son-kills-sister-model-for-honor.html|titulo=Family Implodes After Son Kills Sister Model for Honor - Qandeel Baloch's sister, cousin have now been arrested; parents want revenge on son|data=28 de Julho de 2016|acessodata=|publicado=Newser|ultimo=Dier|primeiro=Arden}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.independent.co.uk/news/people/qandeel-baloch-death-father-of-pakistani-social-media-star-says-he-wants-to-seek-revenge-a7154416.html|titulo=Qandeel Baloch death: Father of Pakistani social media star says he wants to seek revenge - The Pakistani celebrity was brutally drugged and strangled by her brother|data=25 de Julho de 2016|acessodata=|publicado=|ultimo=Oppenheim|primeiro=Maya}}</ref>
 
Um dos principais jornais do Paquistão, [[Dawn (jornal)|Dawn]], escreveuː ''"O assassinato dela ... deve servir como um incentivo para os legisladores renovarem as exigências de legislação para proteger as mulheres que estão ameaçadas sob falsas noções de 'honra'".''
 
O primeiro-ministro Nawaz Sharif prometeu aprovar uma legislação de proteção às mulheres. Em Outubro de 2016, foi aprovada uma lei que não permite aos assassinos serem perdoados pela família da vítima para evitar a prisão. Agora, o perdão apenas poupará a pena de morte. As novas leis tiveram a oposição de grupos religiosos poderosos. O Conselho de Ideologia Islâmica (CII), que aconselha os legisladores sobre a compatibilidade das legislações com o Islã, considerou a nova lei "não islâmica". Farid Paracha, líder do partido fundamentalista [[Jamaat-e-Islami Pakistan]] em Lahore, também culpou Baloch pela sua própria morte.<ref>{{citar web|url=https://www.dw.com/en/pakistani-model-qandeel-baloch-patriarchys-latest-victim/a-19407324|titulo=Pakistani model Qandeel Baloch - Patriarchy's latest victim|data=18 de Julho de 2016|acessodata=|publicado=DW|ultimo=Shams|primeiro=Shamil (e outro)}}</ref><ref name=":7">{{citar web|url=https://www.bbc.com/news/world-asia-37578111|titulo='Honour killings': Pakistan closes loophole allowing killers to go free|data=6 de Outubro de 2016|acessodata=|publicado=BBC News|ultimo=|primeiro=}}</ref>
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Mesmo após o desfecho deste caso no Reino Unido, Sarbjit Athwal, que escreveu um livro sobre o crime, ''"Shamed"'', sofreu ameaças de morte.<ref>{{citar web|url=https://www.theguardian.com/uk/2007/jul/27/ukcrime.uknews4|titulo=Woman arranged 'honour killing' of daughter-in-law during trip to India|data=27 de Julho de 2007|acessodata=|publicado=The Guardian|ultimo=McVeigh|primeiro=Karen}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.theguardian.com/uk/2007/sep/20/ukcrime.prisonsandprobation|titulo=Woman, 70, and her son get life for 'honour killing' of daughter-in-law|data=20 de Setembro de 2007|acessodata=|publicado=The Guardian|ultimo=McVeigh|primeiro=Karen}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.goodreads.com/book/show/16127267-shamed|titulo=Shamed: The Honour Killing That Shocked Britain – by the Sister Who Fought for Justice|data=|acessodata=22 de Dezembro de 2018|publicado=GoodReads|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
Em 7 de Janeiro de 1999, em Londres, [[Tulay Goren]], 15 anos, de origem turca, e duma família xiita, foi drogada, torturada e morta pelo próprio pai por causa da sua relação com um homem sunita. O corpo nunca foi encontrado. O caso só chegou à justiça graças ao testemunho condenatório da mãe e da irmã de Tulay, que receiam pela sua vidaː ''"Esta gente nunca esquece".'' Tal tipo de crimes aumenta constantemente, segundo os dados da polícia britânica. Diana Nammi, diretora da ''Iranian and Kurdish Women Rights Organization'', descreveu os números oficiais como "a ponta do iceberg" e sugeriu que há mais de 500 crimes de "honra" a cada ano em todo o Reino Unido.<ref>{{citar web|url=https://www.telegraph.co.uk/news/uknews/crime/6832862/Honour-killing-father-convicted-of-murder-of-Tulay-Goren.html|titulo=Honour killing: father convicted of murder of Tulay Goren|data=17 de Dezembro de 2009|acessodata=|publicado=The Telegraph|ultimo=Bingham|primeiro=John}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.telegraph.co.uk/news/uknews/crime/6835482/Tulay-Goren-murder-honour-crimes-doubling-every-year-figures-show.html|titulo=Tulay Goren murder: 'honour' crimes doubling every year, figures show - "Honour killings" are now running at the rate of one a month, it has emerged, following a shocking rise in violent crimes committed in Britain in the name of religion.|data=18 de Dezembro de 2009|acessodata=|publicado=The Telegraph|ultimo=Rayner|primeiro=Gordon (e outro)}}</ref><ref>{{citar livro|título=Social Work in a Globalizing World|ultimo=Dominelli|primeiro=Lena|editora=Polity Press|ano=2010|páginas=134-135|acessodata=}}</ref>
 
Em 11 de Setembro de 2003, [[Shafilea Ahmed]], de 17 anos de idade, britânica de ascendência paquistanesa, foi morta em [[Warrington (Cheshire)|Warrington]], Cheshire, pelo próprio pai, que lhe forçou um saco de plástico pela garganta até a sufocar, com a cumplicidade da mãe e na presença dos quatro irmãos da vítima. O motivo, entre outros, como a "ocidentalização" foi a recusa dum casamento forçado com um paquistanês.
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=== Suécia ===
Em 24 de junho de 1999, [[Pela Atroshi]], de 19 anos de idade, foi assassinada por seus tios. Ela foi morta a tiros na frente da sua irmã por não queria seguir as tradições e normas de sua família. O assassínio, que envolveu um mínimo de onze pessoas, foi o primeiro crime de "honra" reconhecido como tal na Suécia.
 
Embora o assassinato tenha ocorrido no Curdistão iraquiano, dois tios, Rezkar e Dakhaz Atroshi, foram condenados à prisão perpétua na Suécia. Contudo, as penas acabaram por ser reduzidas para 24 e 25 anos, e finalmente apenas dois terços das sentenças foram cumpridas.
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A irmã e a mãe de Pela, que testemunharam durante o julgamento, vivem hoje sob identidades protegidas, ameaçadas pela família.<ref>{{citar web|url=https://www.news.com.au/national/australian-links-to-brutal-honour-killing/news-story/d6d6806acb97891aa8d1434a551a4608|titulo=Australian links in honour killing of Pela Atroshi -Pela Atroshi was begging for her life when her uncle, acting on behalf of male relatives, shot her dead to cleanse the family's honour.|data=18 de março de 2009|acessodata=|publicado=News.com.au|ultimo=Powell|primeiro=Sian}}</ref><ref>{{citar web|url=http://memini.co/memini/pela-atroshi/|titulo=Pela Atroshi|data=|acessodata=28 de Dezembro de 2018|publicado=Memini|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
Em Janeiro de 2002, [[Fadime Sahindal]], uma jovem curda de 26 anos, quando visitava em segredo a sua mãe e irmãs em Uppsala, foi surpreendida pela chegada de seu pai, que a matou á queima-roupa com dois tiros na cabeça. O seu namorado, o sueco Patrik Lindisjo, por ela escolhido, ao invés de um casamento arranjado, já tinha morrido em Junho de 1998, num acidente de automóvel, considerado suspeito e que por duas vezes foi investigado, sem contudo se ter chegado a qualquer conclusão.<ref>{{citar livro|título=In Honor of Fadime: Murder and Shame|ultimo=Wikan|primeiro=Unni|editora=The University of Chicago Press|ano=2008|páginas=139-141, 215|acessodata=}}</ref> Poucos meses antes de ser morta, Fadime fizera um discurso no parlamento sueco para sensibilizar os parlamentares sobre o problema da violência e crimes relacionados com a "honra" no território sueco.<ref>{{citar web|url=https://www.findagrave.com/memorial/8046230/fadime-sahindal|titulo=www.findagrave.com/memorial/8046230/fadime-sahindal|data=|acessodata=15 de Janeiro de 2019|publicado=Find a Grave|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.press.uchicago.edu/Misc/Chicago/896861.html|titulo=An excerpt from In Honor of Fadime -Murder and Shame|data=2008|acessodata=|publicado=University of Chicago Press|ultimo=Wikan|primeiro=Unni}}</ref>
 
Após o assassinato seu pai foi preso e condenado à prisão perpétua. Mas em 2015, a pena foi reduzida para 24 anos; por fim, após cumprir apenas 16 anos, foi libertado e continua a viver algures na Suécia.<ref>{{citar web|url=https://unt.se/nyheter/uppsala/fadimes-pappa-har-slappts-fri-5062720.aspx|titulo=Fadimes pappa har släppts fri (em sueco: "o pai de Fadime foi libertado")|data=29 de Agosto de 2018|acessodata=|publicado=Upsala Nya Tidning|ultimo=Bill|primeiro=Anna}}</ref>
 
Um número crescente de quedas de varandas de mulheres de origem imigrante na Suécia faz a polícia suspeitar de crimes de "honra", disfarçados de acidentes ou suicídios.<ref>{{citar web|url=https://sverigesradio.se/sida/artikel.aspx?artikel=4771356|titulo="Suicides" really honor killings?|data=28 de Outubro de 2011|acessodata=|publicado=Sveriges Radio|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
=== Territórios Palestinianos (Faixa de Gaza e Cisjordânia) ===
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Em 22 de Agosto de 2019, na cidade palestiniana de [[Belém (Palestina)|Belém]], [[Israa Ghrayeb]], uma jovem de 21 anos, morreu no hospital depois de ter sido espancada duas semanas antes e ter "caído" da varanda do segundo andar da casa familiar, após ter publicado na Internet uma ''selfie'' com seu futuro noivo. A família disse que ela saltara da varanda por ter sido "possuída por demónios" . Já no hospital, onde se encontrava a ser tratada, com lesões graves na coluna, foi espancada de novo, por familiares, até à morte.<ref>{{Citar web|titulo=Palestinian 'honor killing' sparks outrage, calls for women's protection {{!}} DW {{!}} 02.09.2019|url=https://www.dw.com/en/palestinian-honor-killing-sparks-outrage-calls-for-womens-protection/a-50265088|obra=DW.COM|acessodata=2019-09-08|lingua=en-GB|primeiro=Deutsche|ultimo=Welle (www.dw.com)}}<br /></ref><ref>{{Citar web|titulo=#WeAreIsraa: Outrage as Palestinian woman 'tortured to death' in honour killing|url=https://www.alaraby.co.uk/english/news/2019/8/31/man-tortures-palestinian-sister-to-death-in-honour-killing|obra=alaraby|acessodata=2019-09-08|lingua=en|primeiro=Diana|ultimo=Alghoul}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/israa-ghrayeb-palestine-honour-killing-protest-beit-sahour-a9089976.html|titulo=Suspected honour killing of 21-year-old woman sparks Palestinian protests - 'Israa was murdered by members of her family after she posted a selfie video of an outing with her fiance,' says campaign group|data=3 de Setembro de 2019|publicado=The Independent|ultimo=Oppenheim|primeiro=Maya}}</ref>
 
Segundo o Ministério Palestiniano dos Assuntos Femininos, vinte meninas e mulheres foram assassinadas em crimes de "honra" em 2004 e cerca de 50 cometeram suicídio - muitas vezes sob coerção - por "envergonhar" a família por sexo fora do casamento, recusar um casamento arranjado ou procurar divórcio. Outras 15 mulheres sobreviveram a tentativas de assassínio.<ref name=":4" /><ref name=":5" />
 
O Ministério diz que dezenas de outros assassinatos são encobertos a cada ano. "Tivemos uma mulher de 26 anos que foi certificada como morrendo de velhice", disse Maha Abu Dayyeh Shamas, diretora do Centro de Mulheres para Assistência Jurídica e Aconselhamento. "Colocar 'queda em poço' no atestado de óbito é muito comum. Descobrimos que as mulheres foram estranguladas e depois atiradas ao poço."<ref name=":4" /><ref name=":5" />