Gambiarra evolutiva: diferenças entre revisões

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Ricardo L1ma (discussão | contribs)
→‎Causam prejuízos aos próprios indivíduos: Flor do maracujá pode não ser fecundada.
Ricardo L1ma (discussão | contribs)
→‎Órgãos situados no lugar errado: Lamelas dentro dos cogumelos
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=== Órgãos situados no lugar errado ===
 
==== Caracóis defecam sobreacima a própriada cabeça ====
Uma característica particular dos [[caracóis]] é que durante sua formação, a concha calcária sofre uma [[distorção helicoidal]], girando para abrigar seu corpo e permitir que a cabeça possa ser puxada para dentro do manto de proteção<ref name=":4">CHAPMAN, Jenny. Biodiversity: the Abundance of Life. Cambrige. Cambridge University Press 1997. ISBN: 0521577942. (1997).
</ref>, evidentemente para se proteger de predadores. Acontece que, conforme gira durante sua fase larval, seu trato digestivo juntamente com o resto do [[Víscera|visceral]] também são submetidos a torção, em torno de 180º, de modo que o [[ânus]] do animal finda localizado acima da própria cabeça<ref>BARNES, Robert D. Zoologia de Invertebrados. Philadelphia, PA: Holt-Saunders International. pp. 348-364. <nowiki>ISBN 0-03-056747-5</nowiki>. (1982).</ref><ref name=":4" />.
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No gafanhoto africano, embora as asas estejam no tórax, as [[Célula nervosa|células nervosas]] que se conectam às asas se originam no abdômen. Essa estranha "conexão" é o resultado dos nervos do abdômen sendo cooptados para uso durante o vôo. Esse monumento à ineficiência é explicável considerando um processo não-direcionado como a [[evolução]] e não por uma [[Causalidade|causa]] [[Inteligência|inteligente]], já que existem rotas alternativas pelas quais os nervos de vôo percorriam o cordão nervoso ventral, passando pelo alvo e voltando através do organismo até onde são necessários. Este longo caminho faz usar mais materiais do que o necessário.<ref>Colby, Chris; Loren Petrich. "[http://www.talkorigins.org/faqs/jury-rigged.html Evidence for Design Jury-Rigged in Nature]". [[TalkOrigins Archive|Talk Origins]]. United States of America. 1993.</ref>
 
==== Cogumelos com lamelas do lado de dentro ====
 
Nos cogumelos convencionais, as [[Lamela (micologia)|lamelas]] são utilizadas como meio de dispersão de [[esporo]]s.<ref>{{Citar periódico |url=https://doi.org/10.1080/15572536.2006.11832623 |titulo=The cantharelloid clade: dealing with incongruent gene trees and phylogenetic reconstruction methods |data=2006-11-01 |acessodata=2021-03-28 |jornal=Mycologia |número=6 |ultimo=Moncalvo |primeiro=Jean-Marc |ultimo2=Nilsson |primeiro2=R. Henrik |paginas=937–948 |doi=10.1080/15572536.2006.11832623 |issn=0027-5514 |ultimo3=Koster |primeiro3=Brenda |ultimo4=Dunham |primeiro4=Susie M. |ultimo5=Bernauer |primeiro5=Torsten |ultimo6=Matheny |primeiro6=P. Brandon |ultimo7=Porter |primeiro7=Teresita M. |ultimo8=Margaritescu |primeiro8=Simona |ultimo9=Weiß |primeiro9=Michael}}</ref> Nos cogumelos da espécie ''[[:en:Clavogaster|Clavogaster virescens]]'' que assumiram uma forma gasteróide ao evoluir, o [[esporocarpo]] nunca se abre para formar o chapéu ([[Píleo (micologia)|píleo]]) e as lamelas se mantiveram dentro do [[Esporocarpo|corpo de frutificação]].<ref name=":3">Pinzone, Philipp. ''Fungi Friday; Clavogaster Virescens''. [https://www.forestfloornarrative.com/ Forest Floor Narrative]. Bufallo, New York. 2018.</ref> Com as lamelas do lado interno, os fungos não se abrem para que seus esporos se dispersem no ar. Os esporos então são formados dentro de corpos de frutificação e impedidos de serem expelidos com força do basídio, o que faz com que sejam dependentes de animais como roedores ou insetos para distribuir seus esporos.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/3792830 |titulo=The Secotioid Syndrome |data=1984 |acessodata=2021-10-04 |jornal=Mycologia |número=1 |ultimo=Thiers |primeiro=Harry D. |paginas=1–8 |doi=10.2307/3792830 |issn=0027-5514}}</ref>
=== Causam prejuízos aos próprios indivíduos ===
 
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Tal como todos os [[Mamífero|mamíferos]], os cetáceos respiram ar por [[Pulmão|pulmões]], o que implica que os animais desse grupo necessitam subir até a superfície para respirar, apesar de seu sistema respiratório permitir-lhes suportar muito tempo sem respirar (o [[cachalote]], por exemplo, pode ficar três horas submerso sem respirar)<ref>PORTILHO, Gabriela. [https://super.abril.com.br/mundo-estranho/por-que-as-baleias-ejetam-agua/ Por que as baleias ejetam água?]. '''Superinteressante'''. 2008.</ref>. Como todos os [[Mamífero|mamíferos]], os cetáceos também [[Sono|dormem]], mas não podem ficar completamente inconscientes para poderem respirar. Acontece que se não subirem para realizar as trocas gasosas da respiração, o sangue não recebe oxigênio, resultando na sua morte por asfixia. <ref>BURNETT, D. Graham. '''Trying Leviathan''': The Nineteenth-Century New York Court Case That Put the Whale on Trial and Challenged the Order of Nature. Princeton University Press. 2010. ISBN 9780691146157.</ref>
 
==== Hienas dão à luz por um canal apertado no pseudo-pênis ====
A ''[[Hiena-malhada|Crocuta crocuta]]'' fêmea não possui vagina externa (abertura vaginal), pois os lábios são fundidos para formar um '''pseudo-escroto''', enquanto o [[clítoris]] é formado e posicionado formando um '''pseudo-pênis''' através do qual a fêmea [[Urinar|urina]], [[Copular|copula]], dá à luz e que é capaz de ter ereção<ref>Kruuk, Hans. ''A hiena-malhada: um estudo de predação e comportamento social'' . Universidade da Califórnia Press. 1972. ISBN <bdi>978-0226455082</bdi>.</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Holekamp|primeiro=Kay|ultimo2=Boydston|primeiro2=Erin|ultimo3=Engh|primeiro3=Anne|ultimo4=Horn|primeiro4=Russell Van|ultimo5=Szykman|primeiro5=Micaela|data=2007-01-01|titulo=Courtship and mating in free-living spotted hyenas|url=https://brill.com/view/journals/beh/144/7/article-p815_6.xml|jornal=Behaviour|lingua=en|volume=144|numero=7|paginas=815–846|doi=10.1163/156853907781476418|issn=0005-7959}}</ref>. O problema maior é que a hiena precisa dar à luz a um filhote de quase 2 Kg (os filhotes de hiena-pintada são os maiores jovens [[carnívoros]] em relação ao peso de suas mães<ref>Macdonald, David. '''''The Velvet Claw:''' Uma História Natural dos Carnívoros'' . Nova Iorque: Parkwest. 1992. ISBN <bdi>978-0-563-20844-0</bdi>.</ref>) através de um canal de 2 cm de largura nesse pseudo-pênis. Com isso, cerca de 60% dos filhotes ficam presos e sufocam antes de nascer, outras vezes o filhote morto fica preso e acarreta na morte da mãe.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Muller|primeiro=Martin N|ultimo2=Wrangham|primeiro2=Richard|data=2002-03-01|titulo=Sexual Mimicry in Hyenas|url=https://www.journals.uchicago.edu/doi/abs/10.1086/339199|jornal=The Quarterly Review of Biology|volume=77|numero=1|paginas=3–16|doi=10.1086/339199|issn=0033-5770}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Frankand|primeiro=L. G.|ultimo2=Glickman|primeiro2=S. E.|data=1994|titulo=Giving birth through a penile clitoris: parturition and dystocia in the spotted hyaena (Crocuta crocuta)|url=https://zslpublications.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1469-7998.1994.tb04871.x|jornal=Journal of Zoology|lingua=en|volume=234|numero=4|paginas=659–665|doi=10.1111/j.1469-7998.1994.tb04871.x|issn=1469-7998}}</ref>
 
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Para propagar a espécie, os seres vivos desenvolvem diferentes estratégias de defesa como [[espinhos]], cascas, ferrões e etc. Porém, alguns seres vivos desenvolveram um sistema de defesa que consiste em "saciar o predador". Nesse sistema, os seres ficam inteiramente visíveis para o predador, e, em tão grande número de indivíduos que os predadores não conseguem consumir a todos. Por fim, os poucos que sobrevivem se reproduzem propagando a espécie<ref name=":10" />. A hipótese da saciedade do predador tem sido aplicada às diferentes espécies (SHIBATA et al., 2002)<ref>SHIBATA, M. et al. Synchronized annual seed production by 16 principal tree species in a temperate deciduous Forest, Japan. Ecology, v.83, n.6, p.1727-1742, 2002.</ref>. Esses padrões de defesa têm sido observados em plantas como algumas espécies [[bambu]] e em animais como as [[cigarras]]<ref name=":10" />.
 
==== Preguiças confundempodem osconfundir própriosos braços com galhos ====
As preguiças são animais [[Arborícola|arborícolas]], elas se sentam em cima de galhos, comem, dormem e até dão à luz penduradas em galhos de árvores. Os membros das preguiças são adaptados para pendurar e agarrar: suas mãos e pés especializados têm longas [[Garra|garras]] curvadas para permitir que elas se pendurem de cabeça para baixo a partir de galhos sem esforço<ref>{{Citar periódico|ultimo=Mendel|primeiro=Frank C.|data=1985-05-31|titulo=Use of Hands and Feet of Three-Toed Sloths (Bradypus variegatus) during Climbing and Terrestrial Locomotion|url=https://academic.oup.com/jmammal/article/66/2/359/909052|jornal=Journal of Mammalogy|lingua=en|volume=66|numero=2|paginas=359–366|doi=10.2307/1381249|issn=0022-2372}}</ref>. Como os braços são grandes (50% mais compridos que as pernas), ocasionalmente as preguiças o confundem com um galho, levando-os a cair das árvores.<ref>EGAN, James. '''1000 Facts about Animals'''. Vol. 2. Lulu Publishing Services. Morrisville. 2016. ISBN: 978-1-326-78508-6.</ref><ref>MARRETO, Júlia. [https://segredosdomundo.r7.com/90-curiosidades-do-mundo-que-sao-quase-inacreditaveis/ 90 curiosidades do mundo que são quase inacreditáveis]. Segredos do Mundo. Brasil. 2018.</ref>