Ficção científica: diferenças entre revisões

==História==

===Proto-ficção científica===

Os antecedentes da ficção científica podem ser traçados até um momento em que mitologia, religião, ou misticismo e história estavam intimamente entrelaçados e não havia ainda a [[Cartesianismo|ciência cartesiana]] tal como a conhecemos hoje e que foi e ainda é utilizado por autores de ficção científica ao compor seus enredos. ''[[História verdadeira]]'', de [[Luciano de Samósata]], e considerada a obra mais antiga que pode ser chamada de "proto-ficção científica",<ref>{{Citar livro |nome=James E.|sobrenome=Gunn|título=''The New Encyclopedia of Science Fiction'' |local=Nova York |editora=Viking| ano=1988 |página=249|isbn=978-0-670-81041-3}}</ref> sido escrita no [[século II]] d.C., que contém muitos temas que caracterizam a ficção científica moderna, como viagem a outros mundos, formas de vida extraterrestres, vida artificial e guerra interplanetárias. Apesar de ser considerada por alguns como o primeiro livro de ficção científica, ele foi escrito em um contexto onde a ciência moderna não existia, sendo assim realocado no grupo de obras precursoras.<ref>{{Citar web |url=http://www.depauw.edu/sfs/backissues/8/fredericks8art.htm |título=Science Fiction Studies |publicado=DePauw University |editor=S.C. Fredericks |acessadoem=11 de junho de 2017}}</ref> Algumas histórias como o ''[[Conto do Cortador de Bambu]]'', alguns contos de ''[[As Mil e Uma Noites]]'',<ref name="The Arabian Nights: A Companion">{{citar livro|título=The Arabian Nights: A Companion|primeiro =Robert|último =Irwin|publicado=[[I.B. Tauris|Tauris Parke Paperbacks]]|ano=2003|isbn=1-86064-983-1|páginas=209–13}}</ref> do século X e o conto do ''Teólogo Autodidata'', de [[Ibn al-Nafis]], do século XIII também são obras precursoras.<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20080206072116/http://www.islamset.com/isc/nafis/drroubi.html |título=Ibnul-Nafees As a Philosopher|publicado=Encyclopedia of Islamic World |editor=Abu Shadi Al-Roubi |acessadoem=11 de junho de 2017}}</ref>

 

===Era da Razão===

 

===Século XIX===

Com o desenvolvimento, ao longo do século XIX do [[romance]] como forma literária e com o surgimento de inovações tecnológicas como a eletricidade e o telégrafo e novas formas de transporte, e avanços nas áreas de [[biologia]], [[física]], [[química]] e [[astronomia]], os livros de [[Mary Shelley]] ''[[Frankenstein]]'' (1818) e ''[[The Last Man]]'' (1826) estabeleceram as bases do que viriam a ser chamados os livros de ficção científica deste século em diante, como argumento [[Brian Aldiss]].<ref>{{citar enciclopédia|url=http://www.sfhomeworld.org/exhibits/homeworld/scifi_hof.asp?articleID=62 |título=Mary W. Shelley |enciclopédia=Encyclopedia of Science Fiction |autor1 =John Clute |autor2 =Peter Nicholls |lastauthoramp=yes |publicado=Orbit/Time Warner Book Group UK |ano=1993 |acessadoem=17 de janeiro de 2007}}</ref> Outros autores, como [[H. G. Wells]] e [[Jules Verne]] criaram livros que também se tornaram extremamente populares em várias camadas da sociedade.<ref name="verne wells">{{citar enciclopédia|url=http://encarta.msn.com/encyclopedia_761563123_2/Science_Fiction.html |enciclopédia=Encarta Online Encyclopedia |publicado=Microsoft |título=Science Fiction |ano=2006 |acessodata=2007-01-17 }}</ref> Em ''[[A Guerra dos Mundos (livro)|A Guerra dos Mundos]]'' (1898), [[H. G. Wells]] descreve uma invasão marciana, no final da [[era vitoriana]], na [[Inglaterra]], onde os invasores usavam máquinas ([[tripods]]) e um avançado arsenal bélico.<ref>{{Citar web |url=http://super.abril.com.br/cultura/onde-tudo-comecou/ |título=Onde tudo começou |publicado=Revista Superinteressante |editor=Revista Superinteressante |acessadoem=11 de junho de 2017}}</ref> No final do [[século XIX]], o termo "romance científico" foi usado na Inglaterra para designar a ficção científica e continuou em uso no começo do século XX por autores como [[Olaf Stapledon]].

 

 

Na [[América Latina]], os primeiros exemplos são ''Páginas da história do Brasil, escritas no ano 2000'' de [[Joaquim Felício dos Santos]], uma sátira política publicada entre 1868 a 1872 no jornal ''O Jequitinhonha'', em 1875, surgem três obras em países diferentes: ''El maravilloso viaje del Señor Nic-Nac'' de Eduardo Holmberg ([[Argentina]]), ''[[O Doutor Benignus]]'' de [[Augusto Emílio Zaluar]] ([[Brasil]]) e ''Historia de un Muerto'' de Francisco Calcagno ([[Cuba]]).<ref>{{Citar web |url=http://entretenimientope.terra.com.pe/oscar/2009/interna/0,,OI1100112-EI6622,00.html |título=A primeira onda de ficção científica brasileira |publicado=Portal Terra |editor=Roberto Sousa Causo |acessadoem=11 de junho de 2017}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4262161-EI6622,00-Balanco%20Primeiros%20romances%20de%20ficcao%20cientifica.html-publisher= |titulo=Balanço 2009: Primeiros romances de ficção científica |acessodata=2016-08-05 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20161009182955/http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4262161-EI6622,00-Balanco%20Primeiros%20romances%20de%20ficcao%20cientifica.html-publisher= |arquivodata=2016-10-09 |urlmorta=yes }}</ref>

 

===Século XX===

 

O que desenvolveu e impulsionou a ficção científica no século XX foram as revistas [[pulp]]s, que ajudou a criar alguns dos principais autores de ficção científica do século, influenciados pelo fundador da revista ''[[Amazing Stories]]'', [[Hugo Gernsback]].<ref name="sf history nvcc">{{citar web |url=http://www.nvcc.edu/home/ataormina/scifi/history/ |título=A History of Science Fiction |primeiro=Agatha |último=Taormina |publicado=Northern Virginia Community College |data=19 de janeiro de 2005 |acessadoem=16 de janeiro de 2007 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20040326191128/http://nvcc.edu/home/ataormina/scifi/history/ |arquivodata=2004-03-26 |urlmorta=yes }}</ref> Em 1905, [[Roquia Sakhawat Hussain]] publicou o conto ''O Sonho da Sultana'', na revista ''The Indian Ladies Magazine'', ficção científica feminista envolvendo uma utopia onde os papéis de gênero foram invertidos.<ref>{{Citar web |url=http://www.momentumsaga.com/2014/08/ebook-gratuito-o-sonho-da-sultana-de.html |título=O Sonho da Sultana |publicado=Momentum Saga |editor=Sybylla |acessadoem=11 de junho de 2017}}</ref> Em 1912, [[Edgar Rice Burroughs]] publicou ''[[Uma Princesa de Marte]]'', a primeira de uma longa série livros [[Barsoom]], situados em [[Marte (planeta)|Marte]] e tendo [[John Carter]] como protagonista.<ref name=Book_Riot/>

 

 

Em 1928, [[Philip Francis Nowlan]] publicou seu aclamado ''[[Armageddon 2419 A.D.]]'', na ''Amazing Stories'', trazendo o personagem [[Buck Rogers]], que gerou quadrinhos que rapidamente fizeram sucesso entre o público.<ref name=Writing/> Quando [[Hugo Gernsback]] publicou a primeira revista pulp de ficção científica, Amazing Stories, em [[1926]], permitiu que a sessão de cartas divulgasse endereços de leitores, que passaram a trocar correspondências,<ref name="amanhã">{{citar livro|autor =Gerard Jones|título=Homens do Amanhã - geeks, gângsteres e o nascimento dos gibis|editora=[[Conrad Editora]]|ano=2006|páginas=446 |isbn= 85-7616-160-5}}</ref> os fãs passaram a criar suas próprias histórias publicando em revistas independentes, chamadas de [[fanzine]], o primeiro fanzine reconhecido é ''The Comet'' do ''Science Correspondence Club'' de [[Chicago]], A primeira versão do [[Superman]] (um vilão careca) apareceu em [[1933]] na terceira edição do fanzine ''Science Fiction: The Advance Guard of Future Civilization'', de [[Jerry Siegel]] e [[Joe Shuster]], num [[conto]] ilustrado chamado [[The Reign of the Superman]], tempo depois, foi reformulado como um [[super-herói]] de [[histórias em quadrinhos]].<ref name="pedras">{{citar livro|autor=[[Henrique Magalhães]]|título=Pedras no charco - Resistência e perspectivas dos fanzines|editora=[[Marca de Fantasia]]|ano=2018|url=|páginas=128|isbn= 978-85-67732-90-9 }}</ref>

 

No final dos anos 1930, [[John W. Campbell]] tornou-se o editor da revista ''[[Astounding Science Fiction]]'', gerando uma grande massa de leitores e escritores, principalmente em [[Nova Iorque]]. O grupo dos chamados [[futuristas]] incluíam [[Isaac Asimov]], [[Damon Knight]], [[Donald A. Wollheim]], [[Frederik Pohl]], [[James Blish]], [[Judith Merril]] e vários outros,<ref name="futurians">{{citar periódico|url=http://jophan.org/mimosa/m21/resnick.htm |título=The Literature of Fandom |último =Resnick |primeiro =Mike |periódico=Mimosa |número=#21 |ano=1997 |acessadoem=17 de janeiro de 2007}}</ref> como [[Robert A. Heinlein]], [[Arthur C. Clarke]], [[Olaf Stapledon]], e [[A. E. van Vogt]]. Fora da influência editorial de Campbell, outros autores vinham se destacando, como [[Ray Bradbury]], [[Stanisław Lem]] e [[Yevgeny Zamyatin]]. O trabalho de John Campbeel é considerado o começo da Era de Ouro da ficção científica, caracterizada principalmente por histórias de ficção científica que celebram o progresso e o avanço científico.<ref name="sf history nvcc">{{citar web |url=http://www.nvcc.edu/home/ataormina/scifi/history/ |título=A History of Science Fiction |primeiro=Agatha |último=Taormina |publicado=Northern Virginia Community College |data=19 de janeiro de 2005 |acessadoem=16 de janeiro de 2007 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20040326191128/http://nvcc.edu/home/ataormina/scifi/history/ |arquivodata=2004-03-26 |urlmorta=yes }}</ref> Esta era durou até o pós-[[Segunda Guerra Mundial]] e seus avanços tecnológicos e científicos, com o surgimento de novas revistas, como a ''Galaxy'', editada por H. L. Gold, e com novos autores escrevendo enredos com ênfase nas ciências sociais ao invés das ciências exatas.<ref>{{Citar web |url=http://www.philsp.com/mags/galaxy.html |título=Galaxy Science Fiction |publicado=Galactic Central Publications |editor=Phil Stephensen-Payne |acessadoem=11 de junho de 2017}}</ref>

 

===Anos 1950 em diante===

No início dos anos 1950, escritores como [[William S. Burroughs]], inauguraram a chamada [[Geração beat]], o embrião do movimento hippie. Durante as duas décadas seguintes, muitos escritores ousados exploraram novas fronteiras ou fronteiras pouco navegadas pelos escritores anteriores, como [[Ursula K. Le Guin]], [[Samuel Delany]], [[Octavia Butler]], [[Frank Herbert]], [[Harlan Ellison]], [[Roger Zelazny]], enquanto que na [[Inglaterra]], muitos escritores ficaram conhecidos como a chamada [[New Wave (ficção científica)|New Wave]], por seus graus de experimentação, em forma, contexto e sensibilidade artística.<ref name="britannica cites">{{citar enciclopédia|url=http://www.britannica.com/eb/article-235714/science-fiction |título=Science Fiction |enciclopédia=Encyclopædia Britannica |acessadoem=11 de junho de 2017}}</ref> Em 1950, [[Isaac Asimov]] criou as ''[[Três Leis da Robótica]]''<ref><center>'''Três Leis da Robótica:'''</center> <br />'''Primeira Lei:''' ''Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.'' <br />'''Segunda Lei:''' ''Um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.'' <br />'''Terceira Lei:''' ''Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou a Segunda Lei.'' <br />'''Fonte:''' <span class="plainlinks">[https://www.tecmundo.com.br/ciencia/125150-funcionam-tres-leis-robotica-escritor-isaac-asimov-2017.htm '''(Tecmundo).''']</span> <br />Consultado em 6 de julho de 2020</ref><ref>{{citar web|URL=https://books.google.com.br/books?id=iXIwBwAAQBAJ&pg=PA41&dq=isaac+asimov+creator+three+laws+of+robotics&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwjd0LrjobnqAhVOH7kGHb1PAeUQ6AEwBnoECAIQAg#v=onepage&q=isaac%20asimov%20creator%20three%20laws%20of%20robotics&f=false|título=Miniature Mausoleums|autor=Belkadi, Anissa|data=7 de novembro de 2014|publicado=Lulu.com ([[Google Livros]] {{en}}|acessodata=6 de julho de 2020}}</ref> com o propósito de normatizar o comportamento dos robôs dotados de [[inteligência artificial]], impedindo-os da fazerem qualquer mal aos humanos (''ver: [[Rebelião das máquinas]]''). As Três Leis surgiram no livro ''[[I, Robot (livro)|I, Robot]]'', publicado naquele mesmo ano,<ref name="AMNH">{{citar web|URL=https://www.amnh.org/explore/news-blogs/news-posts/revisiting-asimov-s-three-laws-of-robotics|título=Revisiting Asimov's Three Laws of Robotics|autor=AMNH ([[Museu Americano de História Natural]])|data=13 de fevereiro de 2018|publicado= {{en}}|acessodata=6 de julho de 2020}}</ref> enquanto o termo "inteligência artificial" foi criado pelo [[Ciência da computação|cientista da computação]] [[John McCarthy]] (1927-2011) em 1956.<ref name="AMNH"/>

 

 

Uma das características únicas do gênero é a sua forte comunidade de [[fã]]s, da qual muitos autores também fazem parte. Existem grupos locais de fãs um pouco por todo o mundo que fala inglês, e também no [[Japão]], [[Europa]] e em outros locais. É frequente que estes grupos publiquem os seus próprios trabalhos. Existem muitas revistas de fãs (e também algumas profissionais) que se dedicam apenas a informar o fã de ficção científica de todas as vertentes do género. Os principais prémios da ficção científica, os [[Hugo Award|Prémios Hugo]], são atribuídos pelos participantes da convenção anual [[Worldcon]], que é organizada quase exclusivamente por fãs voluntários.<ref name=MS/><ref name=G1/>

 

== Ver também ==