Projeto TAMAR: diferenças entre revisões
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O nome TAMAR é uma contração das palavras
==História==
Eram os últimos anos da década de 70 e não havia registro de qualquer trabalho de conservação marinha no Brasil. As tartarugas marinhas já integravam a lista das espécies em risco de extinção. Estavam desaparecendo por causa da captura incidental em atividades de pesca, do consumo da carne das fêmeas e da coleta dos ovos na praia.
No sul do Brasil, um grupo de estudantes cursava os últimos anos da Faculdade de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e organizava expedições a praias desertas e distantes para desbravar, descobrir, pesquisar, conhecer o litoral do país e as ilhas oceânicas. Ao mesmo tempo, o grupo fazia pesquisa dirigida, com o apoio do Museu Oceanográfico do Rio Grande.
Durante a expedição realizada ao Atol das Rocas, em 1977, esses estudantes encontravam rastros e muita areia remexida , mas eles não se davam conta de que a mudança no cenário era produzida pelas tartarugas que subiam à praia para desovar, durante a madrugada. Em uma dessas noites, os pescadores que acompanhavam os estudantes capturaram onze tartarugas de uma só vez. A imagem foi chocante para os que viram a cena, que foi devidamente fotografada e anexada em um relatório encaminhando ao órgão ambiental federal.
Essas expedições e as pesquisas realizadas acabaram servindo de alerta para a necessidade urgente de proteção do ecossistema marinho. Foi dessa forma que a Faculdade de Oceanografia da FURG, onde ainda não se falava em conservação, acabou formando uma geração pioneira de ambientalistas no país, pois todos passaram a se dedicar profissionalmente à conservação marinha.
Assim, em 1980, foi criado o Projeto Tartarugas Marinhas. O nome Tamar surgiu a partir da combinação das sílabas iniciais das palavras tartaruga marinha, abreviação que se tornou necessária, na prática, pelo espaço restrito para as inscrições nas pequenas placas de metal utilizadas na identificação das tartarugas marcadas para diversos estudos. Em 1988 foi criada a '''Fundação Projeto Tamar''' para apoiar os trabalhos de conservação e pesquisa.
O Projeto Tamar é reconhecido internacionalmente como uma das mais bem-sucedidas experiências de conservação marinha, sendo modelo para programas e projetos do Brasil e de outros países, sobretudo porque envolve as comunidades costeiras diretamente no seu trabalho socioambiental.
== Ameaças para a Conservação ==
As espécies ameaçadas de extinção, animais ou vegetais, são aquelas em risco de desaparecer em um futuro próximo. Incontáveis espécies já se extinguiram nos últimos milhões de anos devido a causas naturais, como mudanças climáticas e incapacidade de adaptação a novas condições dos habitats que ocupam. O ser humano tem acelerado decisivamente este processo de extinção de espécies, destruindo habitats, explorando desordenadamente os recursos naturais e introduzindo espécies exóticas (vindas de outros locais). Essas e outras atitudes provocam declínio das espécies em taxas jamais observadas na história da humanidade.
As cinco espécies de tartarugas marinhas encontradas no Brasil estão ameaçadas de extinção, segundo critérios do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de extinção (ICMBio/MMA) e da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN): [https://tamar.org.br/tartaruga.php?cod=18 tartaruga-cabeçuda (''Caretta caretta'')], [https://tamar.org.br/tartaruga.php?cod=19 tartaruga-de-pente (''Eretmochelys imbricata'')], [https://tamar.org.br/tartaruga.php?cod=21 tartaruga-oliva (''Lepidochelys olivacea'')], [https://tamar.org.br/tartaruga.php?cod=20 tartaruga-verde (''Chelonia mydas'')] e [https://tamar.org.br/tartaruga.php?cod=22 tartaruga-de-couro (''Dermochelys coriacea'')].
Até o início dos anos 80, a ''caça e coleta de ovos'' interrompiam o ciclo de vida das tartarugas marinhas. Hoje, após décadas de atividades da Fundação Projeto Tamar nas áreas prioritárias de desova, esta ameaça se tornou muito rara. Entretanto, as cinco espécies que desovam no litoral brasileiro seguem expostas a uma variedade de atividades humanas.
Nas praias onde ocorrem desovas de tartarugas, a destruição do habitat pela ocupação desordenada do litoral, a ''iluminação artificial / fotopoluição'' e o ''trânsito de veículos'' nas praias de desova'','' seguem dificultando o processo de reprodução e nascimento das tartaruguinhas. No mar, a ''captura incidental na pesca'', a ''poluição'' em suas variadas formas (principalmente resíduos sólidos e químicos) e as ''mudanças climáticas'' podem afetar as tartarugas marinhas ao longo de todo seu ciclo de vida.
== Por que proteger? ==
Em algum momento da criação do mundo, as tartarugas marinhas receberam a seguinte missão: "Espalhem-se pelos oceanos, não escondam as suas belezas; alimentem a quem for necessário; mas não deixem de existir". Assim foi feito - e o homem não tem o direito de contrariar essa lei cósmica.
Depois de milhões de anos de sobrevivência e evolução, as tartarugas marinhas continuam desempenhando importante papel ecológico nos ambientes onde ocorrem - das áreas costeiras a grandes profundidades oceânicas (as chamadas regiões abissais). São fonte de alimento para predadores marinhos e terrestres, inclusive o homem, e importantes consumidores de organismos marinhos, servindo como substrato para outras espécies.
Como animais migratórios, as tartarugas se deslocam desde os trópicos até as regiões subpolares, transferindo energia entre ambientes marinhos e terrestres. São consideradas verdadeiros engenheiros do ecossistema, devido a sua influência e ação sobre os recifes de coral, bancos de grama marinha e substratos arenosos do fundo oceânico.
==O que o Tamar faz==
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===Missão===
A Fundação Projeto Tamar atua no litoral brasileiro desde a década de 80 com a missão de promover a recuperação das tartarugas marinhas, desenvolvendo ações de pesquisa, conservação e inclusão social.
É uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos e co-executora do PAN - Plano Nacional de Ação para a Conservação das Tartarugas Marinhas no Brasil do ICMBio/MMA, sendo responsável por grande parte das ações previstas.
Está presente em 23 localidades distribuídas em oito estados brasileiros, entre zonas costeiras e ilhas oceânicas: Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Desenvolve ações de pesquisa, manejo e proteção das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, além de atividades de envolvimento comunitário, inclusão social, sensibilização e educação ambiental, valorização da cultura local e geração de oportunidades de trabalho e renda.
Como resultado desse esforço contínuo vem obtendo conquistas importantes: recuperação das populações comprovada; ampliação do conhecimento científico; apoio das comunidades litorâneas que cessaram o uso direto das tartarugas passando a protegê-las; sensibilização e apoio da sociedade em geral e a geração de recursos próprios (sustentabilidade).
=== Resultados ===
'''As populações de tartarugas marinhas estão se recuperando'''
Após 40 anos de atividade no Brasil, a Fundação Projeto Tamar já colheu os primeiros frutos do seu trabalho. Quatro estudos científicos, com análise de dados de mais de 15 anos, revelaram tendência de recuperação das populações de quatro das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil: tartaruga-cabeçuda ''(Caretta caretta)'', tartaruga-de-pente ''(Eretmochelys imbricata)'', tartaruga-de-couro (''Dermochelys coriacea'') e tartaruga-oliva ''(Lepidochelys olivacea)''. As pesquisas também indicam que a população da tartaruga-verde (''Chelonia mydas'') esta estável. Esses estudos foram publicados em revistas internacionais de grande relevância cientifica e também apresentados em simpósios e congressos.
Os resultados alcançados até aqui são derivados dos esforços contínuos de conservação e pesquisa, das atividades de sensibilização e de educação ambiental desenvolvidas nas bases e centros de visitantes, em associações de pescadores, empreendimentos e programas específicos realizados com as comunidades locais do entorno das praias de desova e de alimentação.
As respostas das populações de tartarugas marinhas ao programa contínuo de conservação, são graças ao apoio e envolvimento de toda a sociedade. As comunidades costeiras mudaram o comportamento ao longo dos anos e passaram de predadores a aliados. E a sociedade, de forma geral, também está sensibilizada e aliada à causa conservacionista. Os centros de visitantes e as bases de pesquisa recebem cerca de 1 milhão visitantes/ano, num sinal de adesão e comprometimento com a sobrevivência desses animais.
Apesar dos resultados positivos, todas as 5 espécies ainda necessitam de esforços para conservação, sendo necessário continuar nosso trabalho frente aos novos desafios. As fêmeas e desovas das tartarugas marinhas não são mais alvos de intenso uso direto. Hoje, as ameaças estão associadas principalmente às capturas não intencionais pelas pescarias costeiras e oceânicas, ao desenvolvimento costeiro (iluminação artificial, trânsito de veículos e descaracterização das praias), à poluição marinha e às mudanças climáticas.
Portanto, é necessário que, com o apoio dos diversos atores da sociedade, mantenhamos os nossos esforços de pesquisa e conservação por muitos mais anos.
'''Resultados da Fundação Projeto Tamar em números:'''
- Mais de 43 Milhões de tartarugas marinhas protegidas;
- Tendência de recuperação das populações de 4 espécies de tartarugas marinhas e uma permanecendo estável;
- Presença em 23 localidades de 8 estados brasileiros;
- Cerca de 25 mil ninhos protegidos a cada temporada de desova;
- Cerca de 40 Anos de coleta sistemática de dados padronizados;
- 1.800 oportunidades de trabalho (pré pandemia) e
- 1 milhão de pessoas por ano nos Centros de Visitantes.
== '''Educação Ambiental e Sensibilização''' ==
Sensibilizar as comunidades litorâneas e a sociedade para que se tornem aliadas na conservação das tartarugas marinhas e seus habitats tem sido uma ação contínua da Fundação Projeto Tamar. Diferentes estratégias, instrumentos e ações considerando as especificidades de cada localidade e os principais desafios e ameaças à sobrevivência das espécies são executadas nos Centros de Visitantes e nas comunidades litorâneas das áreas de atuação.
São realizadas as campanhas Nossa Praia é a Vida, Nem Tudo que Cai na Rede é Peixe, atividades junto a escolas, e outras como Biólogo por um Dia, gincanas e mutirões de limpeza de praias.
Também são estratégicas as ações direcionadas a crianças, adolescentes e jovens. Por isso, a formação de novas gerações que sejam protagonistas na proteção das tartarugas e da biodiversidade marinha é uma das prioridades dos programas de sensibilização e educação ambiental desenvolvidos.
Conheça um pouco mais sobre as ações realizadas clicando nos links abaixo:
[https://tamar.org.br/interna.php?cod=407 Tamarzinhos - Praia do Forte / BA]
[https://tamar.org.br/interna.php?cod=442 Escolinha do TAMAR - Arembepe / BA]
[https://tamar.org.br/interna.php?cod=466 Tamarear - Fernando de Noronha]
[https://tamar.org.br/interna.php?cod=408 Nosso Papel de Futuro - Ubatuba / SP]
[https://tamar.org.br/interna.php?cod=177 Escola Finn Larsen – Praia do Forte/BA]
[https://tamar.org.br/interna.php?cod=467 Campanhas de Sensibilização Ambiental]
'''Benefícios socioeconômicos para as comunidades'''
A Fundação Projeto Tamar se dedica continuamente ao aperfeiçoamento de suas estratégias de ação e à criação de alternativas que ampliem o envolvimento da sociedade e a geração de recursos próprios. Para tal, são priorizadas as atividades que resultem em benefícios socioeconômicos para as comunidades litorâneas e contribuam com a proteção das tartarugas marinhas e ecossistemas associados.
Nas localidades com maior potencial turístico estão instalados Centros de Visitantes e Lojas Tamar, que geram oportunidades de emprego e renda e movimentam a economia local. Já em áreas com potencial limitado de desenvolvimento econômico, a Fundação busca envolver a comunidade em processos de produção e comercialização, nas Confecções Projeto Tamar e nos Grupos de Artesanato regionais apoiados.
Há um fluxo regular de produtos entre as diferentes bases e, consequentemente, entre as respectivas comunidades, resultando em uma cadeia de produção social onde a peça de uma região é vendida em outra, e os aspectos culturais são valorizados.
Dessa forma as comunidades contribuem e participam diretamente das iniciativas que visam a sustentabilidade da instituição, de forma a garantir maior independência e a continuidade das ações de conservação das tartarugas marinhas a longo prazo.
Essa estratégia vem permitindo que as populações litorâneas percebam que a tartaruga marinha é muito mais valiosa viva do que morta, engajando cada vez mais pessoas na proteção das espécie
==Bases do projeto==
[[Ficheiro:Projeto Tamar ES 13.jpg|thumb|Indicação de diversas bases do Projeto Tamar, na base de Vitória. Ao fundo, o [[Convento da Penha]].]]
[[Ficheiro:Sea turtle noronha.ogg|thumb|Cientistas do Projeto Tamar em Fernando de Noronha devolvem uma tartaruga ao oceano]]
Atualmente, há
As localizações das bases são:
* · Fernando de Noronha, Pernambuco · Pipa, Rio Grande do Norte · Ponta dos Mangues, Sergipe · Pirambu, Sergipe · Aracaju, Sergipe. · Abaís, Sergipe · Mangue Seco, Bahia · Sítio do Conde, Bahia · Costa do Sauípe, Bahia · Praia do Forte, Bahia · Arembepe, Bahia · Busca Vida, Bahia · Guriri, Espírito Santo · Pontal do Ipiranga, Espírito Santo · Povoação, Espírito Santo · Regência, Espírito Santo · Ilha de Trindade, Espírito Santo · Vitória, Espírito Santo · Farol de São Tomé, Rio de Janeiro · Ubatuba, São Paulo · Beto Carrero World, Santa Catarina · Florianópolis, Santa Catarina
==Centros de Visitantes==
Nas regiões litorâneas com potencial turístico, a Fundação Projeto Tamar mantém Centros de Visitantes que funcionam como núcleos de sensibilização e educação ambiental, além de oferecerem lazer, entretenimento e serviços. Junto com as lojas são estruturas fundamentais de geração local de emprego e renda, arrecadam recursos para as ações de conservação das tartarugas marinhas e são importantes meios de comunicação com a sociedade.
Os seis Centro de Visitantes, estão em constante aperfeiçoamento, mantém estruturas e estratégias de atendimento condizentes às realidades locais. Todos são cadastrados como Museus junto ao IBRAM (Instituto Brasileiro dos Museus) e reconhecidos pelos resultados para a sensibilização ambiental e educação não formal. Juntos, atendem a cerca de 1 milhão de visitantes por ano.
Nestes espaços existem lojas temáticas que comercializam produtos alusivos às tartarugas marinhas e contribuem financeiramente com o programa de proteção e também com as comunidades locais. As vendas nas lojas do Projeto Tamar, situadas em localidades turísticas, estimulam a produção que acontece em vilas com menor vocação para o turismo. A geração de renda ajuda a melhorar a qualidade de vida destas comunidades e a atividade que se relaciona diretamente com a conservação de tartarugas marinhas.
Ainda na década de 90 este programa foi reconhecido como um modelo de conservação das tartarugas marinhas com envolvimento comunitário para todo o mundo.
Conheça cada um dos Centros de Visitantes nos links abaixo:
'''<ins>[https://tamar.org.br/centros_visitantes.php?cod=1 Praia do Forte/BA]</ins>'''
'''<ins>[https://tamar.org.br/centros_visitantes.php?cod=7 Fernando de Noronha/PE]</ins>'''
'''<ins>[https://tamar.org.br/centros_visitantes.php?cod=10 Aracaju/SE]</ins>'''
'''<ins>[https://tamar.org.br/centros_visitantes.php?cod=24 Vitória/ES]</ins>'''
'''<ins>[https://tamar.org.br/centros_visitantes.php?cod=9 Ubatuba/SP]</ins>'''
'''<ins>[https://tamar.org.br/centros_visitantes.php?cod=8 Florianópolis/SC]</ins>'''
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==Ver também==
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