Massiafe: diferenças entre revisões

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|população_est_em = 2004
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'''Massiafe''', '''Massiate''' ou '''Massiade''' ({{langx|ar|مصياف||''Miṣyāf''}}) é uma cidade no noroeste da [[Síria]], na [[Subdivisões da Síria|província]] de [[Hama (distrito)|Hama]]. Segundo o [['''Departamento Central de Estatísticas]]''', Massiafe tinha uma população de {{formatnum|22508}} no censo de 2004. É o centro administrativo do distrito de {{ilc|Massiafe|Massiafe (distrito)|Masyaf (distrito)}} e do subdistrito de {{ilc|Massiafe|Massiafe (subdistrito)|Masyaf (subdistrito)|Nahiya Masyaf}}. Este último tinha {{formatnum|68184}} habitantes em 2004.
 
Em meados da década de 1940, seus habitantes eram predominantemente ismaelitas.{{sfn|name=Di349|Divisão|1987|p=349}} Atualmente, é uma cidade religiosamente mista com predominantes ismaelistas e alauitas.{{sfn|Heras|2013|p=25}} A cidade é notável por seu grande [[Castelo de Massiafe|castelo medieval]]. Foi utilizado pelos ismaelitas [[nizaris]] e sua unidade de [[Ordem dos Assassinos|assassinos de elite]] (haxaxins) como centro de seu território na cordilheira de {{ilc|Jabal Ançariá||Jabal Ansariya|Djebel Ansariyeh}} (''Ansariyah'').
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== Etimologia ==
 
Por toda a história islâmica até a atualidade, o nome árabe da cidade foi variadamente pronunciado pelos habitantes da região como Massiafe (''Maṣyaf''), Massiate (''Maṣyat'') e Massiade (''Maṣyad'').{{sfn|Lipinsky|2000|p=306}} seu nome é uma evolução do nome [[Língua acádia|assírio]] Mansuate. O "nṣw" em Mansuate associa-se com o "nss" árabe, que significa "organizar", segundo o estudioso orientalista [['''Edward Lipinsky]]'''.{{sfn|Lipinsky|2000|p=308}}
 
Além disso, Lipinsky sugere que o nome assírio foi provavelmente uma configuração da palavra assíria ''manṣuwatu'' que correlaciona-se com a palavra árabe ''minaṣṣatu(n)'', ambas traduzíveis como "plataforma elevada". Essa tradução indica o promontório que a fortaleza de Massiafe ocupou e que vigiou o resto da cidade e a área circundante.{{sfn|Lipinsky|2000|p=309}}
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Massiafe e sua fortaleza foram mencionadas pela primeira vez pelos cronistas cruzados em 1099.{{sfn|name=Ho789|Honigman|1989|p=789}}{{sfn|name=Da115|Daftary|2011|p=115}} Apesar disso, é provável que uma fortificação dos [[hamadânidas]] de [[Alepo]] já existisse antes de {{séc|XI}}, pois devido sua posição seria capaz de vigiar as rotas montanhosas.<ref name=Ha7 /> Naquele tempo o forte fez parte do [[Junde de Quinacerim]] (província de [[Cálcis da Celessíria]]) do [[Califado Fatímida]]. No outono de 999, o [[imperador bizantino]] {{lknb|Basílio|II Bulgaróctono}} {{nwrap|r.|976|1025}} destruiu as fortificações em Massiafe como parte de sua campanha para ganhar controle de [[Antioquia]] e seus arredores dos muçulmanos.<ref name=Ho789 />
 
A área mais tarde permaneceria sob controle [[Império Seljúcida|seljúcida]], mas em 1099, os cruzados tentaram tomar controle de Massiafe (e a mais estrategicamente importante [[Rafaneia]]) após sua captura de [[Trípoli (Líbano)|Trípoli]]. O emir seljúcida (príncipe) de [[Damasco]], Zairadim [[Toguetequim]], lançou uma campanha militar para evitar a perda da área e alcançou um acordo de curta duração com os cruzados no qual Massiafe e a [[Cidadela do Cairo]] permaneceriam em mãos muçulmanas, mas teria que pagar tributo aos cruzados. Algum tempo depois, Massiafe permaneceu sob controle da [['''dinastia mirdássida]]'''.<ref name=Ho789 /> Em 1127, os mirdássidas venderam-a para a {{ilc|dinastia munquidita||Banu Munquide||Banu Munqidh}} que esteve centrada em [[Xaizar]].<ref name=Da115 />
 
=== Período nizarita ===
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[[Imagem:Masyaf - Gesamtansicht.jpg|thumb|upright=1.05|[[Castelo de Massiafe]]]]
 
Em 1140, Massiafe foi capturada pelos ismaelitas nizaritas, uma seita de muçulmanos ismaelitas xiitas que havia sido exilada de sua base em [[Castelo de Alamute|Alamute]], no atual [[Irã]]. A fortaleza foi defendida por um [[mamelucos|mameluco]] (guerreiro escravo) Banu Munquide chamado Suncur, que a força ismaelita conseguiu emboscar e matar.<ref name=Ho789 /> Os ismaelitas escolheram a [[Bilade Xame|Síria]] como sua nova residência e sucessivamente se assentaram nas cidades de Alepo e [[Damasco]] e a fortaleza de [[Banias]], sendo sucessivamente perseguidos e massacrados pelas autoridades ou multidões de residentes locais incitadas por clérigos que acusavam os ismaelitas de serem heréticos ou causarem problemas. Consequentemente, os líderes ismaelistas sobreviventes decidiram que estabeleceriam bases nas cidades sírias e contar com a boa vontade dos vários umara (príncipes) seria, assim, insustentável. Em vez disso, escolheram se assentar em [['''Jabal Ançariá]]''' (''Jabal Ansariyah'') uma cordilheira montanhosa costeira com fortalezas, incluindo Massiafe.{{sfn|Willey|2005|p=42–43}}
 
Após sua captura, Massiafe serviu como a principal fortaleza para o [[da'i]] ismaelita. Junto com outras fortalezas adquiridas por volta da mesma época, incluindo {{ilc|Cafe|Castelo de Cafe|Castelo de al-Kahf|Castelo de Kahf}}, {{ilc|Cauabi||Khawabi}}, {{ilc|Cadmus|Cadmus (Síria)|Qadmus}} e [[Rusafa (Síria)|Rusafa]], os ismaelistas foram capazes de estabelecer um território autônomo em meio aos [[Estados cruzados]] e dinastias muçulmanas hostis nominalmente afiliadas com o [[Califado Abássida]].{{sfn|Willey|2005|p=44}} Massiafe serviu como a base do ismaelita da'i {{ilc|Raxidadim Sinã||Rashid ad-Din Sinan}} e sua unidade de elite de fida'is que tornar-se-iam conhecidas como Haxaxins ("[[Ordem dos Assassinos|Assassinos]]").{{sfn|Willey|2005|p=44–46}}
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Em 1262, os governantes de Massiafe receberam ordens para pagar tributos ao sultão mameluco [[Baibars]] {{nwrap|r.|1260|1277}} e algum tempo depois, o sultão substituiu o emir Najemadim Ismail por Sarinadim Mubaraque. Mubaraque foi mais tarde preso no [[Cairo]] por Baibars e Najemadim foi brevemente restaurado como emir após Massiafe ser complemente incorporada no [[Sultanato Mameluco do Cairo|sultanato]] em 1270.<ref name=Ho790 /> Os ismaelitas continuaram habitando-a por todo o período mameluco.<ref name=Da115 /> Rumo ao fim do século, Massiafe tornar-se-ia um importante ponto de paragem na rota postal mameluca e foi controlada por um comandante que respondeu diretamente ao sultão devido a seu papel estratégico como fortaleza fronteiriça.{{sfn|name=Ho791|Honigman|1989|p=791}}
 
Em 1320, o historiador e emir aiúbida de Hama, [[Abulfeda]], notou que Massiafe era um "cento da doutrina ismailita" e que foi "bela" com jardins e uma fonte da qual nascia um pequeno córrego.{{sfn|Le Strange|1890|p=507}} Segundo [[ibne Batuta]], que passou pela cidade em 1355, Massiafe foi o centro do distrito pertencente à província de [[Trípoli (Líbano)|Trípoli]] e englobava as vilas fortaleza de Rusafa, Cafe, Cadmus, {{ilc|Ulaica||Castelo de Ulaica|Castelo de Aleika}} e [[Castelo de Manica|Manica]]. Massiafe foi mais tarde separada de Trípoli e transferida à autoridade da província de Damasco. Em meados do {{séc|XV}}, sob o sultão [[Barsbai]] {{nwrap|r.|1422|1438}}, uma estrada foi construída conectando Massiafe a Trípoli, mas a rota postal não mais passou através da cidade. Em 1446, o historiador {{ilc|Calil al-Zairi||Khalil al-Zahiri}} descreveu Massiafe como "uma cidade agradável, com uma extensa zona rural".<ref name=Ho791 />
 
=== Período otomano ===
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[[Imagem:PAB Massyaf Chateau de Vieux de la Montagne.jpg|thumb|esquerda|Massiafe em 1935]]
 
Massiafe, junto com o resto da Síria, foi incorporada ao [[Império Otomano]] em 1516-1517 após a vitória otomana sobre os mamelucos na [[Batalha de Marje Dabique]]. Massiafe tornar-se-ia parte do [[sanjaco]] (distrito) de [[Sanjaco de '''Homs|Homs]]''', e junto com outras fortalezas ismaelitas em suas proximidades (cala' al-daua), foi responsável por pagar um imposto especial. A cidade teve um cã ([[caravançarai]]) que pagou impostos às autoridades otomanas. Os impostos foram abolidos mais tarde em meados do {{séc|XVI}}. Segundo o viajante [[sufismo|sufista]] {{ilc|Abdal Gani al-Nabulsi||Abd al-Ghani al-Nabulsi}}, o emir de Massiafe no começo da década de 1690 era um descendente da tribo árabe dos [[tanúquidas]] chamado Solimão.<ref name=Ho791 />
 
Em 1703, o clã Raslane, uma tribo [[alauitas|alauita]], tomou Massiafe e controlou-a por aproximados oito anos até o restauro dos ismaelitas devido a intervenção das autoridades otomanas.{{sfn|Mirza|1997|p=128}} Em 1788, o emir de Massiafe, Mustafá ibne Idris, construiu um sabil (fonte para [[abdesto]]) e uma casa que seria utilizada por ele e os sucessivos emires ismaelitas.<ref name=Ho791 />
 
Em 1808, o clã Raslane liderado pelo Xeique Mamude Raslane atacou Massiafe, matando seu chefe ismaelita, Mustafá Milhim, e seu filho, e capturou a fortaleza.{{sfn|name=Da489|Daftary|2007|p=489}} Aproximadamente 300 dos ismaelitas residentes na cidade também foram mortos,<ref name=Ho791 /> enquanto muitos outros, incluindo o da'i (chefe religioso) de Massiafe, fugiram para Homs, Hama e outras áreas na Síria central, assentando nestes locais temporariamente.<ref name=Da489 /> Os ismaelitas já estavam gradualmente sendo repelidos do Jabal Ançariá pelos clãs alauitas.{{sfn|Balanche|2006|p=69–70}} O [[Vilaiete da Síria|governador otomano de Damasco]], {{ilc|Cunje Iúçufe Paxá||Kunj Yusuf Pasha}}, interveio nessa questão, enviando uma força de {{formatnum|4000}}-{{formatnum|5000}} soldados para recapturar a cidade. Após três meses de luta, os raslanidas renderam Massiafe. O controle ismaelita sobre a cidade e sua fortaleza foram restaurados em 1810.<ref name=Ho791 />
 
Dois anos depois da restauração, [[Johann Ludwig Burckhardt]] registrou uma população estimada de 280 famílias, muitas das quais eram ismaelitas e 30 eram [[cristianismo|cristãs]]. Burckhardt notou que a cidadela da cidade, muitas casas, a mesquita e muitos outros edifícios estavam severamente danificados ou destruídos devido as lutas anteriores. Por todo o resto do {{séc|XIX}}, a população de Massiafe continuou a regredir.<ref name=Ho791 />