Associação de Bancos no Estado do Rio de Janeiro: diferenças entre revisões

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{{Quote2|''Repudiamos a demagogia, que hoje se apresenta consciente, afrontosa e desafiadora, inspirada pela má-fé e pela cobiça política, empenhando-se em envenenar a opinião pública, desestimular o trabalho aprofundar a inquietação, desorientar os espíritos, açular conflitos e incentivar a dissolução das forças que devem responder pela sobrevivência do país.''<br /><br />''A demagogia acena com objetivos que se resumem na destruição da democracia política, já conquistada pelo povo brasileiro, e do esforço honesto que deve ser feito para torná-lo também uma democracia econômica e social. Como percebem que o Brasil começa a vencer a etapa do subdesenvolvimento, sob o signo dos princípios cristãos e da liberdade individual, lançam os demagogos a sua ofensiva desesperada, manejando as armas mais espúrias e nefastas para impedir o nosso verdadeiro progresso.''<br /><br />''Há uma urgente reforma de base a ser feita no Brasil: consiste em desmascarar a desfaçatez demagógica que se infiltra pela vida nacional. Só simultaneamente com esse rigoroso trabalho de saneamento, poderão ter sucesso outras reformas básicas, necessárias aos objetivos de definida implantação de uma democracia, que se apoie no equilíbrio econômico, para garantir paz e justiça social.''<ref>Última Hora, 22 de janeiro de 1962, ed. 761. [https://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=386030&pasta=ano%20196&pagfis=76779]</ref>|}}
 
== A Década de 1970 ==
 
A situação econômica da [[década de 1970]] foi marcada por um quadro de estagnação e tentativa de recuperação do mercado acionário. Tal aspecto se deu pelo grande direcionamento de recursos ao próprio mercado de ações no final da década de 1960, ocasionado, sobretudo, por leis de [[incentivo fiscal]] criadas pelo Governo Federal, sob o regime civil-militar.<ref>História do Mercado de Capitais. Portal do Investidor, Comissão de Valores Mobiliários. [https://www.investidor.gov.br/menu/Menu_Academico/O_Mercado_de_valores_mobiliarios_brasileiro/Historia_Mercado-Capitais.html]</ref>
 
Desse modo, no início da década houve um aumento considerável no processo especulativo das principais [[Bolsa de Valores|Bolsas de Valores]] do país – Rio de Janeiro e São Paulo – algo que, em um primeiro momento, foi considerado a representação do êxito das medidas econômicas governamentais.<ref>Um aspecto da política econômica do “milagre brasileiro”: a política de mercado de capitais e a bolha especulativa 1969-1971. Texto para Discussão. IE/UNICAMP, Campinas, n. 122, set. 2006. Disponível em<https://www.eco.unicamp.br/images/arquivos/artigos/1752/texto122.pdf></ref>
Entretanto, a demanda por ações pelos investidores passou a ter um crescimento maior que a emissão de novas ações, gerando um grande movimento especulativo entre dezembro e julho de 1971. Durante esse período, as cotações acionárias não pararam de subir até atingir seu ponto máximo, em julho, quando se iniciou a venda de ações pelos investidores, dada a desconfiança acerca de uma iminente baixa que sucederia a sobre-cotação. A partir disso, houve a saturação da venda de ações, sendo intensificada ainda por novas emissões, o que aumentou consideravelmente sua oferta.<ref>História do Mercado de Capitais. Portal do Investidor, Comissão de Valores Mobiliários. [https://www.investidor.gov.br/menu/Menu_Academico/O_Mercado_de_valores_mobiliarios_brasileiro/Historia_Mercado-Capitais.html]</ref>
 
O colapso da bolha especulativa gerou uma estagnação prolongada das Bolsas de Valores do [[Bolsa de Valores do Rio de Janeiro|Rio de Janeiro]] e [[B3 (bolsa de valores)|São Paulo]], gerando novas tentativas de políticas econômicas que revitalizassem o mercado de capitais.<ref>Um aspecto da política econômica do “milagre brasileiro”: a política de mercado de capitais e a bolha especulativa 1969-1971. Texto para Discussão. IE/UNICAMP, Campinas, n. 122, set. 2006. Disponível em<https://www.eco.unicamp.br/images/arquivos/artigos/1752/texto122.pdf></ref>Sob esse contexto econômico, houve a preocupação por parte dos bancos – também atingidos pelo período de estagnação, sobretudo pelo mercado acionário ser visto com certa desconfiança – em proporcionar técnicas de modernização e aprimoramento de suas atividades.
 
A partir da [[década de 1960]], a '''Associação dos Bancos do Estado da Guanabara''' (ABEG) inaugurou o '''Centro de Treinamento Bancário''', oferecendo cursos e palestras de aprimoramento profissional para os bancos. Seguindo a premissa da oferta de cursos e palestras educativos referentes às estruturas do Sistema Bancário, durante a [[década de 1970]] a Associação promoveu a realização de cursos de nível médio e superior, tendo estabelecido parceria com instituições de ensino do Rio de Janeiro, no intuito de assumir uma posição mais forte no segmento educacional do estado.
 
[[File:Diário de Notícias, 30 de junho de 1970, edição 14620.png|thumb|Publicação do periódico Diário de Notícias que aponta a parceira entre a ABEG e o IBMEC para a realização de palestra.|253x253px]]
 
Em janeiro de 1970, sob a representação tanto da '''Associação''' quanto do '''Sindicato dos Bancos do Estado da Guanabara''', houve a reivindicação em nome dos banqueiros pela ampliação dos serviços e operações nos bancos, para que houvesse o aumento da produtividade e maior atendimento às empresas, sem haver a criação de tensões sociais. Nesse sentido, houve um consenso entre os banqueiros do Rio de Janeiro do período acerca da necessidade de redistribuição de serviços na rede de agências, sob a justificativa de que as dependências bancárias seriam melhor utilizadas caso novas atividades fossem estabelecidas, evitando o seu fechamento e o desemprego em decorrência deste.<ref>Jornal do Brasil, edição 239, 14 de janeiro de 1970.[https://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=030015_09&pagfis=178760]</ref>
 
Tais reivindicações foram levadas à discussão durante um almoço realizado em homenagem ao [[Ministro da Fazenda]] no período, [[Delfim Netto]], em 14 de janeiro de 1970. Ainda, outra pauta levantada em nome dos banqueiros dizia respeito à responsabilidade do Sistema Bancário no esforço de contenção da inflação a partir da redução dos custos operacionais dos bancos, sendo um próximo passo a redução progressiva dos juros.<ref>''Jornal do Brasil'', edição 239, 14 de janeiro de 1970.[https://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=030015_09&pagfis=178760]</ref>
 
Em fevereiro de 1970, o ''Jornal do Commercio'' realizou uma publicação acerca da preocupação tanto do Sindicato quanto da Associação sobre a necessidade de reduzir os custos operacionais dos bancos. Quanto à Associação, o periódico apontou o esforço em promover cursos de “adestramento profissional” – visando o aprimoramento dos servidores dos bancos – e a iniciativa do presidente da ABEG, '''Nelson Parente Ribeiro''', ao recorrer ao estabelecimento de um Ciclo de Debates que envolvesse diversos aspectos referentes ao tema em evidência.<ref>''Jornal do Commercio'', 5 de fevereiro de 1970, edição 107.[http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=364568_16&pagfis=510]</ref>
 
[[File:1970 dez 2 Diário de Notícias ed. 14755.png|thumb|A publicação do Diário de Notícias discorre acerca encerramento da sessão de encerramento do 1º Curso de Mercado de Capitais da ABEG, que contou com a presença do presidente do Banco Central do Brasil, [[Ernane Galvêas]].|254x254px]]
 
O ano de [[1970]] ainda representou para a ABEG a oportunidade de realização de alguns convênios considerados relevantes para o seu crescimento como entidade do segmento educacional. Em fevereiro de 1970, estabeleceu a programação de cursos oferecidos pelo Centro de Treinamento Bancário para o ano corrente, dentre o quais houveram vários em parceria com a [[Pontifícia Universidade Católica]] (PUC) do Rio de Janeiro, sob a premissa de que todos os cursos possuíam objetivos práticos, visando não somente a capacitação profissional do bancário, mas a solução dos problemas operacionais dos bancos.<ref>Diário de Notícias, 7 de fevereiro de 1970, edição 14493.[https://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=093718_05&pasta=ano%20197&pagfis=832]</ref> Em junho do mesmo ano, foi realizada uma parceria entre a Associação e o [[Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais]] (IBMEC) – recém-criado pela Bolsa de Valores do Rio de Janeiro – para a realização de uma palestra para o Curso de Gerência Bancária.<ref>Diário de Notícias, 30 de junho de 1970, edição 14620[https://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=093718_05&pagfis=3748]</ref>
 
[[File:1971 agos 31 Diario de Noticias ed. 14982.png|thumb|esquerda|Convênio criado entre a Associação dos Bancos do Estado da Guanabara e a Fundação Educacional Brasileiro de Almeida, para a realização do Curso Colegial Bancário, em agosto de 1971]]
 
Desse modo, a realização de cursos de aprimoramento bancário teve prosseguimento ao longo da década.
 
Em abril de 1971, a Associação promoveu o início das inscrições para o '''1º Curso para Secretárias em Bancos''', exclusivo para mulheres<ref>''Diário de Notícias'', 19 de abril de 1971, edição 14850 [https://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=093718_05&pasta=ano%20197&hf=memoria.bn.br&pagfis=10027]</ref>. Desde a década de 1960, o Brasil começava a experimentar uma maior participação feminina no trabalho bancário. Apesar de a primeira mulher bancária no Brasil adentrar o quadro de funcionários efetivos do [[Banespa]] em 1932, até as décadas de 1960 e 1970, era raro ver mulheres ocupando certas funções nos bancos. Até então, a função que ganhou maior participação feminina ao longo dos anos era a do secretariado.<ref>Biblioteca Virtual IBGE. [https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=446661] GEROLETI, Luciana Carlos. “Bela” ou “bancária”? Como as mulheres se inserem nos bancos nas décadas 1960-1980. Anais II Simpósio Gênero e Políticas Públicas ISSN2177-8248 Universidade Estadual de Londrina, 18 e 19 de agosto de 2011. GT7- Gênero e Trabalho – Coordenação: Cássia Maria Carloto [https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=446661]</ref>
 
Em 30 de agosto do mesmo ano, foi realizada cerimônia que firmou o convênio da ABEG com a Fundação Educacional Brasileiro de Almeida, para a criação do '''Curso Colegial Bancário'''. O curso de bancário a nível médio tinha como intuito dinamizar a formação de
profissionais qualificados para os bancos, podendo o concluinte, inclusive, "ter acesso à Universidade com a prestação do vestibular às Faculdades de Direito, Economia, Administração de Empresas, Filosofia, Sociologia, entre outras carreiras.”<ref>''Diário de Notícias'', 19 de agosto de 1971, edição 14972.[https://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=093718_05&hf=memoria.bn.br&pagfis=13048]</ref>
 
[[File:Nelson Parente Ribeiro, presidente da Aberj, e João Paulo dos Reis Velloso.png|thumb|Da esquerda para direita: o Ministro do Planejamento do Brasil, [[João Paulo dos Reis Velloso]] e o presidente da Associação dos Bancos no Estado da Guanabara (ABEG), '''Nelson Parente Ribeiro''', durante a cerimônia de assinatura do convênio da ABEG com a Fundação Educacional Brasileiro de Almeida.]]
 
A ideia de criação do curso em convênio com a respectiva Fundação foi aprovada pelo VIII Congresso Nacional de Bancos e, já em abril de 1971, o acordo foi firmado. <ref>''Jornal do Brasil'', 13 de abril de 1971, edição 13.[https://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=030015_09&hf=memoria.bn.br&pagfis=208621]</ref> Durante o evento de assinatura do convênio, falou em nome da Associação o Secretário Célio Teodoro Assunção, que afirmou que a entidade havia dado mais um passo no campo do ensino profissional e, desse modo, o Sistema Bancário e o Sistema Educacional também caminharam [[File:NELSON PARENTE RIBEIRO (1968-1973) - Fonte doc interna (2).png|esquerda|thumb|Nelson Parente Ribeiro (à esquerda) e Ernane Galvêas durante festividade da ABEG.)]]decisivamente em direção à reformulação dos métodos educacionais do país. Além da participação da diretoria da ABEG e de representantes da Fundação Educacional Brasileiro de Almeida, a cerimônia teve a presença de [[João Paulo dos Reis Velloso]], [[Ministro do Planejamento]] do Brasil, e [[Ernane Galvêas]], presidente do [[Banco Central do Brasil]], representando o [[Ministro da Fazenda]], [[Delfim Netto]].<ref>''Diário de Notícias'', 31 de agosto de 1971, edição 14982.[http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=093718_05&Pesq=%22C%c3%a9lio%20Teodoro%20Assun%c3%a7%c3%a3o%22&pagfis=13273]</ref>
 
Encerrando o ano de 1971, a '''Associação dos Bancos no Estado da Guanabara''', juntamente ao Sindicato, promoveu o jantar de confraternização de fim de ano, que ocorria anualmente. No entanto, o destaque para o jantar, ocorrido em 16 de dezembro, foi o teor do mesmo, sendo promovido em homenagem ao Ministro da Fazenda no período, Delfim Netto. Além da presença do Ministro, o jantar contou com a participação de autoridades monetárias e presidentes de entidades das classes produtoras.<ref>''Correio da Manhã'', 9 de dezembro de 1971, edição 24130.[https://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=089842_08&hf=memoria.bn.br&pagfis=26761]</ref>
 
No ano de 1972, em março, ocorreu a III CONCLAP (Conferência Nacional das Classes Produtoras), sediada no [[Museu de Arte Moderna]], no [[Aterro do Flamengo]]. O evento, que recebeu patrocínio da '''Associação dos Bancos do Estado da Guanabara''', reuniu cerca de 1500 indivíduos do empresariado brasileiro durante '''5 dias''' para discutir assuntos acerca do mercado financeiro nacional e da especialização de mão-de-obra.
 
[[File:1972 III CONCLAP (1).png|thumb|Encarte da III Conferência Nacional das Classes Produtoras, ocorrida entre os dias 20 e 25 de março de 1972. Rio de Janeiro, Estado da Guanabara.|250x250px]]
 
A abertura do evento contou a participação do [[presidente da República]] no período, [[Emílio Garrastazu Médici]], e teve em sua programação palestras proferidas por Ministros do Estado, sendo eles [[Marcus Vinicius Pratini de Moraes]] ([[Ministério da Indústria e Comércio|Indústria e Comércio]]), Luiz Fernando Cirne Lima ([[Ministro da Agricultura|Agricultura]]), General [[José Costa Cavalcanti]] ([[Ministro do Interior|Interior]]), [[João Paulo dos Reis Velloso]] ([[Ministro do Planejamento|Planejamento e Coordenadoria Geral]]), [[Jarbas Gonçalves Passarinho]] ([[Ministro da Educação e Cultura|Educação e Cultura]]) e [[Júlio de Carvalho Barata]] ([[Ministro do Trabalho|Trabalho]]).<ref>Programa Geral da III Conferência Nacional das Classes Produtoras (CONCLAP). Arquivo da Associação de Bancos no Estado do Rio de Janeiro. Disponível virtualmente em: <https://aberj.com.br/biblioteca/book?id-book=6e894f54da6d037f1be8e70f432bcc26></ref>
 
O programa do evento firmava como propósito de discussão:
 
{{Quote2|- Maior participação e conquista de mercados no plano internacional<br />- Especialização e racionalização da mão de obra<br />- Tecnologia moderna, diminuição de custos e aumento de produtividade<br /> - Expansão do mercado interno<br /> - Crédito, financiamento e investimento<br />- Incentivos fiscais e desenvolvimento regional<br />- Política tributária e antiinflacionária e seus reflexos na Empresa<br />- Mercado de capitais e desenvolvimento da Empresa<br />- Setor rural, fator de equilíbrio na economia.<ref>Programa Preliminar e Encartes da III Conferência Nacional das Classes Produtoras (CONCLAP). Arquivo da Associação de Bancos no Estado do Rio de Janeiro.Disponível virtualmente em:<https://aberj.com.br/biblioteca/book?id-book=7333031f3a1b2d8417577a06a2129dc0></ref>|}}
 
[[File:1972 III CONCLAP (2).png|thumb|Resumo da conferência de abertura da III Conferência Nacional das Classes Produtoras, ocorrida entre os dias 20 e 25 de março de 1972. Rio de Janeiro, Estado da Guanabara.|236x236px]]
 
== Diretoria ==