Criacionismo: diferenças entre revisões

O '''criacionismo''' em um sentido amplo é a [[crença religiosa|crença]]<ref>''Evolution Vs. Creationism'', [[Eugenie Scott]], Niles Eldredge, p. 114</ref> de que a [[humanidade]], a [[vida]], a [[Terra]] e/ou o [[universo]] são a criação de um agente [[sobrenatural]]. No entanto, seu uso moderno é restrito à rejeição da [[evolução]] biológica, por motivação [[Religião|religiosa]].<ref name=NCSEcreationism>{{citar web|url=http://ncse.com/creationism |título=NCSE : National Center for Science Education - Defending the Teaching of Evolution in Public Schools. |data= 2008 |publicado=Creationism |acessodata=22/06/2009}}</ref> O uso mais comum deste termo se refere a um movimento de [[negacionismo]] da ciência, não devendo ser utilizado como sinônimo de religiosidade. Esta distinção é importante, pois uma enorme parcela da população religiosa consegue conciliar sua fé com a ciência.<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/813854733|título=Finding Darwin's God : a scientist's search for common ground between God and evolution|ultimo=Miller|primeiro=Kenneth R.|data=2007|editora=Perennial|local=New York|oclc=813854733}}</ref> Diversos papas da [[Igreja Católica]] já emitiram declarações de que a [[fé]] religiosa não implica na negação da evolução.<ref>{{Citar web |ultimo=Matyszczyk |primeiro=Chris |url=https://www.cnet.com/news/pope-says-evolution-doesnt-mean-theres-no-god/ |titulo=Pope says evolution doesn't mean there's no God |acessodata=2021-03-18 |website=CNET |lingua=en}}</ref> Desde o [[História do pensamento evolutivo|desenvolvimento da ciência evolutiva]] a partir do século XVIII, vários pontos de vista criados tiveram como objetivo conciliar a ciência com a [[Gênesis|narrativa de criação do Gênesis]].<ref name="urlThe ‘Ordinary’ View of Creation">{{citar web|url=http://www.counterbalance.net/history/ordcreat-frame.html |título=The ‘Ordinary’ View of Creation |autor=Ronald L. Numbers |autorlink=:en:Ronald L. Numbers |editora=Counterbalance Meta-Library |citação= |acessodata=11/08/2010}}</ref> Nessa época, aqueles que mantinham a opinião de que as [[espécie]]s tinham sido criadas separadamente eram geralmente chamados de "defensores da criação", mas eram ocasionalmente chamados "criacionistas" em correspondências privadas entre [[Charles Darwin]] e seus amigos. jamal

Desde os anos 1920, o criacionismo, nos Estados Unidos, foi estabelecido em nítido contraste com as teorias científicas, como a da [[evolução]],<ref name = "Giberson_Scopes">For example, the [[Scopes Trial]] of 1925 brought creationism and evolution into the adversarial environment of the American justice system. The trial was well-publicized, and served as a catalyst for the wider creation–evolution controversy; Giberson & Yerxa (2002), pp. 3-4.</ref><ref name = "Gould_Moran">Evolution's status as a "theory" has played a prominent role in the creation–evolution controversy. In scientific terminology, "theories are structures of ideas that explain and interpret facts". It is understood, therefore, that "evolution is a fact and a theory". In contrast, when strict creationists refer to evolution as a theory, they often mean to characterize evolution as an "imperfect fact", drawing upon the [[vernacular]] conception of "theory" as "part of a hierarchy of confidence running downhill from fact to theory to hypothesis to guess"; [[Stephen Jay Gould|Gould SJ]] (May 1981). [http://www.stephenjaygould.org/library/gould_fact-and-theory.html ''Evolution as fact and theory'']. Visitado em 12 de abril de 2010; Moran L (2002). [http://www.talkorigins.org/faqs/evolution-fact.html ''Evolution is a fact and a theory'']. Visitado em 12 de abril de 2010. Original work published 1993.</ref> que decorrem a partir de observações [[Naturalismo (filosofia)|naturalistas]] do [[Universo]] e da [[vida]]. Criacionistas<ref name = "Campbell_2006">Campbell D (2006, 21 February). [http://www.guardian.co.uk/world/2006/feb/21/religion.highereducation "Academics fight rise of creationism at universities"]. ''[[The Guardian]]''. Visitado em 7 de abril de 2010.</ref> acreditam que a [[evolução]] não pode explicar adequadamente a [[História da vida|história]], a [[Biodiversidade|diversidade]] e a [[complexidade]] da vida na Terra.<ref name = "crossref1">For the biological understanding of complexity, see ''[[Evolution of complexity]]''. For a creationist perspective, see ''[[Irreducible complexity]]''.</ref> Criacionistas conservadores das religiões [[Judaísmo|judaica]] e [[Cristianismo|cristã]] geralmente baseiam as suas crenças em uma leitura literal do [[Gênesis#A história da criação|mito da criação do Gênesis]].<ref name = "Campbell_2006"/><ref name=TopicIndex>{{citar web |url=http://www.counterbalance.net/history/intro-frame.html |título=Creationism History: Topic Index |autor=Ronald L. Numbers |autorlink=:en:Ronald L. Numbers |editora=Counterbalance Meta-Library |acessodata=22/06/2009}}</ref> No entanto, outras [[Principais grupos religiosos|grandes religiões]] têm mitos criacionistas diferentes,<ref>{{citar periódico | sobrenome= Dundes | nome= Alan |data=inverno de 1997 | título= Binary Opposition in Myth: The Propp/Levi-Strauss Debate in Retrospect | jornal = Western Folklore |número= 56 | páginas= 39–50}}</ref><ref>{{citar livro | sobrenome= Dundes | nome= Alan | ano= 1984 | título= Introduction. Sacred Narrative: Readings in the Theory of Myth. Ed. Alan Dunes. | editora = University of California Press}}</ref><ref>{{citar livro | sobrenome= Dundes | nome= Alan | ano= 1996 | título= "Madness in Method Plus a Plea for Projective Inversion in Myth". Myth and Method. Ed. Laurie Patton and Wendy Doniger. | editora = Charlottesville: University of Virginia Press }}</ref> enquanto que os vários indivíduos religiosos variam em sua aceitação das descobertas científicas. Por exemplo, [[Papa Francisco]], o líder mundial dos [[católicos romanos]], afirmou que o [[evolucionismo]] e a teoria do [[Big Bang]] são linhas de pensamento corretas e que não entram em conflito com o catolicismo.<ref name="Francisco"/> Além disso, os chamados [[Evolucionismo teísta|criacionistas evolucionários]] possuem diferentes conceitos de criação e aceitam a idade da Terra e a evolução biológica conforme descrito pela comunidade científica.<ref name = "Corey">See, e.g., Corey MA (1993). "Making sense of the 'coincidences'". In MA Corey, [http://books.google.com/books?id=M8wYPYrKnHgC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false ''God and the new cosmology: The anthropic design argument''] (pp. 157-174). Lanham, MD: Rowman & Littlefield.</ref>

A ciência é um sistema de conhecimento baseado na observação, evidências empíricas testáveis e em explicações dos fenômenos naturais. Por outro lado, o criacionismo é baseado em interpretações literais de [[narrativa]]s de determinados textos religiosos. Algumas crenças criacionistas envolvem supostas forças que se encontram fora da [[natureza]], tais como a intervenção [[sobrenatural]], e estas não podem ser confirmadas ou refutadas por cientistas.<ref name=SEaC>{{citar livro|autor=Committee on Revising Science and Creationism: A View from the National Academy of Sciences, National Academy of Sciences and Institute of Medicine of the National Academies |autorlink=United States National Academies |editor= |others= |título=Science, Evolution, and Creationism |edição=free pdf download |editora=[[National Academies Press]] |local=Washington, D.C. |ano=2008 |anooriginal= | páginas=10–12 |citação=In science, explanations must be based on naturally occurring phenomena. Natural causes are, in principle, reproducible and therefore can be checked independently by others. If explanations are based on purported forces that are outside of nature, scientists have no way of either confirming or disproving those explanations. |isbn=0-309-10586-2 |oclc= |doi= |url=http://www.nap.edu/catalog/11876.html |acessodata=27/10/2008}}</ref> No entanto, muitas crenças criacionistas podem ser enquadradas como previsões testáveis sobre fenômenos como a [[idade da Terra]], [[Escala de tempo geológico|sua história geológica]] e [[Abiogênese|origens]], e [[Biogeografia|distribuição]] e [[Filogenia|relações]] dos organismos vivos encontrados nela. A [[Lista de protociências|ciência do início]] incorporou elementos dessas crenças, mas, como a ciência se desenvolveu, essas crenças foram sendo provadas como falsas e foram substituídas por entendimentos com base em evidências acumuladas e reprodutíveis.<ref>{{citar web|url=http://www.talkorigins.org/indexcc/index.html |título=An Index to Creationist Claims |publicado= |acessodata=12/08/2008}}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.biologi.kva.se/arkiv/FutuymaCh22final.pdf |título=Evolutionary Science, Creationism, and Society |formato=PDF |publicado="Evolution" (2005) |sobrenome=Futuyma |nome=Douglas J. |acessodata=12/08/2008 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090325053013/http://www.biologi.kva.se/arkiv/FutuymaCh22final.pdf |arquivodata=2009-03-25 |urlmorta=yes }}</ref> Alguns cientistas, como [[Stephen Jay Gould]],<ref name="RoA">Gould, S. J. (2002). ''[[Rocks of Ages|Rocks of Ages: Science and Religion in the Fullness of Life]]''. New York: Ballantine Books.</ref> consideram a ciência e a religião como dois campos compatíveis e complementares, sendo autoridades em áreas distintas da experiência humana, os chamados magistérios não-sobrepostos.<ref>{{citar periódico|nome = Stephen Jay|sobrenome = Gould|ano = 1997|url = http://www.stephenjaygould.org/library/gould_noma.html|título = Nonoverlapping Magisteria|jornal = Natural History|volume = 106| páginas = 16–22|número = 3|ref = harv}}</ref> Esta visão é também apoiada por muitos [[teólogo]]s, que acreditam que as origens e o [[Sentido da vida|significado da vida]] são temas abordados pela religião, mas são a favor das explicações científicas dos fenômenos naturais sobre as crenças criacionistas. Outros cientistas, como [[Richard Dawkins]],<ref>{{citar livro|título=The God Delusion |sobrenome=Dawkins |nome=Richard |ano=2006 |editora=Transworld Publishers |isbn=0-5930-5548-9 |local= |página=5 }}</ref> rejeitam que os magistérios não se sobrepõem e argumentam que, refutando a interpretação literal dos criacionistas, o [[método científico]] também prejudica os textos religiosos como uma fonte de verdade. Independentemente da diversidade de pontos de vista, uma vez que as crenças criacionistas não são suportadas pela evidência empírica, o [[consenso científico]] é de que qualquer tentativa de ensinar o criacionismo como ciência deve ser rejeitada.<ref>{{citar notícia| título =Royal Society statement on evolution, creationism and intelligent design | editora =The Royal Society | data =2006-04-11 | url =http://www.royalsoc.ac.uk/news.asp?year=&id=4298 | acessodata =23/04/2007}}</ref><ref>{{citar notícia| título = 10 Significant Court Decisions Regarding Evolution/Creationism | editora =[[National Center for Science Education]] |sobrenome= Matsumura |nome=Molleen |autor2=Mead, Louise | data =31/07/2007 | url = http://ncse.com/taking-action/ten-major-court-cases-evolution-creationism | acessodata =2008-11-04}}</ref><ref>{{citar periódico | título = Ann Coulter: No Evidence for Evolution? | editora = ScienceBlogs | jornal = Pharyngula | sobrenome = Myers | nome = PZ | data = 15/02/2006 | url = http://scienceblogs.com/pharyngula/2006/06/ann_coulter_no_evidence_for_ev.php | acessodata = 12/09/2007 | ref = harv | arquivourl = https://web.archive.org/web/20060622031856/http://scienceblogs.com/pharyngula/2006/06/ann_coulter_no_evidence_for_ev.php | arquivodata = 2006-06-22 | urlmorta = yes }}</ref>