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#REDIRECIONAMENTO [[Ficheiro:Logo LevantePopularDaJuventude.png|miniaturadaimagem|Logo doConsulta Popular#Levante Popular da Juventude]]
O Levante Popular da Juventude é uma organização de jovens militantes voltada para a luta de massas em busca da transformação estrutural da sociedade brasileira. O movimento se afirma a juventude do Projeto Popular, e se propõe a ser o fermento na massa de jovens do país. <ref>https://levante.org.br/quem-somos/</ref>
 
No contexto de instalação da [[Comissão Nacional da Verdade]] e do aniversário do [[Golpe de 1964]], alguns dos primeiros atos do movimento foram a organização de escrachos públicos contra antigos torturadores atuantes durante o regime militar, notadamente Dulene Aleixo Garcez dos Santos, Aparecido Laertes Calandra<ref>http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-04/grupo-faz-escracho-em-sp-contra-capitao-acusado-de-crimes-na-ditadura</ref> e [[Carlos Brilhante Ustra]]<ref>http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,grupo-faz-escracho-em-frente-a-casa-do-coronel-ustra-em-brasilia,1147498</ref>. Também sofreram escrachos do grupo o médico legista [[Harry Shibata]]<ref>http://www.viomundo.com.br/denuncias/medico-harry-shibata-e-alvo-de-escracho-em-sp.html</ref>, os então deputados federais [[Jair Bolsonaro]], [[André Moura]] e [[Eduardo Cunha]], e o então presidente [[Michel Temer]]<ref>http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2016/04/escrachando-os-golpistas-de-ontem-e-hoje-levante-popular-faz-a-defesa-da-democracia-3271.html</ref>.
 
Ao longo de sua trajetória, o Levante se notabilizou nacionalmente por resgatar os escrachos como forma de luta<ref>http://www.ihu.unisinos.br/noticias/507900-movimento-levante-popular-da-juventude-realiza-atos-em-todo-o-brasil-contra-torturadores-da-ditadura</ref>, bem como pela ênfase nas técnicas de agitação e propaganda (como as batucadas, as músicas e as performances nos atos, etc.), contribuindo para a construção de uma cultura de manifestação política que até então fugia à tradição brasileira. 
 
== <big>'''História'''</big> ==
'''Antecedentes (2000–2006)'''
 
Desde o final dos anos 90, os movimentos populares hoje ligados à [[Via Campesina]] ([[MST]], [[Movimento de Mulheres Camponesas]], MAM, dentre outros) percebiam a necessidade de fortalecer o processo de organização da juventude dentro dos seus próprios movimentos, na perspectiva da formação de uma nova geração de militantes. Ao longo dos anos 2000, em diversos estados esse campo político desenvolve experiências de organização da juventude.
 
'''A fundação – Rio Grande do Sul (2006)'''
 
No dia 7 de fevereiro de 2006 completava-se 250 anos da morte do líder Guarani [[Sepé Tiaraju]], símbolo da resistência indígena ao processo colonização europeia no Rio Grande do Sul. Rendendo homenagens a esta data a Via Campesina organiza um grande encontro na cidade de São Gabriel, onde Sepé havia morrido em combate. Neste evento se reuniram centenas de indígenas de diferentes etnias, quilombolas e camponeses dos movimentos da Via Campesina. Aproveitando esta oportunidade, este conjunto de movimentos desafiou-se a construir um grande acampamento de jovens, paralelo as demais atividades.
 
O acampamento conseguiu reunir em torno de 700 jovens de todo estado. A maior parte dos participantes eram os jovens ligados aos movimentos da Via Campesina. Havia também uma parcela considerável dos jovens da base do [[Movimento de Trabalhadores por Direitos, bem como estudantes universitários.  As três frentes de atuação, territorial, camponesa e estudantil, que caracterizam o movimento, já estavam presentes desde o marco inicial da organização.
 
Além de fundar o movimento o Acampamento elege como reivindicação prioritária a democratização do acesso à universidade, partindo da compreensão de que a luta pela construção de uma Universidade Pública e Popular passaria necessariamente por alterar a composição social do ambiente universitário a partir das cotas sociais e raciais. Deste modo, o Levante em junho de 2006, impulsiona a luta por cotas nas universidades no Rio Grande do Sul, ocupando a reitoria da [[UFRGS]], durante um dia, com centenas de jovens de escolas públicas, camponeses e universitários.
 
'''Acampamento da Juventude do Campo e da Cidade (2006–2008)'''
 
Este campo dos movimentos populares desenvolveu outras experiências de organização de juventude paralelas a este iniciativa do estado do Rio Grande do Sul. Os trabalhos com as Executivas de curso e com os Estágios Interdisciplinares de Vivência (EIVs) forjaram uma militância referenciada nos movimentos camponeses e no Projeto Popular.
 
Foi desenvolvido um Programa de Formação Política da Juventude do Campo e da Cidade em mais de 15 capitais do Brasil entre os anos de 2006 e 2008, realizado em etapas numa parceria entre a juventude da Via Campesina e os coletivos urbanos locais que atuavam a partir do teatro, da dança, do hip hop, do funk, da literatura, do maracatu, da cultura e dos mais diversos temas que envolvem a juventude. Esse processo culminou no Acampamento Nacional da Juventude Campo e Cidade no ano de 2008, envolvendo mais de mil jovens. Contudo, não se constituiu nenhuma ferramenta de organização após este processo.
 
'''A Nacionalização e o I Acampamento Nacional (2011–2012)'''
 
Na medida em que estas iniciativas iam encontrando dificuldade de se consolidar, a experiência do Levante no Rio Grande do Sul passou a inspirar os militantes desse campo político nos demais estados. Os militantes gaúchos foram chamados em vários estados para socializar esta experiência, de modo que este campo foi assumindo gradativamente a identidade do Levante. Estabelece-se então a necessidade de criar um marco para a nacionalização do movimento.
 
O Acampamento Nacional do Levante Popular da Juventude seria ao mesmo tempo o marco e a meta-síntese impulsionadora do processo de nacionalização. Durante mais de 1 ano os estados se preparam para criar as condições de chegar ao Rio Grande do Sul, estado que simbolizava esse processo de construção. Em Fevereiro de 2012 aproximadamente 1000 jovens de 15 estados se reúnem na cidade de Santa Cruz do Sul. Neste acampamento afirma-se a construção do Levante como uma organização Nacional e se produz a Carta compromisso, delineando os princípios fundamentais desta organização.  
 
Dois meses após a sua fundação, o Levante constitui a sua ação de maior projeção até então. Em abril de 2012, simultaneamente em 7 estados o movimento promove uma onda de escrachos aos torturadores da Ditadura, denunciando a impunidade e recolocando na ordem do dia a luta por Memória, Verdade e Justiça. Um mês após, a então ameaçada Comissão Nacional da Verdade é instalada, e inicia seus trabalhos<ref>https://www.worldcat.org/oclc/1012506427</ref>.
 
'''II Acampamento Nacional (2014)'''
 
Após a constituição do movimento em diversos estados do Brasil, o Levante realiza seu 2º Acampamento Nacional em 2014 na cidade de Cotia, no estado de São Paulo<ref>https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2014-04/levante-popular-da-juventude-faz-acampamento-com-3-mil-militantes-em-sao</ref>. Ao todo participaram três mil jovens de 25 estados do país e convidados de movimentos populares dos países Venezuela, Cuba, Argentina e Uruguai. Nesse momento, o objetivo do encontro era refletir sobre a consolidação do movimento a nível nacional, construindo a estrutura organizativa do movimento.
 
Além da organização do movimento, durante cinco dias os integrantes do Levante também debateram sobre a situação do país e a necessidade de Plebiscito Popular pela Reforma do Sistema Político. Ao término do acampamento, os jovens protestaram na Avenida Paulista na cidade de São Paulo exigindo o fim do financiamento privado de campanhas<ref>https://revistaforum.com.br/noticias/levante-popular-da-juventude-reune-cerca-de-3-mil-jovens-e-protesta-por-reforma-politica/</ref>.
 
'''III Acampamento Nacional (2016)'''
 
Em 2016, o movimento passa pelo seu terceiro grande marco. O III Acampamento nacional ocorreu em Belo Horizonte (MG) no estádio do Mineirinho. Dessa vez, sete mil jovens de todos os estados brasileiros se reuniram durante intensos cinco dias de oficinas e debates<ref>https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Levante-Popular-da-Juventude-esperanca-no-futuro-do-Brasil/4/36823</ref>. O acampamento, realizado logo após o golpe contra a presidente Dilma Rousseff, representou a força e o enraizamento da organização, que agora já estava presente nas principais periferias e universidades do Brasil. No Acampamento, estiveram presentes personalidades como o ex-presidente Lula, Eddie Conway dos [[Panteras negras]] e a atriz Letícia Sabatella.
 
No encontro, os jovens presentes se comprometeram, sobretudo, com a luta em defesa da democracia e a construção da [[Frente Brasil Popular (2015)]], articulação das principais organizações de esquerda do país.
 
== '''Prêmios''' ==
Na 18ª edição do [[Prêmio Direitos Humanos]] 2012, o movimento recebeu menção honrosa das mãos da então presidente Dilma Rousseff<ref>https://www.sul21.com.br/noticias/2012/12/levante-popular-da-juventude-recebe-mencao-em-premio-de-direitos-humanos/</ref>. O prêmio foi um reconhecimento pela ação do Levante dos escrachos aos torturadores da ditadura militar no Brasil. A indicação ao prêmio foi uma iniciativa de Maria Amélia Teles, Fábio Konder Comparato, Perly Cipriano, Paulo Henrique Amorim, Fernando Morais e João Pedro Stédile.
 
Em 2019, o Levante foi vencedor do Prêmio Fotográfico “Combater os Retrocessos: Existir e Resistir à Retirada de Direitos”. O concurso foi promovido pelo Fundo Brasil para incentivar o uso da fotografia na luta pela defesa de direitos. A imagem “O Silêncio da Terra”, do fotógrafo Matheus Alves, recebeu o maior número de menções em votação popular. Mostra Anna Terra Yawalapiti, liderança indígena do Xingu, pedindo o fim da repressão policial durante manifestação do Acampamento Terra Livre, em Brasília (DF)<ref>https://www.fundobrasil.org.br/imagem-de-lideranca-indigena-do-xingu-vence-concurso-do-fundo-brasil/</ref>.
 
== '''Atuação na UNE''' ==
O Levante constrói a [[União Nacional dos Estudantes]]. No Congresso da UNE de 2015, assumiu a Secretaria Geral da entidade, quando defendeu a tese “É pra mudar a UNE: reverter os cortes na educação e construir a reforma universitária popular”. Já no Congresso da UNE de 2017, assumiu a vice-presidência da entidade, com Jessy Dayane<ref>https://une.org.br/noticias/da-luta-pelo-passe-livre-a-vice-presidencia-da-une-conheca-jessy-dayane/</ref>, posição mantida no Congresso da UNE de 2019, por Élida Elena<ref>https://www.brasildefatopb.com.br/2019/07/17/elida-elena-estudante-de-historia-da-ufpb-e-a-nova-vice-presidenta-da-une</ref>, e no Congresso Extraordinário da UNE de 2021, por Julia Aguiar, atual vice-presidenta da UNE até o Congresso de julho de 2023.
 
== Referências ==