Civilização Minoica: diferenças entre revisões

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A '''Civilização Minoica''' surgiu durante a [[Civilização egeia|Idade do Bronze Grega]] em [[Creta]], a maior ilha do [[mar Egeu]], e floresceu aproximadamente entre o {{séc|XXX}} e {{AC|XV|n}}<ref name=oxf1 /> Foi redescoberta no começo do {{séc|XX}} durante as expedições [[Arqueologia|arqueológicas]] do britânico [[Arthur Evans]]. O historiador [[Will Durant]] refere-se à civilização como "o primeiro elo da cadeia europeia".{{sfn|Durant|1939|p=11}} Os primeiros habitantes de Creta remontam a pelo menos {{AC|128000|n}}, durante o [[Idade da Pedra da Grécia|Paleolítico Médio]].<ref name=nyt1 /><ref name=wired1 /> No entanto, os primeiros sinais de práticas agrícolas não surgiram antes de {{AC|5000|n}}, caracterizando então o começo da civilização. Com a introdução do [[cobre]] em torno de {{AC|2700|n}} foi possível o início da manufatura de bronze.{{sfn|name=Roebuck101|Roebuck|1966|p=101}} A partir deste marco a civilização desenvolveu-se gradativamente pelos séculos seguintes, irradiando sua cultura para boa parte dos povos do Mediterrâneo Oriental. Sua história apresentou períodos de conturbação interna, possivelmente causados por desastres naturais, que culminaram na destruição da maior parte de seus centros urbanos. Por volta de {{AC|1400|n}}, enfraquecidos internamente, os minoicos foram totalmente assimilados pelos habitantes do continente grego, os [[Civilização Micênica|micênicos]], que repovoaram alguns dos principais assentamentos na ilha e fizeram com que esta prosperasse por mais alguns séculos.<ref name=Ant153 /><ref name=BowB />
 
Com uma economia baseada principalmente no comércio externo, a Civilização Minoica moldou todos os aspectos que a caracterizam de modo a atender a demanda do mercado externo. Por [[Creta]] ser pobre em jazidas principalmente de metais, os minoicos produziram excedentes agrícolas e de produtos manufaturados que venderam para obter metais do [[Chipre]], [[Antigo Egito|Egito]] e [[Civilização Cicládica|Cíclades]].<ref name=Detorakis10 /> Para facilitar tais trocas comerciais os minoicos desenvolveram um completo sistema de pesos e medidas que utilizava lingotes de cobre e discos de [[ouro]] e [[prata]] com pesos pré-determinados.<ref name=fhwAch /> A arte minoica foi extremamente fértil e engloba elementos adquiridos com os contatos com povos estrangeiros, assim como elementos autóctones. Havia produções utilizando barro (cerâmica), pedras semi-preciosassemipreciosas (arte lítica) e metais. Em todos os casos os artefatos produzidos apresentam gradativa evolução à medida que a civilização ia especializando-se. Os motivos artísticos incorporados nestas produções, assim como nos afrescos, em suma valorizam cenas que representem a natureza e/ou elementos da mesma (animais, plantas), procissões e/ou rituais religiosos, seres mitológicos, etc.<ref name=apa14 /> A religião minoica era matriarcal.{{sfn|name=Castleden|Castleden|1990}}{{sfn|name=Goodison|Goodison|1998}}{{sfn|name=Marinatos|Marinatos|1993}} Diferente dos micênicos, os minoicos tinham santuários em locais naturais (fontes, cavernas, elevações) ou nos palácios onde havia diversos espaços dedicados a práticas cultuais.{{sfn|name=Burkert24|Burkert|1985|p=24}}{{sfn|name=Kerenyi18|Kerenyi|1976|p=18}} Os minoicos desenvolveram inicialmente um [[Hieróglifos minoicos|sistema de escrita hieroglífico]], possivelmente originado dos [[Antigo Egito|hieróglifos egípcios]],{{sfn|name=Willets92|Willets|1958|p=92}}<ref name=Bengtson8 /> que evoluiu para a escrita [[Linear A]], que por sua vez evoluiu para a [[Linear B]], que foi incorporada pelos micênicos para escrever sua forma arcaica de grego.<ref name=Vass117 />
 
== Visão geral ==
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A ala ocidental de Festo (parte do primeiro palácio) é rodeada por uma série de pátios pavimentados que foram adentrados por duas entradas principais e cinco menores. Em Festo, Cnossos e Mália encontraram-se poços circulares conhecidos como ''[[kouloura]]i'' (singular: ''kouloura'') que provavelmente funcionavam como silos; em Cato Zacro há [[cisterna]]s, [[dreno]]s e uma fonte.<ref name=ancgr1 /> Os armazéns de Mália dispunham seus pitos em áreas elevadas no chão, pois no centro dos armazéns há canais que terminavam em buracos que eram usados para recolher tudo que derramasse dos vasos.<ref name=apa10 /> Não há consenso quanto à função do edifício conhecido como [[cripta]] hipostila, onde foram identificadas criptas pilares{{Nota de rodapé|grupo=nt|nome=criptapil|O termo "cripta pilar" aplica-se a salas subterrâneas em casas ou palácios que contêm um ou dois pilares de pedra. Foram identificados em algumas criptas pilares alguns símbolos sagrados o que levou a Evans supor que alguns deles serviam como áreas para culto ou santuários.{{sfn|Darvill|2008|loc=«pillar crypt»}}}} e uma bacia lustral.{{Nota de rodapé|grupo=nt|nome=bacialust|O termo "bacial lustral" aplica-se a salas afundadas que, segundo Evans, eram utilizadas para a purificação ritual{{sfn|name=lbas|Darvill|2008|loc=«lustral basin»}}}}<ref name=Malia2 />
 
A oeste do palácio de Mália há um complexo arquitetônico composto por três edifícios, onde a do meio (conhecida como "[[Quarteirão|Quadra]] Mu", {{langx|fr|''Quartier Mu''}}) é o mais proeminente. Ocupando uma área de 450&nbsp;m², possui cerca de 30 quartos térreos, um santuário com uma lareira retangular, quatro depósitos com sistemas de drenagem, uma sala pavimentada, uma bacia lustral, um poço de luz,{{NotaNT|Poços de luz são eixos dentro de um edifício que está aberto para o exterior na parte superior para admitir luz durante o dia e ar fresco durante a noite.{{sfn|Darvill|2008|loc=«light well»}}}} e duas escadas para andares superiores; a disposição dos aposentos ilustra certa estratificação social. Do lado oposto da rua estão localizadas três oficinas contemporâneas que possivelmente eram de empregados de Quadra Mu. Os hipogeus do pré-palaciano, agora erigidos fora das dependências palacianas, geralmente localizam-se em pátios públicos que separam o palácio da cidade circundante. São semi-subterrâneossemissubterrâneos e não há consenso quando à sua função, tendo sido considerados como armazéns, apesar de, segundo investigações recentes, possivelmente funcionaram como depósitos de água, ou latrinas de detritos.<ref name=apa10 />
 
Neste período, as mudanças sentidas na sociedade como um todo, influíram diretamente no tratamento dos minoicos com seus mortos. Os tolos continuaram a ser erigidos, mas em menor número; um tolo de [[Archanes]] possui um [[dromo (arquitetura)|dromo]] (corredor de entrada), uma característica dos tolos micênicos. Um novo tipo de sepultura, os túmulos com câmara, surgem neste período. São compostos por passagens horizontais com inclinação para baixo, o dromo e o estômio (porta de entrada menor que o corredor) que se abre para uma câmara retangular ou arredondada. Nesta fase os pilos tornam-se mais comuns, sendo depositados em covas simples, isolados ou em grupos, em cavernas, em tolos, em ossários retangulares ou em túmulos de câmara. Os lárnaques tornam-se menores e mais profundos quando elípticos; há os primeiros exemplos de formas retangulares sem pernas assim como formas pintadas.<ref name=apa10 />