História da Bélgica: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m
Laparisco (discussão | contribs)
m
Linha 1:
{{Mais notas|Este artigo|hit-eu|data=dezembro de 2021}}
{{Links ambíguos}}
A '''história da Bélgica''' remonta de antes da origem do moderno Estado com esse nome em [[1830]] e confunde-se com a de seus vizinhos: [[Países Baixos]], [[Alemanha]], [[França]] e [[Luxemburgo]]. Durante a maior parte de sua história, o que corresponde atualmente a Bélgica ou foi parte de um território maior, como o [[Império Carolíngio]], ou foi dividido em vários estados menores proeminentes, entre os quais o [[Ducado de Brabante]], o [[Condado da Flandres]], o [[Principado-Bispado de Liège]] e Luxemburgo. Devido à sua localização estratégica e os muitos exércitos que lutaram em seu território, a Bélgica desde a [[Guerra dos Trinta Anos]] (1618-16481618–1648) é frequentemente chamada de "campo de batalha da Europa" ou a "cabine da Europa".<ref>{{citar livro|autor=Bindeshwar Patak| url=http://books.google.be/books?id=MPMkaHfHLRgC&pg=PA565&dq=%22battlefield+of+Europe%22+%22cockpit+of+europe%22&hl=en&sa=X&ei=MhLEUerPAaGw0QX5zIGABg&ved=0CDUQ6AEwAA#v=onepage&q=%22battlefield%20of%20Europe%22%20%22cockpit%20of%20europe%22&f=false | título=Glimpses of Europe: A Crucible of Winning Ideas, Great Civilizations and Bloodiest Wars|ano=2010|editora=Gyan Publishing House|página=565|isbn=9788178358314}}</ref> É também notável como uma nação europeia, que contém, e está dividida por uma fronteira linguística entre o [[língua francesa|francês]] [[Línguas românicas|derivado do latim]] e o [[Língua neerlandesa|holandês]] [[Línguas germânicas|germânico]].{{TOC}}
 
== Das origens à dominação espanhola ==
Linha 8:
No tempo de [[Júlio César|César]], os belgas formavam na Gália do Norte uma [[confederação]] que os romanos submeteram definitivamente entre os anos 59 e {{AC|52|x}}, estendendo as fronteiras do [[Império Romano]] até as margens do Reno. O território recebeu o nome de ''Belgae'', um dos povos da antiga [[Gália]]. A [[Gália Belga]] abrangia a atual Bélgica, o norte da [[França]], [[Holanda]] e parte da [[Suíça]], tendo importante papel estratégico e econômico na [[Império Romano|Roma imperial]].
 
Devido a sua situação fronteiriça, a Bélgica foi cedo afetada pelas [[invasões bárbaras]]. No {{séc|V}} os [[francos]] ocuparam o [[norte]] do país, enquanto no sul os romanos continuaram predominando, dando origem aos atuais valões. Durante o período carolíngio a Bélgica foi repartida em [[condado]]s. Os francos atingiram o maior poderio durante o reinado de [[Carlos Magno]] (768-814768–814). No {{séc|IX}}, os tratados de [[tratado de Verdun|Verdun]] (843), [[Tratado de Meersen|Meerssen]] e [[Tratado de Ribemont|Ribemont]] dividiram o país em dois: a região a oeste do [[Escalda]] coube à [[Frância Ocidental]] (futura França); a outra à [[Frância Oriental]] (futura [[Lotaríngia]], reanexada ao [[reino da Germânia]] em 925). Essa divisão, tendo o ''[[Escaut]]'' como [[fronteira]], constitui a origem remota da atual divisão lingüística.
 
Encravados entre o reino francês e o [[Sacro Império]], os territórios que hoje formam a Bélgica e os [[Países Baixos]] foram objeto de disputas constantes ao longo da [[Idade Média]]. Quando o [[feudalismo]] triunfou, constituíram-se os condados de [[Condado da Flandres|Flandres]] e de [[Condado de Hainaut|Hainaut]] e o [[ducado de Brabante]]. Principalmente em Flandres, surgiram cidades mercantis livres. A história da Bélgica confunde-se, desde então, com a dos Países Baixos. No final desse período o país viveu um notável florescimento comercial (tecelagens flamengas) e também um desenvolvimento da vida urbana e das formas econômicas [[Capitalismo|capitalistas]] que o transformaram em uma das regiões mais prósperas e povoadas da [[Europa]]. [[Filipe III de Borgonha|Filipe de Borgonha]] libertou o país da [[vassalagem]] ao rei da França no final do {{séc|XIV}}. No {{séc|XV}} tudo o que é hoje a Bélgica tornou-se parte do [[ducado de Borgonha]].
Linha 21:
A decadência econômica da Flandres espanhola foi paralela à da monarquia hispânica. A primazia comercial, que na Idade A.C. pertencera a [[Bruges]], passou no {{séc|XVI}} para [[Antuérpia]]. Não obstante, a intolerância ideológica, as vicissitudes da guerra e a desacertada política econômica de Filipe II, fizeram de [[Amsterdã]], capital das Províncias Unidas, o centro econômico da Europa.
 
Em 1609, [[Filipe III da Espanha|Filipe III]] assinou uma [[Trégua dos 12 anos|trégua de 12 anos]], mas perto do fim, explodiu a [[guerra dos Trinta Anos]] (1618-16481618–1648). Em 1635, forças da Holanda e da França uniram-se para dividir os Países Baixos espanhóis. Uma série de vitórias franco-holandesas forçaram o monarca espanhol a firmar uma paz separada com a Holanda em 1648. O sul (atuais Bélgica e [[Luxemburgo]]), permaneceu sob domínio espanhol. [[Luís XIV de França|Luís XIV]] não quis abandonar suas pretensões para com os Países Baixos holandeses; o [[Tratado dos Pireneus]] de 1659 concedeu-lhe áreas fronteiriças e depois ele mesmo ocupou várias cidades.
 
== Domínio austríaco ==
Linha 31:
[[Imagem:Pays-Bas.PNG|thumb|[[Mapa]] mostrando a [[Bélgica]] e a [[Holanda]] entre 1815 e 1830]]
 
Com [[Francisco I da Áustria|Francisco II]], os austríacos, vencedores da [[revolução brabantina]], viram quase imediatamente a Bélgica ser disputada pelo governo revolucionário da [[França]] (1792-17941792–1794). Em 1792, as tropas da república francesa revolucionária, em guerra com a Áustria, invadiram a Bélgica. Em março do [[1793|ano seguinte]] os austríacos recuperaram o país, mas tiveram que abandoná-lo após nova ofensiva francesa. A Bélgica foi oficialmente anexada à França em 1795. A França fez desaparecer os traços do [[Antigo Regime]], unificou administrativamente o país e deu impulso à sua [[economia]]. O regime instaurado pelos franceses não agradou, mas a Bélgica se expandiu com a conquista de ''[[Liège]]''. As derrotas de [[Napoleão Bonaparte|Napoleão]] permitiram que, em 1814, o país fosse ocupado pelos exércitos aliados que enfrentavam Bonaparte e conseguisse sua autonomia, pela [[Tratado de Paris (1814)|primeira paz de Paris]], a [[30 de maio]] de 1814. No [[1815|ano seguinte]] teve lugar a campanha da Bélgica, na qual Napoleão derrotou em [[Ligny]] as tropas [[Prússia|prussianas]]; em junho de 1815, ocorreu em solo belga a última das [[Guerras Napoleônicas]], a decisiva [[batalha de Waterloo]], onde Napoleão foi derrotado definitivamente pelos exércitos aliados.
 
Pelos acordos de paz do [[congresso de Viena]] (1814-18151814–1815), a Bélgica foi reunida à [[Holanda]] no novo [[Reino dos Países Baixos]], onde foi nomeado rei o holandês [[Guilherme I dos Países Baixos|Guilherme I]], da [[Casa de Orange]]; esta união artificial provocou uma oposição [[Religião|religiosa]], [[cultura]]l e [[linguística]] da parte dos belgas. Os [[católico]]s belgas não queriam um soberano [[protestante]] e exigiam uma autonomia maior.
 
== Criação do Reino da Bélgica ==
[[Imagem:Wappers belgian revolution.jpg|thumb|262x262px|esquerda|Episódio da [[revolução de 1830]] na Bélgica]]
 
A dominação neerlandesa - tentativa de impor o [[língua holandesa|neerlandês]] como língua oficial e a orientação protestante no ensino - provocou uma insurreição em [[Bruxelas]] em 1830. A [[revolução de 1830]] levou à [[independência da Bélgica]], que foi proclamada e aceita na [[Conferência de Londres de 1830|conferência de Londres]] em 1831, onde as grandes potências, lideradas pelo [[Reino Unido]] e pela [[França]], promoveram a neutralidade perpétua do país.
 
Os belgas se constituíram em [[monarquia constitucional]] (1831) e redigiram uma [[constituição]] com um [[poder legislativo]] bicameral, sendo eleito o príncipe [[Leopoldo I da Bélgica|Leopoldo de Saxe-Coburgo-Gota]] (1831-18651831–1865) o primeiro [[rei]] com o título de Leopoldo I. A constituição de 1831 definiu a Bélgica como uma monarquia unitária, em que o rei compartilhava o poder com as duas câmaras legislativas. O [[poder executivo]] cabe ao rei, que o exerce por intermédio de [[ministro]]s e o poder legislativo, coletivamente ao rei, à Câmara de Representantes e ao [[Senado]].
 
[[Imagem:LeopoldIBelgium.jpg|thumb|esquerda|[[Leopoldo I da Bélgica|Leopoldo I de Saxe-Coburgo-Gota]]|262x262px]]
Linha 50:
Durante os reinados de Leopoldo I e [[Leopoldo II da Bélgica|Leopoldo II]], foi considerável o desenvolvimento econômico da Bélgica, apoiado na tradicional indústria têxtil e na recente indústria [[Siderurgia|siderúrgica]], alimentada pelo [[carvão]] da [[Valônia]]. O pequeno reino assumiu a dianteira entre as nações industrializadas da época e seu poder econômico espraiou-se muito além de suas fronteiras. Os partidos católico e liberal disputaram o poder durante decênios
 
No reinado de Leopoldo II (1865-19091865–1909), a Bélgica enfrentou inúmeros conflitos internos por diferenças educacionais, por problemas sociais decorrentes da rápida [[industrialização]] e da falta de um [[idioma]] comum.<ref name="Belgique" /> Entre 1865 e 1909, o país foi atingido pela rivalidade entre a [[França]] e a [[Alemanha]], mas manteve-se neutro durante a [[Guerra Franco-Prussiana]], entre 1870 e 1871.
 
O reinado de [[Alberto I da Bélgica|Alberto I]] (1908-19341908–1934) ficou caracterizado pela agitação social que resultou numa [[greve]] geral em 1913.
 
== Expansão colonial ==
Linha 77:
Apesar dos enormes prejuízos causados pela guerra, a Bélgica alcançou uma notável recuperação. O voto para os homens foi introduzido no país. Pelo [[Tratado de Versalhes]], o estatuto da neutralidade fora abandonado e, em 1920, foi assinada uma aliança militar com a França.<ref name="BBC" /> [[1930|Dez anos mais tarde]], o parlamento belga transformou o país em duas regiões linguísticas com administrações diferentes.<ref name="BBC">{{citar web|url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/1002141.stm|título=Belgium timeline|data=|publicado=BBC News|acessodata=}}</ref>
 
O rei Alberto I foi sucedido por [[Leopoldo III da Bélgica|Leopoldo III]] (1934-19511934–1951). Diante do delicado panorama político europeu, a Bélgica voltou à neutralidade em 1936 e, em 1937, conseguiu que a [[Alemanha]], a [[França]] e o [[Reino Unido]] se comprometessem a garantir sua integridade territorial.
 
== Segunda Guerra Mundial ==
Linha 89:
Com a libertação da Bélgica, por se achar preso [[Leopoldo III da Bélgica|Leopoldo III]], o príncipe [[Carlos de Flandres|Carlos]], seu irmão, assumiu a regência como presidente. A Bélgica ficou politicamente desorganizada por causa do enfrentamento entre o partido Social Cristão ([[católico]]s) e a coligação de [[Liberal|liberais]], [[socialista]]s e [[comunista]]s, e a questão do regresso do rei Leopoldo. Em 1945, o Parlamento concordou em deixar Leopoldo, desprestigiado pela capitulação aos alemães, fora do poder. A Bélgica voltou a recuperar sua anterior posição entre as grandes nações mercantis do mundo. No plano internacional, aderiu à [[ONU]] (1945), ao [[Benelux]] (1948), à [[OTAN]] (1949) e à [[Comunidade Econômica Europeia]] (1958).
 
Em 1950, foi convocado um [[plebiscito]] sobre o retorno do rei Leopoldo. Após obter a resposta afirmativa de 57,6% dos votantes, vários conflitos ocorreram, organizados pela oposição. O rei delegou, então, seus poderes ao príncipe herdeiro [[Balduíno I da Bélgica|Balduíno]] (1930-19931930–1993) e, em 1951, [[abdicação|abdicou]] em seu favor.<ref name="BBC" /> Começou então uma época de grande desenvolvimento econômico no país e em toda a [[Europa]].
 
Dominada politicamente pela luta ou pela colaboração entre os socialistas (PSB) e o partido social-cristão (PSC), a Bélgica, depois da guerra, foi perturbada por três problemas que se esforçou por resolver: escolar, colonial (independência do [[Zaire]], 1960) e linguístico (oposição entre a população nortista de língua flamenga com os valões de língua francesa, do sul).
Linha 106:
Em 1993, com a morte do rei {{lknb|Balduíno|I|da Bélgica}} (que não deixou descendentes), seu irmão [[Alberto II da Bélgica|Alberto]] subiu ao trono com o título de Alberto&nbsp;II. Em 1999, [[Guy Verhofstadt]] tornou-se primeiro-ministro, tendo, em 2003, sido reconduzido às suas funções.
 
A Bélgica foi membro constituinte, em 1952, da [[Comunidade Europeia do Carvão e do Aço]] e contribuiu para a fundação, em 1957, da [[Comunidade Econômica Europeia]] - [[Comunidade Econômica Europeia|C.E.E.]] (hoje [[União Europeia]]). Ratificou o [[Tratado de Maastricht]] sobre a [[União Europeia]] em 1992.
 
{{referências}}