História da humanidade: diferenças entre revisões

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Há cerca de 35 mil anos surgiu a arte paleolítica na Europa.<ref name="artepaleo">Série de colaboradores, ''LE GRAND LIVRE DE L'HISTOIRE DU MONDE-ATLAS HISTORIQUE'' (título original), Hachete (editora original), 1987, ISBN 972-42-0072-8, pág 22</ref> Consistia em pinturas nas paredes das grutas, e pequenas esculturas eram feitas em madeira ou pedra, representado várias vezes símbolos de fertilidade.<ref>{{citar livro|nome = |sobrenome = |título = La Historia del Arte|ano = |isbn = :978-84-8076-765-1|editora = Blume}}</ref>
 
=== Tempo Pré-Histórico ===
 
A passagem do tempo geológico é marcada pela lenta formação das rochas sedimentares. Elas se formaram durante milhões de anos pelo depósito gradual de partículas, como poeira ou areia. A crosta da Terra acumulou grossas camadas destas rochas: as mais antigas no fundo e as mais novas em cima. Em muitos lugares, as camadas foram inclinadas, encurvadas ou rompidas por movimentos geológicos, trazendo velhas rochas para a superfície, e com elas os fósseis. O estudo da vida pré-histórica começa com a identificação das formações rochosas e dos fósseis, e parte desses estudo é determinar sua posição na escala do tempo geológico. Esta escala de tempo divide a história da Terra em três idades. A idade Arqueana (4,6 - 2,5 bilhões de anos atrás) começa com a formação do planeta e inclui (ainda que não se saiba com precisão) a época em que a vida começou, na forma de procariontes (organismos sem núcleo celular). A idade Proterozóica (2,5 bilhões - 550 milhões de anos atrás) é a época em que os eucariontes (organismos com núcleo celular) apareceram. Ela se estende até a época em que as rochas cambrianas são depositadas. No início do Proterozóico, os únicos seres vivos eram as bactérias, mas no final havia plantas e animais multicelulares, que viviam na água. A idade Fanerozóica (550 milhões de anos até o presente) é a época em que os organismos multicelulares dominaram a vida na Terra. O Fanerozóico inclui as eras Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica. As eras são dividas em períodos, que por sua vez são divididos em épocas.
 
=== O Pré-Cambriano ===
 
O Pré-Cambriano engloba sete oitavos da história da Terra. Não foram encontradas rochas sedimentares dos primeiros 800 milhões de anos - aparentemente elas se perderam durante as mudanças geológicas. Na Groenlândia foram encontrados sedimentos de 3,8 bilhões de anos que contêm compostos químicos que indicam a presença de vida. Os primeiros seres vivos são as bactérias, classificadas como procariontes - organismos sem núcleo celular. Parece razoável localizar sua primeira aparição há cerca de 3,9 bilhões de anos, aproximadamente um terço da idade Arqueana (4,6 - 2,5 bilhões de anos). No resto do Arqueano, os procariontes foram a única forma de vida. A próxima etapa da evolução, cerca de 1,5 bilhão de anos atrás, foi o aparecimento dos eucariontes: seres vivos com núcleo celular. Isto ocorreu na metade da idade Proterozóica (2.500 - 550 milhões de anos atrás). Os primeiros eucariontes foram as algas unicelulares. Estas, junto com os protozoários (outra forma de eucariontes unicelulares), constituem o reino dos protistas. Os eucariontes constituem um enorme super-reino com quatro reinos do mundo vivo - protistas, plantas, fungos e animais. As algas multicelulares, as primeiras plantas, apareceram há 1 bilhão de anos. Fósseis de animais pré-cambrianos foram descobertos nos montes Ediacara na Austrália (e depois em outros locais). Não se sabe ao certo se todos esses fósseis são de animais, alguns, como o Mawsonites, são tão estranhos que os especialistas não concordam em como classificá-los.
 
=== A Era Paleozóica ===
 
Foi na Era Paleozóica (550 - 248 milhões de anos atrás) que a vida animal e a vida vegetal floresceram. No início do período Cambriano (550 - 505 milhões de anos atrás), ocorreu um súbito surto de evolução: uma variedade de esponjas, vermes, artrópodes e moluscos surgiu em tempo relativamente curto. Cerca de 100 milhões de anos depois, perto do final do Ordoviciano (505 - 438 milhões de anos atrás), evoluíram os primeiros vertebrados - os peixes agnatas. No período Siluriano (438 - 408 milhões de anos atrás), artrópodes e plantas primitivas colonizaram a terra firme. As primeiras florestas apareceram no Devoniano (408 - 360 milhões de anos atrás). Os primeiros tetrápodes (vertebrados com quatro patas) evoluíram a partir de peixes com nadadeiras lobadas, e deram origem aos anfíbios. No período Carbonífero (360 - 286 milhões de anos atrás), os anfíbios, por sua vez, deram origem aos répteis, e os primeiros insetos apareceram. Durante a era Paleozóica, as posições das massas de terras estavam mudando e, no período Permiano (286 - 248 milhões de anos atrás), elas se uniram e formaram o supercontinente Pangéia. Estas mudanças geográficas tiveram efeitos profundos no clima mundial, e acredita-se que, no Permiano Superior, uma crescente desertificação na Pangéia teria causado uma extinção em massa, evento que levou o Paleozóico ao seu término.
 
=== A Era Mesozóica ===
 
A Era Mesozóica (248 - 65 milhões de anos atrás) começou com as massas de terra reunidas no supercontinente Pangéia. Os climas quentes ou amenos favoreceram a expansão dos répteis de sangue frio, e durante o período Triássico (248 - 208 milhões de anos atrás) vários grupos pioneiros de répteis evoluíram e se extinguiram. Os grupos sobreviventes, como tartarugas, crocodilianos, pterossauros, ictiossauros e dinossauros, surgiram no Triássico Superior. Os mamíferos também apareceram nesse período, mas permaneceram pequenos por cerca de 140 milhões de anos, pois seu desenvolvimento foi restringido pela predação e competição com os répteis. No período Jurássico (208 - 144 milhões de anos atrás), movimentos geológicos causaram a divisão da Pangéia no que seriam os continentes atuais. As plantas com flores se espalharam durante o período Cretáceo (144 - 65 milhões de anos). O final da Era Mesozóica foi marcado pela extinção em massa dos dinossauros, pterossauros, grandes répteis marinhos e muitos outros animais. Uma explicação dessa extinção é sugerida pela imensa cratera formada por um asteróide que caiu no México há 65 milhões de anos. A poeria da explosão teria causado um inverno global, letal para a maioria dos grande animais.
 
=== A Era Cenozóica ===
 
A Era Cenozóica cobre os últimos 65 milhões de anos e consiste em dois períodos: o Terciário (65 - 2 milhões de anos atrás) e o Quaternário (2 milhões de anos atrás até o presente), que são subdivididos em épocas. Após a extinção dos dinossauros e dos grandes répteis marinhos, os mamíferos se difundiram e se multiplicaram, entre eles havia grupos que só existiam na América do Sul (foi uma ilha de 73 a 3 milhões de anos atrás) e na Austrália, que eram, então, continentes isolados. Os primeiros mamíferos eram muito pequenos, e nenhum era maior que um rato antes do Paleoceno (65 - 33 milhões de anos atrás). No Eoceno (53 - 36,5 milhões de anos atrás), baleias e cavalos evoluíram, embora o primeiro cavalo não fosse maior que uma raposa. No Oligoceno (36,5 - 23 milhões de anos atrás), surgiram as pradarias, o que significava novas oportunidades para os animais de pasto e seus predadores. As pradarias continuaram seu avanço durante o Mioceno (23 - 5,3 milhões de anos atrás) e o Plioceno (5,3 - 2 milhões de anos atrás). A primeira época do período Quaternário foi o Pleistoceno (2 milhões - 10.000 anos atrás), quando uma série de fases glaciais atingiram o hemisfério norte. O Holoceno, época em que vivemos hoje, nada mais é que um intervalo quente que prece a próxima fase glacial.
 
=== Plantas com esporos ===
 
[[Imagem:Cooksonia.png|thumb|220px |Reconstituição de uma ''Cooksonia''.]]
 
As algas deram origem às primeiras plantas com esporos durante o período Siluriano (438 - 408 milhões de anos atrás). A maioria das plantas terrestres, com exceção dos musgos e das hepáticas, são plantas vasculares: elas contêm vasos que transportam a seiva, e caules formados de células especialmente rígidas para manterem-se eretos na terra seca. A mais antiga planta vascular conhecida é a Cooksonia, de 422 milhões de anos atrás. Nos 30 milhões de anos que se seguiram, diversas formas novas de plantas terrestres evoluíram, incluindo a Aglaophyton no Devoniano. As cavalinhas, samambaias e licopódios apareceram no período Devoniano (408 - 360 milhões de anos atrás) e são conhecidas como pteridófitas. As pteridófitas aos poucos aumentaram de tamanho, e grandes licopódios e cavalinhas cresceram nos pântanos que formariam os depósitos de carvão do Carbonífero Superior (320 - 286 milhões de anos atrás). Todas as plantas com esporos se reproduzem em gerações alternadas. As plantas de uma geração (esporófitos) produzem esporos que se transformam na geração gametófita, na qual aparecem células sexuais masculinas e femininas (gametas). A célula masculina fertiliza a feminina e dá origem a uma nova geração de esporófitos. Em formas heteroesporadas, como o licopódio Selaginella, o esporófito produz dois tipos de esporos> o esporo masculino (micrósporo) e o esporo feminino (megásporo), que dão origem a diferentes gametófitos. A fertilização então leva ao crescimento de um novo esporófito.
 
=== Gimnospermas ===
 
[[Imagem:FossilFernLeavesPennsylvanianOhio.jpg|thumb|220px |Uma pteridosperma.]]
 
As gimnospermas são plantas que têm sementes mas não têm flores. Em um ciclo de vida típico de uma gimnosperma, o pólen é carregado pelo ar até o óvulo, onde libera o gameta masculino (esperma), que fertiliza o ovo. O gameta masculino pode chegar ao ovo de diversas maneiras: nas cicadáceas, um tubo polínico curto corresponde ao longo tubo polínico das coníferas e plantas com flores. O gameta masculino da cicadácea é móvel (capaz de nadar), podendo, assim, completar sua jornada. As primeiras gimnospermas foram as pteridospermas, que apareceram no período Devoniano (408 - 360 milhões de anos) e se extinguiram na Era Mesozóica. As cicadáceas surgiram no Permiano (286 - 248 milhões de anos atrás) e algumas espécies ainda sobrevivem em regiões tropicais e quentes do mundo. Os gingkos se espalharam por diversas regiões na Era Mesozóica, mas a única espécie sobrevivente cresce (como planta selvagem) somente em uma pequena área da China. O mais extenso registro fóssil de todas as gimnospermas é o das coníferas, seu primeiro registro fóssil é datado do Carbonífero Superior (320 - 286 milhões de anos atrás). As coníferas começaram a se diversificar no Permiano e continuaram no Mesozóico. Embora as plantas com flores as tenham expulsado de muitos de seus hábitats, as coníferas ainda dominar grandes áreas do mundo vegetal atual.
 
=== Plantas com flores ===
 
As plantas com flores (angiospermas) diversificaram-se rapidamente no meio do Cretáceo, cerca de 100 milhões de anos atrás, e tornaram-se o grupo dominante da flora mundial. É difícil definir o que são flores, mas há duas características comuns a quase todas as angiospermas: o óvulo (semente) é enclausurado dentro de um ovário (fruto), e há um processo duplo de fertilização. Dois núcleos de gametas masculinos são levados pelo tubo polínico ao mesmo óvulo: um fertiliza o ovo e o outro fertiliza o material ao redor, que se tornará o suprimento alimentar para a semente. As primeiras famílias de angiospermas eram aparentadas com os atuais louro e magnólia, mas com flores menores e mais simples. Logo depois que a grande diversificação começou, talvez há 95 milhões de anos, ancestrais das aveleiras, rosas e lírios já existiam. A divisão das angiospermas em dicotiledôneas (dois cotilédones) e monocotiledôneas (um cotilédone) teria ocorrido durante o Cretáceo Inferior. As dicotiledôneas são o grupo maior (com 250 famílias existentes). As monocotiledôneas (com 50 famílias existentes) incluem palmeiras, plantas bulbáceas e gramíneas. As gramíneas se espalharam pelo mundo durante o período Terciário (65 - 2 milhões de anos), e, durante o Mioceno (23 - 5,3 milhões de anos atrás), as pradarias de gramíneas foram um dos grandes ecossistemas mundiais.
 
=== Primeiros invertebrados ===
 
A grande explosão evolucionária do período Cambriano (550 - 505 milhões de anos atrás) assistiu a uma vasta diversificação dos invertebrados - animais sem vértebras. Todos eram animais marinhos, e a maioria tinha esqueleto externo para suportar seus corpos vulneráveis e macios. Entre eles estava as esponjas: animais aquáticos e sedentários, com corpo simples em forma de saco, composto de muitas células. Os cnidários, como os corais e as anêmonas-do-mar, eram mais avançados e tinham tentáculos urticantes para levar as presas à boca. Os graptozoários eram um grupo de organismos coloniais vermiformes que viveram do Cambriano ao Carboníferos (550 - 320 milhões de anos atrás). É provável que os cientistas reclassifiquem um grupo vivo semelhante (os pterobrânquios) em graptozoários, e nesse caso eles não serão mais considerados extintos. Uma colônia de graptozoários era constituída de vários indivíduos (zoóides), e cada um construía um tubo protetor (teca). A coluna de tubos resultantes (um rabdossoma) geralmente produzia um fóssil serrilhado. O estranho Hallucigenia, um verme aveludado, foi um dos animais descobertos no xisto de Burgess, no Canadá, com 530 milhões de anos. Ele tinha sete pares de espinhos e sete pares de pernas. Os poliquetos, como a Serpula e a Rotularia, eram anelídeos: vermes constituídos por vários segmentos. Os briozoários são animais delgados cujas colônias são ou achatadas ou estendidas verticalmente e ramificadas como árvores.
 
=== Moluscos e braquiópodes ===
 
Moluscos e braquiópodes são dois grupos de invertebrados marinhos de corpo mole, muitos dos quais com concha, que apareceram no Cambriano Inferior (550 - 530 milhões de anos atrás). Os três grupos de moluscos mais difundidos são: os bivalves, sem cabeça e com uma concha articulada bipartida, os gastrópodes, como os caracóis, com cabeça e um pé de ventosa, e os cefalópodes. Os cefalópodes têm cabeça grande, tentáculos e "propulsão a jato" - habilidade de esguichar água para frente para nadar para trás. Os cefalópodes pré-históricos incluem os amonóides, os nautilóides e os belemnitídeos luliformes, sem concha externa, mas com um suporte interno duro chamado fragmocone. Um quarto grupo de moluscos, os quítons, consiste de pequenos rastejadores marinhos semelhantes ao tatuzinho, com conchas achatadas dispostas em placas sobrepostas. Os braquiópodes eram abundantes no Paleozóico, mas poucas espécies sobrevivem hoje. Eles se assemelham a moluscos bivalves, mas suas valvas pares não são idênticas em tamanho nem curvatura. Os braquiópodes vivem no leito marinho, onde ancoram por meio de hastes carnosas. A haste passa através de um buraco de uma projeção conhecida como umbo, localizada na articulação terminal da valva maior.
 
=== Equinodermos e artrópodes ===
 
Os equinodermos e os artrópodes são dois grupos antigos de invertebrados marinhos resistentes que desenvolveram exoesqueletos duros como proteção contra predadores. Ambos apareceram durante o Pré-Cambriano (mais de 550 milhões de anos atrás). Os equinodermos têm o corpo configurado em cinco partes radiais ao redor de uma boca central. Alguns deles, por exemplo, os ouriços-do-mar e as estrelas-do-mar, movem-se lentamente sobre pés ambulacrários (tubos finos portadores de ventosas). Os crinóides compreendem os comatulídeos (nadadores) e os lírios-do-mar (fixos), que possuem braços que brotam de um tronco fixo. Os braços são emplumados e têm pínulas (pequenos ramos laterais). Algumas pínulas contêm órgãos reprodutores, e todas são equipadas com cílios (estruturas capilares de alimentação). Os cílios coletam o alimento e levam-no por um sulco até a boca. Os carpóides são equinodermos primitivos que se extinguiram no Devoniano, 400 milhões de anos atrás. Os artrópodes são invertebrados e têm pernas de juntas articuladas. Os primeiros artrópodes incluem os trilobitas, chamados assim devido à sua demarcação tripartida em lobo direito, mediano e esquerdo. Entre os outros tipos de artrópodes estão os crustáceos (que compreendem os camarões e os caranguejos), os quelicerados (escorpiões-do-mar, escorpiões, límulos e aranhas) e os insetos. Estes últimos compreende quase três quartos de todas as espécies de animais conhecidas.
 
=== Peixes primitivos ===
 
Os primeiros vertebrados eram peixes. Eles evoluíram no período Ordoviciano (505 - 438 milhões de anos atrás) a partir de pequenos animais marinhos denominados cefalocordados. Estas criaturas existem até hoje e compreendem os anfioxos. Os primeiros peixes conhecidos eram muito pequenos, sem mandíbulas e tinham um cérebro complexo protegido por um crânio. O corpo era suportado por uma espinha dorsal composto por vértebras ósseas. Os peixes agnatas se extinguiram no Carbonífero Inferior, cerca de 340 milhões de anos atrás, com exceção de um punhado de espécies que deram origem ás modernas lampréias e peixes-bruxa. As lampréias são parasitas que usam a boca para se fixarem em outros peixes e sugarem seu sangue. O mais importante grupo dentre os peixes agnatas foram os cefalaspidas, os primeiros peixes a ter nadadeiras pares, uma inovação que os ajudou a manter o equilíbrio. Uma segunda classe de peixes primitivos, os placodermos, surgiu durante o período Devoniano. Foram os primeiros peixes com mandíbulas (muito embora a maioria fosse desprovida de dentes verdadeiros). Os placodermos tinham uma carapaça óssea robusta que protegia a cabeça e a porção anterior do corpo. Seu comprimento variada de 40 cm, como o Bothriolepis, ou 15 cm, como o Pterichthyodes, até o imenso Dunkleosteus, um peixe de 9 m que tinha mandíbulas escancaradas com bordas dentiformes afiadas, e era o maior predador dos mares do Devoniano Superior.
 
=== A origem dos peixes modernos ===
 
Com exceção dos peixes-bruxa e das lampréias, todos os peixes atuais se dividem em duas classes: os Chondrichthyes (peixes cartilaginosos) e os Osteichthyes (peixes ósseos). Ambas as classes evoluíram de um ancestral comum nos tempos do Siluriano Superior, cerca de 410 milhões de anos atrás. Eles podem ser distinguidos dos peixes primitivos por sua estrutura mandibular e pelo fato de seus dentes serem continuamente trocados durante toda a vida. Os peixes cartilaginosos (tubarões, raias e seus parentes) são caracterizados por esqueletos cartilaginosos, pequenas escamas dentiformes e ausência de bexigas natatórias. Um exemplo é o Heliobatis do Eoceno Superior. Os peixes ósseos, que incluem a maioria dos peixes viventes, têm esqueleto ósseo, pequenas escamas sobrepostas e uma bexiga natatória cheia de gás, usada para controlar sua flutuação. Eles são divididos em duas subclasses: os sarcopterígios e os actinopterígios. Os sarcopterígios (também chamados de peixes com nadadeiras lobadas) têm lóbulos musculares que sustentam as nadadeiras peitorais e pélvicas, e alguns tipos, incluindo o Panderichthys e o Eusthenopteron do Devoniano Superior, supostamente teriam usado essas nadadeiras para se locomover nas águas rasas. Os peixes actinopterígios, como o Hoplopteryx do Cretáceo Superior, têm nadadeiras sustentadas por raios ósseos. Os acantódios, ou tubarões espinhosos, viveram durante o Paleozóico e são aparentados dos peixes ósseos. Suas nadadeiras eram protegidas por espinhos agudos. Um exemplo é o Cheiracanthus do Devoniano Médio.
 
=== A origem dos anfíbios ===
 
Cerca de 380 milhões de anos atrás, no período Devoniano, os peixes sarcopterígios deram origem aos vertebrados com patas e dedos, os primeiros tetrápodes. Suas patas desenvolveram-se a partir de nadadeiras, e os primeiros tetrápodes, como o Acanthostega, tinham pernas adaptadas para chapinhar nas águas rasas. Outros podem ter se arrastado sobre praias suavemente inclinadas. Como seus ancestrais sacropterígios, o Acanthostega tinha uma nadadeira caudal, brânquias internas e podia respirar. O padrão dos ossos de seu crânio era similar ao dos peixes sarcopterígios. Os primeiros tetrápodes tinham seis ou mais dedos em cada mão ou pé. Cerca de 330 milhões de anos atrás, os descendentes dos primeiros tetrápodes se diversificaram em anfíbios e linhagens amniotas e também em formas atualmente extintas que não pertenciam a nenhuma dessas categorias. O Diplocaulus, por exemplo, foi um dos primeiros e estranhos tetrápodes que viveram em rios e lagos, e era adaptado à vida aquática: o seu crânio muito extenso deveria servir para direcionar seus movimentos na água. Os primeiros grande anfíbios (chamados temnospôndilos) eram desajeitados e, em sua maioria, aquáticos, mas acredita-se que o Eryops, do Permiano Inferior, caçava suas presas em terra. Os temnospôndulos surgiram a partir do período Permiano (286 - 248 milhões de anos atrás) até a metade do Cretáceo (cerca de 100 milhões de anos atrás), quando se extinguiram. Seus parentes, os lissanfíbios - rãs, sapos, tritões e outros -, vivem até hoje.
 
=== Répteis primitivos e sinapsídeos ===
 
Os répteis foram os primeiros amniotas. Esse grupo (répteis, aves e mamíferos) consiste de vertebrados que produzem ovos impermeáveis os quais contêm o líquido amniótico que envolve e protege o feto. Os répteis são divididos em três grupos de acordo com a localização dos orifícios de cada lado de seu crânio, atrás dos olhos. Os répteis primitivos não têm orifícios, os sinapsídeos têm um, e os diapsidas têm dois. Os répteis primitivos eram pequenos, lagartiformes e comedores de insetos. O Westlothianna lizziae do Carbonífero Inferior pode ser o mais antigo réptil conhecido. Esses répteis primitivos começaram a se extinguir no Triássico Superior. Os sinapsídeos (também conhecidos como répteis mamaliformes) viveram do Carbonífero Superior até o Jurássico Inferior. Os primeiros sinapsídeos eram criaturas de sangue frio com andar e postura desajeitados, dentre eles incluíam os pelicossauros. Um exemplar desses animais é o Edaphosaurus, um herbívoro de 3 m de comprimento com uma vela dérmica nas costas, sustentada por altos espinhos que eram projeções verticais de sua espinha dorsal. Os herbívoros compreendiam animais como o Sinokannemeyeria, de 3 m de comprimento, enquanto os carnívoros incluiam animais como o Cynognathus, de 2 m de comprimento.
 
=== Répteis marinhos ===
 
Os primeiros répteis diapsidas desenvolveram-se há 300 milhões de anos no Carbonífero Superior. Todos os répteis modernos, exceto as tartarugas, evoluíram desses animais. Entre seus descendentes extintos havia vários répteis nadadores da Era Mesozóica (248 - 65 milhões de anos atrás). No período Triássico (248 - 208 milhões de anos atrás) havia dois tipos principais de répteis marinhos: os notossauros, delgados, nadavam empurrando a água para trás com a cauda, e se alimentavam de peixes com seus afiados dentes em gancho, e os placodontes, robustos, alimentavam-se de mariscos, atacando-os com os dentes frontais, em forma de pá, e agarrando-os com os dentes posteriores. No período Jurássico (208 - 144 milhões de anos atrás), esses grupos se extinguiram, dando lugar aos plesiossauros e aos ictiossauros, cujos membros evoluíram para barbatanas. Os plesiossauros de pescoço curto são conhecidos como pliossauros. Os grande pliossauros caçavam ictiossauros - répteis aerodinâmicos, delfiniformes, com nadadeiras, barbatanas e mandíbulas longas e estreitas. No final da Era Mesozóica, os ictiossauros foram substituídos pelos mosassauros: lagartos marinhos com patas em forma de remo e mandíbulas com dentes afiados.
 
=== Parentes dos dinossauros ===
 
Os arcossauromorfos eram um grupo de répteis diapsidas que compreendia os rincossauros e os arcossauros - diapsidas com uma abertura extra no crânio, atrás dos olhos. Os arcossauros dominaram a vida terrestre na maior parte da Era Mesozóica (248 - 65 milhões de anos atrás). No período Triássico (248 - 209 milhões de anos atrás) os arcossauros se diversificaram em quatro subgrupos: "tecodontes", dinossauros, pterossauros e crocodilianos. Os "tecodontes", os primeiros a se desenvolver, vêm entre aspas pois há algumas dúvidas se eles realmente formam um grupo aparentado. O Euparkeria, tecodonte do Triássico Inferior, era parcialmente bípede: ele podia flexionar os joelhos e erguer-se sobre os membros posteriores para correr. Durante o Triássico Inferior, os tecodontes deram origem aos dinossauros e aos pterossauros. Os pterossauros eram répteis voadores com asas cobertas de pele. Os crocodilianos compreendiam animais como o Deinosuchus, possivelmente o maior crocodilo que já existiu, que viveu no Cretáceo Superior (97,5 - 65 milhões de anos atrás). Todos os tecodontes extinguiram-se antes do final do Triássico, os dinossauros e os pterossauros viveram até o final do Cretáceo.
 
=== Dinossauros saurisquianos ===
 
Os dinossauros foram os animais terrestres dominantes desde o Triássico Superior até o Cretáceo Superior (cerca de 225 - 65 milhões de anos atrás). Eles são classificados como uma subdivisão dos arcossauros e se diferenciavam por sua postura ereta (diferente dos outros arcossauros) e por vários detalhes dos ossos do crânio e dos membros. Os dinossauros são divididos em saurisquianos, nos quais o púbis (par de ossos da cintura pélvica) inclinava-se para frente, e ornitisquianos, nos quais este par de ossos inclinava-se para trás. Os saurisquianos, por sua vez, são divididos em terápodes e sauropodomorfos. Os terápodes, que englobam todos os dinossauros predadores, variavam de tamanho: iam desde o Compsognathus, do tamanho de uma galinha, até o Spinosaurus, de 15 m de comprimento e uma vela dorsal. Outros exemplo são o Tyrannosaurus rex e o aviforme Avimimus. Os sauropodomorfos compreendem os maiores animais terrestres que já viveram, e dividem-se em dois grupos: os prossaurópodes e seus imensos sucessores, os saurópodes, como o Apatosaurus, de 21 m de comprimento.
 
=== Dinossauros ornitisquianos ===
 
Os ornitisquianos eram dinossauros herbívoros, com dentes e mandíbulas adaptados à sua dieta. A maioria possuía um bico desdentado para cortar folhas, bolsas nas bochechas para estocá-las, e dentes nas bochechas para mastigá-las. Há três subordens de ornitisquianos: ornitópodes, tireoforanos e marginocéfalos. Os ornitópodes incluem algumas espécies que corriam com os membros posteriores, pelo menos por uns instantes. Entre eles está o hadrossauro Parasaurolophus, que tinha uma crista cefálica óssea com um conduto de ar semelhante a um trombone, que permitia que esse herbívoro, de 10 m de comprimento, emitisse possantes chamados. Os tireoforanos compreendem os estegossauros e os anquilossauros. Os estegossauros, como o Tuojiangosaurus, de 7 m de comprimento, tinham duas fileiras de espinhos ou placas ao longo do pescoço, dorso e cauda. Os anquilossauros variavam em tamanho, desde o Minmi, de 3 m de comprimento, até o Euoplocephalus, de 7 m de comprimento, que possuía uma clava caudal e uma pesada couraça. Os marginocéfalos tinham uma saliência estreita ou uma franja óssea alongada atrás da cabeça, e compreendiam dois grupos: os paquicefalossauros, como o Stegoceras, e os ceratopsídeos, como o Pisttacosaurus e o Protoceratops, de 1,8 m de comprimento. O maior ceratopsídeo foi o Triceratops, um dinossauro com três cornos, semelhante ao rinoceronte, e que media 9 m de comprimento.
 
=== As primeiras aves ===
 
A mais antiga ave conhecida é o Archaeopteryx, do tamanho de um corvo atual e que viveu no Jurássico Superior, 150 milhões de anos atrás. Acredita-se que ele descendia dos maniraptoranos, um grupo de pequenos terópodes que tinha o corpo particularmente leve e ágil. A única diferença aparente é que o Archaeopteryx era coberto de penas. Tão próxima é a semelhança em outros aspectos que se diz que os pássaros seriam dinossauros voadores. O Archaeopteryx tinha dentes pequenos e agudos, dedos com garras, e o longo cerne ósseo da cauda de um maniraptorano. Os dentes persistiram em algumas aves do período Cretáceo (144 - 65 milhões de anos atrás): no Ichthyornis, um pássaro parecido com a andorinha-do-mar, e no Hesperornis, um grande pássaro mergulhador. Desde o Cretáceo não existe nenhum pássaro com dentes, os mais próximos equivalentes são os pássaros "osteodentados" do período Terciário (65 - 2 milhões de anos atrás), como o Osteodontornis. No lugar de verdadeiros dentes, esses pássaros tinham projeções afiadas no osso de cada mandíbula. Alguns pássaros do Cretáceo Superior, como o Patagopteryx, perderam a capacidade de voar. Em algumas partes do mundo, durante o Terciário, os pássaros não voadores rivalizavam com os mamíferos carnívoros como os principais predadores. O Phorusrhacus, um exemplar de 20 milhões de anos, do Mioceno Inferior, era um poderoso caçador das planícies meridionais da América do Sul.
 
=== Mamíferos primitivos ===
 
Mamíferos são vertebrados de sangue quente, geralmente cobertos de pêlos e cujas fêmeas produzem leite para seus filhotes. Eles apareceram há cerca de 220 milhões de anos, no Triássico Superior, logo após os primeiros dinossauros. Os fósseis dos primeiros mamíferos podem ser distinguidos daqueles dos répteis terapsídeos por ossos característicos na mandíbula e no ouvido médio. Os primeiros mamíferos pareciam esquilos e desenvolveram dentes multicúspides (com várias pontas ou cúspides) que cortavam o alimento enquanto mastigavam. Um grupo de mamíferos primitivos, os monotremados, botavam ovos e são representados hoje pelo ornitorrinco e pelas équidnas. Por outro lado, a maioria dos mamíferos fósseis e atuais pertencem á subclasse Theria, que dá à luz filhotes. Antes da extinção dos dinossauros (65 milhões de anos atrás), dois grupos de Theria apareceram, os marsupiais (mamíferos com marsúpio), que geram filhotes pequenos e subdesenvolvidos, e os placentários, cujos filhotes são bem desenvolvidos, alimentados no útero materno pela placenta. Os marsupiais pleistocênicos incluem o Diprotodon, da Austrália, do tamanho de um hipopótamo, e os gambás, ainda existentes (família Didelphidae), das Américas. Os plancetários pleistocênicos extitos compreendem animais como a preguiça gigante Megatherium e o tatu gigante Glyptodon, ambos da América do Sul. Ambos são desdentados, grupo primitivo que inclui o tatu, o tamanduá e a preguiça.
 
=== Mamíferos carnívoros ===
 
Depois que os dinossauros carnívoros se extinguiram, mamíferos com dentes afiados e fortes mandíbulas os substituíram como os principais predadores terrestres. Os maiores predadores do Paleoceno (65 - 53 milhões de anos atrás) foram os pequenos mesoniquídeos com cascos, que provavelmente deram origem ás baleias. Os primeiros mamíferos carnívoros com garras foram os creodontes, mas abundantes no Eoceno (53 - 36,5 milhões de anos atrás), eles variavam em tamanho - desde pequenos como uma fuinha, até grandes como os ursos. O Hyaenodon, do tamanho de um lobo, tinha membros longos, andava sobre os artelhos e tinha poderosas mandíbulas com dentes carniceiros (molares agudos e cortantes). Os creodontes deram origem aos modernos carnívoros da ordem Carnivora, que data do Paleoceno. Os aeluróides incluem os felinos, os gatos-de-argália e as hienas. Os tigres-dentes-de-sabre Hoplophoneus e Smilodon usavam seus temidos caninos para morder a carne de elefantes e outros grandes herbívoros. Os arctóides compreendem o cão, a doninha e a família do urso e, possivelmente, as focas. Embora a maioria dos membros da Carnivora sejam, como o nome indica, carnívoros, alguns grupos, como os ursos, também incluem onívoros e herbívoros. Entre os arctóides havia os cães-ursos, família que incluía o Daphoenus, um carnívoro de grandes dimensões do Oligoceno (36,5 - 23 milhões de anos atrás).
 
=== Mamíferos com cascos ===
 
Os mamíferos ungulados, ou com cascos, são herbívoros derivados de ancestrais pequenos e ligeiros que corriam nas pontas dos pés para escapar dos predadores. Os ungulados desenvolveram longos ossos superiores no pé e perderam os dedos externos, sacrificando as garras para ganhar cascos largos e resistentes. Dois grupos principais surgiram: os perrisodáctilos, ou ungulados com dedos ímpares, e os artiodáctilos, ou ungulados com dedos pares, ambos apareceram no Eoceno (53 - 36,5 milhões de anos atrás). Um perrisodáctilo primitivo foi o Hyracotherium, do tamanho de uma raposa, que foi o primeiro cavalo conhecido. No Oligoceno (36,5 - 23 milhões de anos) os perrisodáctilos atingiram grandes dimensões: o Brontotherium tinha 4 m de comprimento, e o Paraceratherium, rinoceronte gigante, sem chifre, pesava mais de 20 toneladas e foi possivelmente o mamífero terrestre mais pesado. O rinoceronte lanoso Coelodonta, de 4 m de comprimento, tinha uma espessa cobertura adaptada para sobreviver nas fases glaciais do Pleistoceno (2 milhões - 10.000 anos atrás). Os artiodáctilos evoluíram em grande variedade: os mamíferos oligocênicos Cainotherium e Merycoidodon eram parentes distantes dos camelos, e o Sivatherium do Plioceno (5,5 - 2 milhões de anos), semelhante a um alce, era um parente primitivo da girafa. O bisão atual também existe desde o Plioceno. Na América do Sul, que era uma ilha entre 73 e 3 milhões de anos atrás, desenvolveram-se diversos grupos de mamíferos com cascos, incluindo os notoungulados. O último sobrevivente foi o Toxodon, do tamanho de um rinoceronte, que surgiu no Pleistoceno.
 
=== Elefantes e seus parentes ===
 
[[Imagem:Mamut NDH 2.JPG|thumb|230px|direita|Modelo de um mamute em [[Nordhausen]] ([[Alemanha]]).]]
 
As duas espécies vivas de elefantes - o africano e o asiático - são os únicos representantes sobreviventes dos proboscídeos, um grupo que se difundiu muito através da Era Cenozóica. Um dos primeiros proboscídeos foi o Moeritherium, um herbívoro da África oligocênica que tinha pequenos molares, presas rudimentares e um longo lábio superior que prenunciava a tromba carnosa do elefante. As presas se desenvolveram com extensões dos dentes incisivos, alguns dos proboscídeos, especialmente os gonfotérios, possuíam dois pares de presas. O Phiomia, um gonfotério oligocênico do tamanho de um cavalo, tinha uma pequena tromba, molares com coroas altas, presas superiores curtas e um par de presas em forma de pá no maxilar inferior. O Gompotherium miocênico tinha as presas superiores e inferiores igualmente longas. Entre os proboscídeos tardios havia o Stegodon do Plioceno, um mamutóide com 7 m de comprimento, que apresentava presas de 3 m de comprimento, e de um a três molares enormes em cada mandíbula. Os mais antigos fósseis de elefantes conhecidos têm cerca de 5 milhões de anos e foram achados na África. Os mamutes apareceram antes, e um dos mais famosos exemplares extintos foi o mamute lanoso, que possuía uma cobertura isolante adaptada às extremas condições climáticas das fases glaciais do Pleistoceno (2 milhões a 10.000 anos atrás). Uma teoria que explica seu desaparecimento é que ele teria sido caçado até sua extinção pelos humanos primitivos.
 
=== Primatas ===
 
Humanos, símios, macacos e lêmures são primatas - animais ágeis originalmente adaptados para viver em árvores. Os símios e macacos do Velho Mundo evoluíram a partir de criaturas como o Aegyptopithecus, que viveu no Oligoceno Inferior há 36,5 milhões de anos. No Mioceno Inferior, cerca de 6 milhões de anos atrás, os símios primitivos deram origem à família Hominidae, á qual pertencem os humanos. Os hominídeos, cujo gênero conhecido mais antigo é o Australopithecus, foram os primeiros primatas a andar de pé. O gênero Homo (humanos) evoluiu no Plioceno, cerca de 2,5 milhões de anos atrás. Os primeiros membros do gênero Homo (Homo rudolfensis e Homo habilis) eram menores que os humanos modernos, e faziam instrumentos de pedra lascada. O Homo erectus apareceu há 1,8 milhão de anos e, há cerca de 500.000 anos, deu origem ao Homo sapiens, cujas subespécies incluem os neandertalenses e os homens modernos. Os neandertalenses viveram entre 200.000 e 30.000 anos atrás, em pelo menos duas fases climáticas glaciais do Pleistoceno. Os humanos modernos evoluíram na África há 100.000 anos. Com seus métodos de caça mais avançados, eles colonizaram a maior parte do mundo, e há cerca de 30.000 anos levaram os neandertalenses à extinção.
 
== Idade Antiga ==
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[[imagem:Rembrandt_Harmensz._van_Rijn_079.jpg|left|thumb|''Moisés com as Tábuas da Lei'', por [[Rembrandt]]|227x227px]]
 
A vida dos hebreus no Egito foi pacífica por uma grande quantidade de gerações. No entanto, um faraó ficou inquieto porque a população cresceu e seu país ficou poderoso. Decide transformá-los em [[Escravidão|escravos]] e ordena a matança de todos os meninos nascidos a pouco tempo. Ora, naquele tempo, surge numa família de hebreus, o menino [[Moisés]]. Para ser salvo, é acomodado por sua mãe em uma pequena cesta feita de papiro e é escondido dentre os caniços do rio Nilo. A filha do faraó recolhe o bebê e o educa na corte. Chegando na idade adulta, Moisés se revolta porque seu povo é miserável e se refugia no [[deserto do Sinai]]. Ali, Deus é revelado a ele e lhe promete duas coisas: tornará livres os israelitas da escravidão e ser-lhe-á dado o país de Canaã. Desde então, a missão extraordinária de Moisés é de que o povo israelita será guiado até a Terra Prometida e será por ele transmitida aos homens a mensagem de Deus incluída nos dez mandamentos.<ref name=":144">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 55.</ref>
 
Moisés retornou, então, para o Egito, para juntamente do faraó e lhe pediu que fosse permitida a partida dos hebreus à sua terra, porque Deus ordenou. Sabendo que o faraó recusou, o Egito é castigado por Deus com [[Dez pragas do Egito|dez terríveis pragas]], contadas na Bíblia. Enfim, o faraó renuncia e os israelitas são libertados: é o [[Êxodo]], ou seja, o momento histórico em que os hebreus saíram do Egito.<ref name=":144"/>
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==== Conquista de Canaã ====
Depois da saída do povo de Israel do [[Egito]], o [[mar Vermelho]] foi atravessado pelos israelitas que erraram 40 anos pelo [[deserto]], enfim, chegando às fronteiras da [[Terra Prometida]] (atualmente [[Israel|Estado de Israel]]). Moisés falece, [[Josué]] sucede-lhe, declara uma [[guerra santa]] contra os [[cananeus]] e ganha. O país dos cananeus é transformado então no país de Israel. [[Deus]] cumpriu o que prometeu.<ref name=":144">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 55.</ref>
 
==== Juízes ====
Uma vez que se estabeleceram na terra de Canaã, era preciso uma autoridade para chefiar os hebreus nas batalhas contra os inimigos e orientar as atividades do povo. Foram os juízes, e dentre eles mereceram destaque [[Josué]], [[Sansão]], [[Gideão]] e [[Samuel (Bíblia)|Samuel]]. Depois dos juízes, o [[reino de Israel]] foi fundado, sendo que o rei passou a comandar o país.<ref name=":144">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 55.</ref>
 
==== Monarcas ====
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[[imagem:Israel-Western_Wall.jpg|thumb|O povo que destruiu o monumental [[Templo de Jerusalém]] foram os romanos, no ano 70. Atualmente a parte restante somente era de um muro que servia de cercania do templo. Nesse muro, os hebreus ainda atualmente vão fazer a lamentação do templo destruído e o seu povo que se espalhou pelo mundo. Esse muro chama-se de [[Muro das Lamentações]]|221x221px]]
 
Quanto às festas e dias santificados, os judeus consagram o [[sábado]] à prática da religião. Proíbe-se qualquer trabalho que pode ser realizado apenas em seis dias úteis. Os judeus reservam o sábado, propriamente dito, para se encontrar com os familiares, para que orem e estudem o Antigo Testamento (faziam-se também cultos religiosos na [[sinagoga]]).<ref name=":162">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 57.</ref>
 
Geralmente, fatos históricos, religiosos e agrícolas são comemorados pelas festas religiosas. A festa religiosa de maior solenidade do judaísmo é o [[Yom Kippur]] (Dia do Perdão); era um dia destinado pela [[Lei de Moisés]] para que todos se apresentassem diante do [[Sumo Sacerdote]] e, através do ato simbólico do [[sacrifício]], fossem perdoados por Deus caso houvesse sinceridade no arrependimento.<ref name=":162" />
 
Numa época antiga, dentre os judeus, Deus era homenageado através de animais sacrificados (holocaustos) e através de ofertas. Atualmente, na [[Diáspora]] (dispersão pelo mundo), os judeus são reunidos em locais de culto que chamam-se [[sinagogas]]. Orar e ler a Bíblia Hebraica tornam-se atos indispensáveis na vida judaica.<ref name=":17">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 58.</ref>
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[[imagem:Rutas_comerciales_fenicias-pt.svg|left|thumb|Comércio fenício]]
 
Proprietários de um pequena quantidade de terrenos e de solos arenosos, os fenícios não foram dedicados à agricultura. Uma vez que se cercavam de regiões montanhosas entre as partes setentrional, meridional e oriental, somente lhes sobrava o aproveitamento do mar. Convivendo com o mar, inventaram precocemente a construção de navios e a navegação. Dessa forma, suas cidades mais importantes, como [[Tiro]], [[Sidom]], [[Biblos]] e [[Ugarite]], foram transformados em portos de partida dos navios que vendiam produtos próprios ou de demais nações. Suas galeras viveram aventuras pelos mares em corajosas viagens, na conquista de mercados longínquos.<ref name=":192">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 63.</ref>
 
Foi dessa forma, que os fenícios, além de sondar o mar Mediterrâneo, comercializando com as ilhas do [[Chipre]], [[Creta]], [[Sicília]], [[Córsega]] e [[Sardenha]], alcançaram o [[oceano Atlântico]], vindo ao [[mar Báltico]], no [[norte da Europa]], e explorando o litoral da África. Os fenícios foram o povo que mais navegou e explorou durante a Antiguidade. [[Circunavegação fenícia da África|Circunavegaram o litoral da África]] no ano {{AC|600|x}}, por solicitação do faraó egípcio Necao, viajando no mesmo trajeto que, dois mil anos depois, seria feito por [[Vasco da Gama]] na direção oposta. Existe, ainda, a afirmação de quem considera a [[Teoria da presença de fenícios no Brasil|chegada dos fenícios até o litoral brasileiro]].<ref name=":185">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 64.</ref>
 
==== Comércio fenício ====
Numerosas foram as mercadorias que os fenícios comercializavam. Compravam-se alguns deles em demais nações e revendiam-se em demais locais. Porém, a maior parte era de produtos propriamente fabricados, como tecidos, corantes para pintar tecidos (como a púrpura), cerâmicas, armas de fogo, peças metálicas, vidro transparente e colorido, joias, perfumes, especiarias, entre outros. Seus artesãos possuíam habilidade para imitar e falsificar mercadorias de demais povos. Importavam-se também os cedros da região montanhosa da Fenícia. Os fenícios também foram o povo que mais vendia escravos à época. Criaram feitorias (pontos onde mercadorias eram armazenadas) e uma grande quantidade de colônias em demais regiões, como as ilhas de [[Malta]], [[Sardenha]], [[Córsega]] e [[Sicília]], e criaram, na [[Norte de África|porção setentrional da África]], a famosa cidade de [[Cartago]].<ref name=":185">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 64.</ref>
 
==== Política fenícia ====
Os fenícios se organizavam em cidades-estados, ou seja, cada cidade fenícia formava um centro comercial livre e administração política peculiares. Comerciantes de influência denominados sufetas exerciam o governo dessas cidades. Por uma grande quantidade de vezes, essas cidades chocavam-se porque o comércio era muito concorrido. Tributos chegaram mesmo a ser pagos por certos centros urbanos que objetivavam preferir e proteger seus produtos comerciais.<ref name=":185">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 64.</ref>
 
==== Cultura fenícia ====
[[imagem:Davi_david_hebraico_antigo.JPG|thumb|Evolução das letras que compõem o nome hebraico do rei Davi a partir do [[alfabeto fenício]], passando pela escrita hebraica antiga pré-exílio chegando as letras hebraicas atuais (denominadas de "letras quadráticas" ou "escrita assíria")]]
 
Inicialmente, os fenícios usavam a escrita cuneiforme da Mesopotâmia. Após a escrita cuneiforme, os fenícios, propriamente ditos, começaram a usar hieróglifos dos egípcios. Porém, esses sistemas de escrita não estavam atendendo às suas necessidades de comércio. Dessa forma, nasceu a ideia da simplificação da escrita e da invenção do [[alfabeto]], o qual tornou-se a mais importante colaboração dada pelos fenícios para o nosso planeta, na área da cultura.<ref name=":185">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 64.</ref>
 
Este relevante descobrimento surgiu porque era necessária a facilitação dos contratos de comércio que eram contabilizados e elaborados com os demais países. Dessa forma, os fenícios criaram os 22 sinais que representam das consoantes; em seguida, o alfabeto fenício foi aperfeiçoado pelos gregos, que adicionaram as [[Vogal|vogais]], e este sistema de escrita passou a ser adotado pelos demais povos.<ref name=":185" />
 
Em [[Ugarit]], encontrou-se uma biblioteca com numerosos tabletes feitos de argila com escritura a respeito dos aspectos administrativos, religiosos e mitológicos da Fenícia.<ref name=":185" />
 
==== Religião fenícia ====
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Quando [[Ciro II]] governou por 25 anos, a Mesopotâmia conseguiu não só ser conquistada por ele como também a Ásia Menor inteira. Ao contrário de demais dominadores, Ciro respeitava os povos que dominava, permitindo que essas populações vivessem normalmente bem, fossem livres para agir, trabalhar, cultuar seus deuses, entre outras atividades. Mais por razões de governo do que motivos de religião, Ciro, em algum momento, entrou num templo religioso persa com o objetivo de cultuar os deuses. A liberdade religiosa foi permitida e o roubo forçado dos templos babilônicos pelos soldados foi proibido. Caracterizado por sua liberalidade e generosidade, Ciro autorizou a volta dos [[hebreus]] escravizados pelos [[persas]] ao país de onde originaram, a [[Palestina (região)|Palestina]].<ref name=Ca68 />
 
Sua administração não aceitava as ideias dos outros em ambos os detalhes:<ref name=":232" /> os povos conquistados se obrigavam a prestar o serviço militar e a pagar altos tributos. Ciro faleceu em batalha por volta do ano de 529 antes de Cristo.<ref name=":232">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 69.</ref>
 
O primeiro rei que sucedeu o pai Ciro foi seu filho [[Cambises]], cujas características psicológicas eram a crueldade e a violência, sendo exigido por ele, também, a morte do próprio irmão. Em {{AC|525|x}}, Cambises dominou o [[Egito]], mas morreu sem deixar evidências no caminho de volta ao seu país.<ref name=":232">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 69.</ref>
 
[[imagem:Persépolis. Darius.jpg|right|thumb|Dário]]
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A civilização chinesa é muito antiga. Ela foi desenvolvida no [[Neolítico|Período Neolítico]], nas [[planície|terras baixas]] do [[rio Amarelo]]. Pode ser reconstruída a história da antiga sociedade chinesa por meio dos inúmeros materiais arqueológicos que se encontraram. Já que as civilizações [[Babilônia (região)|babilônica]] e [[Egito|egípcia]] voltaram-se para a [[agricultura]], que se considerava a mais antiga das artes. Para que o exemplo seja dado ao povo, o [[arado]] do imperador ("o filho do céu") foi pegado e a terra era lavrada anualmente pela única vez.<ref name=":27">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 75.</ref>
 
Perto dos anos {{AC|1500|x}}, era boa a [[organização política]] da monarquia chinesa, dominada pela dinastia Shang, reinante entre os séculos XII e {{AC|III|x}}. Uma grande variedade de [[dinastia]]s foi sucedida, com [[classe social|classes sociais]] divididas.<ref name=":27">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 75.</ref>
 
O período da [[Três Reinos|dinastia Shu]] foi de movimentada atividade cultural. Nasceu uma grande variedade de [[Filosofia|correntes filosóficas]] vindas a ser chamadas de Centros Escolares, que se destinavam ao exercício filosófico e ao estudo da milenar [[história da China]]. Destas escolas, apareceram notáveis filósofos, como [[Confúcio]] e [[Lao-Tsé]].<ref name=":27" />
 
==== Filosofia chinesa ====
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Em {{AC|485|x}}, no estreito de [[Salamina]], os gregos derrotaram novamente os persas, sob o comando de [[Xerxes I]], cujo pai foi [[Dario I]]. O ataque dos persas, com melhor preparação, se deu por terra e por mar. Os [[gregos]], desta vez, dispunham de melhor exército, por fazerem uma coligação de cidades contra o inimigo, incluindo Esparta. Os persas chegaram a atacar pelo norte, invadiram os valentes [[esparta]]nos sob a liderança de [[Leónidas I|Leônidas]] e dirigiram-se ao sul, no local do incêndio de [[Atenas]]. Parecia que a Grécia foi derrotada, mas os gregos foram reorganizados e a esquadra persa foi atraída para o estreito de Salamina, local de favorecimento dos pequenos barcos gregos e da dificultação dos grandes navios persas.<ref name=":38" />
 
Os persas de Xerxes possuíam ainda contra si, as grandes armaduras dos soldados que brigavam por questões monetárias, enquanto o imenso patriotismo movia os gregos. Sob a liderança de Temístocles, os gregos exterminaram os persas, que deixaram seus navios.<ref name=":39">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 104.</ref>
 
===== Causas do enfraquecimento da Grécia =====
Com o fim das guerras entre gregos e persas, as [[pólis|cidades gregas]] voltaram para seus interesses políticos, sociais e econômicos locais. Com a vitória de [[Atenas]] nos conflitos militares, os atenienses consideravam-se a salvação de toda a [[Grécia]]. Diante da possibilidade de novos ataques, Atenas propôs uma aliança das cidades, para se defenderem. Assim, foi criada a [[Liga de Delos]], com a participação de mais de 300 cidades (com exceção de [[Esparta]], que ficou de fora), tendo como sede a ilha de [[Delos]], que centralizariam os tesouros e outros bens.<ref name=":39">{{Harvnb|Cantele 1989?}}, p. 104.</ref>
 
Diante dessa união, os [[espartanos]], invejosos, reagiram criando a [[Liga do Peloponeso]], reunindo várias cidades. Isso acabou causando um conflito bélico entre as duas confederações com duração de 27 anos - e trégua de seis anos nominada [[Paz de Nícias]]. O conflito terminou com a derrota de Atenas. Então, cidades gregas aliaram-se à cidade de [[Tebas (Grécia)|Tebas]], dominando os espartanos e sobressaindo-se no comando político sobre os gregos por algum tempo. Com isso, a Grécia acabou enfraquecida e no ano {{AC|338|x}} acabou sendo dominada pelo rei [[Filipe II da Macedônia]].<ref name=":39" />
 
==== O século de Péricles ====
[[imagem:Pericles Pio-Clementino Inv269 n2.jpg|thumb|esquerda|Péricles|273x273px]]
[[Péricles]] discursava muito bem. Era grande entendedor de arte militar. Como político, era habilidoso e prudente. Era governante de Atenas entre 461 a {{AC|429|x}} (aproximadamente trinta anos). Como governante era um príncipe, sempre concordando com o povo, muito respeitoso com o político.<ref name=":39" />
 
Péricles frequentava assiduamente o teatro e possuía grande amor às artes. Estava em busca da transformação de Atenas na capital cultural do mundo antigo. Seu período de governo foi esplendoroso. Esse período passou a chamar-se [[Idade de Ouro da Grécia]].<ref name=":39" />
 
===== Governo democrático de Péricles =====
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O período medieval é frequentemente caricaturado enquanto "tempo de ignorância e superstição", que "sobrepunha sempre os mandamentos religiosos em relação à experiência pessoal e racionalismo".{{sfn|Lindberg|2003|p=8}} Esta noção é um legado da [[Renascimento|Renascença]] e do [[Iluminismo]], períodos em que os intelectuais estabeleciam sempre a comparação da sua cultura com a cultura medieval de forma preconceituosa. Os intelectuais renascentistas viam a civilização clássica como uma época de imensa cultura e civilização, e a Idade Média como um progressivo declínio dessa cultura. Por seu lado, os iluministas encaravam a razão como sendo sempre superior à fé e, por conseguinte, a Idade Média como um tempo de ignorância e superstição.<ref name=Davies291 />{{sfn|Baschet|2006|p=23-27}}
 
Uma corrente de pensamento defende, no entanto, que a razão e a lógica eram normalmente tidas em conta durante a Idade Média. O historiador da ciência [[Edward Grant]], escreveu que "o facto de o raciocínio lógico ter sido expresso [no {{séc|XVIII}}],{{NotaNT|No original a expressão usada é: ''"expressed in the Age of Reason"''.}} só pode ter sido possível devido à longa tradição medieval que definiu o uso da razão como a mais importante das atividades humanas".{{sfn|Grant|2001|p=9}} Também, ao contrário do que é comum acreditar-se, [[David C. Lindberg|David Lindberg]] escreve que "o intelectual medieval raramente era pressionado pela força coercitiva da igreja e muito provavelmente considerava-se livre (sobretudo na ciência natural) para seguir a razão e observação até onde quer que isso os conduzisse".{{NotaNT|Citado em Peters "Science and Religion" ''Encyclopedia of Religion''}}
 
A caricatura do período reflete-se também em várias crenças populares. Por exemplo, uma das especulações que começou a ser difundida durante o {{séc|XIX}} e que ainda é muito comum na cultura popular, é a suposição, errada, de que todas as pessoas na Idade Média acreditavam no mito da [[Terra plana]].{{sfn|Russell|1991|p=49-58}} Na verdade, o próprio corpo das universidades medievais propunha evidências que demonstravam que a Terra seria esférica,{{sfn|Grant|1994|p=629-630}} Lindberg e Numbers afirmam mesmo que seria muito rara a existência de qualquer académico cristão medieval que não tivesse conhecimento da esfericidade da Terra ou que não soubesse até a sua [[circunferência]] aproximada.{{sfn|Lindberg|1986}} Entre outros equívocos comuns sobre o período medieval está a noção de que "a Igreja proibia as [[autópsia]]s e a [[dissecação]]" ou que "o avanço do Cristianismo impediu o progresso da ciência", mitos populares que ainda são vistos como verdades históricas apesar de não serem apoiados pela historiografia contemporânea.<ref name="Numberslect" />
 
A Idade Média vem sendo reavaliada e em parte reabilitada há pelo menos dois séculos pelos historiadores, que têm encontrado nela uma série de aspectos inovadores e dinâmicos e vêm continuamente lançando novas luzes sobre interpretações e abordagens antes consagradas em larga escala. Porém, a opinião ainda prevalente na cultura popular a mostra como um período de barbárie, obscurantismo, superstição, intolerância, tirania, estagnação econômica, decadência moral e desorganização política, e as reiteradas tentativas dos historiadores recentes de desmistificar essa imagem têm sido pouco eficientes.{{sfn|Baschet|2006|p=23-27}}{{sfn|Franco Júnior|2001|p=1-11}}
 
Por outro lado, desde o século XIX o período tem exercido um continuado fascínio sobre a população. Durante o [[Romantismo]] foi muito valorizado pelos intelectuais e artistas, que o viam como uma época de espiritualidade, ordem e pureza que os tempos modernos haviam perdido e que era preciso resgatar. Não por acaso a literatura se viu inundada por romances e novelas medievalistas, o tema apareceu em inúmeras pinturas, esculturas e ilustrações, e a Europa foi coberta por um vasto corpo de edifícios em estilo [[neogótico]].{{sfn|Baschet|2006|p=23-27}}{{sfn|Franco Júnior|2001|p=1-11}} Ao mesmo tempo, tradições, folclores e símbolos medievais — reais ou imaginados — foram usados como importante elemento político para a formação e consolidação de novos Estados e identidades nacionais, de narrativas étnicas e de uma historiografia nacionalista em várias regiões europeias.{{sfn|Woolf|2006|p=71-103}}{{sfn|Moretti & Porciani|2011|p=177-196}}
[[Ficheiro:Knights' Tournament in Łęczyca – 2014 (142).JPG|thumb|upright|Reencenação contemporânea de um torneio medieval na Polónia.]]
 
Mais recentemente o tema continua popular, atraindo as pessoas pelo seu exotismo e sua aura de mistério. Os castelos e catedrais medievais são atrações turísticas que encantam multidões, a organização de torneios de cavalaria, festas e feiras "medievais" se multiplicam até na América, suas tradições e costumes estimulam os amantes do folclore e a busca pelas raízes numa época de perda generalizada de referências, e, para muitos a quem o tempo presente parece insatisfatório ou ameaçador, tornou-se até mesmo uma era idealizada e colorida por anseios nostálgicos de retorno a uma suposta Idade Dourada.{{sfn|Baschet|2006|p=23-27}}{{sfn|Franco Júnior|2001|p=1-11}} Continua sendo um elemento significativo para a sustentação de identidades e ideologias étnicas e nacionalistas,{{sfn|Moretti & Porciani|2011|p=177-196}} e nos últimos anos o imaginário e valores fictícios de uma Idade Média romantizada têm sido um dos combustíveis para uma ascensão do [[racismo]], do [[fundamentalismo religioso]], de teorias [[pseudociência|pseudocientíficas]], de [[teorias da conspiração]], de patriotismos radicais e de correntes políticas de [[extrema direita]]. Para justificar suas pretensões, esses movimentos oferecem leituras da história medieval equivocadas, ultrapassadas ou deliberadamente falsas e distorcidas.{{sfn|Elliott|2017|p=155-182}}{{sfn|Powell & Steiner|2019}} Na síntese de [[Jérôme Baschet]],
 
::"É assim que uns a exaltam para melhor criticar sua própria realidade, enquanto outros a denigrem para melhor valorizar os progressos do seu tempo. [...] A Idade Média não é nem o buraco negro da história ocidental nem o paraíso perdido. É preciso renunciar ao mito tenebroso tanto quanto ao conto de fadas. [...] Uma vez que ela constitui uma época manchada por um preconceito infamante excepcionalmente vigoroso, a Idade Média convida, com particular acuidade, a uma reflexão sobre a construção social do passado e sobre a função presente da representação do passado. [...] A ideia de um milênio de obscurantismo corresponde a interesses precisos: a propaganda dos humanistas, de início, e, mais tarde, o elã revolucionário dos pensadores [[burguesia|burgueses]] ocupados em solapar os fundamentos de um regime antigo, do qual a Idade Média era a quintessência. [...] Em todo caso, o alhures ou o antes bárbaro são decisivos para constituir, por contraste, a imagem de um aqui e agora civilizado".{{sfn|Baschet|2006|p=23-27}}
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=== A Inglaterra da rainha Isabel I ===
[[Imagem:Elizabeth1592.jpg|thumb|esquerda|200px|Isabel I.]]
[[Isabel I de Inglaterra]], a grande adversária de [[Filipe II de Espanha]], subiu ao trono após a morte de sua irmã, [[Maria I da Inglaterra|Maria, a Católica]], que tinha deixado uma triste recordação a seu povo, pela crueldade de seu governo e pela perseguição aos protestantes ingleses.
 
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==== Luís XV, o Bem-Amado ====
[[Imagem:LouisXV-1.jpg|thumb|esquerda|100px|Luís XV, o Bem-Amado.]]
[[Imagem:Ludvig XVI av Frankrike porträtterad av AF Callet.jpg|thumb|direita|100px|[[Luís XVI da França]].]]
[[neto|Bisneto]] de [[Luís XIV da França|Luís XIV]], herdou a [[coroa (monarquia)|coroa]] em 1715. Durante a primeira parte de seu [[governo]], o reinado foi exercido por seu tio, o [[Filipe II, Duque d'Orleães|Duque Felipe de Orléans]]. A regência terminou em 1723, data em que foi chamado o cardeal Fleury, que orientou na vida política.
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Agora, com crescimento na [[imigração]] e uma resolução de uma questão de unidade nacional através da sangrenta [[Guerra Civil Americana]], os Estados Unidos estavam surgindo também como uma usina de força industrial, rivalizando com a Grã-Bretanha, Alemanha e França.
 
As repercussões das [[Guerra Mundial|Guerras Mundiais]],<ref>[[Steven Pinker]] cita cinco eventos pré-[[Idade Contemporânea|contemporâneos]] que mataram mais do que as 2 guerras mundiais: [[Dinastia Xin]] (9-24 DC), os [[Três Reinos da China]] (189-280), a [[Queda do Império Romano do Ocidente|Queda do Império Romano Ocidental]] (395-455), a [[Rebelião de An Lushuan]] (755-763), o reinado de Genghis Khan (1206 -1257), o [[Tráfico árabe de escravos|comércio de escravos do Oriente Médio]] (séculos VII a XIX), o reinado de [[Tamerlão|Timur Lenk]] (1370-1405), o [[comércio de escravos no Atlântico]] (1452-1807), a queda da [[dinastia Ming]] (1635-1662) e o [[Descoberta da América|Conquista das Américas]] (1492-). [[Edward S. Herman]] and [[Noam Chomsky]], ''Manufacturing Consent: The Political Economy of the Mass Media'' (Pantheon Books, 2nd. Ed., 2002), Ch. 2, “Worthy and Unworthy Victims,” pp. 37-86. Also see Edward S. Herman and [[David Paterson|David Peterson]], “Legitimizing versus Delegitimizing Elections: Honduras and Iran,” in Gerald Sussman, Ed., ''The Propaganda Society: Promotional Culture and Politics in Global Context'' (Peter Lang, 2011), pp. 194-212; esp. pp. 203-207.</ref>, [[Guerra Fria]] e [[globalização]] criaram um mundo onde as pessoas estão mais unidas do que em qualquer outro momento da história da humanidade, como exemplificado pelo estabelecimento do [[direito internacional]], da ajuda internacional e das [[Nações Unidas]]. O [[Plano Marshall]] - que gastou US$ 13 bilhões (US$ 100 bilhões em dólares americanos de 2019) para reconstruir as economias das nações do pós-guerra - lançou a "[[Pax Americana]]". Ao longo da segunda metade do século XX, a rivalidade entre os [[Estados Unidos]] e a [[União Soviética]] criou enormes tensões em todo o mundo que se manifestaram em vários conflitos armados e no perigo onipresente de proliferação nuclear. A [[dissolução da União Soviética]] em [[1991]] após o colapso de sua aliança europeia foi anunciada pelo [[Ocidente]] como o fim do [[comunismo]], embora no final do século cerca de uma em cada seis pessoas na Terra vivesse sob o regime comunista, principalmente na China, que estava crescendo rapidamente como potência econômica e geopolítica.
 
Demorou mais de duzentos mil anos de história humana até 1804 para que a população mundial atingisse 1 bilhão; a população mundial atingiu cerca de 2 bilhões em 1927; no final de 1999, a população global atingiu 6 bilhões, com mais da metade concentrada no Leste, Sul e Sudeste Asiático. A alfabetização global foi em média de 80%. A [[penicilina]] e outras descobertas médicas combinadas com as campanhas globais da [[Organização Mundial da Saúde]] para a erradicação da varíola e outras doenças responsáveis por mais mortes humanas do que todas as guerras e desastres naturais combinados produziram resultados sem precedentes; a [[varíola]] agora só existia em laboratórios. As máquinas estavam sendo utilizadas em todas as áreas de produção, alimentando uma cadeia de abastecimento nacional cada vez mais intrincada, ou seja, pela primeira vez na história, a humanidade não estava mais limitada por quanto poderia produzir, mas sim pela vontade das pessoas de consumir. As melhorias no comércio reverteram o conjunto limitado de técnicas de produção de alimentos usadas desde o [[período Neolítico]], aumentando muito a diversidade de alimentos disponíveis, resultando em uma melhora na qualidade da nutrição humana. Até o início do século XIX, a expectativa de vida era de cerca de trinta na maioria das populações; as médias de vida global ultrapassaram 40+ anos pela primeira vez na história, com mais da metade atingindo 70+ anos (três décadas a mais do que um século antes).
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== Saúde ==
==== Pandemia de COVID-19 ====
Um dos acontecimentos mais importantes na área de saúde pública do Século XXI é a [[Pandemia de COVID-19]], iniciada em dezembro de [[2019]] e ainda em curso, que causou centenas de milhares de mortes em todo o mundo entre 2020 e 2022. Iniciada na cidade de [[Wuhan]], na [[China|China,]], espalhou-se rapidamente para a [[Europa]], tendo seu epicentro na [[Itália]] e [[Espanha]], e para as Américas, tendo os [[Estados Unidos]] como epicentro. A estimativa é de queda global do PIB de 4,5%<ref>{{Citar web|ultimo=cycles|primeiro=This text provides general information Statista assumes no liability for the information given being complete or correct Due to varying update|ultimo2=Text|primeiro2=Statistics Can Display More up-to-Date Data Than Referenced in the|url=https://www.statista.com/topics/6139/covid-19-impact-on-the-global-economy/|titulo=Topic: Coronavirus: impact on the global economy|acessodata=2022-07-29|website=Statista|lingua=en}}</ref> para 2020, em função das diversas quarentenas impostas por todo o mundo, que paralisaram a economia.
 
Até julho de 2022, foram sete ondas mundiais altamente mortíferas, chegando a um pico de 16 838 mortes registradas no dia 21 de janeiro de 2021, o mais mortal de toda a pandemia.<ref>{{Citar web|url=https://www.worldometers.info/coronavirus/|titulo=COVID Live - Coronavirus Statistics - Worldometer|acessodata=2022-07-29|website=www.worldometers.info|lingua=en}}</ref> As mortes começaram a reduzir mais constantemente a partir de março de 2022 após uma campanha de vacinação mundial desenvolvida em tempo recorde, junto com o surgimento da bem menos letal [[Variante Ómicron do SARS-CoV-2|variante ômicron]].<ref>{{Citar web|url=https://coronavirus.jhu.edu/|titulo=Home|acessodata=2022-07-29|website=Johns Hopkins Coronavirus Resource Center|lingua=en}}</ref>