Plano Piloto de Brasília: diferenças entre revisões

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O '''Plano Piloto''' de [[Brasília]], no [[Distrito Federal (Brasil)|Distrito Federal]], eraé originalmentecomo é chamada toda a parteárea planejada atravésconstruída deem umdecorrência do [[Concurso para o Plano Piloto de Brasília|concurso nacional]] realizado em 1957 para definir o desenho urbano da nova capital brasileira. OOriginalmente, o nome Plano Piloto foi atribuído ao próprio projeto urbanístico da cidade. [[Projeto de Lúcio Costa para o Plano Piloto de Brasília|Esse projeto urbanístico]] foi elaborado por [[Lúcio Costa]], vencedor do concurso, tendo sua forma inspirada pelo [[sinal da cruz]], mas posteriormente um dos eixos foi arqueado para melhor se adaptar ao relevo da região, criando assim a "forma de avião" com o qual o desenho é muitas vezes associado.<ref name="Costa">{{Citar web |url=https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/06/04/aviao-ou-borboleta-entenda-as-inspiracoes-de-lucio-costa-para-o-projeto-de-brasilia.ghtml |título=Avião ou borboleta? Entenda as inspirações de Lúcio Costa para o projeto de Brasília |data=04/06/2019 |acessodata=08-08-2020 |publicado=G1}}</ref><ref>Guia de Brasília - Histórico - [http://www.guiabrasilia.com.br/historico/memorial-d.htm Memorial do Plano Piloto de Brasília]</ref>
 
O nome Plano Piloto, originalmente atribuído ao projeto urbanístico da cidade, passou a designar toda a área construída em decorrência deste plano inicial. Não existe, contudo, um consenso sobre o que seria o "Plano Piloto" hoje e seus limites, bem como sobre a definição de Brasília em si.<ref>{{Citar web |url=http://www.infobrasilia.com.br/bsb_h4p.htm |titulo=A História de BRASÍLIA: Parte IV |acessodata=2008-07-23 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20120121051323/http://www.infobrasilia.com.br/bsb_h4p.htm |arquivodata=2012-01-21 |urlmorta=yes }}</ref> Plano Piloto é o nome da [[Região Administrativa I (Brasília)|Região Administrativa I]], que entre 1990 e 1997 foi chamada simplesmente de Brasília, sendo que partes ou outras regiões fizeram parte dela como [[Sudoeste/Octogonal]] e os [[Lago Norte|Lagos Norte]] e [[Lago Sul|Sul]].<ref>[http://www.sinj.df.gov.br/sinj/Norma/18122/Lei_49_25_10_1989.html LEI Nº 49, DE 25 DE OUTUBRO DE 1989]</ref> Hoje o Plano Piloto, junto ao [[Parque Nacional de Brasília]], constitui a chamada [[Plano Piloto (região administrativa)|Região Administrativa do Plano Piloto]].<ref>{{Citar web |url=http://www.geocities.com/TheTropics/3416/brasilia.htm |titulo=O que é "Brasília" e o que é "Distrito Federal"? |acessodata=2008-07-23 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20050729090401/http://www.geocities.com/TheTropics/3416/brasilia.htm |arquivodata=2005-07-29 |urlmorta=yes }}</ref>
 
Outra definição da área vai além do "avião", como é conhecido o desenho do projeto por se assemelhar a uma aeronave vista de cima: a área tombada do [[Conjunto Urbanístico de Brasília]], segundo o decreto {{fmtn|10829}} de 1987: nela os limites do Plano Piloto são definidos pelo [[lago Paranoá]], a leste; pelo córrego Vicente Pires, ao sul; pela [[DF-003|Estrada Parque Indústria e Abastecimento]] (EPIA), ao oeste; e pelo [[Ribeirão Bananal|córrego Bananal]], ao norte. Dessa forma, abrange áreas das regiões administrativas do [[Cruzeiro (Distrito Federal)|Cruzeiro]], do [[Sudoeste/Octogonal]] e da [[Candangolândia]].<ref>{{Citar web |url=http://www.brasilia.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=4356 |titulo=Brasília e o Plano Piloto de Lúcio Costa |acessodata=2009-08-11 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070623180743/http://www.brasilia.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=4356 |arquivodata=2007-06-23 |urlmorta=yes }}</ref>
 
== História ==
{{Artigo principal|História de Brasília}}
 
=== Antecedentes ===
A transferência da [[Distrito federal|capital federal]] do [[Rio de Janeiro]] para uma nova cidade no [[Planalto Brasileiro|Planalto Central]] havia se tornado a meta-síntese do governo do presidente [[Juscelino Kubitschek]]., Tendotendo vencidose astornado resistênciasparte políticasdas epromessas asde burocracias,campanha odesde presidenteantes pediu- ano [[Oscarano Niemeyer]],anterior seua arquiteto de confiançaposse, queele projetasse afirmara novasua capital.disposição Entretanto,em Niemeyercumprir nãoo quisque fazerdeterminava oa projetolei urbanísticoconstitucional, ficandono apenascélebre comcomício os edifícios. Para projetar ana cidade, ele sugere a criaçãogoiana de um concurso nacional com a participação do [[InstitutoJataí de Arquitetos do Brasil(Goiás)|Jataí]], oa que é aceito por Juscelino.<ref>FERNANDES, LUIZ GUSTAVO SOBRAL. Diversidade5 de uma cultura urbanística nacional. Risco: Revistaabril de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo (on line)1955, v.tendo 1,sido p. 139-141, 2016.</ref><ref name=":2">{{Citar web|url=http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.098/130|titulo=arquitextos 098.07: Retórica e persuasão no concurso paraeste o Plano Pilotoponto de Brasília|acessodata=22-07-2020|data=|publicado=vitruvius|ultimo=Alencar Arrais|primeiro=Cristiano}}</ref><ref name=":0">{{citar web|url=https://wwwpartida.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.086/234|titulo=50 anos do concurso para Brasília – um breve histórico (1)|data=julho de 2007|acessodata=22-07-2020|publicado=vitruvius|ultimo=Tavares|primeiro=Jeferson}}</ref>
 
A efetivação do projeto de mudança aconteceu na presidência de [[Juscelino Kubitschek]], que assumiu o governo em 1956, mas desde a campanha eleitoral no ano anterior ele já firmara sua disposição em cumprir o que determinava a lei constitucional, no célebre comício na cidade goiana de Jataí, a 5 de abril de 1955, tendo sido este o ponto de partida. Em 15 de março de 1956 o presidente criou a [[Novacap|Companhia Urbanizadora da Nova Capital]] (Novacap). O engenheiro [[Israel Pinheiro]] foi indicado como presidente da companhia, o arquiteto [[Oscar Niemeyer]] como diretor técnico, e imediatamente Niemeyer começou a elaborar projetos para os primeiros edifícios, como o [[Catetinho]], o [[Palácio da Alvorada]] e o Brasília Palace Hotel.<ref name="Benton">''Brasília''. IN Benton, William (ed). ''Enciclopédia Barsa''. Rio de Janeiro/São Paulo: Encyclopædia Britannica Editores Ltda., 1969. p. 368</ref><ref name="Clauset">[http://books.google.com/books?id=qP25DlXLjoEC&pg=PA72&dq=concurso+%22plano+piloto%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=6#v=onepage&q=concurso%20%22plano%20piloto%22&f=false Clauset, p. 72]</ref> Ele também foi o organizador de um [[Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil|concurso para a criação do projeto urbanístico do núcleo da cidade]], o chamado Plano Piloto.<ref name="Clauset"/>
 
A Novacap foi regulamentada em lei de 19 de setembro, onde também se definiu o nome da cidade como Brasília. Em 2 de outubro Juscelino visitou a região,<ref name="Benton" /> quando fez a seguinte proclamação: "''Deste [[Planalto Brasileiro|Planalto Central]], desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino''".<ref>[http://www.distritofederal.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=1329 ''A visão de JK''] {{Wayback|url=http://www.distritofederal.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=1329 |date=20040918025337 }}. Página oficial do Governo do Distrito Federal. Quarta, 14/04/2010</ref> Logo em seguida já se iniciavam as obras de [[terraplenagem]].<ref name="Benton" />
 
Tendo vencido as resistências políticas e as burocracias, o presidente pediu a [[Oscar Niemeyer]], seu arquiteto de confiança, que projetasse a nova capital. Entretanto, Niemeyer não quis fazer o projeto urbanístico, ficando apenas com os edifícios.<ref name="Niemeyer, p. 363">Niemeyer, Oscar. IN ''Brasília''. Enciclopédia Barsa. Rio de Janeiro/São Paulo: Encyclopædia Britannica Editores Ltda., 1969. p. 363</ref> Para projetar a cidade, ele sugere a criação de um [[Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil|concurso para a criação do projeto urbanístico do núcleo da cidade]] com a participação do [[Instituto de Arquitetos do Brasil|Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB)]], o que é aceito por Juscelino.<ref name="Clauset" /><ref>FERNANDES, LUIZ GUSTAVO SOBRAL. Diversidade de uma cultura urbanística nacional. Risco: Revista de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo (on line), v. 1, p. 139-141, 2016.</ref><ref name=":2">{{Citar web|url=http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.098/130|titulo=arquitextos 098.07: Retórica e persuasão no concurso para o Plano Piloto de Brasília|acessodata=22-07-2020|data=|publicado=vitruvius|ultimo=Alencar Arrais|primeiro=Cristiano}}</ref><ref name=":0">{{citar web|url=https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.086/234|titulo=50 anos do concurso para Brasília – um breve histórico (1)|data=julho de 2007|acessodata=22-07-2020|publicado=vitruvius|ultimo=Tavares|primeiro=Jeferson}}</ref>
 
=== Propostas de projetos ===
{{AP|Concurso para o Plano Piloto de Brasília}}
[[Ficheiro:Exposição do plano piloto de Brasília (5).jpg|miniaturadaimagem|Exposição de uma das propostas para o plano piloto de Brasília, [[Projeto de Milton C. Ghiraldini para o Plano Piloto de Brasília|a de Milton C. Ghiraldini]], em fotografia da antiga [[Agência Nacional]] em 1957 pertencente ao acervo do [[Arquivo Nacional]]. Essa proposta ficou em quinto lugar.|alt=]]Em 1956 foi criada a Comissão de Planejamento da Construção e da Mudança da Nova Capital Federal, que anunciou o Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil, com o edital da [[Novacap|Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap)]] estabelecendo as regras que incluíam, por exemplo, que a cidade fosse projetada para 500 mil habitantes e a localização da área de cinco mil quilômetros quadrados. Apesar de ser associado devido ao formato final de seu projeto, o termo ''Plano Piloto'' não foi criação de Lúcio Costa: o termo foi citado porpelo arquiteto francês [[Le Corbusier]] numa carta ao [[José Pessoa|Marechal José Pessoa]] sobre um possível projeto para a capital brasileira em 1955. Ele passa a ser oficial a partir dessedo lançamento do edital da Novacap.<ref name=":0" />[[Ficheiro:Setor comercial, Estação Rodoviária, Setor de diversões, Teatro Nacional de Brasília - BR RJANRIO PH 0 FOT 00694 0020, Acervo do Arquivo Nacional.jpg|miniaturadaimagem|Setores comercial e de diversões, com a [[Rodoviária do Plano Piloto]]. A setorização, típica do [[Arquitetura moderna|modernismo]], fazia parte da proposta de Lúcio e da maioria dos concorrentes.]]
Em 12 de março de 1957 iniciou-se a seleção dos projetos do [[Concurso para o Plano Piloto de Brasília|Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil]] no Ministério da Educação, no Rio de Janeiro. 62 concorrentes participaram do concurso, com 26 propostas apresentadas. Em um telegrama, a Novacap marcou a entrega dos projetos para as 18 horas. Lúcio Costa foi o último a entregar o projeto, perto das 23 horas, após ter, por muito tempo, se recusado a participar ou se juntar a equipes. Ele concorreu sozinho, com a sua proposta recebendo o número 22.<ref name=":2" /><ref name=":0" />
 
O júri do concurso foi composto por Israel Pinheiro, presidente, sem direito a voto; Oscar Niemeyer, pela Novacap; Luiz Hildebrando Horta Barbosa, pelo Clube de Engenharia; Paulo Antunes Ribeiro, pelo Instituto de Arquitetos do Brasil; William Holford, da [[Universidade de Londres]]; André Sive, professor de urbanismo em [[Paris]] e conselheiro do Ministério de Reconstrução da [[França]], e Stamo Papadaki, da [[Universidade de Nova Iorque]].
 
=== Resultado do concurso ===
No dia 16 foi apresentada oficialmente como vencedora [[Projeto de Lúcio Costa para o Plano Piloto de Brasília|a proposta apresentada]] por [[Lúcio Costa]], em votação unânime. Contudo, desde logo o concurso foi criticado. Desde o início, o júri se dividiu entre o presidente do IAB, Paulo Antunes Ribeiro, e os membros estrangeiros, William Holford e André Sive, que eram amigos de Niemeyer.
 
O júri se dividiu entre o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Paulo Antunes Ribeiro, e os membros estrangeiros, William Holford e André Sive, que eram amigos de Niemeyer. Após alguns dias de discussão, uma pré-seleção foi feita sem Paulo, o que leva ele a não assinar o relatório final e se retirar, dando um voto em separado.<ref name="Não_nomeado-yBRw-1">Couto, Ronaldo Costa. [http://books.google.com/books?id=U8zlwimjYZ8C&pg=PA116&dq=concurso+%22plano+piloto%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=2#v=onepage&q=concurso%20%22plano%20piloto%22&f=false ''Brasília Kubitschek de Oliveira'']. Record, 2006. pp. 116-118</ref> O júri então decidedecidiu pelo projeto de Lúcio Costa, ecom um dos membros chegou a dizer que “a obra de Lúcio Costa é a maior contribuição urbanística do século XX”. A composição do júri claramente dava vantagem aos arquitetos do modernismo, e Lúcio Costa foi, pessoalmente, um dos responsáveis pela difusão do estilo no Brasil.<ref name=":3">{{citar web|url=https://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/projeto-arquitetonico-de-lucio-costa-para-brasilia-completa-60-anos.ghtml|titulo=Projeto arquitetônico de Lucio Costa para Brasília completa 60 anos|data=18/03/2017|acessodata=22/07/2020|publicado=G1}}</ref><ref>{{citar livro|título=O Concurso de Brasília|ultimo=Braga|primeiro=Milton|editora=Cosac e Naify|ano=2010|local=Rio de Janeiro|página=|isbn=978-8575038963}}</ref> Paulo Antunes Ribeiro, alegando ter sido colocado à parte da escolha, não assinou o relatório final, e retirou-se, dando um voto em separado.<ref name="Não_nomeado-yBRw-1" />
 
OAlguns participantes também manifestaram seu desagrado e o resultado foi criticado por vários fatores, desde a rapidez na escolha dos finalistas e no processo de seleção até o fato de que a proposta vencedora tinha bem menos conteúdo físico que outras — apenas um anteprojeto e um relatório justificativo mínimo. Além do presidente do IAB, outro membro do júri, [[Marcos Konder]], se recusou a participar, considerando os prazos curtos demais e o edital com uma regulamentação irregular.<ref name="Não_nomeado-yBRw-2">Campos, Maria Clara Redig de. [http://books.google.com/books?id=6iaVowFWDusC&pg=PA116&dq=concurso+%22plano+piloto%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=17#v=onepage&q=concurso%20%22plano%20piloto%22&f=false ''Ecos do Modernismo: Guanabara e o Plano Doxiadis'']. IN Oliveira, Lúcia Pippi & Freire, Américo. ''Novas Memórias do Urbanismo Carioca''. Fundação Getúlio Vargas, 2008. pp. 116-117</ref> Outros, participantes ou não do concurso, também criticaram o resultado. [[Carmen Portinho]], por exemplo, disse que o concurso era "um jogo de cartas marcadas".<ref name="Não_nomeado-yBRw-3">[http://books.google.com/books?id=U8zlwimjYZ8C&pg=PA116&dq=concurso+%22plano+piloto%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=2#v=onepage&q=concurso%20%22plano%20piloto%22&f=false Couto, pp. 118-119]</ref><ref name="Não_nomeado-yBRw-1" /><ref name=":2" /><ref name="Não_nomeado-yBRw-3" /> No entanto, o resultado permaneceu e no dia 25 de março de 1957, o resultado foi oficializado no [[Diário Oficial da União]].
 
=== O projeto vencedor ===
{{VT|Relatório do Plano Piloto de 1957}}
[[Ficheiro:Exposição do plano piloto de Brasília (1).jpg|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|OA projetoproposta 22 de Lúcio Costa, vencedor do concurso do Plano Piloto, em exposição.]]
{{caixa de citação|Nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz.
[[Ficheiro:Avenida W3 Avenida_W3_- BR RJANRIO PH 0 FOT 00694 0025_BR_RJANRIO_PH_0_FOT_00694_0025, Acervo do Arquivo Nacional_Acervo_do_Arquivo_Nacional.jpg|alt=|miniaturadaimagem|A W3 Sul. Grandes eixos rodoviários foram planejados para ligar as partes da cidade na proposta de Lúcio Costa.]]
Ernesto Silva justificajustificou que o projeto do plano piloto de Lúcio Costa atendeu a todos os requisitos do concurso previstos no edital, como o "traçado básico da cidade" e um "relatório justificativo" e que o relatório de Costa contemplou esses itens "como convém às grandes obras e às grandes ideias."<ref>{{Citar livro|url=http://worldcat.org/oclc/1013366802|título=História de Brasília : um sonho, uma esperança, uma realidade|ultimo=Silva, Ernesto.|editora=Charbel|ano=2006|local=Brasília|página=155|páginas=394|oclc=1013366802}}</ref> A capacidade de persuasão do projeto de Lúcio Costa e seu [[Relatório do Plano Piloto de 1957|relatório justificativo]] foram fundamentais para a vitória, com a retórica chamando a atenção do júri ao colar os valores éticos, estéticos e históricos da criação da nova capital a nova arquitetura vigente e a sua proposta. Segundo o historiador Elias Manoel da Silva, o projeto "tinha como preocupação vender uma 'ideia de cidade' em folhas de A4" em contraste com o farto material dos concorrentes.<ref name=":3" /><ref name=":2" />
 
62 concorrentes participaram do concurso, com 26 propostas apresentadas. Em um telegrama, a Novacap marcou a entrega dos projetos para as 18 horas. Lúcio Costa foi o último a entregar o projeto, perto das 23 horas, após ter, por muito tempo, se recusado a participar ou se juntar a equipes. Ele concorreu sozinho, com a sua proposta recebendo o número 22.<ref name=":2" /><ref name=":0" /> A proposta 22 continha um único plano piloto desenhado à mão e um relatório justificativo de 24 páginas, pouco perto de outros que tinha mais de duzentas páginas, mas o suficiente para ser aceito pela comissão do concurso. O documento começa com um pedido de desculpas de Lúcio "''pela apresentação sumária",'' apresentava 22 pontos de soluções urbanísticas, além de esboços de vias urbanas (das tradicionais tesourinhas) e do cruzamento dos eixos rodoviários, apresentados como propostas de solução para o trânsito, esboço para os setores de comércio, diversões, setor residencial o eixo ministerial e até a torre de TV.<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/61763212|título=Brasília : memória da construção|ultimo=Tamanini, L. Fernando (Lourenço Fernando), 1923-|editora=Projecto Editorial|ano=2003|edicao=2|volume=v. 2|local=Brasília, DF|página=191-206|páginas=365|oclc=61763212}}</ref>{{caixa de citação|Nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz.
| autor = —O formato dos eixos, explicado por Lúcio Costa no relatório justificativo entregue ao concurso.<ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/06/04/aviao-ou-borboleta-entenda-as-inspiracoes-de-lucio-costa-para-o-projeto-de-brasilia.ghtml|data=|acessodata=21-07-2020|publicado=G1}}</ref>
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| quoted = true
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[[File:Lúcio Costa, 1970.tif|thumb|O urbanista [[Lúcio Costa]] foi o vencedor do concurso para o projeto de construção de Brasília e teve participação fundamental no tombamento da cidade.|alt=]]Apesar da crença popular que a cidade tenha sido inspirada em um avião, uma borboleta ou uma libélula, a organização dos dois eixos principais foi pensada para formar uma cruz, estruturando o desenho urbano em torno de dois eixos monumentais, e nas palavras de Lúcio Costa seu projeto foi "um delesato deliberado de posse, um gesto de sentido desbravador" - um dos eixos, porém, foi entortado se adaptar a região e ao relevo, formando o desenho das "asas" que foi executado, conforme explicado na diretriz nº1 do relatório.<ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/06/04/aviao-ou-borboleta-entenda-as-inspiracoes-de-lucio-costa-para-o-projeto-de-brasilia.ghtml|titulo=Avião ou borboleta? Entenda as inspirações de Lúcio Costa para o projeto de Brasília|data=04/06/2019|acessodata=22/07/2020|publicado=G1}}</ref><ref name="Gerodetti">Gerodetti, João Emilio & Cornejo, Carlos. [http://books.google.com/books?id=clPgyjOSXY8C&pg=PA111&dq=concurso+bras%C3%ADlia+%22lucio+costa%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=19#v=onepage&q&f=false ''Lembranças do Brasil: as capitais brasileiras nos cartões-postais e álbuns de lembranças'']. Solaris Editorial, 2004. pp. 112-113</ref> Nesse eixo entortado, que ele chama de [[Eixo Rodoviário de Brasília|Eixo Rodoviário]], se concentraria a região residencial, ligada por estradas de alta velocidade e outras para o tráfego local. No eixo reto, chamado de [[Eixo Monumental]], ficariam os setores do governo, com destaque formal a uma praça triângular em uma das pontas, destinadas aos edifícios dos três poderes supremos — o [[Palácio Nereu Ramos|Palácio do Congresso]], no vértice, e o [[Palácio do Supremo Tribunal Federal]] e o [[Palácio do Planalto]] na base do triângulo — que ele chamou de ''[[Praça dos Três Poderes]]''.
Em 1956 foi criada a Comissão de Planejamento da Construção e da Mudança da Nova Capital Federal, que anunciou o Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil, com o edital da [[Novacap|Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap)]] estabelecendo as regras que incluíam, por exemplo, que a cidade fosse projetada para 500 mil habitantes e a localização da área de cinco mil quilômetros quadrados. Apesar de ser associado devido ao formato final de seu projeto, o termo ''Plano Piloto'' não foi criação de Lúcio Costa: o termo foi citado por Le Corbusier numa carta ao [[José Pessoa|Marechal José Pessoa]] sobre um possível projeto para a capital brasileira em 1955. Ele passa a ser oficial a partir desse edital.<ref name=":0" />
 
Como em outras propostas, a tendência da arquitetura moderna de setorizar e separar parte da cidade para atividades específicas — comercio, serviços, lazer, institucional — também se faz presente na proposta e foi executada. Para minimizar problemas de circulação, eliminou cruzamentos através da intersecção de avenidas em passagens de nível. As diretrizes do relatório explicaexplicam como cada setor vai funcionar. A de número 16, por exemplo, explica o funcionamento do setor residencial, onde ficam descritas as "''[[Superquadra|super-quadras]]"'' e a de número 21, a sua numeração em código, dividida em norte e sul em relação ao eixo monumental.<ref name=":1">{{citar web|url=https://www.ebc.com.br/cultura/2015/04/7-brasilia-possiveis|titulo=Brasília, 55 anos: conheça os projetos que pensaram a capital do país|data=21/04/2015|acessodata=21-07-2020|publicado=[[EBC]]}}</ref>[[Imagem:Construção do Congresso Nacional Esplanada dos Ministérios 1959-10.jpg|thumb|[[Palácio Nereu Ramos|Edifício-sede]] do [[Congresso Nacional do Brasil]] em 1959, durante a [[História de Brasília#A construção de Brasília|construção da nova capital federal]].]]
62 concorrentes participaram do concurso, com 26 propostas apresentadas. Em um telegrama, a Novacap marcou a entrega dos projetos para as 18 horas. Lúcio Costa foi o último a entregar o projeto, perto das 23 horas, após ter, por muito tempo, se recusado a participar ou se juntar a equipes. Ele concorreu sozinho, com a sua proposta recebendo o número 22.<ref name=":2" /><ref name=":0" /> A proposta 22 continha um único plano piloto desenhado à mão e um relatório justificativo de 24 páginas, pouco perto de outros que tinha mais de duzentas páginas, mas o suficiente para ser aceito pela comissão do concurso. O documento começa com um pedido de desculpas de Lúcio "''pela apresentação sumária",'' apresentava 22 pontos de soluções urbanísticas, além de esboços de vias urbanas (das tradicionais tesourinhas) e do cruzamento dos eixos rodoviários, apresentados como propostas de solução para o trânsito, esboço para os setores de comércio, diversões, setor residencial o eixo ministerial e até a torre de TV.<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/61763212|título=Brasília : memória da construção|ultimo=Tamanini, L. Fernando (Lourenço Fernando), 1923-|editora=Projecto Editorial|ano=2003|edicao=2|volume=v. 2|local=Brasília, DF|página=191-206|páginas=365|oclc=61763212}}</ref>
 
A capacidade de persuasão do projeto de Lúcio Costa e seu [[Relatório do Plano Piloto de 1957|relatório justificativo]] foram fundamentais para a vitória, com a retórica chamando a atenção do júri ao colar os valores éticos, estéticos e históricos da criação da nova capital a nova arquitetura vigente e a sua proposta. Segundo o historiador Elias Manoel da Silva, o projeto "tinha como preocupação vender uma 'ideia de cidade' em folhas de A4" em contraste com o farto material dos concorrentes.<ref name=":3">{{citar web|url=https://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/projeto-arquitetonico-de-lucio-costa-para-brasilia-completa-60-anos.ghtml|titulo=Projeto arquitetônico de Lucio Costa para Brasília completa 60 anos|data=18/03/2017|acessodata=22/07/2020|publicado=G1}}</ref><ref name=":2" />
[[File:Lúcio Costa, 1970.tif|thumb|O urbanista [[Lúcio Costa]] foi o vencedor do concurso para o projeto de construção de Brasília e teve participação fundamental no tombamento da cidade.|alt=]]
[[Ficheiro:Avenida W3 - BR RJANRIO PH 0 FOT 00694 0025, Acervo do Arquivo Nacional.jpg|alt=|miniaturadaimagem|A W3 Sul. Grandes eixos rodoviários foram planejados para ligar as partes da cidade na proposta de Lúcio Costa.]]
 
Apesar da crença popular que a cidade tenha sido inspirada em um avião, uma borboleta ou uma libélula, a organização dos dois eixos principais foi pensada para formar uma cruz — um deles, porém, entortado se adaptar a região e ao relevo, formando o desenho que foi executado, conforme explicado na diretriz nº1 do relatório.<ref>{{citar web|url=https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/06/04/aviao-ou-borboleta-entenda-as-inspiracoes-de-lucio-costa-para-o-projeto-de-brasilia.ghtml|titulo=Avião ou borboleta? Entenda as inspirações de Lúcio Costa para o projeto de Brasília|data=04/06/2019|acessodata=22/07/2020|publicado=G1}}</ref> Nesse eixo entortado, que ele chama de [[Eixo Rodoviário de Brasília|Eixo Rodoviário]], se concentraria a região residencial, ligada por estradas de alta velocidade e outras para o tráfego local. No eixo reto, chamado de [[Eixo Monumental]], ficariam os setores do governo, com destaque formal a uma praça triângular em uma das pontas, destinadas aos edifícios dos três poderes supremos — o [[Palácio Nereu Ramos|Palácio do Congresso]], no vértice, e o [[Palácio do Supremo Tribunal Federal]] e o [[Palácio do Planalto]] na base do triângulo — que ele chamou de ''[[Praça dos Três Poderes]]''.
 
Como em outras propostas, a tendência da arquitetura moderna de setorizar e separar parte da cidade para atividades específicas — comercio, serviços, lazer, institucional — também se faz presente na proposta e foi executada. As diretrizes do relatório explica como cada setor vai funcionar. A de número 16, por exemplo, explica o funcionamento do setor residencial, onde ficam descritas as "''[[Superquadra|super-quadras]]"'' e a de número 21, a sua numeração em código, dividida em norte e sul em relação ao eixo monumental.<ref name=":1">{{citar web|url=https://www.ebc.com.br/cultura/2015/04/7-brasilia-possiveis|titulo=Brasília, 55 anos: conheça os projetos que pensaram a capital do país|data=21/04/2015|acessodata=21-07-2020|publicado=[[EBC]]}}</ref>
 
As principais preocupações de Lúcio em sua proposta era as habitações e a monumentalidade.<ref name=":3" /> O plano previa a conclusão da execução do Plano Piloto em dez anos, e um limite para o tamanho da cidade, que após vinte anos, deveria ser através das penínsulas e nas cidades-satélites.<ref name=":1" />
 
=== Resultado do concurso ===
[[Ficheiro:Setor comercial, Estação Rodoviária, Setor de diversões, Teatro Nacional de Brasília - BR RJANRIO PH 0 FOT 00694 0020, Acervo do Arquivo Nacional.jpg|miniaturadaimagem|Setores comercial e de diversões, com a [[Rodoviária do Plano Piloto]]. A setorização, típica do [[Arquitetura moderna|modernismo]], fazia parte da proposta de Lúcio e da maioria dos concorrentes.]]
Em 16 de março de 1957, a banca da Comissão de Planejamento da Construção e da Mudança da Nova Capital Federal anunciou a vitória de Lúcio Costa, com outras seis equipes dividindo o segundo e o terceiro lugar. No dia 25 do mesmo mês, o resultado foi oficializado no [[Diário Oficial da União]].
 
O júri se dividiu entre o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Paulo Antunes Ribeiro, e os membros estrangeiros, William Holford e André Sive, que eram amigos de Niemeyer. Após alguns dias de discussão, uma pré-seleção foi feita sem Paulo, o que leva ele a não assinar o relatório final e se retirar, dando um voto em separado.<ref name="Não_nomeado-yBRw-1">Couto, Ronaldo Costa. [http://books.google.com/books?id=U8zlwimjYZ8C&pg=PA116&dq=concurso+%22plano+piloto%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=2#v=onepage&q=concurso%20%22plano%20piloto%22&f=false ''Brasília Kubitschek de Oliveira'']. Record, 2006. pp. 116-118</ref> O júri então decide pelo projeto de Lúcio Costa, e um dos membros chegou a dizer que “a obra de Lúcio Costa é a maior contribuição urbanística do século XX”. A composição do júri claramente dava vantagem aos arquitetos do modernismo, e Lúcio Costa foi, pessoalmente, um dos responsáveis pela difusão do estilo no Brasil.<ref name=":3" /><ref>{{citar livro|título=O Concurso de Brasília|ultimo=Braga|primeiro=Milton|editora=Cosac e Naify|ano=2010|local=Rio de Janeiro|página=|isbn=978-8575038963}}</ref>
 
Ernesto Silva justifica que o projeto do plano piloto de Lúcio Costa atendeu a todos os requisitos do concurso previstos no edital, como o "traçado básico da cidade" e um "relatório justificativo" e que o relatório de Costa contemplou esses itens "como convém às grandes obras e às grandes ideias."<ref>{{Citar livro|url=http://worldcat.org/oclc/1013366802|título=História de Brasília : um sonho, uma esperança, uma realidade|ultimo=Silva, Ernesto.|editora=Charbel|ano=2006|local=Brasília|página=155|páginas=394|oclc=1013366802}}</ref>
 
O resultado foi criticado por vários fatores, desde a rapidez na escolha dos finalistas e no processo de seleção até o fato de que a proposta vencedora tinha bem menos conteúdo físico que outras — apenas um anteprojeto e um relatório justificativo mínimo. Além do presidente do IAB, outro membro do júri, [[Marcos Konder]], se recusou a participar, considerando os prazos curtos demais e o edital com uma regulamentação irregular.<ref name="Não_nomeado-yBRw-2">Campos, Maria Clara Redig de. [http://books.google.com/books?id=6iaVowFWDusC&pg=PA116&dq=concurso+%22plano+piloto%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=17#v=onepage&q=concurso%20%22plano%20piloto%22&f=false ''Ecos do Modernismo: Guanabara e o Plano Doxiadis'']. IN Oliveira, Lúcia Pippi & Freire, Américo. ''Novas Memórias do Urbanismo Carioca''. Fundação Getúlio Vargas, 2008. pp. 116-117</ref> Outros, participantes ou não do concurso, também criticaram o resultado. [[Carmen Portinho]], por exemplo, disse que o concurso era "um jogo de cartas marcadas".<ref name="Não_nomeado-yBRw-3">[http://books.google.com/books?id=U8zlwimjYZ8C&pg=PA116&dq=concurso+%22plano+piloto%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=2#v=onepage&q=concurso%20%22plano%20piloto%22&f=false Couto, pp. 118-119]</ref><ref name="Não_nomeado-yBRw-1"/><ref name=":2" />
 
=== Construção ===
[[Imagem:0741 NOV B 05 Esplanada dos Ministerios Brasilia DF 03 09 1959.jpg|thumb|A construção de Brasília. Na imagem os prédios dos ministérios, 1959. Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal.]]Foram construídos milhares de quilômetros de rodovias e ferrovias para garantir o deslocamento de pessoas e materiais, e foram usados os mais modernos recursos técnicos de construção,<ref name="Gerodetti" /> mas a exiguidade dos prazos, impondo a conclusão das obras em 21 de abril de 1960, o que tornou febril o ritmo de construção da cidade. Multidões de operários de vários pontos do Brasil, os ''candangos'', especialmente nordestinos, foram atraídos para lá, trabalhando num cronograma diuturno, sem interrupção. Não existiam materiais no local salvo a pedra, tijolos e areia. Tudo o mais tinha de vir de longe, incluindo máquinas pesadas, e boa parte do transporte era via aérea, o que elevava enormemente os custos. Apesar da abertura de vias de transporte, o principal ponto de transbordo de carga era [[Anápolis]], a 139&nbsp;km da capital, e o [[asfalto]] só chegou em Brasília em 1960, na fase final da construção.<ref>Santos, Mílton. [http://books.google.com/books?id=e2MS4EYSfJsC&pg=PA49&dq=bras%C3%ADlia+s%C3%ADmbolo+s%C3%ADmbolo+OR+bras%C3%ADlia+OR+unidade+OR+fantasia+OR+corrup%C3%A7%C3%A3o+OR+cerimonial+OR+fantasia+OR+nacionalismo&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=5#v=onepage&q=bras%C3%ADlia%20s%C3%ADmbolo%20s%C3%ADmbolo%20OR%20bras%C3%ADlia%20OR%20unidade%20OR%20fantasia%20OR%20corrup%C3%A7%C3%A3o%20OR%20cerimonial%20OR%20fantasia%20OR%20nacionalismo&f=false ''Manual de geografia urbana'']. Universidade de São Paulo, 2008. p. 50</ref> O discurso de Juscelino ao longo de todo o processo construtivo foi enfaticamente progressista e entusiasta, até visionário. Via a construção como um passo decisivo da nação em direção à sua independência e unidade política, e sua plena afirmação como povo, atribuindo a este a missão grandiosa de civilizar e povoar as terras que havia conquistado e representar, na comunidade internacional, um dos mais ricos territórios do mundo.<ref name="Niemeyer, p. 363" /><ref>[http://books.google.com/books?id=U8zlwimjYZ8C&pg=PA220-IA17&hl=pt-BR&source=gbs_selected_pages&cad=3#v=onepage&q=custos%20versus%20benef%C3%ADcios&f=false Couto, p. 25]</ref> O ritmo acelerado das obras revelava um novo padrão de ação social, acreditando-se que é possível mudar a [[história]] por meio de uma intervenção premeditada, abreviando o curso da evolução social queimando-se etapas intermediárias.<ref>Avritzer, Leonardo. [http://books.google.com/books?id=wueBZbp2GucC&pg=PA220&dq=bras%C3%ADlia+s%C3%ADmbolo+s%C3%ADmbolo+OR+bras%C3%ADlia+OR+unidade+OR+fantasia+OR+corrup%C3%A7%C3%A3o+OR+cerimonial+OR+fantasia+OR+nacionalismo&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=50#v=onepage&q=bras%C3%ADlia%20s%C3%ADmbolo%20s%C3%ADmbolo%20OR%20bras%C3%ADlia%20OR%20unidade%20OR%20fantasia%20OR%20corrup%C3%A7%C3%A3o%20OR%20cerimonial%20OR%20fantasia%20OR%20nacionalismo&f=false ''A participação em São Paulo'']. Universidade do Estado de São Paulo, 2004. p. 221</ref>[[Ficheiro:CidadePalácio Livreda (NúcleoAlvorada Bandeirante)durante -construção.jpg|thumb|O BR[[Palácio RJANRIOda PHAlvorada]] 0durante FOTa 00694sua 0058, Acervo do Arquivo Nacionalconstrução.jpg|alt=|miniaturadaimagem|226x226px|Em contraste com o organizado Plano Piloto, os trabalhadores e suas famílias viviam em condições improvisadas na Cidade Livre.]]Juscelino iniciara seu governo quando ocorria uma verdadeira explosão econômica, com taxas impressionantes de crescimento: 80% ao ano na produção industrial, com casos de 600% em alguns setores como o elétrico e equipamentos de transporte, 7% ao ano no [[Produto Nacional Bruto|PNB]], maciça entrada de capital estrangeiro, expansão generalizada no consumo, forte tendência à formação de [[monopólio]]s e ênfase nos valores do [[capitalismo]]. Entretanto, verificou-se paralelamente o crescimento da inflação pela grande emissão de moeda e maior concentração de renda, repercutindo em defasagem salarial e exploração da força de trabalho. Juscelino procurou consolidar esse ritmo em um Plano de Metas, com o objetivo de fazer em cinco anos o que deveria ser feito em cinquenta, na chamada política [[desenvolvimentismo|desenvolvimentista]], consagrando uma ideia de progresso e "ordem pública" dentro de uma estrutura de poder centralizada e interventora, e vendo na [[industrialização]] a [[panaceia]] contra todos os males brasileiros. Os resultados econômicos foram tão marcantes que o discurso desenvolvimentista foi capaz de atrair numa espécie de consenso nacional a maioria dos segmentos influentes da sociedade brasileira, incluindo facções diametralmente opostas como os militares e os [[comunista]]s.<ref>[http://books.google.com/books?id=RHvZXZn7jKQC&pg=PA101&dq=%22constru%C3%A7%C3%A3o+de+bras%C3%ADlia%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=2#v=onepage&q=%22constru%C3%A7%C3%A3o%20de%20bras%C3%ADlia%22&f=false Vesentini, pp. 101-107; 130-133]</ref><ref>Aggio, Alberto; Barbosa, Agnaldo de Sousa & Lambert, Hercídia Mara Facuri Coelho. [http://books.google.com/books?id=qP25DlXLjoEC&pg=PA7&dq=unesco+bras%C3%ADlia&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=22#v=onepage&q=unesco%20bras%C3%ADlia&f=false ''Política e sociedade no Brasil, 1930-1964'']. Annablume, 2002. pp. 62-63</ref> A construção de Brasília se inseriu nesse Plano de Metas, como parte importante do processo de integração nacional e da ocupação do território numa nova distribuição de funções a cada região.<ref>[http://books.google.com/books?id=RHvZXZn7jKQC&pg=PA101&dq=%22constru%C3%A7%C3%A3o+de+bras%C3%ADlia%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=2#v=onepage&q=%22constru%C3%A7%C3%A3o%20de%20bras%C3%ADlia%22&f=false Vesentini, pp. 116-117]</ref><ref name="EBC">{{citar web|url=http://www.ebc.com.br/2012/12/niemeyer-e-joaquim-cardozo-uma-parceria-magica-entre-arquiteto-e-engenheiro|título=Niemeyer e Joaquim Cardozo: uma parceria mágica entre arquiteto e engenheiro|publicado=EBC|acessodata=11-01-2019}}</ref><ref>{{citar web|url=https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/brasilia/revistas/A_revista_veja.pdf|título=Brasília 50 anos|publicado=VEJA|acessodata=11 de janeiro de 2019}}</ref><ref name="A">{{citar web|url=http://www.piniweb.com.br/construcao/noticias/o-engenheiro-da-poesia-84576-1.asp|titulo=PINI Web - O engenheiro da poesia|data= 01-08-1998|acessodata=11-01-2019}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.museuvirtualbrasilia.org.br/PT/personalidades.php?ator=joaquim|título=Joaquim Cardozo|publicado=Museu Virtual de Brasília|acessodata=11 de janeiro de 2019}}</ref>[[Ficheiro:Cidade Livre (Núcleo Bandeirante) - BR RJANRIO PH 0 FOT 00694 0058, Acervo do Arquivo Nacional.jpg|alt=|miniaturadaimagem|226x226px|Em contraste com o organizado Plano Piloto, os trabalhadores e suas famílias viviam em condições improvisadas na Cidade Livre.]]{{Imagem dupla|right|Candangos em Brasília - BR RJANRIO PH 0 FOT 00694 0076, Acervo do Arquivo Nacional.jpg|140|Os Candangos.jpg|260|Candangos perto do monumento que foi inicialmente chamado de "Os Guerreiros".|A escultura de [[Bruno Giorgi]] na Praça dos Três Poderes acabou ficando conhecida como "[[Os candangos|Os Candangos]]", uma homenagem aos operários construtores de Brasília.}}Boa parte da força e atenção do país giravam em torno de Brasília, que rapidamente ganhava seus contornos. A quantidade de operários afluindo às obras fez nascer vários povoados em torno do Plano Piloto, mas a concentração principal era na Cidade Livre, depois chamada [[Núcleo Bandeirante]]. Consistindo de um grande conjunto de casas muito simples de madeira, erguidas pelas empreiteiras para acolher os trabalhadores migrantes, deveria ser desmantelada ao final da construção da capital, o que acabou não acontecendo. Chegou a ter cinco mil moradias e cerca de trinta mil habitantes, com um comércio mais ativo que [[Goiânia]] na mesma época. Não eram necessários projetos para as casas e a aglomeração era favorecida com a isenção de impostos, mas não se davam títulos de propriedade. Logo o Núcleo Bandeirante ficou marcado como um centro de marginais, com brigas de rua frequentes. Para o abastecimento dessa população foram especialmente criadas uma [[cooperativa]] agrícola, um [[matadouro]], um [[mercado]] livre e uma [[granja]].
{{Artigo principal|História de Brasília}}
[[Ficheiro:Exposição do plano piloto de Brasília (5).jpg|miniaturadaimagem|Exposição de uma das propostas para o plano piloto de Brasília, [[Projeto de Milton C. Ghiraldini para o Plano Piloto de Brasília|a de Milton C. Ghiraldini]], em fotografia da antiga [[Agência Nacional]] em 1957 pertencente ao acervo do [[Arquivo Nacional]]. Essa proposta ficou em quinto lugar.|alt=|esquerda]]
 
A efetivação do projeto de mudança aconteceu na presidência de [[Juscelino Kubitschek]], que assumiu o governo em 1956, mas desde a campanha eleitoral no ano anterior ele já firmara sua disposição em cumprir o que determinava a lei constitucional, no célebre comício na cidade goiana de Jataí, a 5 de abril de 1955, tendo sido este o ponto de partida. Em 15 de março de 1956 o presidente criou a [[Novacap|Companhia Urbanizadora da Nova Capital]] (Novacap). O engenheiro [[Israel Pinheiro]] foi indicado como presidente da companhia, o arquiteto [[Oscar Niemeyer]] como diretor técnico, e imediatamente Niemeyer começou a elaborar projetos para os primeiros edifícios, como o [[Catetinho]], o [[Palácio da Alvorada]] e o Brasília Palace Hotel.<ref name="Benton">''Brasília''. IN Benton, William (ed). ''Enciclopédia Barsa''. Rio de Janeiro/São Paulo: Encyclopædia Britannica Editores Ltda., 1969. p. 368</ref><ref name="Clauset">[http://books.google.com/books?id=qP25DlXLjoEC&pg=PA72&dq=concurso+%22plano+piloto%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=6#v=onepage&q=concurso%20%22plano%20piloto%22&f=false Clauset, p. 72]</ref> Ele também foi o organizador de um [[Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil|concurso para a criação do projeto urbanístico do núcleo da cidade]], o chamado Plano Piloto.<ref name="Clauset"/>
[[Ficheiro:Exposição do plano piloto de Brasília (1).jpg|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|O projeto 22 de Lúcio Costa, vencedor do concurso do Plano Piloto, em exposição.]]
[[Imagem:Construção do Congresso Nacional Esplanada dos Ministérios 1959-10.jpg|thumb|esquerda|[[Palácio Nereu Ramos|Edifício-sede]] do [[Congresso Nacional do Brasil]] em 1959, durante a [[História de Brasília#A construção de Brasília|construção da nova capital federal]].]]
 
A Novacap foi regulamentada em lei de 19 de setembro, onde também se definiu o nome da cidade como Brasília. Em 2 de outubro Juscelino visitou a região,<ref name="Benton"/> quando fez a seguinte proclamação: "Deste [[Planalto Brasileiro|Planalto Central]], desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino".<ref>[http://www.distritofederal.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=1329 ''A visão de JK''] {{Wayback|url=http://www.distritofederal.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=1329 |date=20040918025337 }}. Página oficial do Governo do Distrito Federal. Quarta, 14/04/2010</ref> Logo em seguida já se iniciavam as obras de [[terraplenagem]].<ref name="Benton"/>
 
Em 12 de março de 1957 iniciou-se a seleção dos projetos do [[Concurso para o Plano Piloto de Brasília|Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil]] no Ministério da Educação, no Rio de Janeiro. No dia 16 foi apresentada oficialmente como vencedora [[Projeto de Lúcio Costa para o Plano Piloto de Brasília|a proposta apresentada]] por [[Lúcio Costa]], em votação unânime. O júri do concurso foi composto por Israel Pinheiro, presidente, sem direito a voto; Oscar Niemeyer, pela Novacap; Luiz Hildebrando Horta Barbosa, pelo Clube de Engenharia; Paulo Antunes Ribeiro, pelo [[Instituto de Arquitetos do Brasil]]; William Holford, da [[Universidade de Londres]]; André Sive, professor de urbanismo em [[Paris]] e conselheiro do Ministério de Reconstrução da [[França]], e Stamo Papadaki, da [[Universidade de Nova Iorque]]. Contudo, desde logo o concurso foi criticado. O presidente do IAB, Paulo Ribeiro, alegando ter sido colocado à parte da escolha, não assinou o relatório final, e retirou-se, dando um voto em separado.<ref name="Não_nomeado-yBRw-1"/> [[Marcos Konder]], convidado por Niemeyer, se recusou a participar, considerando os prazos curtos demais e o edital com uma regulamentação irregular.<ref name="Não_nomeado-yBRw-2"/> Alguns participantes também manifestaram seu desagrado.<ref name="Não_nomeado-yBRw-3"/>
 
Estruturando o desenho urbano em torno de dois eixos monumentais dispostos em cruz, nas palavras de Lúcio Costa seu projeto foi "um ato deliberado de posse, um gesto de sentido desbravador". Definiu áreas específicas para cada tipo de uso: residencial, administrativo, comercial, industrial, recreativo, cultural, e assim por diante. Para minimizar problemas de circulação, eliminou cruzamentos através da intersecção de avenidas em passagens de nível. Na extremidade do eixo longitudinal, destacava-se a [[Praça dos Três Poderes]]. As primeiras ideias de Costa desenharam o Plano Piloto em forma de uma cruz ortogonal, mas a topografia do terreno e necessidades de circulação impuseram uma adaptação, de modo que o eixo transversal foi curvado, resultando uma forma semelhante à de um avião.<ref name="Gerodetti">Gerodetti, João Emilio & Cornejo, Carlos. [http://books.google.com/books?id=clPgyjOSXY8C&pg=PA111&dq=concurso+bras%C3%ADlia+%22lucio+costa%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=19#v=onepage&q&f=false ''Lembranças do Brasil: as capitais brasileiras nos cartões-postais e álbuns de lembranças'']. Solaris Editorial, 2004. pp. 112-113</ref> A arquitetura da nova capital foi confiada a Niemeyer. Um dos mais originais e brilhantes discípulos da estética [[modernista]] de [[Le Corbusier]], Niemeyer buscou a criação de formas claras, leves, simples, livres, nobres e belas, sem considerar apenas seu aspecto funcional.<ref name="Niemeyer, p. 363">Niemeyer, Oscar. IN ''Brasília''. Enciclopédia Barsa. Rio de Janeiro/São Paulo: Encyclopædia Britannica Editores Ltda., 1969. p. 363</ref>
[[Imagem:0741 NOV B 05 Esplanada dos Ministerios Brasilia DF 03 09 1959.jpg|thumb|A construção de Brasília. Na imagem os prédios dos ministérios, 1959. Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal.]][[Ficheiro:Palácio da Alvorada durante construção.jpg|thumb|O [[Palácio da Alvorada]] durante a sua construção.|alt=|226x226px]]
Foram construídos milhares de quilômetros de rodovias e ferrovias para garantir o deslocamento de pessoas e materiais, e foram usados os mais modernos recursos técnicos de construção,<ref name="Gerodetti" /> mas a exiguidade dos prazos, impondo a conclusão das obras em 21 de abril de 1960, o que tornou febril o ritmo de construção da cidade. Multidões de operários de vários pontos do Brasil, os ''candangos'', especialmente nordestinos, foram atraídos para lá, trabalhando num cronograma diuturno, sem interrupção. Não existiam materiais no local salvo a pedra, tijolos e areia. Tudo o mais tinha de vir de longe, incluindo máquinas pesadas, e boa parte do transporte era via aérea, o que elevava enormemente os custos. Apesar da abertura de vias de transporte, o principal ponto de transbordo de carga era [[Anápolis]], a 139&nbsp;km da capital, e o [[asfalto]] só chegou em Brasília em 1960, na fase final da construção.<ref>Santos, Mílton. [http://books.google.com/books?id=e2MS4EYSfJsC&pg=PA49&dq=bras%C3%ADlia+s%C3%ADmbolo+s%C3%ADmbolo+OR+bras%C3%ADlia+OR+unidade+OR+fantasia+OR+corrup%C3%A7%C3%A3o+OR+cerimonial+OR+fantasia+OR+nacionalismo&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=5#v=onepage&q=bras%C3%ADlia%20s%C3%ADmbolo%20s%C3%ADmbolo%20OR%20bras%C3%ADlia%20OR%20unidade%20OR%20fantasia%20OR%20corrup%C3%A7%C3%A3o%20OR%20cerimonial%20OR%20fantasia%20OR%20nacionalismo&f=false ''Manual de geografia urbana'']. Universidade de São Paulo, 2008. p. 50</ref> O discurso de Juscelino ao longo de todo o processo construtivo foi enfaticamente progressista e entusiasta, até visionário. Via a construção como um passo decisivo da nação em direção à sua independência e unidade política, e sua plena afirmação como povo, atribuindo a este a missão grandiosa de civilizar e povoar as terras que havia conquistado e representar, na comunidade internacional, um dos mais ricos territórios do mundo.<ref name="Niemeyer, p. 363" /><ref>[http://books.google.com/books?id=U8zlwimjYZ8C&pg=PA220-IA17&hl=pt-BR&source=gbs_selected_pages&cad=3#v=onepage&q=custos%20versus%20benef%C3%ADcios&f=false Couto, p. 25]</ref> O ritmo acelerado das obras revelava um novo padrão de ação social, acreditando-se que é possível mudar a [[história]] por meio de uma intervenção premeditada, abreviando o curso da evolução social queimando-se etapas intermediárias.<ref>Avritzer, Leonardo. [http://books.google.com/books?id=wueBZbp2GucC&pg=PA220&dq=bras%C3%ADlia+s%C3%ADmbolo+s%C3%ADmbolo+OR+bras%C3%ADlia+OR+unidade+OR+fantasia+OR+corrup%C3%A7%C3%A3o+OR+cerimonial+OR+fantasia+OR+nacionalismo&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=50#v=onepage&q=bras%C3%ADlia%20s%C3%ADmbolo%20s%C3%ADmbolo%20OR%20bras%C3%ADlia%20OR%20unidade%20OR%20fantasia%20OR%20corrup%C3%A7%C3%A3o%20OR%20cerimonial%20OR%20fantasia%20OR%20nacionalismo&f=false ''A participação em São Paulo'']. Universidade do Estado de São Paulo, 2004. p. 221</ref>[[Ficheiro:Cidade Livre (Núcleo Bandeirante) - BR RJANRIO PH 0 FOT 00694 0058, Acervo do Arquivo Nacional.jpg|alt=|miniaturadaimagem|226x226px|Em contraste com o organizado Plano Piloto, os trabalhadores e suas famílias viviam em condições improvisadas na Cidade Livre.]]Juscelino iniciara seu governo quando ocorria uma verdadeira explosão econômica, com taxas impressionantes de crescimento: 80% ao ano na produção industrial, com casos de 600% em alguns setores como o elétrico e equipamentos de transporte, 7% ao ano no [[Produto Nacional Bruto|PNB]], maciça entrada de capital estrangeiro, expansão generalizada no consumo, forte tendência à formação de [[monopólio]]s e ênfase nos valores do [[capitalismo]]. Entretanto, verificou-se paralelamente o crescimento da inflação pela grande emissão de moeda e maior concentração de renda, repercutindo em defasagem salarial e exploração da força de trabalho. Juscelino procurou consolidar esse ritmo em um Plano de Metas, com o objetivo de fazer em cinco anos o que deveria ser feito em cinquenta, na chamada política [[desenvolvimentismo|desenvolvimentista]], consagrando uma ideia de progresso e "ordem pública" dentro de uma estrutura de poder centralizada e interventora, e vendo na [[industrialização]] a [[panaceia]] contra todos os males brasileiros. Os resultados econômicos foram tão marcantes que o discurso desenvolvimentista foi capaz de atrair numa espécie de consenso nacional a maioria dos segmentos influentes da sociedade brasileira, incluindo facções diametralmente opostas como os militares e os [[comunista]]s.<ref>[http://books.google.com/books?id=RHvZXZn7jKQC&pg=PA101&dq=%22constru%C3%A7%C3%A3o+de+bras%C3%ADlia%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=2#v=onepage&q=%22constru%C3%A7%C3%A3o%20de%20bras%C3%ADlia%22&f=false Vesentini, pp. 101-107; 130-133]</ref><ref>Aggio, Alberto; Barbosa, Agnaldo de Sousa & Lambert, Hercídia Mara Facuri Coelho. [http://books.google.com/books?id=qP25DlXLjoEC&pg=PA7&dq=unesco+bras%C3%ADlia&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=22#v=onepage&q=unesco%20bras%C3%ADlia&f=false ''Política e sociedade no Brasil, 1930-1964'']. Annablume, 2002. pp. 62-63</ref> A construção de Brasília se inseriu nesse Plano de Metas, como parte importante do processo de integração nacional e da ocupação do território numa nova distribuição de funções a cada região.<ref>[http://books.google.com/books?id=RHvZXZn7jKQC&pg=PA101&dq=%22constru%C3%A7%C3%A3o+de+bras%C3%ADlia%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=2#v=onepage&q=%22constru%C3%A7%C3%A3o%20de%20bras%C3%ADlia%22&f=false Vesentini, pp. 116-117]</ref><ref name="EBC">{{citar web|url=http://www.ebc.com.br/2012/12/niemeyer-e-joaquim-cardozo-uma-parceria-magica-entre-arquiteto-e-engenheiro|título=Niemeyer e Joaquim Cardozo: uma parceria mágica entre arquiteto e engenheiro|publicado=EBC|acessodata=11-01-2019}}</ref><ref>{{citar web|url=https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/brasilia/revistas/A_revista_veja.pdf|título=Brasília 50 anos|publicado=VEJA|acessodata=11 de janeiro de 2019}}</ref><ref name="A">{{citar web|url=http://www.piniweb.com.br/construcao/noticias/o-engenheiro-da-poesia-84576-1.asp|titulo=PINI Web - O engenheiro da poesia|data= 01-08-1998|acessodata=11-01-2019}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.museuvirtualbrasilia.org.br/PT/personalidades.php?ator=joaquim|título=Joaquim Cardozo|publicado=Museu Virtual de Brasília|acessodata=11 de janeiro de 2019}}</ref>
 
O Plano Piloto previa a criação de cidades-satélite para a acomodação da população excedente,<ref name="Gerodetti & Cornejo, pp. 118-119">[http://books.google.com/books?id=clPgyjOSXY8C&pg=PA111&dq=concurso+bras%C3%ADlia+%22lucio+costa%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=19#v=onepage&q&f=false Gerodetti & Cornejo, pp. 118-119]</ref> considerando que Brasília propriamente dita foi planejada para receber somente 500 mil pessoas até o ano de 2000,<ref>[http://books.google.com/books?id=U8zlwimjYZ8C&pg=PA220-IA17&hl=pt-BR&source=gbs_selected_pages&cad=3#v=onepage&q=custos%20versus%20benef%C3%ADcios&f=false Couto, p. 239]</ref> mas vários acampamentos irregulares no entorno se tornaram cidades permanentes, como [[Brazlândia]], [[Candangolândia]], [[Paranoá]] e [[Planaltina (Distrito Federal)|Planaltina]].<ref name="Gerodetti & Cornejo, pp. 118-119" />
Boa parte da força e atenção do país giravam em torno de Brasília, que rapidamente ganhava seus contornos. A quantidade de operários afluindo às obras fez nascer vários povoados em torno do Plano Piloto, mas a concentração principal era na Cidade Livre, depois chamada [[Núcleo Bandeirante]]. Consistindo de um grande conjunto de casas muito simples de madeira, erguidas pelas empreiteiras para acolher os trabalhadores migrantes, deveria ser desmantelada ao final da construção da capital, o que acabou não acontecendo. Chegou a ter cinco mil moradias e cerca de trinta mil habitantes, com um comércio mais ativo que [[Goiânia]] na mesma época. Não eram necessários projetos para as casas e a aglomeração era favorecida com a isenção de impostos, mas não se davam títulos de propriedade. Logo o Núcleo Bandeirante ficou marcado como um centro de marginais, com brigas de rua frequentes. Para o abastecimento dessa população foram especialmente criadas uma [[cooperativa]] agrícola, um [[matadouro]], um [[mercado]] livre e uma [[granja]].
 
O Plano Piloto previa a criação de cidades-satélite para a acomodação da população excedente,<ref name="Gerodetti & Cornejo, pp. 118-119">[http://books.google.com/books?id=clPgyjOSXY8C&pg=PA111&dq=concurso+bras%C3%ADlia+%22lucio+costa%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=19#v=onepage&q&f=false Gerodetti & Cornejo, pp. 118-119]</ref> considerando que Brasília propriamente dita foi planejada para receber somente 500 mil pessoas até o ano de 2000,<ref>[http://books.google.com/books?id=U8zlwimjYZ8C&pg=PA220-IA17&hl=pt-BR&source=gbs_selected_pages&cad=3#v=onepage&q=custos%20versus%20benef%C3%ADcios&f=false Couto, p. 239]</ref> mas vários acampamentos irregulares no entorno se tornaram cidades permanentes, como [[Brazlândia]], [[Candangolândia]], [[Paranoá]] e [[Planaltina (Distrito Federal)|Planaltina]].<ref name="Gerodetti & Cornejo, pp. 118-119" />{{Imagem dupla|left|Candangos em Brasília - BR RJANRIO PH 0 FOT 00694 0076, Acervo do Arquivo Nacional.jpg|140|Os Candangos.jpg|260|Candangos perto do monumento que foi inicialmente chamado de "Os Guerreiros".|A escultura de [[Bruno Giorgi]] na Praça dos Três Poderes acabou ficando conhecida como "[[Os candangos|Os Candangos]]", uma homenagem aos operários construtores de Brasília.}}Ao longo de todo o governo de Juscelino várias críticas foram levantadas contra o projeto, algumas muito duras, especialmente as de [[Carlos Lacerda]], [[Eugênio Gudin]], [[Gilberto Freire]] e [[Gustavo Corção]], atacando desde o planejamento e ideologia à estética, e os trabalhos só puderam continuar devido à inabalável firmeza e otimismo do presidente.<ref>[http://books.google.com/books?id=U8zlwimjYZ8C&pg=PA220-IA17&hl=pt-BR&source=gbs_selected_pages&cad=3#v=onepage&q=custos%20versus%20benef%C3%ADcios&f=false Couto, pp. 12-23]</ref> O custo da obra monumental nunca foi determinado, e de acordo com Couto a empreitada foi um grande improviso. Não havia licitações sistematizadas, nem bancos para pagamento dos operários, que recebiam em dinheiro vivo diretamente da Novacap; não houve um planejamento financeiro nem mesmo em estudos preliminares, nem qualquer avaliação de viabilidade, que, dentro do cronograma exigido, dificilmente seriam aprovados numa estrutura administrativa convencional. Tampouco se fez um controle de custos eficiente e a construção sequer estava originalmente integrada ao Plano de Metas de Juscelino, e só foi incluída de última hora. Segundo algumas análises, o esforço custou ao país a desestruturação econômica, criando um vazio nas contas públicas, tornando crônica a [[inflação]] e dificultando a governabilidade, sendo uma das causas das crises econômicas nacionais das décadas seguintes. Segundo [[Roberto Campos]], Juscelino tinha um enorme carisma pessoal, mas o seu desenvolvimentismo resultou na bancarrota do Brasil, deixando-o insolvente à sua saída do governo. [[Celso Furtado]], que acompanhou a construção, disse que foram desviados muitos recursos de outras obras necessárias em outras partes do país, sem que jamais tenha havido qualquer debate ou prestação de contas.<ref>[http://books.google.com/books?id=U8zlwimjYZ8C&pg=PA220-IA17&hl=pt-BR&source=gbs_selected_pages&cad=3#v=onepage&q=custos%20versus%20benef%C3%ADcios&f=false Couto, pp. 236-251]</ref>
 
A despeito de toda a polêmica, hoje o projeto brasiliense é reconhecido como uma das grandes obras de arquitetura e urbanismo do século XX,<ref name="Não_nomeado-yBRw-4">El-Dahdah, Farès. [http://books.google.com/books?id=PrW0IueQKJEC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false ''Brasilia - The Project of Brasilia'']. IN El-Khoury, Rodolphe & Robbins, Edward. ''Shaping the city: studies in history, theory and urban design''. Routledge, 2004. p. 45</ref> o mais completo exemplo das doutrinas do [[Modernismo]] arquitetural e um avanço em relação às teorias de Le Corbusier quanto à cidade ideal,<ref name="Não_nomeado-yBRw-5">Holston, James. [http://books.google.com/books?id=8fYRTXWG5cYC&pg=PA79&dq=bras%C3%ADlia+%22hist%C3%B3ria+de+bras%C3%ADlia%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=7#v=onepage&q=bras%C3%ADlia%20%22hist%C3%B3ria%20de%20bras%C3%ADlia%22&f=false ''A cidade modernista: uma crítica de Brasília e sua utopia'']. Companhia das Letras, 1993. p. 37</ref> com seu Conjunto Urbanístico tendo sido declarada [[Patrimônio Mundial]] pela [[UNESCO]] em 1987.<ref name="Não_nomeado-yBRw-6">[http://books.google.com/books?id=qP25DlXLjoEC&pg=PA7&dq=unesco+bras%C3%ADlia&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=22#v=onepage&q=unesco%20bras%C3%ADlia&f=false Clauset, p. 7]</ref> [[André Malraux]], visitando-a em 1959, disse que ''"esta Brasília sobre o seu gigantesco planalto, é de certo modo a Acrópole sobre o seu rochedo"''.<ref>Chacon, Vamireh. [http://books.google.com/books?id=xWsWktEeMowC&pg=PA63&dq=%22esportes+de+Bras%C3%ADlia%22&lr=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=91#v=onepage&q=Mas%20na%20pr%C3%B3pria%20Bras%C3%ADlia%20ut%C3%B3pica%20passam&f=false ''Deus é brasileiro: o imaginário do messianismo político no Brasil'']. Record, 1990. p. 64</ref>
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== Características ==
{{Mais informações|Eixo Monumental|Superquadra|Lista de palácios em Brasília}}
[[Imagem:Brasilia_-_Plan.JPG|thumb|Uma das plantas originais do Plano Piloto de Brasília]][[Imagem:Partial_view_of_the_Federal_District,_Brazil_seen_from_space_in_2015.jpg|thumb|[[Imagem de satélite]] do Plano Piloto e das regiões adjacentes]]
 
O Plano Piloto elaborado por [[Lúcio Costa]] para o concurso de 1957 teve sua forma inspirada pelo [[sinal da cruz]] com um dos eixos arqueado para se adaptar ao relevo da região. Esses dois eixos são o principal elemento norteador do projeto, sendo eles o Eixo Rodoviário (ou "Eixão") no sentido norte-sul, e [[Eixo Monumental]] no sentido leste-oeste. A criação arquitetônica dos monumentos centrais foi designada a [[Oscar Niemeyer]], e os cálculos estruturais ao engenheiro [[Joaquim Cardozo]].<ref name="Brasília">{{citar web|url=https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/brasilia/revistas/A_revista_veja.pdf|título=A poesia concreta de Joaquim Cardozo|página=58|publicado=VEJA|acessodata=17 de janeiro de 2016}}</ref> O Eixo Rodoviário é formado pelas asas [[Asa Sul|Sul]] e [[Asa Norte|Norte]] e pela parte central, onde as asas se encontram sob a [[Rodoviária do Plano Piloto]]. As asas são áreas compostas basicamente pelas superquadras residenciais, quadras comerciais e entrequadras de [[lazer]] e diversão (onde há também [[escola]]s e [[igreja]]s). O Eixo Monumental é composto pela [[Esplanada dos Ministérios]] e pela [[Praça dos Três Poderes]], a [[leste]]; a rodoviária, os setores de autarquias, setores comerciais, setores de diversão e setores hoteleiros em posição cêntrica; a [[Torre de TV de Brasília|torre de televisão]], o Setor Esportivo (hoje denominado Complexo Poliesportivo Ayrton Senna, onde estão o [[Ginásio Nilson Nelson]], o [[Estádio Mané Garrincha]] e o [[Autódromo Internacional Nelson Piquet (Brasília)|Autódromo Nelson Piquet]]) e a [[Praça do Buriti]], a [[oeste]]. A sede do governo do Distrito Federal, localizada na Praça do Buriti, deveria ter suas funções administrativas transferidas do [[Palácio do Buriti]] para a região administrativa de [[Taguatinga (Distrito Federal)|Taguatinga]] até 2010, o que não ocorreu.<ref>[http://www.archive.today/lGo6 Um novo Buriti: Audiência pública apresenta o projeto do Centro Administrativo do DF]</ref>[[Imagem:Partial_view_of_the_Federal_District,_Brazil_seen_from_space_in_2015.jpg|thumb|[[Imagem de satélite]] do Plano Piloto e das regiões adjacentes]]
 
Os principais [[museu]]s da cidade estão localizados no Eixo Monumental. O [[Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves]], projetado por [[Oscar Niemeyer]] em forma de pomba e inaugurado em [[1986]] traz o "Livro dos Heróis da Pátria" com a história daqueles que teriam lutado pela união da nação.<ref name="a">{{citar web|url=http://www.sc.df.gov.br/?sessao=conteudo&idSecao=101&titulo=PANTEAO-DA-PATRIA|titulo=Secretaria de Estado de Cultura de Brasília - Museus - Centro Cultural Três Poderes - Panteão da Pátria|acessodata=28/04/2010|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100412015445/http://www.sc.df.gov.br/?sessao=conteudo&idSecao=101&titulo=PANTEAO-DA-PATRIA|arquivodata=12 de abril de 2010|urlmorta=yes}}</ref> O [[Memorial JK]] apresenta diversos objetos pessoais (fotos, presentes, cartas) e o próprio túmulo do idealizador da cidade.<ref>{{Citar web | url = http://www.memorialjk.com.br/mem/indexmem.htm | publicado = Memorial JK | titulo = Descrição | acessodata = 15 de outubro de 2010}}</ref> O [[Memorial dos Povos Indígenas]] tem como objetivo mostrar um pouco da riqueza das culturas indígenas nacionais.<ref>{{Citar web | url = http://www.sc.df.gov.br/?sessao=conteudo&idSecao=96&titulo=MEMORIAL-DOS-POVOS-INDIGENAS | publicado = Memorial dos Povos Indígenas | titulo = Memorial dos Povos Indígenas | acessodata = 15 de outubro de 2010|ligação inativa=fevereiro de 2015}}</ref>