História da Bolívia: diferenças entre revisões
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A [[Bolívia]] foi palco de grandes civilizações, a mais importante das quais foi a [[Tiwanaku|Civilização Tiahuanaco]]. Tornou-se parte do [[
[[Simón Bolívar]] conhecido como ''libertador'', nasceu em [[Caracas]], na [[Venezuela]], no ano de
A luta pela [[independência]] começou em
== Era pré-colombiana ==
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O colapso da civilização Tiwanaka resultou no fortalecimento de sete reinos regionais dos [[Aymara]], os mais fortes deles localizados ao redor do lago Titicaca. Os Aymara, um povo beligerante que vivia em vilas fortificadas no alto de colinas, tinham uma extraordinária habilidade em se adaptar ao clima inóspito da região, e mantinham seus estoques de comida através de técnicas de irrigação e congelamento e desidratação dos alimentos. Ao manter colonos nos vales tropicais a leste dos Andes e na costa do [[Oceano Pacífico|Pacífico]], eram capazes de produzir tanto culturas tropicais quanto culturas de clima mais frio. A unidade social básica era o [[ayllu]], grupo familiar que distribuía entre seus integrantes terra e trabalho.
Os Aymara dominaram por completo o povo [[Uru]], outro grande grupo étnico da era pré-colombiana que sempre foi pobre. A civilização Aymara, no entanto, não conseguiu conter a expansão dos [[Quechua]], e terceiro maior grupo étnico da região. Após o colapso do império Tiahuanaca, um Estado Quechua emergiu na área ao redor da atual cidade de [[Cuzco]] ([[Peru]]). No começo do
A cordilheira boliviana ficou conhecida como o ''Kollasuyo'', uma área densamente povoada com imensa riqueza mineral e poderosa economia que constituía uma das quatro unidades administrativas do [[Império Inca]]. O oficial superior do ''Kollasuyo'' só respondia ao imperador Inca, e supervisava um grupo de governadores locais, que em troca controlavam membros da nobreza Aymara. Sob um regime genérico chamado [[mita]], os Incas obrigavam os nativos do ''Kollasuyo'' a trabalhar nas minas, na construção de projetos ou servir no exército, compensando-os pelo seu trabalho. Apesar de seu intento de centralizar o império, os Incas não mudaram muito o esquema de organização dos reinos Aymara, que permaneceram relativamente autônomos. Muitos dos antigos chefes locais mantiveram seus poderes, sob os auspícios das autoridades Incas. Eram também livres para manter sua cultura, religião e língua. A nobreza regional, ainda que forçada a enviar seus filhos para serem educados em Cuzco, continuavam a reter a propriedade privada. Além disso, o sistema de envio de colonos para os vales do leste e para a costa do Pacífico era tolerada sob o domínio Inca.
[[Francisco Pizarro]], [[Diego de Almagro]] e [[Hernando de Luque]] lideraram a conquista espanhola do [[Império Inca]]. Sua primeira incursão ao território aconteceu em
A conquista espanhola do Império Inca não foi muito difícil, pois o Império se encontrava enfraquecido. Após a morte do imperador [[Huayna Capac]] em
A despeito da rápida vitória espanhola, rebeliões indígenas logo começaram a surgir, eclodindo durante todo o período colonial. Em
Durante as duas primeiras décadas de domínio espanhol, o assentamento das cordilheiras
A conquista das baixadas bolivianas foram atrasadas pela resistência indígena. Somente em
=== Administração espanhola ===
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A longevidade do Império Espanhol na América do Sul pode ser explicada parcialmente pela bem sucedida administração das colônias. A Espanha estava inicialmente interessada em controlar os conquistadores de “mente independente”, mas o seu objetivo principal logo se tornou o de manter o fluxo de receita para a coroa e coletar os tributos e mercadorias e o trabalho das populações indígenas. Para esse fim, a Espanha logo criou uma intrincada rede burocrática no Novo Mundo na qual várias instituições serviam de vigias uma sobre a outra e oficiais locais tinham uma autonomia considerável.
O Alto Peru, inicialmente parte do Vice-reinado do Peru, juntou-se ao novo Vice-reinado do Rio da Prata (sendo a capital [[Buenos Aires]]) quando foi criado em
O Vice-rei foi auxiliado pela ''"audiência"'' (assembleia), que simultaneamente era a maior corte de apelo na jurisdição e, na ausência do Vice-rei, também tinha poderes executivos e administrativos. A riqueza do Alto Peru e a grande distância de Lima convenceu as autoridades em Lima a criar uma audiência na cidade de Chuquisaca (atualmente Sucre) em
A Espanha exercia seu controle de unidades administrativas menores na colônia através de funcionário reais, como o corregedor, que representava o rei em governos municipais que eram eleitos por seus cidadãos. Durante o início do
No final do século dezoito, a Espanha iniciou uma reforma administrativa para aumentar a receita da coroa e para eliminar os inúmeros abusos. Criou o sistema de intendências, dando poderes extensivos para funcionários altamente qualificados que respondiam diretamente ao rei. Em
A Coroa Espanhola, inicialmente, controlou os governos locais indiretamente, mas centralizou seus procedimentos enquanto o tempo passava. Inicialmente, Vice-rei [[Francisco de Toledo]] assegurou os direitos dos nobre locais e os garantiu autonomia local. Mas a coroa eventualmente empregou funcionários espanhóis, ‘’corregedores de índios’’, para coletar tributos e impostos dos índios. Corregedores de índios também importaram mercadorias e forçaram os índios a comprá-las, uma prática abusiva que provou ser uma enorme fonte de riqueza para esses funcionários mas causou um grande ressentimento entre a população indígena.
Com os primeiros colonizadores do Alto Peru, vieram os [[clérigos regulares]] e [[clérigos seculares|seculares]] para iniciar a conversão dos índios para o [[Cristianismo]]. Em 1552 o primeiro bispado no Alto Peru foi estabelecido em [[La Plata]]; em [[1605]]. La Paz e Santa Cruz também se tornaram bispados. Em
Reações indígenas ao controle colonial e as conversões ao Cristianismo variaram. Muitos índios se adaptaram aos modos espanhóis, quebrando com suas tradições e ativamente tentando entrar na economia de mercado. Eles também fizeram uso das cortes para proteger seus interesses, especialmente contra novas determinações de taxas e tributos. Outros, entretanto, agarraram-se aos seus costumes o máximo possível, e alguns se rebelaram contra os líderes brancos. Rebeliões locais, em sua maioria desorganizadas, ocorreram através do domínio colonial. Mais de 100 revoltas ocorreram no
Embora a [[Religião inca]] oficial tenha desaparecido rapidamente, os índios continuaram exercendo religiões locais sobre a proteção dos governantes locais. Mas com a influencia cristã nos índios aumentando, um novo [[catolicismo]] popular se desenvolveu, incorporando símbolos das religiões indígenas. Considerando que as rebeliões iniciais foram anticristãs, as revoltas no final do século XVI eram baseadas em simbolismo cristão messiânico que era Católico Romano e antiespanhol. A Igreja foi tolerante com religiões indígenas. Em
A Conquista e o domínio espanhol foram experiências traumáticas para as populações indígenas. Facilmente suscetíveis a doenças europeias, a população nativa caiu rapidamente. A situação dos índios piorou no século dezoito quando a Espanha exigiu pagamentos de tributos cada vez mais altos e aumentou as obrigações da ‘’mita’’ na tentativa de melhorar a produção mineradora.
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Essas profundas mudanças sociais e econômicas e a quebra da cultura nativa contribuíram no aumento do vicio de álcool entre os índios. Antes dos espanhóis chegarem, os Incas só consumiam álcool durante cerimônias religiosas. O uso pelos índios da folha de [[coca]] aumentaram, e, de acordo com um cronista, no final do século XVI “só em Potosí, o comércio de coca totaliza meio milhão de pesos por ano, consumindo 95.000 cestas.”
O aumento do descontentamento dos Índios com o governo colonial rebentou com a grande revolta de [[Túpac Amaru II]]. Nascido com o nome de José Gabriel Condorcanqui, este educado Americano nativo, fluente no Espanhol, adoptou o nome do seu antepassado [[Túpac Amaru]]. Durante os 1770s, tornou amargurado com o tratamento duro que os corregedores dos índios lhes submetia. Em Novembro de 1780, Túpac Amaru II e os seus seguidores capturaram e executaram alguns desses corregedores particularmente cruéis. Apesar de Túpac Amaru II insistir que o seu movimento era reformista e não procurava a queda da governação espanhola, as suas exigências incluíam a criação de uma [[região autónoma]]. O descontentamento rapidamente tornou-se uma revolta de grande escala. A ela juntaram-se aproximadamente 60,000 Índios dos [[Andes]] peruanos e bolivianos. Depois de algumas vitórias, que incluíram vencer um [[Exército Espanhol]] de 1,200 soldados, Túpac Amaru II foi capturado e morto em Maio de
Nos finais de século XVIII, começou a crescer um descontentamento dentro dos crioulos (descendentes puros de Espanhóis nascidos no Novo Mundo). Os Crioulos começaram a assumir papéis
O [[Iluminismo]], com sua ênfase na [[razão]], questionando a autoridade e a tradição, e tendências individualistas, também contribuiu para o descontentamento criollo. A [[Inquisição]] não conseguiu manter os escritos de [[Nicolau Maquiavel]], [[Benjamin Franklin]], [[Thomas Paine]], [[Jean-Jacques Rousseau]], [[John Locke]], e outros fora da América Espanhola; suas ideias eram frequentemente discutidas pelos ''criollos'', especialmente aqueles que estudaram na universidade de Chuquisaca. Inicialmente os ''criollos'' do Alto Peru foram influenciados pela [[Revolução francesa]], mas eles eventualmente a rejeitaram como muito violenta. Embora o Alto Peru fosse essencialmente leal a Espanha, os ideais do Iluminismo e de independência da Espanha continuaram a ser discutidos por grupos radicais dispersos.
== Luta pela independência ==
Como a autoridade real enfraqueceu durante as [[Guerras Napoleônicas]], o sentimento contra o domínio colonial cresceu. A independência foi proclamada em
A invasão da [[Península Ibérica]]
Esse conflito de autoridades resultou em uma luta local de poder no Alto Peru entre 1808 e 1810 e constituiu a primeira fase dos esforços para alcançar a independência. Em 1808 o presidente da audiência, [[Ramón García León de Pizarro]], ordenou afiliação com a Junta Central. Os juízes conservadores da audiência eram influenciados, entretanto, pela filosofia autocrática real e se recusaram a reconhecer a autoridade da junta porque eles a viram como uma consequência da rebelião popular. Em 25 de maio de 1809, as tensões cresceram quando criollos radicais, também se recusando a reconhecer a autoridade da junta por que eles queriam independência, levaram para as ruas. Essa revolta uma das primeiras na América latina, foi logo dispersa pelas autoridades.
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== Século XIX ==
A independência não trouxe estabilidade. Por quase sessenta anos, golpes e constituições de curta duração dominaram a política boliviana. A fragilidade militar boliviana foi demonstrada durante a [[Guerra do Pacífico (Século XIX)|Guerra do Pacífico]] (
=== Tratado de Petrópolis ===
O território do [[Acre]], na atualidade incorporado ao território [[brasil]]eiro, pertencia à Bolívia. Em função do [[extrativismo]] da [[borracha]], trabalhadores brasileiros adentraram no Acre em busca das seringueiras e foram povoando o mesmo, o que gerou conflitos fronteiriços entre a Bolívia e o Brasil (veja [[ciclo da borracha]]).
Para resolver a ''[[Revolução Acreana|Questão do Acre]]'' (que é como ficaram conhecidos estes conflitos) preocupava, o governo da Bolívia lavrou com o governo brasileiro o [[Tratado de Petrópolis]], assinado em
== Século XXI ==
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