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<!-- Edite abaixo desta linha -->== Definição ==
A nova história política é uma abordagem
Enquanto [[Disciplina (conhecimento)|campo de estudo]], a nova história política também explora [[questões globais de segurança]], incluindo [[violência política]], [[terrorismo]] e [[segurança econômica]]. Analisa a influência das [[Organização não governamental|organizações não governamentais]], [[relações transnacionais]] na negociação de ideias e os impactos da [[globalização]] nas políticas de [[Migração humana|migração]]. Destaca a importância da [[Supranacionalismo|supranacionalidade]] na história contemporânea, promovendo abordagens historiográficas comparativas para compreensão de questões políticas complexas.{{sfn|Brückweh|2023|p=}}
Essa abordagem inovadora da [[história política]] analisa as práticas simbólicas e discursivas da política, ultrapassando as estruturas institucionais tradicionais. Originada no final do século XX, integra [[estudos culturais]] e da [[história intelectual]], situando os estudos políticos não mais como um campo autônomo da historiografia, mas sim uma dimensão emergente e inseparável das demais.{{sfn|Bogue|1977|p
Desse modo, a nova história política é uma abordagem que tem como objetivo a ampliação da compreensão sobre a política enquanto dimensão da experiência humana, indo além da visão tradicional que se concentra nas [[Elite|elites]] e no [[Estado]]. Para isso, ela explora tópicos como o comportamento dos eleitores, a influência dos grupos de pressão, a [[opinião pública]], as [[relações internacionais]], entre outros aspetos. A nova história política também se apoia na utilização de [[Teoria|teorias]] e [[Método científico|métodos]] [[Interdisciplinaridade|interdisciplinares]], incorporando suas ideias e perspectivas para apurar a [[análise histórica]], valorizando a [[cultura política]], que compreende as [[Norma|normas]], [[Valores morais|valores]], [[Atitude|atitudes]], [[Crença|crenças]] e conceitos compartilhados por distintos [[grupos políticos]]. A nova história política procura uma compreensão mais completa e sofisticada dos [[fenômenos políticos]], considerando tanto as estruturas e instituições políticas quantos as suas práticas, comportamentos e [[Representação cultural|representações culturais]].{{sfn|Motta|1996|p
== Contexto intelectual de surgimento ==
O surgimento da nova história política ocorreu na segunda metade do século XX como uma resposta às limitações da [[História política|história política tradicional]]
Esse processo variou conforme o contexto intelectual de [[produção histórica]]. No caso da história política dos [[Estados Unidos]], a nova história política começou a surgir na década de 1970, porém ganhou um impulso significativo a partir da década de 1990. Esse impulso foi desencadeado por uma série de debates sobre a [[participação política]] das [[Mulher|mulheres]], [[Afro-americanos|população negra]]
Na historiografia
Na [[Alemanha]], observamos o surgimento da nova história política a partir da década de 1960,
Entre muitas abordagens, a [[Kulturgesschichte der Politik
== História Política Tradicional ==
O século XIX foi um período de ascensão e consolidação da [[historiografia]] dedicado a explicar os fenômenos políticos. Impulsionada por um paradigma predominante no período conhecido como [[Positivismo histórico|positivismo]], a história política tornou a busca pela [[verdade histórica]] o seu principal objetivo. A procura pela reconstrução do passado "tal qual ele ocorreu" com base nas [[Fonte documental|fontes documentais]] foi a tônica da história política neste período. Historiadores proeminentes, como [[Leopold von Ranke|Leopold Von Ranke]] e [[Numa Denis Fustel de Coulanges]], eram defensores da escrita da história "como ela essencialmente foi", o que marcava essa abordagem pela [[Objetividade (filosofia)|objetividade]].{{sfn|Oliveira|2009|p
[[Ficheiro:Jacques-Louis David, The Coronation of Napoleon edit.jpg|miniaturadaimagem|367x367px|"[[A Coroação de Napoleão]]", pintada por [[Jacques-Louis David]], captura o apogeu do poder político no século XIX. Esta obra imortaliza o momento em que [[Napoleão Bonaparte]] é coroado imperador da [[França]] em 1804, destacando a influência dos líderes políticos naquele período.]]
Neste período, essa abordagem também foi marcada pela ênfase em construção de
[[Ficheiro:Hermannsdenkmal statue.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Monumento criado em 1875 em homenagem a [[Armínio]], um comandante [[Germanos|germânico]] que impôs uma dura derrota ao [[Império Romano]] na [[Batalha da Floresta de Teutoburgo|Batalha da floresta de Teutoburgo]]. Sua imagem foi utilizada na [[Alemanha]] do século XIX para inflar o nacionalismo local, construindo a imagem de um líder germânico que unificou o seu povo contra um invasor estrangeiro. ]]
O século XIX igualmente foi marcado pelo surgimento da [[História]] como uma ciência autônoma em relação a outras áreas, ou seja, o campo da disciplina ganhou uma série de processos [[Metodologia|metodológicos]] que caracterizaram o "jeito correto" de se fazer História como ciência. Nesta mudança o [[testemunho]] e a [[Oralidade|transmissão oral]]
É neste momento do nascimento da História como disciplina científica independente que se consolida o uso político dela pelo [[Estado-nação]]. Durante o século XIX os países europeus se preocuparam em construir suas origens com a intenção de inflar a onda de [[Nacionalismo|nacionalismos]] que o continente vivia, sendo assim, os historiadores se tornaram "servos da nação" e lideraram um processo que punha a ciência a serviço do [[Estado]]. As nações europeias usavam da História para criar uma narrativa linear sobre a origem comum de seus cidadãos, procedimentos que visavam estabelecer um sentimento de pertencimento a nação baseado em uma construção histórica. Desde modo, vários países romantizaram suas origens em um passado longínquo, incentivando nacionalismos exacerbados e, ao mesmo tempo, legitimando suas próprias existências e intenções expansionistas. Este clima vai dominar o cenário do continente por décadas, gerando rivalidades entre os países e influenciando tanto no [[imperialismo]] europeu do século XIX quanto no desencadeamento da [[Primeira Guerra Mundial]].{{sfn|Olivier|2017|p=?}}
No entanto, essa abordagem historiográfica manteve-se com grande relevância até as primeiras décadas do século XX. Contudo, começou a enfrentar críticas substanciais devido à natureza elitista, [[Reducionismo|reducionista]] e superficial em relação aos temas que buscava investigar. Importantes historiadores do período, como [[Marc Bloch]], [[Lucien Febvre]] e [[E. H. Carr|E.H. Carr]], foram alguns dos críticos proeminentes desse paradigma, destacando que essa maneira "tradicional" de abordar a [[história]] negligenciava as complexidades da sociedade e limitava-se a uma visão estreita, centrada principalmente nas ações de líderes políticos e eventos de grande magnitude. Além disso, ao focar excessivamente nas figuras proeminentes e nas decisões políticas, essa abordagem deixava de lado as demais nuances e conexões que constituem a sociedade como um todo.{{sfn|Bourdé|Martin|2018|p
== A Escola dos Annales e a mudança de paradigma ==
{{Artigo principal|[[Escola dos Annales]]}}
No decorrer do século XX, a [[história política]] passou por significativas transformações, afastando-se de uma exclusiva concentração no [[Estado]], suas lideranças e [[Guerra|eventos bélicos]]. Essas mudanças marcaram o surgimento de uma nova abordagem histórica neste campo da historiografia, focada nas diversas formas de [[poder]], incluindo o [[Símbolo|simbólico]].{{sfn|Almeida|2015|p
[[Ficheiro:Marc Bloch.jpg|miniaturadaimagem|[[Marc Bloch]] (1886-1944). Foi um historiador francês. Célebre por ter sido um dos fundadores da Escola dos Annales.]]
A [[Escola dos Annales]] desempenhou um importante papel nessa transformação. Ao criticar a abordagem tradicional da História Política, introduziu os conceitos de "[[longa duração]]" e promoveu a [[interdisciplinaridade]] ao dialogar com campos como a [[Geografia]], [[Economia]], [[Psicologia]] e [[Antropologia]]. Ela se preocupou em romper com a relação que a História e os historiadores tinham com os Estados. Estes não mais serviriam a uma causa nacional, mas sim, a uma nova maneira de se pensar a [[pesquisa histórica]]. Deste modo, as abordagens que eram comuns durante o século XIX e início do XX, tais como: a historia dos líderes políticos, das grandes batalhas e da formação da
Esta verdadeira [[revolução]] na
== Perspectivas Contemporâneas sobre o Conceito de Poder ==
Com o surgimento da nova história política, houve uma mudança significativa na forma como a [[historiografia]] passou a observar o conceito de [[poder]], pois a história política tradicional tendia a se concentrar nas [[instituições políticas
Durante o século XX, o processo de transformação da [[história política]] contou com a influência do desenvolvimento de novas perspectivas teóricas e com o desenvolvimento de outros campos do conhecimento como a [[ciência política]], [[sociologia]], [[antropologia]] e [[linguística]], entre outras, num processo não necessariamente vinculado à historiografia, porém estritamente relacionado ao conceito de poder, aspecto central na nova história política.{{sfn|CARDOSO|2012|p=37-42}}
=== Influência de Antônio Gramsci ===
[[Antonio Gramsci|Antônio Gramsci]] aborda o conceito de [[poder]] de forma ampla e heterogênea. Em sua [[teoria]], o poder não se limita apenas à coerção por meio da [[violência]], mas também está enraizado na [[cultura]], nas [[Ideia|ideias]] e nas [[Relação social|relações sociais]], argumentando que o poder é exercido não apenas pelas [[Classe dominante|classes dominantes]] através do [[Estado]], além disso, o poder é exercido pela construção de um consenso ativo por parte das [[classes subalternas]]. Nesse contexto, desenvolve o conceito de [[hegemonia]] para explicar como ocorre a dominação de uma [[Classe social|classe]] pela outra. Segundo Gramsci, a hegemonia é alcançada quando as [[Elite|classes dominantes]] conseguem obter a adesão e consentimento das outras classes sociais, tornando a sua visão de mundo e seus interesses particulares em interesses gerais de toda a sociedade.{{sfn|GRAMSCI|2017|p=79-83}}
A teoria de Gramsci influenciou a nova história política ao ampliar o seu escopo de análise, incluindo a cultura, a [[sociedade civil]] e os [[Intelectual|intelectuais]] como elementos centrais na compreensão das [[Relação de poder|relações de poder]] e das [[práticas políticas]]. A nova história política, influenciada pelas ideias de Gramsci, busca analisar não apenas as instituições políticas formais, mas também os exercícios de poder cotidianos, as relações de dominação e resistência, procurando compreender como diferentes grupos sociais constroem e exercem sua [[influência política]], levando em consideração as dimensões culturais, sociais e [[Ideologia|ideológicas]].{{sfn|MENDONÇA|2012|p=62-64}}
=== Influência de Pierre Bourdieu ===
Outro teórico que trabalha com a lógica de perceber o [[poder]] para a além da [[coerção física]] é [[Pierre Bourdieu]], que desenvolveu o conceito de [[violência simbólica]] para explicar o poder exercido de forma sutil e imperceptível, por meio de [[Símbolo|símbolos]], [[Discurso|discursos]] e [[práticas culturais]]. A violência simbólica está relacionada à imposição de [[Valores morais|valores]], [[Norma|normas]] e [[Crença|crenças]] que são internalizados pelos indivíduos e que constituem suas percepções e [[Comportamento|comportamentos]]. Essa forma de [[violência]] ocorre quando os [[agentes sociais]] aceitam e reproduzem as [[estruturas de dominação]] e [[desigualdade]] sem questioná-las, as percebendo como naturais e [[Legitimação|legítimas]], gerando um efeito de ocultamento das relações de dominação nas [[estruturas sociais]].{{sfn|BOURDIEU|1989|p=11-13}}{{sfn|MENDONÇA|2012|p=65-67}}
O conceito de
=== Influência de Michel Foucault ===
A partir de década de 1950, [[Michel Foucault]] passou a trabalhar com o conceito de [[poder]] intrinsicamente ligado ao [[discurso]], argumentando que o poder não é apenas uma relação de dominação exercida por [[Instituição|instituições]] ou [[Indivíduo|indivíduos]], mas também é produzido e mantido por meio do discurso. Segundo Foucault, o discurso não é simplesmente uma reprodução da realidade, além disso é uma forma de exercício de poder que constitui e controla a maneira como as pessoas pensam, agem e se relacionam. O poder atua por meio do discurso ao estabelecer [[Valores morais|valores]], [[Norma|normas]], [[Crença|crenças]] e [[Representações sociais|representações]] que são internalizadas pelas pessoas e reproduzidas de forma socialmente aceita. Assim, há uma legitimação do poder ao criar e impor certas formas de [[Conhecimento|conhecimentos]] e [[verdade]], excluindo e silenciando outras perspectivas e vozes.{{sfn|FOUCAULT|2008|p=134-142}}{{sfn|BARROS|2008|p=18-19}}
Por meio da análise do discurso, Foucault influenciou profundamente a [[historiografia]] no século XX e por consequência, a nova história política ao incluir uma visão [[Holismo|holística]] e detalhada das [[Relação de poder|relações de poder]] na sociedade, ampliando inclusive as fontes utilizadas pela historiografia, desde anotações médicas a documentos que registram o cotidiano, [[relatos de experiência]], [[registros de prisões]], entre outras fontes. Foucault inclui no espectro de análise da historiografia a experiência de atores sociais historicamente marginalizados em campos de atuação pouco observados como o [[Familia|âmbito familiar]], as relações de [[parentesco]], a [[Sexualidade humana|sexualidade]] e a própria comunicação por meio da [[linguagem]]. {{sfn|Barros|2008|p=19-22}}
== Campos de Estudo da Nova História Política ==
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A partir do momento em que a '''nova história política''' abraça os estudos dos partidos políticos eles passam a serem considerados, antes de tudo, locais de mediação política, ou seja, ambientes em que o indivíduo se associa a outras pessoas que têm as mesmas aspirações e necessidades no âmbito político. A partir daí, em conjunto, este grupo de pessoas vai lutar por suas pautas comuns, que variam de acordo com o tipo de partido. Por exemplo, um partido formado por [[Proletariado|classes operárias]] tende a ter uma postura ativa em pautas como: melhores condições de trabalho, melhores salários, jornadas de trabalho menores, além de outras pautas relacionadas com [[Trabalhador|trabalhadores]].
Ao estudar partidos, o historiador da '''nova história política''' deve se atentar ao conflito de [[Geração|gerações]] existentes dentro de cada [[instituição]]. É muito comum que, em um mesmo partido, existam pessoas de [[Pirâmide etária|faixas etárias]] distintas. Muitas vezes, estes grupos entram em conflito, devido a diferenças de perspectivas próprias de cada geração. Em um partido de esquerda, uma geração que foi formada politicamente antes da [[queda do Muro de Berlim]] em 1989 tende a ter uma postura diferente de gerações que iniciaram na vida política após a queda, por exemplo. Conflitos de gerações também podem resultar em mudanças significativas na orientação ideológica dos partidos. Portanto, ao analisar as fontes e produzir seu trabalho, é dever do [[historiador]] estar atento em como as diferentes gerações presentes em um partido se relacionam.
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