Maria I de Portugal: diferenças entre revisões

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m Alteração na precedência de Teresa de Leão como rainha de Portugal e outros consertos menores.
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| brasão = Coat of Arms of the Kingdom of Portugal 1640-1910 (3).svg
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'''Maria I''', '''a Piedosa''', '''a Louca''', oficialmente '''Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana de Bragança''' ([[Lisboa]], {{dtlink|17|12|1734}} – [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], {{dtlink|20|3|1816}}) foi uma [[Lista de monarcas de Portugal|rainha de Portugal e Algarves]] de 1777 até 1815, e também [[rainha]] do [[Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves]] de 1815 à 1816.<ref name=":0">{{Citar web|url=https://www.gov.br/bn/pt-br/central-de-conteudos/exposicoes/d-maria-i-portugal-e-o-brasil-elos-de-uma-mesma-corrente|titulo=Dona Maria I Portugal e o Brasil: elos de uma mesma corrente|acessodata=2023-09-13|website=Fundação Biblioteca Nacional do Brasil}}</ref> De 1792 até sua morte, seu filho mais novo [[João VI de Portugal|João]] atuou como regente do reino em seu nome devido à doença mental da rainha. Era a filha mais velha do rei [[José I de Portugal|José I]] e sua esposa, a infanta [[Mariana Vitória de Bourbon|Mariana Vitória da Espanha]]. Sendo considerada a primeira [[Rainha (título)#Rainha reinante|rainha reinante]] de Portugal e Algarves<ref name=":0" /> (apesar da existencia da condesacondessa [[Teresa de Leão]]).<ref name=":1">{{Citar web|url=https://www.360meridianos.com/especial/d-afonso-henriques-e-a-historia-de-portugal|titulo=Dom Afonso Henriques e a história de Portugal|data=2018-09-28|acessodata=2023-09-13|website=360 Meridianos}}</ref>
 
== Biografia ==
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=== Reinado ===
 
Embora D. Maria I seja tradicionalmente reconhecida como a primeira Rainha reinante em Portugal, isso é questionável. devidoDevido a uma nova perspectiva da história, Teresa de Leão já havia sido reconhecida por algumas autoridades em [[1112]] (após a morte do marido [[Henrique Ide Borgonha, conde de PortugalPortucale|Dom Henrique de Borgonha]], conde de Portucale, assumiu o governo como regente, mas governava como rainha reconhecida por sua [[Urraca I de Leão e Castela|irmã]], [[Afonso VII de Leão|sobrinho]] e, pelo então [[Papa Pascoal II|papa]]).<ref name=":1" />

Seu primeiro acto como rainha, iniciando um período que ficou conhecido como a [[Viradeira]], foi a demissão e exílio da corte do [[Sebastião José de Carvalho e Melo|marquês de Pombal]], a quem nunca perdoara a forma brutal como tratou a família Távora durante o [[Processo dos Távoras]]. Rainha amante da paz, dedicada a obras sociais, concedeu [[Direito de asilo|asilo]] a numerosos aristocratas franceses fugidos ao [[Terror (Revolução Francesa)|Terror]] da [[Revolução Francesa]] ([[1789]]-[[1799]]). Era, no entanto, dada a [[melancolia]] e fervor religioso de natureza tão impressionável que quando ladrões entraram em uma igreja e espalharam hóstias pelo chão, decretou nove dias de luto, adiou os negócios públicos e acompanhou a pé, com uma vela, a procissão de penitência que percorreu Lisboa.
 
O seu reinado foi de grande actividade legislativa, comercial e diplomática, na qual se pode destacar o tratado de comércio que assinou com a [[Prússia]] em [[1789]]. Desenvolveu a cultura e as ciências, com o envio de missões científicas a [[Angola]], [[Brasil]], [[Cabo Verde]] e [[Moçambique]], e a fundação de várias instituições, entre elas a [[Academia Real das Ciências de Lisboa]] e a [[Biblioteca Nacional de Portugal|Real Biblioteca Pública da Corte]]. No âmbito da assistência, fundou a [[Casa Pia de Lisboa]]. Fundou ainda a [[Academia Real de Marinha]] para formação de oficiais da Armada.
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=== Morte ===
[[Ficheiro:Tomb of Maria I - Basílica da Estrela - Lisbon.JPG|thumb|left|Túmulo de D. Maria I na [[Basílica da Estrela]], em [[Lisboa]]]]
D. Maria viveu no Brasil por oito anos, sempre em estado de incapacitação. Ela morreu no [[Convento do Carmo (Rio de Janeiro)|Convento do Carmo]], na cidade do [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], em {{dtlink|20|03|1816}}, aos 81 anos de idade. Após as cerimónias fúnebres, seu corpo foi sepultado no [[Convento da Ajuda]], também no Rio,. foiFoi composto um [[Réquiem|Réquimréquiem]] em sua homenagem, pelo grande compositor carioca [[José Maurício Nunes Garcia|Padre José Maurício Nunes Garcia]]. Com sua morte, o Príncipe Regente D. João foi [[Aclamação real|aclamado]] Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
 
Em [[1821]], após o retorno da Família Real para Portugal, seus restos mortais foram transladados para [[Lisboa]] e sepultados em um mausoléu na [[Basílica da Estrela]], igreja que ela mesma mandou erguer.
 
== Enfermidade ==
O Secretário dos Negócios Estrangeiros, Luís Pinto, escreveu uma carta ao embaixador português em Londres, relatando na época alguns acontecimentos: <blockquote>''– É com grande tristeza que o informo de que Sua Majestade está a sofrer de uma aflição melancólica que degenerou em insanidade, até ao que se receia que seja o delírio total. Tendo em vista esta infeliz situação, acredito que seria benéfico que o Dr. Willis, o médico principal que assistiu a Sua Majestade Britânica em circunstâncias similares, viesse a esta corte logo que possível. Proporcionar-lhe-emos todo o dinheiro necessário, sem limitações. Concordaremos com tudo o que proponha, se tiver de celebrar um contrato com ele, e deixará a remuneração à discrição generosa desta corte […]. A rainha teve sempre um temperamento melancólico e sujeito a aflições nervosas. A sua disposição é de grande submissão e tem uma certa timidez, a sua imaginação é viva e os seus hábitos inclinam-se para a espiritualidade. Desde há muitos anos que tem vindo a sofrer de dores de estômago e de espasmos no abdômen, com tendência a piorarem devido à aversão que tem a remédios purgativos, especialmente clísteres que nunca consentia.''<ref>{{Citar web|url=https://www.poder360.com.br/opiniao/pela-reabilitacao-historica-de-dona-maria-i-propoe-mario-rosa/|titulo=Pela reabilitação histórica de dona Maria I, propõe Mario Rosa|acessodata=2023-01-09|website=Poder360|lingua=pt-br}}</ref></blockquote>Segundo estudos da historiadora [[Mary Del Priore]], a loucura da soberana é contestada. Del Priore Garantegarante que ela era vítima de profunda depressão, na época confundida com melancolia e insanidade. Além de contar com a colaboração do médico Sávio Santos Silva, Mary pesquisou livros de medicina daquele período. <blockquote>''“É uma doença que se tornou o mal do século, tão contemporânea, geral, pois atinge todas as classes e idades. Porém, ela existe há anos. Dona Maria I tinha todos os sintomas da depressão: tristeza constante, profunda e incapacitante, perda de autoconfiança, sentimento de vazio, irritabilidade, distúrbios do sono, fadiga, isolamento, e, o mais importante, sentimento de culpa e de inutilidade”,'' garante.</blockquote>Muitos fatores contribuíram para que a rainha fosse considerada incapacitada para governar. Em 1792, o filho, [[João VI de Portugal|Dom João VI]], assumiu a regência. O primeiro motivo da depressão foram as mortes sucessivas de entes queridos. A começar pela mãe, [[Mariana Vitória de Bourbon|dona Mariana Vitória,]] sua grande amiga e conselheira, em 1781. Cinco anos depois, foi a vez do marido e tio, [[Pedro III de Portugal|Dom Pedro III]], com quem mantinha um casamento feliz.<blockquote>“Não era comum as relações arranjadas serem tão bem sucedidas. Eles realmente se gostavam, eram cúmplices. Dona Maria ficou muito desesperada quando perdeu o companheiro”, relata Mary.</blockquote>Em 1788, três perdas a abalaram profundamente: do primogênito [[José, Príncipe do Brasil|dom José]], da filha Maria Ana e do neto Carlos, recém-nascido. Todos vítimas da varíola. Para completar a tragédia, seu confessor e mentor, [[Inácio de São Caetano|frei Inácio de São Caetano]], não resistiu a uma violenta trombose. ''“Foi uma morte atrás da outra, incluindo dois filhos. É muita dor. Sem contar as intrigas palacianas, inclusive dentro da própria família, além da pressão e dos questionamentos por ela ser a primeira rainha – e mulher – a ter plenos poderes em Portugal, apesar de a mãe e a avó terem sido regentes”,'' destaca Mary.
 
Extremamente católica, dona Maria I se sentia culpada por tudo de ruim que ocorria com ela e com os parentes. Doença, naqueles tempos, era sinônimo de culpa e pecado. ''“Só no final do século 19 a psicanálise vai conseguir dissociar a questão místico-religiosa da loucura. A culpa era uma constante nesses diagnósticos. Até o século 18, os livros de medicina portugueses diziam que a melancolia era o sopro do diabo. Dona Maria I acreditava piamente nisso”,'' explica.<ref>{{Citar web|ultimo=Minas|primeiro=Estado de|ultimo2=Minas|primeiro2=Estado de|url=https://www.uai.com.br/app/noticia/artes-e-livros/2019/11/24/noticias-artes-e-livros,253467/historiadora-mary-del-priore-garante-dona-maria-i-nunca-foi-louca.shtml|titulo=Historiadora Mary del Priore garante: dona Maria I nunca foi louca|data=2019-11-24|acessodata=2023-01-09|website=Estado de Minas|lingua=pt-BR}}</ref>
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| Nascida no [[Palácio Real de Queluz|Palácio de Queluz]] a [[15 de Dezembro]] de [[1768]], morta em [[San Lorenzo de El Escorial]] em [[2 de Novembro]] de [[1788]], tendo tido dois filhos e uma filha. Casou-se com [[Gabriel de Bourbon|Gabriel António Francisco Xavier João Nepomuceno José Serafim Pascoal Salvador de Bourbon e Saxe]], [[Infante de Espanha]], nascido em [[Portici]] a [[12 de maio]] de [[1752]] e morreu no Escorial a [[23 de Novembro]] de [[1788]], quarto filho de [[Carlos III de Espanha|Carlos III]], [[Lista de reis de Espanha|rei da Espanha]] e de sua esposa [[Maria Amália da Saxônia|Maria Amália de Saxe]].
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! scope="row" | D. Maria Clementina Francisca Xavier de Paula Ana Josefa Antónia Domingas Feliciana Joana MichaelaMicaela JuliaJúlia de Bragança
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| 9 de Junho de 1774&nbsp;– <br /> 27 de Junho de 1776
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== Bibliografia ==
*'''Defesa Militar''', Princípios''' '''dos dois irmãos Jorge e Julio Stumpf Vasconcellos''', Editora Biblioteca do Exército e Marinha do Brasil, 1939.
 
== Ver também ==