Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Bot: Definindo refs usadas múltiplas vezes: 2 novas definições e 3 novas chamadas.
Formatação.
Linha 1:
{{mais fontes|data=janeiro de 2021}}{{desatualizado}}
{{Info/Livro/Wikidata}}
O '''Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders''' (DSM) ou {{PTBR|literatura|'''Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais'''|'''Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais'''}} é um manual para profissionais da área da [[saúde mental]] que lista diferentes categorias de transtornos mentais e critérios para diagnosticá-los, de acordo com a [[Associação Americana de Psiquiatria]] (''American Psychiatric Association'' - APA). É usado ao redor do mundo por clínicos e pesquisadores, bem como por companhias de seguro, indústria farmacêutica e parlamentos políticos.
 
Existem cinco revisões para o DSM desde sua primeira publicação em 1952. A maior revisão foi a [[DSM-IV]], publicada em 1994. O DSM-5 (também referido como DSM-V) foi publicado em 18 de maio de 2013 e é a versão atual do manual. A seção de desordens mentais da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde - [[CID]] (''International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems'' – ICD) é outro guia comumente usado, especialmente fora dos Estados Unidos. Entretanto, em termos de pesquisa em saúde mental, o DSM continua sendo a maior referência da atualidade.<ref>{{Citar web |url=https://www.psychiatry.org/psychiatrists/practice/dsm |titulo=DSM-5 |acessodata=2021-01-21 |website=www.psychiatry.org}}</ref>
 
== História ==
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais foi publicado em 1952 pela [[Associação Americana de Psiquiatria]]. Ele foi desenvolvido a partir do antigo sistema de classificação adotado em 1918 para reunir a necessidade do Departamento de Censo americano de uniformizar estatísticas vindas de hospitais psiquiátricos; vindas de sistemas de categorização usados pelo exército norte-americano; e vindas dos levantamentos dos pontos de vista de 10% dos membros da APA.<ref>{{Citar periódico |titulo=Origins of DSM-I: a study in appearance and reality |url=http://dx.doi.org/10.1176/ajp.148.4.421 |jornal=American Journal of Psychiatry |data=abril de 1991 |issn=0002-953X |paginas=421–431 |numero=4 |acessodata=2021-01-21 |doi=10.1176/ajp.148.4.421}}</ref> O manual contém 130 páginas, que mostram 106 categorias de desordens mentais. O DSM-II foi publicado em 1968, listando 182 desordens em 134 páginas. Esses manuais refletiam a predominância da psicodinâmica psiquiátrica.<ref name="Não_nomeado-xeos-1">{{Citar periódico |titulo=Correction to “DSM-III and the revolution in the classification of mental illness” |url=http://dx.doi.org/10.1002/jhbs.20270 |jornal=Journal of the History of the Behavioral Sciences |data=2007 |issn=0022-5061 |paginas=419–419 |numero=4 |acessodata=2021-01-21 |doi=10.1002/jhbs.20270 |primeiro=Rick |ultimo=Mayes |primeiro2=Allan |ultimo2=Horwitz}}</ref> Sintomas não eram especificados com detalhes em desordens específicas, mas eram vistos como reflexos de grandes conflitos subjacentes ou reações de má adaptação aos problemas da vida, enraizados em uma distinção entre neurose e psicose (ansiedade/depressão largamente associadas à realidade, ou alucinações/desilusões aparentemente desconectadas da realidade). O conhecimento biológico e sociológico também foi incorporado, em um modelo que não enfatizava um claro limite entre normalidade e anormalidade.<ref name="Não_nomeado-xeos-2">{{Citar periódico |titulo=DSM-III and the transformation of American psychiatry: a history |url=http://dx.doi.org/10.1176/ajp.150.3.399 |jornal=American Journal of Psychiatry |data=março de 1993 |issn=0002-953X |paginas=399–410 |numero=3 |acessodata=2021-01-21 |doi=10.1176/ajp.150.3.399}}</ref> Em 1974, a decisão de se criar uma nova revisão do DSM se fez, e [[Robert Spitzer]] foi selecionado como chefe da força tarefa. O ímpeto inicial foi fazer uma nomenclatura consistente com a CID, publicada pela [[Organização Mundial da Saúde]] ([[OMS]]). A revisão assumiu uma forma muito mais ampla de termos sob a influência e controle de Spitzer e seus membros escolhidos.<ref>{{Citar periódico |titulo=Kepler and the Universe: How One Man Revolutionized AstronomyKepler and the Universe: How One Man Revolutionized Astronomy, David K. Love, Prometheus Books, 2015. $24.00 (253 pp.). ISBN 978-1-63388-106-8 Buy at Amazon |url=http://dx.doi.org/10.1063/pt.3.3330 |jornal=Physics Today |data=outubro de 2016 |issn=0031-9228 |paginas=55–55 |numero=10 |acessodata=2021-01-21 |doi=10.1063/pt.3.3330 |primeiro=Owen |ultimo=Gingerich}}</ref> Uma das metas era aumentar o leque de diagnósticos psiquiátricos. As práticas de profissionais em saúde mental, especialmente em diferentes países, não era uniforme. O estabelecimento de critérios específicos era também uma tentativa de facilitar a pesquisa em saúde mental. O sistema multiaxial tenta mostrar um mais completo quadro do paciente, ao invés de apenas fornecer um simples diagnóstico. O sistema de critério e classificação do DSM-III foi baseado num processo de consultas e reuniões de comitês. Houve uma tentativa de se construir uma base de categorização em descrição ao invés de pressupostos etiológicos, e a psicodinâmica foi abandonada, talvez em favor do modelo biomédico, com clara distinção entre o normal e o anormal.
 
O critério adotado para muitos transtornos mentais foi expandido a partir da Pesquisa de Critérios Diagnósticos (''Research Diagnostic Criteria'' - RDC) e Critério Feighner, que foram desenvolvidos por pesquisas psiquiátricas nos anos 70. Outros critérios foram estabelecidos por consensos em comitês, como determinado por Spitzer. Essa abordagem é geralmente vista como o “neo-Kraepelinismo”, depois do trabalho do psiquiatra [[Emil Kraepelin]]. Spitzer argumentou que “transtornos mentais eram um subconjunto das desordens médicas”, mas a força tarefa decidiu em afirmativa na DSM: “Cada um dos transtornos mentais é concebido como uma síndrome clinicamente significativa, comportamental ou psicológica”. O primeiro projeto do DSM-III foi preparado em um ano. Muitas novas categorias de transtornos foram introduzidas. Vários ensaios patrocinados pelo [[Instituto Nacional de Saúde Mental Americano]] (''U.S. National Institute of Mental Health'' – NIMH) foram conduzidos entre 1977 e 1979 para testar a fidelidade dos novos diagnósticos. Uma controvérsia surgiu resgatando a retirada do conceito de neurose, um dos princípios da teoria e terapia psicanalítica, mas visto como vago e não-científico pela força tarefa do DSM. Encarando enorme oposição política, o DSM-III passou por sério perigo por não ter sido aprovado pelo Quadro dos Confiáveis da APA (''APA Board of Trustees'') a menos que “neurose” fosse incluída em algum lugar. Por um compromisso político, houve a reinserção do termo entre parênteses depois da palavra “transtorno” em alguns casos. Em 1980, o DSM-III foi publicado, com 494 páginas e listando 265 categorias diagnósticas. O DSM-III rapidamente se espalhou em nível internacional, sendo usado por muitos profissionais e tendo sido considerado uma revolução ou transformação da psiquiatria.<ref name="Não_nomeado-xeos-1"/><ref name="Não_nomeado-xeos-2"/>
Linha 12:
Em 1987 o DSM-III-R foi publicado como uma revisão do DSM-III, sob a direção de Spitzer. Categorias foram renomeadas, reorganizadas e significativamente mudadas do critério em que foram criadas. Seis novas categorias foram apagadas enquanto outras foram adicionadas. Diagnósticos controversos tais como disforia pré-menstrual e personalidade masoquista foram consideradas e descaradas. O DSM-III-R continha 292 diagnósticos com 567 páginas.
 
Em 1994, o DSM-IV foi publicado, listando 297 transtornos em 886 páginas. A força tarefa foi chefiada por [[Allen Frances]]. Um comitê diretor de 27 pessoas foi apresentado, incluindo quatro psicólogos. O comitê diretor criou 13 grupos de trabalho de 5 a 16 membros. Cada grupo tinha aproximadamente 20 conselheiros. Os grupos de trabalho conduziram um processo de três passos.: Primeiro, cada grupo conduziu uma extensiva revisão bibliográfica em seus diagnósticos.; Então, eles colheram dados dos pesquisadores, conduzindo análises para determinar qual critério requeria mudanças, com instruções para serem conservadores.; Finalmente, eles conduziram ensaios multicêntricos relacionando diagnósticos à prática clínica.<ref>{{Citar periódico |titulo=DSM-IV-TR Classification |url=http://dx.doi.org/10.1176/appi.books.9780890423349.15861 |publicado=American Psychiatric Association |local=Arlington, VA |isbn=0-89042-334-2 |acessodata=2021-01-21}}</ref><ref>{{Citar periódico |titulo=A Participant's Observations: Preparing DSM-IV |url=http://dx.doi.org/10.1177/070674379604100602 |jornal=The Canadian Journal of Psychiatry |data=agosto de 1996 |issn=0706-7437 |paginas=325–329 |numero=6 |acessodata=2021-01-21 |doi=10.1177/070674379604100602 |primeiro=David |ultimo=Shaffer}}</ref> A principal mudança a partir da versão anterior foi a inclusão do critério de significância clínica para quase metade das categorias, que exigia a causa dos sintomas “aflição ou afecção clinicamente significativas na sociedade, ocupação ou outras importantes áreas de trabalho”.
 
Uma revisão do DSM-IV, conhecida como DSM-IV-TR, foi publicada em 2000. As categorias diagnósticas e a vasta maioria dos critérios específicos para diagnósticos permaneceram inalteradas. Cada seção dava informações extras em cada diagnóstico que foi atualizado, assim como para alguns códigos diagnósticos devido à manutenção de sua consistência com a CID.
 
== Uso do DSM ==
Muitos profissionais da área de saúde mental usam este livro para auxiliar no diagnóstico[[Diagnóstico]] do paciente após avaliação. Muitos hospitais, clínicas e companhias seguradoras exigem os “cinco eixos” diagnósticos do DSM dos pacientes que lhes aparecem. O DSM pode ser consultado para critérios diagnósticos. Ele não direciona o método e a evolução do tratamento. O DSM é menos frequentemente usado por profissionais da saúde que não se especializaram em saúde mental.
 
Outro uso do DSM é na pesquisa. Estudos que foram feitos em doenças específicas frequentemente recrutaram pacientes cujos sintomas batiam com os critérios listados no DSM para aquela doença.
Linha 28:
== O DSM anterior ==
=== Categorização ===
O DSM-IV é um sistema de classificação categórica. As categorias são protótipos, e um paciente com uma íntima aproximação ao protótipo é dito como tendo um transtorno. O DSM-IV afirma que “não existe hipótese de que cada categoria de transtorno mental é uma entidade completamente discreta com absolutos limites...” mas isolados, a sintomas de baixo grau e sem critérios (não listados em um dado transtorno) não é dada importância.<ref>{{Citar periódico |titulo=Spectrum and nosology: implications for DSM-V |url=http://dx.doi.org/10.1016/s0193-953x(02)00022-9 |jornal=Psychiatric Clinics of North America |data=dezembro de 2002 |issn=0193-953X |paginas=855–885 |numero=4 |acessodata=2021-01-21 |doi=10.1016/s0193-953x(02)00022-9 |primeiro=Jack D |ultimo=Maser |primeiro2=Thomas |ultimo2=Patterson}}</ref> QualificadoresOs sãoqualificadores: algumas''leve,'' vezes''moderada'' usados,e por''severa'' exemplosão leve,utilizados moderadapara eaferir severaa formasgravidade dedo transtorno. Para quase metade dos transtornos, sintomas podem ser suficientes para causar “aflição clinicamente significativa ou afecção social, ocupacional ou em outras importantes áreas de trabalho”, apesar do DSM-IV-TR ter removido o critério de aflição dos transtornos de tique e de muitas das parafilias. Cada categoria de transtorno mental tem um código numérico tirado do sistema de códigos da CID, usado por serviços de saúde (incluindo seguradoras) com propósitos administrativos.
 
=== Sistema Multiaxial ===
O DSM-IV organiza cada diagnóstico psiquiátrico em cinco níveis (eixos) relacionando diferentes aspectos das desordens ou desabilidades:
 
* '''Eixo I:''' transtornos clínicos, incluindo principalmente transtornos mentais, bem como problemas do desenvolvimento e aprendizado;
* '''Eixo II:''' transtornos de personalidade ou invasivos, bem como retardo mental;
* '''Eixo III:''' condições médicas agudas ou desordens físicas;
* '''Eixo IV:''' fatores ambientais ou psicossociais contribuindo para desordens;
* '''Eixo V:''' Avaliação Global das Funções (''Global Assessment of Functioning'') ou Escala de Avaliação Global para Crianças (''Children’s Global Assessment Scale'') para jovens abaixo de 18 anos (numa escala de 0 a 100).
 
É comum o Eixo I incluir transtornos como [[Depressão nervosa|depressão]], [[ansiedade]], [[distúrbio bipolar]], [[TDAH]] e [[esquizofrenia]].
 
É comum o Eixo II incluir transtornos como [[transtorno de personalidade limítrofe|transtorno de personalidade borderline]], [[transtorno de personalidade esquizoide]], [[transtorno de personalidade antissocial]], [[transtorno de personalidade narcisista]] e leve [[retardo mental|retardo mental.]].
 
=== Cuidados ===