Folclore brasileiro: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Arte-moderna-1922.jpg|thumb|esquerda|Mário de Andrade e um grupo de modernistas ao fundo]]
 
O impulso nacionalista rendeu ainda maiores frutos com o advento do [[Modernismo]], quando o folclore passou a ser visto como a verdadeira essência da brasilidadebrasileira. [[Mário de Andrade]], um dos líderes do [[Modernismo brasileiro]], foi um grande pesquisador do folclore nacional, procurando colocá-lo em diálogo com as [[ciências humanas]] e [[ciências sociais|sociais]], que naquela altura nasciam no país.<ref name="Cavalcanti"/> Outros nomes influentes ligados ao movimento modernista, como os pintores [[Di Cavalcanti]] e [[Tarsila do Amaral]] e o músico [[Villa-Lobos]], também incorporaram elementos folclóricos em suas obras de maneira destacada.<ref name="Mariz">Mariz, Vasco. ''História da Música no Brasil''. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005. 6ª ed.</ref><ref>Almeida, Marina Barbosa. ''As Mulatas de Di Cavalcanti – Representação Racial e de Gênero na Construção da Identidade Brasileira (1920 e 1930)''. Universidade Federal do Paraná, 2007. pp. 1-4; 108-110</ref><ref>Contier, Arnaldo Daraya. ''Um olhar sobre a Revista de Antropofagia (1928-1929)''. IN ''Educação, Arte e História da Cultura'', Volume 5. Universidade Mackenzie</ref> Mário teve a oportunidade de agir oficialmente pelo folclore, criando a Sociedade de Etnologia e Folclore quando dirigiu o Departamento de Cultura do Estado de São Paulo entre 1935 e 1938, abrindo cursos para a formação de pesquisadores, onde palestraram eruditos renomados como [[Lévi-Strauss]].<ref name="Peixoto">Peixoto, Fernanda Arêas. [http://books.google.com/books?id=juDKe6qiSLwC&pg=PA119&dq=%22folclore%22&hl=pt-BR&ei=1wRSTbDJE4aSgQfe5KzhCA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=8&ved=0CFEQ6AEwBzgK#v=onepage&q=%22folclore%22&f=false ''Diálogos brasileiros: uma análise da obra de Roger Bastide'']. EdUSP, 2000, p. 117</ref>
 
Na década de 1950 essa movimentação se multiplicou em larga escala, atraindo outras figuras ilustres como [[Cecília Meireles]], [[Câmara Cascudo]], [[Edison Carneiro]], [[Florestan Fernandes]] e [[Gilberto Freire]],<ref name="Cavalcanti"/> além de estrangeiros como [[Roger Bastide]] e [[Pierre Verger]].<ref name="Peixoto"/> O movimento folclorista nesta época encontrou a consagração institucional maior na [[Comissão Nacional de Folclore]], fundada em 1947 por [[Renato Almeida]], através de recomendação da [[UNESCO]], vinculada ao [[Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura]] e à própria UNESCO. No contexto do [[pós-guerra]], a preocupação com o folclore se inseria nas iniciativas em prol da paz mundial. O folclore era visto como elemento de compreensão entre os povos, incentivando o respeito pelas diferenças e permitindo a construção de identidades diferenciadas. Como disse Cavalcanti, o Brasil de então "orgulhava-se de ser o primeiro país a atender à recomendação internacional no sentido da criação de uma comissão para tratar do assunto".<ref name="Cavalcanti"/><ref name="FAQs"/> EmNo ano de 1958 foi instituída a [[Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro]], órgão executivo do [[Ministério da Educação (Brasil)|Ministério da Educação]], dinamizando os debates e pesquisas através de comissões estaduais de folclore, e adotando a prática de engajar colaboradores do interior, mesmo que fossem diletantes, uma vez que se considerou que a intimidade deles com a cultura interiorana contrabalançaria a sua falta de especialização profissional.<ref name="Travassos">Travassos, Elizabeth. [http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93131998000100015 Resenha de Vilhena, Luis Rodolfo. ''Projeto e Missão. O Movimento Folclórico Brasileiro, 1947-1964'']. Rio de Janeiro: Funarte/Fundação Getulio Vargas, 1997. 332 pp. IN ''Mana'' vol.4 n.1 Rio de Janeiro, Apr. 1998</ref>
 
Paralelamente à luta pela institucionalização desenvolvia-se um debate a respeito da formulação dos conceitos delimitadores do folclore como uma [[ciência]], o que dependia da libertação do folclore em relação à literatura e à história, que tradicionalmente absorviam o pensamento sobre a cultura popular.<ref name="Travassos"/> Mas a tarefa foi em muitos pontos inglória. No relato de Travassos, resenhando ideias de Vilhena,