História de Pernambuco: diferenças entre revisões

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=== Os primeiros anos ===
{{VT|Ciclo do açúcar|Capitania de Pernambuco|Colonização do Brasil|História do Brasil}}
[[Imagem:Ruínas do Castelo de Duarte Coelho em pormenor da pintura "Olinda" (Frans Post, c. 1650).jpg|thumb|Ruínas do antigo [[Casa-forte de Duarte Coelho|Castelo de Duarte Coelho]], em pormenor da obra do pintor [[Frans Post]] (c. 1650) . Erguido a partir de 1536 em [[Olinda]], foi a primeira casa-forte do Brasil.<ref name="Duarte_Coelho">{{citar web|url=http://www.brasilarqueologico.com.br/arqueologia-forte-duarte-coelho.php|título=Arqueologia do Forte Duarte Coelho|publicado=Brasil Arqueológico|acessodata=17-12-2019}}</ref>]]
 
Em 1501, ano seguinte ao da chegada dos europeus ao Brasil, o território de Pernambuco, definido pelo Tratado de Tordesilhas como região pertencente à [[América portuguesa]], é explorado pela expedição de [[Gonçalo Coelho]], que teria criado [[feitorias portuguesas|feitorias]] ao longo da costa da colônia, inclusive, possivelmente, na atual localidade de Igarassu, cuja defesa seria futuramente confiada a [[Cristóvão Jacques]].<ref name="GEP">{{citar web|url=https://www.pe.gov.br/historia|título=História de Pernambuco|publicado=Governo de Pernambuco|acessodata=15-12-2010}}</ref> Logo Pernambuco se tornaria a principal área de exploração do [[pau-brasil]] (ou [[pau-de-pernambuco]]) no Novo Mundo. A madeira pernambucana era de uma qualidade tão superior que regulava o preço no comércio europeu, o que explica o fato de a árvore do pau-brasil ter como principal nome "pernambuco" em idiomas como o [[:fr:Pernambouc (arbre)|francês]] e o [[:it:Caesalpinia echinata|italiano]].<ref>{{citar web|url=http://www.sohistoria.com.br/ef2/descobrimento/p6.php|título=Pau-brasil|publicado=Só História|acessodata=28-06-2016}}</ref><ref name="Pau-brasil">{{citar web|url=http://g1.globo.com/economia/agronegocios/vida-rural/noticia/2013/05/pernambuco-abriga-uma-das-areas-mais-preservadas-com-o-pau-brasil.html|título=Pernambuco abriga uma das áreas mais preservadas com o Pau-Brasil|publicado=G1|acessodata=25-12-2013}}</ref> Em 1516, foi construído no litoral pernambucano o primeiro [[engenho de açúcar]] de que se tem notícia na América portuguesa, mais precisamente na [[Feitorias de Igaraçu e na Ilha de Itamaracá|Feitoria de Itamaracá]], confiada ao administrador colonial [[Pero Capico]] — o primeiro "Governador das Partes do Brasil". Em 1526 já figuravam direitos sobre o [[açúcar]] de Pernambuco na Alfândega de Lisboa.<ref name="Engenhos">{{citar web|url=http://www.historiahistoria.com.br/materia.cfm?tb=artigos&id=164|título=Primeiros Engenhos do Brasil Colonial e o Engenho São Jorge dos Erasmos: Preliminares de uma Doce Energia|publicado=História e-história|acessodata=29-10-2016|wayb=20161018205428|urlmorta=sim}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.ibrac.net/index.php/o-ibrac/historico|título=Um pouco de história|publicado=IBRAC|acessodata=29-10-2016|wayb=20150222021911|urlmorta=sim}}</ref>
{{Imagem múltipla
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|image3=Igarassù - Igreia de Sao Cosme e Damiao - anno1535.jpg|caption3=A [[Igreja dos Santos Cosme e Damião]], em [[Igarassu]], é a igreja mais antiga do Brasil de acordo com o [[IPHAN]].<ref name="Igarassu">{{citar web|URL=http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/350|título=Igarassu (PE)|publicado=IPHAN|acessodata=05-06-2015}}</ref>
}}
Em 1501, ano seguinte ao da chegada dos europeus ao Brasil, o território de Pernambuco, definido pelo Tratado de Tordesilhas como região pertencente à [[América portuguesa]], é explorado pela expedição de [[Gonçalo Coelho]], que teria criado [[feitorias portuguesas|feitorias]] ao longo da costa da colônia, inclusive, possivelmente, na atual localidade de Igarassu, cuja defesa seria futuramente confiada a [[Cristóvão Jacques]].<ref name="GEP">{{citar web|url=https://www.pe.gov.br/historia|título=História de Pernambuco|publicado=Governo de Pernambuco|acessodata=15-12-2010}}</ref> Logo Pernambuco se tornaria a principal área de exploração do [[pau-brasil]] (ou [[pau-de-pernambuco]]) no Novo Mundo. A madeira pernambucana era de uma qualidade tão superior que regulava o preço no comércio europeu, o que explica o fato de a árvore do pau-brasil ter como principal nome "pernambuco" em idiomas como o [[:fr:Pernambouc (arbre)|francês]] e o [[:it:Caesalpinia echinata|italiano]].<ref>{{citar web|url=http://www.sohistoria.com.br/ef2/descobrimento/p6.php|título=Pau-brasil|publicado=Só História|acessodata=28-06-2016}}</ref><ref name="Pau-brasil">{{citar web|url=http://g1.globo.com/economia/agronegocios/vida-rural/noticia/2013/05/pernambuco-abriga-uma-das-areas-mais-preservadas-com-o-pau-brasil.html|título=Pernambuco abriga uma das áreas mais preservadas com o Pau-Brasil|publicado=G1|acessodata=25-12-2013}}</ref> Em 1516, foi construído no litoral pernambucano o primeiro [[engenho de açúcar]] de que se tem notícia na América portuguesa, mais precisamente na [[Feitorias de Igaraçu e na Ilha de Itamaracá|Feitoria de Itamaracá]], confiada ao administrador colonial [[Pero Capico]] — o primeiro "Governador das Partes do Brasil". Em 1526 já figuravam direitos sobre o [[açúcar]] de Pernambuco na Alfândega de Lisboa.<ref name="Engenhos">{{citar web|url=http://www.historiahistoria.com.br/materia.cfm?tb=artigos&id=164|título=Primeiros Engenhos do Brasil Colonial e o Engenho São Jorge dos Erasmos: Preliminares de uma Doce Energia|publicado=História e-história|acessodata=29-10-2016|wayb=20161018205428|urlmorta=sim}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.ibrac.net/index.php/o-ibrac/historico|título=Um pouco de história|publicado=IBRAC|acessodata=29-10-2016|wayb=20150222021911|urlmorta=sim}}</ref>
 
No ano de 1532, [[Bertrand d'Ornesan]], o barão de Saint Blanchard, tentou estabelecer um posto de comércio em Pernambuco. Com o navio ''[[Peregrina (navio)|A Peregrina]]'', pertencente ao nobre francês, o capitão Jean Duperet tomou a [[Feitorias de Igaraçu e na Ilha de Itamaracá|Feitoria de Igaraçu]] e a fortificou com vários canhões, deixando-a sob o comando de um certo senhor de La Motte. Meses depois, na costa da [[Andaluzia]] na Espanha, os portugueses capturaram a embarcação francesa, que estava atulhada com 15 mil toras de pau-brasil, três mil peles de onça, 600 papagaios e 1,8 tonelada de [[algodão]], além de óleos medicinais, pimenta, sementes de algodão e amostras minerais. E no exato instante em que ''A Peregrina'' era apreendida no [[mar Mediterrâneo]], o capitão português [[Pero Lopes de Sousa]] combatia os franceses em Pernambuco. Retomada a feitoria, os soldados franceses foram presos e La Motte foi enforcado. Após ser informado da missão que ''A Peregrina'' realizara em Pernambuco, o rei [[João III de Portugal|Dom João III]] decidiu começar a colonização do Brasil, dividindo o seu território em [[Capitanias do Brasil|capitanias hereditárias]].<ref>{{Harvnb|Bueno|2016|pp=7-9}}</ref> Iniciou-se então o povoamento efetivo do território pernambucano. O atual estado de Pernambuco equivale a parte da [[Capitania de Pernambuco]], doada por Dom João III no dia 10 de março de 1534 a [[Duarte Coelho]], e parte da [[Capitania de Itamaracá]], doada a Pero Lopes de Sousa.<ref name="GEP"/> O [[Carta de Foral|Foral]] da Capitania de Pernambuco serviu de modelo aos forais das demais capitanias do Brasil.<ref>{{Harvnb|Ricupero|2016|p=9}}</ref> Em 1535, Duarte Coelho tomou posse da capitania que lhe foi concedida, a princípio batizada de "Nova Lusitânia", mas que pouco tempo depois recebeu a denominação que mantém até hoje. Em 1537, os povoados de Igarassu e Olinda, estabelecidos no ano da chegada do donatário, foram elevados a vila. Olinda recebeu o status de capital administrativa, e seu porto, habitado por pescadores, deu origem à atual cidade do [[Recife]].<ref name="GEP"/><ref>{{citar web|url=http://www.olinda.pe.gov.br/a-cidade/historia/foral-de-olinda|título=Foral de Olinda|publicado=Prefeitura de Olinda|acessodata=02-03-2015|wayb=20090924002834|urlmorta=sim}}</ref>
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Surge em Pernambuco o protótipo da sociedade açucareira dos grandes latifundiários da [[Ciclo do açúcar|cana-de-açúcar]], que perdurará de forma majoritária nos dois séculos seguintes. O cultivo da cana-de-açúcar adaptou-se facilmente ao clima pernambucano e ao solo massapê. A maior proximidade geográfica de Portugal, barateando o custo do transporte, a abundância do pau-brasil, o cultivo do algodão e os grandes investimentos feitos pelo donatário na fundação de vilas e na pacificação dos índios são outros fatores que ajudam a explicar o progresso da capitania. Discorrendo sobre o centro da economia colonial, o padre [[Fernão Cardim]] disse que "em Pernambuco se acha mais vaidade que em Lisboa", opulência que parecia decorrer, como sugere [[Gabriel Soares de Sousa]] em 1587, do fato de, então, ser a capitania "tão poderosa (...) que há nela mais de cem homens que têm de mil até cinco mil cruzados de renda, e alguns de oito, dez mil cruzados. Desta terra saíram muitos homens ricos para estes reinos que foram a ela muito pobres". Por volta do início do século XVII, a Capitania de Pernambuco era a maior e mais rica área de produção de açúcar do mundo.<ref name="Faina">{{Harvnb|Silva|2001|p=122}}</ref><ref name="Recife_açúcar">{{Harvnb|Despertai!|2005}}</ref><ref name="Gândavo">{{citar web|url=http://www.psb40.org.br/bib/b146.pdf|título=Tratado da Terra do Brasil|autor=Pêro de Magalhães Gândavo|publicado=PSB40|acessodata=28-06-2014|wayb=20140416234904|urlmorta=sim}}</ref><ref name="Índios">{{Harvnb|Hemming|2007|p=135}}</ref><ref name="Setecentista">{{citar web|url=http://www.historiahistoria.com.br/materia.cfm?tb=artigos&id=137|título=Fragmentos de um Recife Setecentista: Configurações Urbanas e Realizações Culturais|publicado=História e-história|acessodata=28-06-2014|wayb=20160919165038|urlmorta=sim}}</ref>
 
==== Conquista e colonização do interior ====
 
No final do século XVI e início do século XVII, os vaqueiros pernambucanos começaram a colonizar o Agreste pernambucano e a região semiárida alagoana. No entanto, a colonização do interior de Pernambuco em maior escala ocorreria apenas a partir de meados do século XVII, após a expulsão dos neerlandeses, com o Agreste sendo colonizado por vaqueiros pernambucanos e o Sertão, sendo colonizado por vaqueiros baianos, vinculados ao latifúndio da [[Casa da Torre]], da [[Garcia d'Ávila|família D’Ávila]].<ref name=":3">{{citar livro|título=Enciclopédia Mirador Internacional|editora=Encyclopædia Britannica do Brasil|ano=1995|local=São Paulo|páginas=8783-8793}}</ref>
 
=== Saque do Recife (1595) ===