Música medieval: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m continuação da edição anterior (eliminação do artigo "o" antes de "Magno", embora pudesse ser acrescentado "Gregório, o Grande", esse acréscimo pareceu redundante).
Os parágrafos 2 e 3 da seção "Canto gregoriano" foram modificados, para explicações que evitassem confusões e dúvidas contidas no texto anterior. Uma nova seção intitulada NOTAÇÃO e SOLMIZAÇÃO, deveria ter sido criada, mas demanda aceites do texto. Adicionalmente, o parágrafo 1 da seção "Canto gregoriano" deverá ser modificado (a fim de evitar o erro "institucionalizou o canto gregoriano"), mas ficará para uma outra edição, que o integre à seção "cantochão".
Etiquetas: Editor Visual Verificação de Edições (referências) ativada Verificação de Edições (referências) recusada (outra)
Linha 7:
A rápida expansão do [[Cristianismo]] exige um maior rigor do [[Vaticano]], que unifica a prática litúrgica romana no [[Século VI]]. O [[Papa Gregório]] I (adquirindo o título de São Gregório Magno, logo após sua morte e subsequente canonização) institucionalizou o [[canto gregoriano]], através de uma reforma litúrgica, que se tornou modelo para a [[Europa]] católica.
 
A notação musical sofre transformações, e os [[neumas]] (sem prescrição de alturas específicas) são paulatinamente substituídos por neumas quadráticos com a adoção de uma pauta musical de quatro linhas (tetragrama) no século XII, a partir do sucessivo trabalho de vários sacerdotes cristãos. Apesar de uma linha seca (sem tinta) ter sido imposta sobre os neumas originais (ainda sem alturas específicas) durante o século X, é destacado o trabalho de [[Guido de Arezzo|Guido D'Arezzo]] (ca. 992-a.1050), que propôs o uso de duas linhas (vermelha para F, e amarela para C). Embora não sobreviva nenhum manuscrito ou cópia de manuscrito atribuído a Guido demonstrando uso sistemático dessas linhas, elas aparecem em manuscritos ao final do século XI, e são musicologicamente consideradas responsáveis por influenciar um sistema de notação musical que originou a atual pauta musical. Outra das proposições de Guido (que ele declara compartilhar com outro monge de nome Michahelis) teve porém uso prático no ensino de monges sob sua tutela (naquele in. [[Século XI|séc. XI]]), trata-se do conjunto de seis sílabas (''UT, RE, MI, FA, SOL, LA'') obtidas a partir das semifrases (primeira estrofe) do ''Hino a São [[João Batista]]'' (em latim) — cujo texto contém apelos ao Santo para lhes permitir cantar melhor. A melodia utilizada por Guido para esse ''Hino'' não parece ter existido antes, sendo assim atribuída a ele (e possivelmente a Michahelis). Essas sílabas resultam em um hexacorde, mas não designavam alturas específicas, apenas intervalos (''MI''–''FA'', marcava um semitom; as demais sempre marcavam um tom inteiro) e eram utilizadas como recurso de 'solmização' (''solmisatio'' — da qual deriva o moderno 'solfejo'). Para atingir extensões maiores que a ''6.'' (''UT''-''LA''), cada altura musical poderia servir a um, dois ou mais conjuntos de sílabas impondo a chamada ''mutatio'' (mutação), que pode ser assemelhada à pontos de modulação entre tonalidades. Portanto, em uma única uma altura musical poderia haver superposição de duas ou mais sílabas guidonianas, indicando posições (alturas) em que as ''mutationes'' pudessem ser realizadas. Como recurso de memorização a essas possibilidades de ''mutatio'', surgiram esquemas e desenhos, dentre os quais se destaca a "mão guidoniana" (ou "mão de guido"), embora não tenha sido inventada por Guido e tenha provavelmente surgido em algum tempo '''após''' o século XII. Embora alguns autores tenham sugerido que a "mão guidoniana" teria servido uma espécie de 'exercício prático de entoação',<ref name="Pahlen">Pahlen, Kurt. ''História Universal da Música''. São Paulo: Edições Melhoramentos</ref> sua função sempre permaneceu como simples recurso mnemônico ou, em textos teóricos, para indicações de possibilidades de ''mutatio'' restritas a três hexacordes básicos (''mollis'', com ''UT''=F; ''naturalis'', com ''UT''=C; ''durum'', com ''UT''=G).
A notação musical sofre transformações, e os [[Neumas]] são substituídos pelo sistema de notação com linhas a partir do trabalho de vários sacerdotes cristãos, sobretudo, [[Guido de Arezzo|Guido D'Arezzo]] (992-1050); que foi o responsável pelo estabelecimento desse sistema de notação musical de onde se originou a atual pauta musical. Foi ele, que no [[século XI]] designou as notas musicais como são conhecidas atualmente, usando o texto de um hino a São [[João Batista]] (originalmente em latim), onde cada estrofe inicia com uma nota musical: anteriormente, as notas eram designadas pelas sete primeiras letras do alfabeto latino. Desse modo, as notas musicais passaram a ser chamadas ''UT, RE, MI, FA, SOL, LA e SI''. Posteriormente, a sílaba ''UT'' foi substituída pela sílaba ''DO'', por razões de pronúncia.
 
A sílaba ''DO'', justificada como facilitação de pronúncia (por iniciar em consoante) em substituição a ''UT'', foi proposta apenas no início do século XVII, e permanece em uso em grande parte dos países de línguas de derivações românicas e latinas (exceto franceses, que retiveram o ''UT''). Já a sílaba ''SI'' (depois utilizada nos países anglo-saxões como ''TEE'', ou ''TI'') só surgiu ao final do século XVII (origem desconhecida), sendo discutível sua referência às letras S e J (pronunciada I), de "Sancte Joannes" (naquele ''Hino a São João Batista''), que, aparentemente, foi apenas uma justificativa didática anacrônica, e sem fontes confiáveis. No entanto, o uso moderno dessa sétima sílaba (''SI'') serve para completar o heptacorde básico da oitava diatônica ocidental, e permite evitar as ''mutationes'' derivadas do sistema guidoniano, inaugurando assim aquilo pode ser propriamente chamado de 'solfejo'.
O desenvolvimento das atuais notas musicais por Guido, não tinha por objetivo padronizar a música ou o canto, mas tão somente desenvolver um exercício prático de entoação para melhorar e proteger (contra a rouquidão) as vozes dos cantores do coro. Tal exercício é conhecido como a ''Mão de Guido''.<ref name=" Pahlen ">Pahlen, Kurt. ''História Universal da Música''. São Paulo: Edições Melhoramentos</ref>
 
Em qualquer caso, o próprio Guido (pelo menos a partir de cópias medievais dos seus manuscritos, nenhum original sobreviveu) demonstra nunca ter abandonado a designação alfabética de alturas (A, B, C, D, E, F, G) proposta no tratado ''Dialogus de musica'' (ex. sec. X) por autor anônimo (hoje referenciado como pseudo-Odo[nis Cluniacensis]), embora tivesse sido derivada de designações parciais de alturas a partir do tratado escrito por Anicius Manlius Torquatus Severinus Boetius (pt., [[Boécio]] – ca.&nbsp;i.&nbsp;480/485–i.&nbsp;524/526), intitulado ''De institutione musica'' (cujo uso e divulgação teria começado por resgate em meados do século IX).
 
Apenas no mundo moderno (a partir do séc. XVII), os mundos românico e latino passarão a adotar as sílabas guidonianas (e alterações ''DO'' e ''SI'') como denominação (i.e., nome) de alturas musicais (termo preferível a 'notas', que individualmente deveriam indicar 'altura+duração'). Nos mundos anglo-saxão e germânico, as designações de alturas musicais permaneceu fundamentalmente atreladas ao sistema alfabético (com as variações germânicas 'H' para indicar 'B-natural' e 'B' reservado a indicar apenas 'B-bemol').
 
== Cantochão ==