Rui de Noronha: diferenças entre revisões

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Escritor moçambicano, assinou-se também António Ruy de Noronha e Carranquinha de Aguilar. Tendo feito os estudos liceais em [[Maputo]], entrou para o funcionalismo público, onde trabalhou nos Caminhos de Ferro e na Divisão de Fiscalização de [[Nampula]], exercendo simultaneamente o jornalismo.
O Brado Africano, O Mundo Português, África Magazine, Miragem, Moçambique e Notícias do Bloqueio estamparam os seus textos de crítica literária e os seus poemas, parte dos quais foram reunidos sob o título Sonetos, no ano da sua morte, em edição póstuma, ficando inéditos os seus contos.
 
Desde logo mostrou e deixou transparecer, na sua vida e na sua escrita, um temperamento recolhido, uma personalidade introvertida e amargurada. Foi, sem dúvida, um homem infeliz. Nunca chegou a concretizar, em vida, o grande sonho de publicar o seu livro de poemas, que se diz ter intitulado Lua Nova . Seria, postumamente, um grupo de amigos que viria a cumprir o seu desejo, ao publicar, em 1943, Sonetos , em parte composto de [[sonetos]] publicados na imprensa local.
 
Muitos dos seus poemas, porém, ainda se encontram inéditos, ou então esquecidos na Imprensa, como é o ocaso de "O Brado Africano", na década de 30.
 
Poeta de transição, e vivendo numa época em que os escritores moçambicanos ainda não tinham tido a oportunidade de acordar a sua consciência para as mensagens poéticas de conteúdo social, caracteristicamente moçambicanas, por outro lado limitado como estava pela repressão cultural em que utilizar a África real como fundamento/tema-chave era imediatamente alvo do exercício diário da Censura, a obra de Rui de Noronha ficará marcada como o primeiro sinal expressivo, o precursor mesmo, de uma nova fase da poesia moçambicana, que viria mais tarde a alcançar o verdadeiro ponto de ruptura com o passado.
 
É fundamental, assim, chamar a atenção para a importância deste poeta que veio a anteceder, em cerca de mais de dez anos, o arranque, definitivo e altivo, para a construção de uma poesia tipicamente moçambicana.
 
Incluído em inúmeras antologias estrangeiras – na Rússia, na República Checa, na Holanda, na Itália, nos EUA, na França, na Argélia, na Suécia, no Brasil e em Portugal – Rui de Noronha celebrizou-se pelo poema “Quenguelequezée …” – cujo título é um grito característico do rito de passagem do cu-iandla, no qual se mostra à lua nova a criança recém-nascida, para que ela se transforme em pessoa (…).