Logística militar: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Gunnex (discussão | contribs)
Linha 10:
 
Desde os tempos bíblicos os líderes militares já se utilizavam da logística. As guerras eram longas e geralmente distantes, eram necessários grandes e constantes deslocamentos de recursos. Para transportar as tropas, armamentos e carros de guerra pesados aos locais de combate eram necessários um planejamento, organização e execução de tarefas logísticas, que envolviam a definição de uma rota, nem sempre o mais curta, pois era necessário ter uma fonte de [[água potável]] próxima, transporte, armazenagem e distribuição de [[equipamentos]] e [[suprimentos]] (Dias, 2005, p.27).
 
Durante a [[Segunda Guerra Mundial]] ([[1939]]-[[1945]]), as forças em conflito necessitavam, para fazer avançar as suas tropas, de capacidade logística (poder), de forma a movimentar e manter grandes quantidades de soldados e mantimentos de guerra nas frentes de batalha da [[Europa]] e da [[Ásia]]. A actividade logística estava relacionada com a movimentação e coordenação das tropas, dos armamentos e munições para os vários locais, no mais curto espaço de tempo e nas piores condições possiveis (Carvalho, 2006, p.6).
 
A [[Guerra do Golfo]], em [[1991]], representou o maior movimento de tropas e materiais no mais curto espaço de tempo de que há memória em termos militares e ficou como um marco na história da aplicação do raciocínio logístico dentro de um período limitado de tempo, o que fez da operação «Tempestade no Deserto» um dos mais importantes eventos militares mundiais da história da humanidade. Esse conflito trouxe ensinamentos muito importantes e dados para uma profunda reflexão no campo da logística. A partir de então, a logística adquiriu proporções nunca antes alcançadas em termos de reflexão dos pensadores e de especialistas militares. Na verdade, a operação logística foi de tal envergadura que se tornava essencial, até mesmo crítico, perceber o carácter teleológico de toda a operação: Qual é o objectivo exacto da movimentação? Qual o seu custo e o seu real benefício? Posto isto, e ficando contudo muitas respostas por esclarecer, a verdade é que se tornou fundamental ter um sistema logístico. Ocorrências posteriores a esta vieram lançar ainda maior discussão sobre o pensamento logístico e a necessidade de o questionar e reavaliar (caso do [[11 de Setembro]] nas [[Torres Gémeas]]), pois tudo o que vinha do passado parecia relativamente circunscrito num tempo e num contexto que pareciam de adequação difícil, senão impossível, face aos novos desenvolvimentos económicos, sociais e políticos. Passou a desconhecer-se onde estava e como iria actuar o inimigo e, mais, só se perceberam as consequências dessa ignorância depois do sofrimento global estar instalado (Carvalho, 2006, p.6).
 
A [[logística]] caminha hoje em dia de mãos dadas com o [[pensamento]] estratégico. Evoluem simultaneamente. Os dois raciocínios apresentam-se interligados e a sua presença nota-se nos lugares menos comuns, nas práticas menos habituais, onde a exposição ao risco é francamente elevada. Tornou-se, assim, estritamente necessário dominar as variáveis tempo, custo e qualidade do serviço, de forma a gerar novas configurações deste trinómio de variáveis e novos ''trade-offs'' entre elas. A reinvenção da estratégia e da logística passou a ser um discurso comum nos dias que correm, nomeadamente no mundo militar, em que os desafios são incomensuravelmente superiores aos da antiga guerra convencional. Destes desafios surgirão, espera-se, novos desenvolvimentos logísticos passíveis de aplicação empresarial (Carvalho, 2006, p.8).
 
== Logística Militar ''versus'' Logística Empresarial ==
 
O conceito de produto/serviço certo, no local certo, no tempo certo, inicialmente desenvolvido em termos militares, facilmente transitou para o mundo empresarial, tendo sido adoptado, na sua génese, com a perspectiva de movimentar e coordenar o ciclo de produtos finais (distribuição física) para, com o passar do tempo, assumindo novas exigências, devidas a várias causas, entre elas, o aumento das pressões dos vários mercados (Carvalho, 2006, p.6).
 
Sistemas que não cumpram objectivos são exactamente aquilo de que a logística não necessita. Assim se percebe que chegou o momento em que a logística empresarial pode ensinar mais à logística militar do que o contrário, como tem sido habitual. De facto, pode-se dizer que nos dias que correm a logística militar convencional já pode ensinar à logística empresarial. Talvez a [[logística]] do [[terrorismo]] (e a gestão do risco em cadeias de abastecimento), se for bem trabalhada na área militar, possa vir, ainda, a gerar importantes conclusões para as empresas. Pelo menos na definição de alguns princípios que possam ter por base o funcionamento em rede, a criação de valor conjunto e a formação de parcerias para um bem comum ou, visto ao contrário, para a eliminação de um mal (que pode ser, em termos empresariais, o excesso de custo subjacente a um ou vários sistemas). A [[estratégia]] e a [[logística]] combinam-se para conceber as melhores formas de utilizar as tecnologias, os produtos/serviços, soluções e presenças (virtuais ou reais) para se poder intervir em vários lugares em simultâneo (mesmo aqueles que são de dificil acesso), no sentido de desintegrar, destruir, e refrear o aparecimento de redes terroristas, frustrando assim os seus ataques (Carvalho, 2006, p.8).
 
 
 
== Referências ==
 
* HUSTON, James Alvin - ''Outposts and allies: U.S. Army logistics in the cold war, 1945-1953''. Pennsylvania: Susquehanna university press, 1988. ISBN 978-0-941664-84-4
 
* KANE, Thomas M. - ''Military logistics and strategic performance''. Routledge, 2001. ISBN 978-0-7146-5161-3
 
* DIAS, João Carlos Quaresma - ''Logística global e macrologística''. Lisboa: Edições Silabo, 2005. ISBN 978-972-618-369-3
 
*CARVALHO, José Crespo de; ENCANTADO, Laura - ''Logística e negócio electrónico'' [Em linha]. Porto, SPI - Sociedade Portuguesa de Inovação, Consultadoria Empresarial e Fomento da Inovação, S.A., 2006. [Consult. 29 Abr. 2008]. Disponível em WWW: <URL:http://www.spi.pt/negocio_electronico/documentos/manuais_PDF/Manual_VI.pdf>. ISBN 978-972-8589-67-7
 
== Bibliografia ==
 
* HUSTON, James Alvin - Outposts and allies: ''U.S. Army logistics in the cold war, 1945-1953''. Pennsylvania: Susquehanna university press, 1988. ISBN 978-0-941664-84-4
 
* KANE, Thomas M. - ''Military logistics and strategic performance''. Routledge, 2001. ISBN 978-0-7146-5161-3
 
* DIAS, João Carlos Quaresma - ''Logística global e macrologística''. Lisboa: Edições Silabo, 2005. ISBN 978-972-618-369-3
 
* CREVELD, Martin van . ''Supplying war: Logistics from wallentstein to patton''. Cambridge: Cambridge university press , 1977. ISBN 978-0-05-212173-1
 
* DUPUY, R. Ernest; DUPUY, Trevor N.. ''The Encyclopedia of military history, revised edition''. New York: Harper & Row ,1970. ISBN 978-0-06-011139-7
 
* ECCLES, Henry E. (1959). ''Logistics in the national Defense''. Harrisburg, PA: The Stackpole Company. ISBN 978-0-313-22716-5
 
==Veja também==
 
*[[Logistica]]
*[[Militar]]
Linha 39 ⟶ 56:
[[Categoria:Logística]]
 
{{esboço}}
 
[[en:Military logistics]]