Escola Médica Salernitana: diferenças entre revisões
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Escola de Medicina de Salerno movido para Escola Médica Salernitana: tradução correta |
ajustes e complementando com tradução da wiki-en |
||
Linha 1:
[[Image:ScuolaMedicaMiniatura.jpg|thumb|right|230px|[[Miniatura]] que retrata a '''Escola Médica Salernitana''', em cópia do ''Cânone'' de [[Avicena]].]]
A '''Escola Médica Salernitana''' (em [[Língua italiana|italiana]]: ''Scuola Medica Salernitana''; em [[latim]] ''Schola Medica Salernitana'') foi a primeira [[escola de medicina]] [[Idade Média|medieval]] em [[Salerno]], cidade costeira e cosmopolita situada no ''[[Mezzogiorno]]'' [[Itália|italiano]]. A Escola foi a mais importante fonte de conhecimento medicional na [[Europa]] em seu tempo. Tratados medicinais [[árabes]], além de traduções dos [[Grécia Antiga|antigos gregos]] haviam se acumulado na biblioteca de [[Montecassino]], onde foram traduzidas para o latim; a obra de autores como [[Galeno]] e [[Discórides]] foi complementada e revigorada com a tradição da medicina árabe, conhecida pelos locais através dos contatos com a [[Sicília]] e o [[Norte da África]]. Como resultado, os médicos formados em Salerno na época não encontravam rivais no [[Mar Mediterrâneo|Mediterrâneo ocidental]] no seu conhecimento prático.
==História==
A Escola teve sua sede original no [[dispensário]] dum [[mosteiro]] fundado no [[século XIX]], alcançou o seu maior esplendor durante os séculos [[século X|X]] e [[século XIII|XIII]], desde as últimas décadas do domínio [[Lombardos|lombardo]], durante o qual a sua fama passou a espalhar para lugares mais afastados, até a queda dos [[Hohenstaufen]]. A chegada em Salerno de [[Constantino, o Africano]], em [[1077]], marcou o início do período clássico de Salerno. Embora o impulso dado por [[Alfano I]], [[arcebispo]] de Salerno, e pelo próprio Constantino, o Africano, cujas traduções do árabe ganharam para a cidade o título de ''Hippocratica Civitas'' ou ''Hippocratica Urbs'' ("Cidade de Hipócrates"). Pessoas de diversas partes do mundo frequentaram a ''Schola Salerni'', tanto os doentes, na esperança de se recuperarem, como estudantes, para aprender as artes da medicina.
Sua fama cruzou fronteiras, como provam os manuscritos salernitanos mantidos em diversas bibliotecas européias e por testemunhos históricos. No [[século XII]] e [[Século XIII|XIII]], o autor do [[poema]] ''[[Regimen sanitatis Salernitanum]]'' teria colocado deliberadamente a referência à cidade em seus versos, de maneira à anunciar seu trabalho e lhe dar credibilidade. A Escola manteve a tradição cultural greco-[[Roma Antiga|romana]], combinando-a harmoniosamente com as culturas [[Árabes|árabe]] e [[Judaísmo|judaica]], e acolhia estudantes de todos os credos. Este encontro de diferentes culturas levou ao surgimento do conhecimento medicinal a partir da [[síntese]] e da comparação de diferentes experiências, como evidencia a lenda que credita a fundação da Escola a quatro [[mestre]]s: o judeu Helino, o grego Ponto, o árabe Adela, e o latino Salerno. Na Escola, além do ensino da medicina - na qual as mulheres também estavam envolvidas, tanto como professoras quanto como estudantes - existiam cursos de [[filosofia]], [[teologia]] e [[direito]].
Relativamente ao ensino da medicina, os cursos variavam de 3 a 5 anos, depois realizados os estudos preliminares nas Faculdades de Artes. As aulas consistiam na leitura de textos adequados, com os posteriores comentários, discussões e avaliação dos conhecimentos. O método de ensino baseava-se essencialmente na memorização e discussão dos textos das aulas. Destacavam-se as aulas práticas de [[anatomia]], com as correspondentes dissecações, o estímulo mais importante para um ensino mais criterioso e mais rigoroso dos cirurgiões. O domínio da língua latina era fundamental.▼
Diversos livros ajudaram a fazer a fama da escola salernitana, começando com o ''[[Pantegni]]'', tradução e adaptação de Constantino do ''Al-Malaki'' de [[Ali ibn Abbas]], dez volumes de medicina teórica e dez de medicina prática. O mesmo autor havia traduzido um tratado sobre a [[oftalmologia]] de [[Hunayn bin Ishaq]] e o ''Viático'', de [[Ibm al-Jazzar]].
A primeira titulação médica foi regulamenta em 1140 por [[Rogério II da Sicília]], estabelecendo a obrigatoriedade de um exame oficial para o exercício da medicina. Esta disposição foi depois reafirmada em [[1240]] no Édito de Melfi promulgado por [[Frederico II]]. [[Frederico II]] instituíu a obrigatoriedade de um curso superior em [[Salerno]] para os médicos, ao mesmo tempo que proibiu qualquer sociedade entre médicos e farmacêuticos e determinou que estes tinham de dispensar os medicamentos de acordo com as receitas médicas e as normas da arte provenientes de Salerno.▼
Ao conjunto de saberes ministrados aos estudantes de [[Salerno]], destaca-se ''[[Articella]]''. Muito conhecido também o ''[[Regimen Sanitatis Salernitanus]]'' ou ''Flos medicinae'' (c.1300). Nas obras de conteúdo farmacêutico e terapêutico salientam-se o ''Antidotarium'' de Nicolaus Salernitanus (1110- 1150) e o ''De simplici Medicina'' (ou ''Circa instans'', as duas palavras com que se inicia o texto) de Matheus Platearius, o Jovem. O ''Antidotarium'' de Nicolaus era dirigido aos estudantes de medicina, contudo em 1322 a Faculdade de Medicina de [[Paris]] determinou ser obrigatória a sua existência em todas as boticas, tornando-o um dos receituários mais utilizados por médicos e farmacêuticos durante a [[Idade Média]]. Continha nas obras iniciais 115 fórmulas farmacêuticas, contudo as versões mais recentes excediam as 175, ordenadas alfabéticamente e com um apêndice sobre pesos e medidas. Providenciava receitas de medicamentos, que tinham por base o açucar e o mel, possibilitando a sua conservação por longos periodos e portanto, pudendo ser dispensados à medida que eram requisitados. Já o ''Circa instans'' possui cerca de 250 artigos sobre drogas medicinais, ordenadas também alfabéticamente, referindo-se às suas propriedades, etimologia e história.▼
==Ensino e obras==
▲
▲A escola de Salerno liderou o ensino médico na [[Idade Média]] até que a cidade foi saqueada por [[Henrique VI]] em 1194, durante as lutas dos Hohenstaulen. Este facto, aliado ainda à criação de outras instituições de ensino como em [[Palermo]] e [[Montpellier]], iniciaram o declínio da escola salernitana. Contudo a escola de [[Salerno]] continuou a conceder graduações em medicina até que foi definitivamente abolida em 1811 por Murat.
▲A primeira titulação médica foi
▲
== Bibliografia ==
*
*
*
*
==Ligações externas==
▲*DIAS, José Pedro sousa, ''A Farmácia e a História - Uma introdução à história da Farmácia, da farmacologia e da Terapêutica'', Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, Lisboa, 2005.
*[http://www.godecookery.com/regimen/regimen.htm James L. Matterer, "''Regimen Sanitatis Salernitanum''"]
*[http://www.nlm.nih.gov/hmd/medieval/salerno.html "Medieval Manuscripts in the National Library of Medicine: Salerno, the Mother of Medical Schools"]
*[http://umanitoba.ca/libraries/units/health/resources/salerno.html "The Salerno Book of Health". Images from History of the School of Salernum], Harington, Sir John. 1920. With Introduction by Dr. Ian Carr.
[[Categoria:Universidades da Itália]]
▲*GUERRA, Francisco, ''Historia de la medicina'', Madrid Ediciones Norma,S.A., Madrid, 1982.
▲*KRUMERS and URDANG'S, ''History of Pharmacy'', 4ª edição, J.B. Lippincott Company, Philadelphia, 1941.
▲*PITA, Rui João, ''História da Farmácia'', 2ª edição, Minerva, Coimbra, 2000.
▲*SOURNIA, Jean-Charles, ''Historia da Medicina'', Instituto Piaget- História e Biografias, 1992.
[[Categoria:Escolas]]▼
[[Categoria:História da medicina]]
[[de:Schule von Salerno]]
|