René Clair: diferenças entre revisões

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'''O Estilo''':
 
"Le Roi René" (O Rei René - alcunha dada pelo escritor P. Billard) é um dos precursores do cinema falado e o primeiro cineasta francês a imprimir um estilo pessoal ao cinema. Clair tinha um espírito inquieto, ávido por novidades. Dizia: “a vanguarda é a curiosidade de espírito aplicada a um campo onde se faz descobertas numerosas e apaixonantes. Se é este o sentido que lhe empregam, me declaro vanguardista incondicional”.
''Sous les toits de Paris'' marcou uma época. René Clair fez a transição perfeita do cinema mudo ao falado. Com sua economia de diálogos (“não é porque se pode falar que se falará sem nada dizer”), imprime um estilo inconfundível. Ele transforma a técnica em estética, o fazer cinema em criar cinema, o filmar objetos em construir imagens, expressões, pensamentos e idéias.
René Clair reagiu contra o filme grotesco, meramente sentimental, que reinou no cinema naqueles anos, nos moldes dos folhetins. Reagiu também contra o filme excessivamente refinado, intelectual e estético. Ele reivindica para si histórias escritas diretamente para o cinema. Seus romances não são meramente sentimentais, mas revestidos de um realismo e uma fantasia poéticos. Seus filmes realistas mostram, diferentemente dos filmes americanos da época, os anti-heróis saídos da multidão, das calçadas, das fábricas. São essas algumas das características do cinema realista, herança da música popular vinda das ruas, dos becos e dos cabarés dos subúrbios Parisienses.
Clair consegue transformar o folhetim, o gosto duvidoso do popular, em uma arte inteligente e delicada. Sabia fazer de forma superior as coisas elementares. O pitoresco popular, a emoçao naive, a poesia das vidas e bairros humildes, o fantástico, os heróis simples vão habitar o universo Clairiano.
Suas imagens eram simples, claras, em tons de cinza, frequentemente frontais. Eram o oposto das imagens alemãs predominantes na época, de estilo expressionista e com fortes contrastes. Tentavam ser o mais normais, o mais diretas possível, não buscavam a perspectiva nem a profundidade dos planos. Mesmo assim, sua fotografia era poética, simbólica e sentimental. A fotografia de Million é uma das mais belas.