Das Rheingold: diferenças entre revisões

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A história lida com o tema da busca desmedida pelo poder, envolvendo a renúncia ao amor e contratos inadequados. ''Das Rheingold'' é marcada musicalmente pelo aprimoramento do ''[[leitmotiv (música)|leitmotiv]]'', o uso de temas musicais para identificar elementos da obra, como personagens ou locais.
 
== Sinopse ==
[[ImagemFicheiro:Ring2.jpg|thumb|150px|As ninfas zombam Alberich, que tenta cortejá-las]]
=== Cena I ===
A obra é iniciada com um [[prelúdio]] de 136 [[compasso (música)|compassos]] que representa o fluxo eterno do [[rio Reno]], durando cerca de quatro minutos. Em sua [[autobiografia]] ''Mein Leben''<ref>{{citar web
|url=http://www.gutenberg.org/etext/5144
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</ref>, Wagner menciona que a idéia surgiu enquanto estava sonolento em um hotel de [[La Spezia]] na [[Itália]]. A música cresce em poder e as [[cortina]]s se levantam. No rio Reno, as irmãs [[ninfa]]s [[Woglinde]], [[Wellgunde]] (ambas mais jovens e inconsequentes) e [[Flosshilde]] (pouco mais velha, serena e responsável que as anteriores) se divertem nadando no rio, estando próximas ao "Ouro do Reno". Eis que surge das profundezas [[Alberich]], um [[anão]] [[nibelungos|nibelungo]], primeiramente sem ser notado pelas jovens, e que então tenta as cortejar, demonstrando interesse em tê-las para si. Por sua [[feiura]] e repulsividade, após um susto inicial por parte das jovens, elas partem para o gracejo, enfurecendo o sujeito. Em tom de brincadeira, elas chegam a ceder momentaneamente aos elogios, mas então fogem e continuam a zombaria. Após um ponto o nibelungo cede, exausto. Descobrindo um brilho dourado vindo de uma rocha próxima, ele pergunta para as ninfas o que era aquilo, curioso também pela reação de louvor delas ao objeto. Primeiramente incrédulas com a ignorância dele, elas respondem explicando sobre o "Ouro do Reno", e que eram responsáveis por sua guarda a pedido de seu pai. Em inconsequência infantil, [[Woglinde]] e [[Wellgunde]] acabam comentando que o tal ouro pode ser transformado em um [[Andvarinaut|anel]] mágico cujo dono torna-se soberano do mundo. [[Flosshilde]] as adverte pelo comentário indevido a um estranho, mas elas reagem com desdém, justificando que somente alguém que primeiramente renuncia o [[amor]] poderia realizar tal feito, para elas algo improvável. As jovens pensam que não há o que se preocupar com o anão; mas enfurecido pela zombação e interessado nos poderes místicos daquele tesouro, Alberich amaldiçoa o amor, captura o ouro e retorna para as profundezas, trazendo desilusão e lamento às guardiãs.
 
[[ImagemFicheiro:Giants and Freia.jpg|thumb|left|150px|Os gigantes capturam Freia]]
=== Cena II ===
Uma característica marcante também nas outras mudanças de cena, não há corte na música nem fechamento de cortinas para a transição do cenário. As águas transformam-se em [[nuvem|nuvens]], e depois em uma [[névoa]]. Então, iniciando a segunda cena, é apresentado o topo de uma [[montanha]] e um imponente [[castelo]] ao fundo. [[Odin|Wotan]], [[governante]] dos deuses, está dormindo no topo da montanha com sua esposa [[Fricka]]. Ela acorda e percebe o castelo e sua magnificência, acordando Wotan e anunciando que sua nova residência estava construída por completo. Os gigantes [[Fasolt]] e [[Fafner]] haviam construído o palácio, e em troca Wotan havia oferecido a eles [[Freya|Freia]], irmã de Fricka e deusa do amor e da juventude.
 
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Freia aparece apavorada, seguida dos gigantes (rústicos e armados com [[clava]]s), e Fasolt exige o pagamento da obra terminada. A esta altura, Wotan procura por [[Loki|Loge]] (deus do fogo): ele conta com sua astúcia para encontrar uma solução alternativa à [[barganha]]; foi inclusive ele um dos estimuladores do acordo, e quem havia prometido uma solução para livrar Freia. [[Thor|Donner]] (deus do trovão) e [[Freyr|Froh]] (deus da primavera) aparecem para defender sua irmã, sendo impedidos por Wotan; ele não pode impedir os gigantes pela força, e renega o acordo.
 
[[ImagemFicheiro:Ring8.jpg|thumb|150px|Donner, Froh, Fricka e Wotan lamentam fracos e envelhecidos a perda de Freia e suas maçãs]]
Já impacientes com a situação, os gigantes exigem Freia. Fazendo-se de desentendido, Wotan os pergunta novamente qual era o acordo, e após ser respondido, alega que sua cunhada seria um preço muito alto. Os gigantes reagem incrédulos com o comentário: Wotan é um [[legislador]], e em sua lança, símbolo de seu poder, há inscrições sobre o pacto; ele não deveria nem cogitar a quebra de um contrato. Entretanto, para seu alívio, Loge aparece com seu jeito irônico. Ele conta para os presentes sobre o roubo do "Ouro do Reno" por Alberich, e que o anão havia forjado um poderoso anel com aquele material. Wotan, Fricka e os gigantes interessam-se pelo assunto e começam a desejar a posse do anel; Loge então sugere o roubo. Já Fafner exige todo o ouro como pagamento para a liberação de Freia, e os gigantes partem tendo ela como refém.
 
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Um [[interlúdio]] orquestral começa, representando a descida de Loge e Wotan à [[Niflheim|Nibelheim]], as cavernas onde moram os nibelungos. Com o cessar da orquestra, inicia um coro de dezoito [[bigorna]]s, dando a noção do trabalho árduo dos anões naquela região.
 
[[ImagemFicheiro:Ring11.jpg|thumb|left|150px|Alberich e os anões escravizados]]
 
=== Cena III ===
Chegando ao local, percebe-se que Alberich havia [[escravidão|escravizado]] o resto dos anões de Nibelungo. Ele também havia forçado seu irmão [[ferreiro]] [[Regin|Meme]] a criar um [[elmo]] mágico, ''Tarnhelm'', que Meme reluta em entregar ao irmão. Alberich demonstra o poder do equipamento ao tornar-se [[Invisibilidade|invisível]].
 
Wotan e Loge chegam e encontram Mime gemendo de dor, que os informa sobre o término do ano e a miséria de Nibelungo sob governo de Alberich. Então eis que surge Alberich, ordenando a um grupo de escravos para que empilhem pedras de ouro. Quando eles terminam o serviço, Alberich os dispensa e descobre os dois visitantes. [[Vaidade|Envaidecido]] por elogios cínicos de Wotan, ele os informa sobre seus planos para governar o mundo e sobre os poderes mágicos de seu novo elmo. Astuto, Loge o desafia a demonstrar a mágica de ''Tarnhelm'', e o anão transforma-se em um [[dragão]]. Fingindo medo e admiração, Loge então o desafia a transformar-se em uma pequena criatura, argumentando que assim seria mais fácil escapar do perigo. Alberich transforma-se em um [[sapo]], sendo rapidamente capturado por Wotan e Loge e levado à superfície.
 
=== Cena IV ===
De volta ao topo da montanha, Wotan e Loge forçam Alberich a trocar seus pertences (o resto do ouro e o elmo) por sua liberdade. Apesar de primeiramente relutar e ameaçar Wotan, sua mão direita é desatada, e com o anel ele ordena que seus escravos tragam todo o ouro à superfície. Ele já planejava reaver tudo posteriormente após ser libertado, com a ajuda do poder de seu anel. Após a entrega, o anão pede o retorno do elmo ''Tarnhelm'', mas Loge nega dizendo que faz parte da quantia de resgate. Mesmo relutando de início, acaba acatando, ponderando que seu irmão poderia construir outro igual no futuro. Então Wotan pede para que o anel também seja entregue. Alberich se recusa e decide levar até as últimas consequências, mas Wotan tira o anel do [[dedo]] do anão, colocando em seu próprio dedo. Diferente de Wotan, extasiado pelo triunfo, Alberich está devastado por sua perda, e antes de fugir lança uma [[maldição]] ao anel: até que ele retorne para suas mãos, quem não o possuir o desejará, e quem o possuir terá infelicidade e [[morte]].
 
[[ImagemFicheiro:Ring15.jpg|thumb|150px|Fafner mata Fasolt sob domínio da maldição do anel]]
Da névoa que persiste na região, Fricka, Donner e Froh chegam e são cumprimentados por Wotan e Loge, que os mostram o ouro que libertará sua irmã. Os gigantes Fasolt e Fafner também retornam com Freia. Fricka tenta aproximar-se da irmã, sendo censurada pelos gigantes raptores, ainda incrédulos com o cumprimento da ordem de resgate. Relutante a liberá-la e já apaixonado pela moça, Fasolt insiste que deve haver ouro suficiente para esconder Freia de vista, minimizando a dor da despedida. O ouro então é empilhado por Loge (que pede ajuda a Froh para a tarefa), e Wotan é forçado a entregar também o elmo mágico para tirar sua cunhada completamente da vista. Entretanto, o gigante percebe uma abertura na pilha de ouro através da qual estava podendo observar a dama, e exige que Wotan também entregue o anel. Loge lembra a todos que o anel é propriedade das ninfas do Reno, e que Wotan iria devolvê-lo posteriormente. Mas tomado por extrema ganância, Wotan se recusa a entregar o anel para qualquer outra pessoa, para desapontamento de Loge e dos gigantes, e estes já se preparam para deixar as terras novamente, levando Freia embora para todo o sempre.
 
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Por fim, os deuses preparam-se para entrar no recém construído castelo, sua nova moradia. O céu, que estava encoberto e sinistro, é limpado por um trovão lançado por Donner. Froh então cria uma [[ponte]] de [[arco-íris]] para que os presentes possam se dirigir até a porta do castelo. Wotan lidera o grupo, e nomeia o castelo [[Valhala]]. Fricka o pergunta sobre o nome, e ele responde que seu significado será revelado posteriormente se tudo ocorrer bem.
 
[[ImagemFicheiro:Ring17.jpg|thumb|left|150px|As ninfas lamentam a perda do "Ouro do Reno"]]
Loge, que sabe que o fim dos deuses está chegando, observa à distância os outros se dirigindo à Valhala. Ele não oculta a si mesmo os problemas que ainda vêm. Abaixo do morro, as ninfas lamentam a perda do ouro. Wotan questiona o fato, e Loge explica sobre as ninfas. Wotan ordena que Loge as faça parar, sendo prontamente atendido pelo semi-deus; mas as jovens recomeçam o lamento. Wotan, que havia começado uma cadeia de problemas que, segundo Erda, resultaria em desastre eminente, vê em si a responsabilidade para resolver o problema. Ele então tem uma idéia para resolver a questão.
 
== Composição ==
A composição da obra ocupou Wagner entre [[1 de novembro]] de [[1853]] a [[26 de setembro]] de [[1854]]. Ele começou a desenvolver um esboço preliminar de todo o trabalho a partir de fragmentos. Escrito a lápis e consistindo de duas (a vezes três) [[Pauta (música)|pautas]], esse documento de 77 páginas foi completado em [[14 de janeiro]] de [[1854]]. No começo do mês seguinte ele começou outro esboço completo da ópera. Sua primeira intenção era fazer um esboço à tinta, assim como feito em ''[[Lohengrin (ópera)|Lohengrin]]'', mas após terminar o esboço do prelúdio ele decidiu eliminar esse estágio intermediário e partir para a escrita final da obra. Entretanto, ao atingir o começo da primeira cena (após terminar o prelúdio), o compositor percebeu que o resto da obra ainda exigia muito mais revisão e elaboração antes que ele desenvolvesse a versão final. Ele então abandonou essa versão final e começou a desenvolver um esboço da instrumentação à lápis, tendo terminado em [[28 de maio]].
 
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Wagner a entregou para seu patrono [[Luís II da Baviera]] como presente de aniversário em [[15 de agosto]] de [[1865]], e ela foi posteriormente encontrada no arquivo familiar do rei. Mais de cinquenta anos após, ela foi comprada e entregue à [[Adolf Hitler]] para o aniversário do ''Führer''. Durante o período final da [[Segunda Guerra Mundial]], Hitler manteve consigo o documento em seu [[Führerbunker|bunker]] em [[Berlin]].
 
== Papéis ==
Os papéis de [[Wotan]] e [[Thor|Donner]] são interpretados por [[baixo-barítono|baixos-barítonos]], enquanto [[Loki|Loge]] e [[Freyr|Froh]] são [[tenor]]es. Entre os papéis femininos, [[Fricka]] é [[mezzo-soprano]], [[Freya|Freia]] é [[soprano]] e Erda [[contralto]]. Entre os [[nibelungos]] ([[anão|anões]]), [[Alberich]] é baixo-barítono e [[Regin|Mime]] tenor. Os dois papéis de [[gigante]]s são desempenhados por [[Fasolt]], um baixo-barítono; e [[Fafner]], um [[baixo (voz)|baixo]]. Já as donzelas do Reno ([[ninfa]]s) são Woglinde e Wellgunde como sopranos e Flosshilde como mezzo-soprano.
 
{{ref-section}}
 
== {{Ver também}} ==
{{commons|Das Rheingold}}
* ''[[Der Ring des Nibelungen]]''
 
== {{Ligações externas}} ==
* [http://www.luiz.delucca.nom.br/wep/wagneremportugues_rg.html Libreto original de ''Das Rheingold'', com tradução em português]
 
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[[el:Ο Χρυσός του Ρήνου]]
[[en:Das Rheingold]]
[[eo:Das Rheingold]]
[[es:El oro del Rin]]
[[fi:Reininkulta]]