Dictatus Papae: diferenças entre revisões
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[[Imagem:Dictatus Papae complete.jpg|left|thumb|Dictatus Papae]]
'''Dictatus Papae''' é um conjunto de 27 proposições eclesiológicas enunciadas pelo [[Papa Gregório VII]] ([[1073]]-[[1085]]) em [[1075]] tratando da autoridade, competência e poderes do [[
==História==
Alguns textos e documentos que fundamentam o Dictatus Papae
A proposição XXVIII ''Que o Pontífice Romano, se houver sido ordenado por meio de uma eleição canônica está indubitavelmente santificado pelos méritos do Bem Aventurado Pedro como nos testemunha Santo Ennodio, bispo de Pavia, com o consentimento de muitos Santos Padres, como se encontra no decreto do bem aventurado [[Papa Símaco]]'' trata de uma teoria teológica do [[Papa Leão I]] ([[440]]-[[461]]) de que o sucessor de São Pedro podia não herdar suas características e méritos, mas recebia sua autoridade e funções oficiais transmitidos por Cristo. O cargo era assumido imediatamente após a eleição e qualquer cristão que seja batizado poderia ser eleito papa
▲Alguns textos e documentos que fundamentam o Dictatus Papae são falsificações criadas no primeiro milênio para fortalecer o poder do pontífice como os textos do [[Pseudo-Dionísio]], a ''Constitutum Donatio Constantini'' ou ''Constitutum domini Constantini imperatoris'' e outros menores. Esse material escrito fornecia a imagem de uma Igreja desde São Pedro controlada rigidamente pelo papa em todos os seus detalhes doutrinários, litúrgicos e administrativos.
A proposição VIII ''Que somente ele ''(o Papa)'' dispõe das insígnias imperiais'' remota ao [[Papa Leão III]] que coroou o então rei franco [[Carlos Magno]] como imperador e este aceitou implicitamente que o pontífice dispõe do poder de recriar o [[Império Romano]].▼
▲A proposição XXVIII ''Que o Pontífice Romano, se houver sido ordenado por meio de uma eleição canônica está indubitavelmente santificado pelos méritos do Bem Aventurado Pedro como nos testemunha Santo Ennodio, bispo de Pavia, com o consentimento de muitos Santos Padres, como se encontra no decreto do bem aventurado [[Papa Símaco]]'' trata de uma teoria teológica do [[Papa Leão I]] ([[440]]-[[461]]) de que o sucessor de São Pedro podia não herdar suas características e méritos, mas recebia sua autoridade e funções oficiais transmitidos por Cristo. O cargo era assumido imediatamente após a eleição e qualquer cristão que seja batizado poderia ser eleito papa, mesmo se não for um clérigo (isto ainda vigora hoje).
A proposição XIX '' Que ninguém possa julgá-lo'' é uma
▲[[Imagem:Gregor7 g.jpg|thumb|right|[[Papa Gregório VII]], que instaurou o Dictatus Papae.]]
Contemporaneamente à sua publicação pelo [[Papa Gregório VII]], o
▲A proposição VIII ''Que somente ele (o Papa) dispõe das insígnias imperiais'' remota ao [[Papa Leão III]] que coroou o então rei franco [[Carlos Magno]] como imperador e este aceitou implicitamente que o pontífice dispõe do poder de recriar o [[Império Romano]].
▲A proposição XIX '' Que ninguém possa julgá-lo'' é uma ideia que o papado proclamou muitas vezes na história, mas que foi muito pouco respeitada pelos séculos. Foi afirmada pela primeira vez pelo [[Papa Gelásio]] em [[495]], justamente durante um período em que o Papa era praticamente submetido ao imperador de Bizâncio em sua ortodoxia e podia ser deposto se assim fosse a vontade do imperador; no século VIII, já livre da submissão a Bizâncio, o [[Papa Leão III]] antes de coroar [[Carlos Magno]] foi julgado por imoralidade em que o rei dos francos presidiu o tribunal e absorveu o papa, embora Leão III declarasse nulo o julgamento ele poderia ter sido deposto como vários de seus antecessores.
▲Contemporaneamente à sua publicação pelo [[Papa Gregório VII]], o '''Dictatus Papae''' inseriu-se num período de crescente autonomia da Igreja Romana com relação ao [[Sacro Império Romano Germânico]]. A eleição dos papas pelos [[Cardeal|cardeais]], eleitores nomeados pelo pontífice, aboliu a prática de imposição de um nome pelo imperador ([[1059]]) e o papa Gregório VII desejou também acabar com a nomeação dos bispos pelo poder imperial.
Como se sabe o conflito de Gregório VII e o imperador [[Henrique IV da Germânia|Henrique IV]] desencadeou a excomunhão deste por aquele que também declarou o imperador deposto ao absorver os súditos de fidelidade (proposição XXVII ''Que o pontífice possa eximir os súditos do juramento de fidelidade aos iníquos''), em [[1077]], [[Henrique IV da Germânia|Henrique IV]] teve que caminhar, descalço e apenas com um [[cilício]] em pleno inverno para pedir perdão no castelo de [[Canossa]] na [[Itália]] ao Papa Gregório VII por não se haver submetido ao Dictatus Papae, apesar disso, o fim dessa crise foi a derrota de Gregório VII, que foi exilado e o retorno de Henrique IV ao trono.
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{{Wikisource|Dictatus Papae|Dictatus Papae}}
Texto do '''Dictatus Papae''':
'''I.''' <cite>«Quod Romana ecclesia a solo Domino sit fundata»</cite>. (Que a Igreja Romana foi fundada somente pelo Senhor).<br> '''II'''. <cite>«Quod solus Romanus pontifex iure dicatur universalis»</cite>. (Que só o Pontífice Romano seja dito legitimamente universal).<br> '''III'''. <cite>«Quod ille solus possit deponere espiscopus vel reconciliare»</cite>. (Que ele só possa depor ou repor bispos). <br> '''IV'''. <cite>«Quod legatus eius omnibus episcopis presit in concilio etiam inferioris gradus et adversus eos sententiam depositionis possit dare»</cite>. (Que o seu legado está no concílio acima de todos os bispos de nível inferior; e que pode dar contra eles sentença de deposição). <br> '''V'''. <cite>«Quod absentes papa possit deponere»</cite> (Que o Papa possa depor ausentes). <br> '''VI'''. <cite>«Quod cum excommunicatis ab illo inter cetera nec in eadem domo debemus manere»</cite>. (Que com os excomungados pelo Papa não podemos, entre outras coisas, permanecer na mesma casa). <br> '''VII'''. <cite>«Quod illi soli licet pro temporis necessitate novas leges condere, novas plebes congregare, de canonica abatiam facere et e contra, divitem episcopatum dividere et inopes unire»</cite>. (Que só ao Papa é lícito, segundo necessidade temporal, ditar novas leis, formar novas comunidades, converter uma fundação em abadia e, reciprocamente, dividir uma diocese rica e reunir dioceses pobres). <br> '''VIII'''. <cite>«Quod solus possit uti imperialibus insigniis»</cite>. (Que ele só possa levar as insígnias imperiais). <br> '''IX'''. <cite>«Quod solius pape pedes omnes principes deosculentur»</cite>. (Que todos os príncipes devem beijar os pés somente do Papa). <br> '''X'''. <cite>«Quod illius solius nomen in ecclesiis recitetur»</cite>. (Que só do Papa seja nomeado o nome nas igrejas). <br> '''XI'''. <cite>«Quod hoc unicum est nomen in mundo»</cite>. (Que este nome é único no mundo). <br> '''XII'''. <cite>«Quod illi liceat imperatores deponere»</cite>. (Que lhe seja lícito depor os imperadores). <br> '''XIII.''' <cite>«Quod illi liceat de sede ad sedem necessitate cogente episcopos transmutare»</cite>. (Que lhe seja lícito trasladar bispos de uma sede para outra, se lhe obrigar a isso a necessidade). <br> '''XIV'''. <cite>«Quod de omni ecclesia quocunque voluerit clericum valeat ordinare»</cite>. (Que possa ordenar clérigos de qualquer igreja onde queira). <br> '''XV'''. <cite>«Quod ab illo ordinatus alii eclesie preesse potest, sed non militare; et quod ab aliquo episcopo non debet superiorem gradum accipere»</cite>. (Que um ordenado por ele possa presidir a outra igreja, mas não servi-la; e que o ordenado por ele não possa receber grau superior de outro bispo). <br> '''XVI'''. <cite>«Quod nulla synodus absque precepto eius debet generalis vocari»</cite>. (Que ningún sínodo se chame general se não for por ordem do Papa). <br> '''XVII'''. <cite>«Quod nullum capitulum nullusque liber canonicus habeatur absque illius auctoritate»</cite>. (Que nenhum capítulo nem nenhum livro seja considerado como canónico sem sua autorizada permissão). <br> '''XVIII'''. <cite>«Quod sententia illius a ullo debeat retractari et ipse omnium solus retractare possit»</cite>. (Que suas sentenças não sejam retractadas por ninguém e só ele possa revê-la). <br> '''XIX'''. <cite>«Quod a nemine ipse iudicare debeat»</cite>. (Que não seja julgado por nada). <br> '''XX'''. <cite>«Quo nullus audeat condemnare apostolicam sedem apellantem»</cite>. (Que nadie ose condenar al que apela a la sede apostólica). <br> '''XXI'''. <cite>«Quod maiores cause cuiscunque ecclesie ad eam referri debeant»</cite>. (Que as causas maiores de qualquer igreja sejam referidas à sede apostólica). <br> '''XXII'''. <cite>«Quod Romana ecclesia nunquam erravit nec imperpetuum scriptura testante errabit»</cite>.(Que a Igreja Romana nunca errou e não errará nunca, segundo testemunho das Escrituras). <br> '''XXIII'''. <cite>«Quod Romanus pontifex, si canonice fuerit ordinatus, meritis beati Petri indubitanter efficitur sanctus testante sancto Ennodio Papiensi episcopo ei multis sanctis patribus faventibus, sicut in decretis beati Symachi pape continetur»</cite>. (Que o Pontífice Romano, uma vez ordenado canonicamente, é santificado indubitavelmente pelos méritos do bem-aventurado Pedro, segundo testemunho do santo bispo Ennodio de Pavia, apoiado pelos muitos santos Padres segundo está nos decretos do Beato [[Papa Símaco]]). <br> '''XXIV'''. <cite>«Quod illius precepto et licentia subiectis liceat accusare»</cite>. (Que por ordem e permissão sua seja lícito aos subordinados formular acusações). <br> '''XXV'''. <cite>«Quod absque synodali conventu possit episcopus deponere et reconciliare»</cite>. (Que sen intervenção de Sínodo algum se possa depor e repor bispos). <br> '''XXVI'''. <cite>«Quod catholicus non habeatur, qui non concordat Romane ecclesie»</cite>. (Que ninguém seja chamado católico se não concorda com a Igreja Romana). <br> '''XXVII'''. <cite>«Quod a fidelitate iniquorum subiectos potest absolvere»</cite>. (Que o Papa pode eximir os súbditos da fidelidade para com príncipes iníquos).
==Referência==
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==Ligação Externa==
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