Mãe Natureza: diferenças entre revisões

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===História===
A palavra ''Natureza'' vem do [[latim]] ''natura'' significando ''nascimento''. Em inglês, o primeiro registro de uso, no sentido de plenitude ou totalidade dos fenômenos do mundo, foi muito tardio e é datado de [[1662]]; entretanto ''natura'' e a personificação da Mãe Natureza, foi extremamente popular na [[Idade Média]] e pode ter as raízes traçadas a partir da [[Grécia Antiga]]. Os filósofos [[pré-socrático]]s inventaram a natureza quando abstraíram a totalidade fenomênica do mundo em um único nome e trataram como um único objeto: ''physis''.
 
===Origem===
As civilizações antigas (Grécia, Babilônia, Roma, Egito, entre outras) foram prolixas <ref> [http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2002/06/28367.shtml ''Mídia Independente'', ''A Deusa e o Deus''] </ref> em cultuar a mulher e a feminilidade ou as [[deusa]]s como sacerdotisas ([[Diotima de Mantinea]]), sábias, filósofas, matemáticas ([[Hipátia de Alexandria]]) [[pitonisa]]s, [[amazonas (mitologia)|amazonas]] (ou guerreiras). Este culto insere-se dentro de um contexto social e religioso cujas raízes remontam aos registros pré-históricos do [[Paleolítico]] e do [[Neolítico]] <ref> [http://www.prodema.ufpb.br/revistaartemis/numero3/arquivos/artigos/artigo_02.pdf ''Revista Artemis'', ''Prodema, Univ. Fed. da Paraiba''] </ref><ref> [http://www.google.com/books?id=PGocizBPj0EC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#PPA59,M1 ''Desvendando a sexualidade'', C. A. Nunes, p. 58] </ref> ou ainda a uma fase informe do mundo, quando surgiu o primeiro sentimento religioso da humanidade, que era o de adoração da [[Deusa Mãe]] ou ''Mãe Terra'' <ref> [http://www.prodema.ufpb.br/revistaartemis/numero3/arquivos/artigos/artigo_02.pdf ''Revista Artemis'', ''Prodema, Univ. Fed. da Paraiba''] </ref>. A religião se expressava pela adoração à Terra, à Natureza, aos ciclos e à fertilidade <ref> [http://www.prodema.ufpb.br/revistaartemis/numero3/arquivos/artigos/artigo_02.pdf ''Revista Artemis'', ''Prodema, Univ. Fed. da Paraiba''] </ref>. Segundo o historiador Raimundo Campos <ref> [http://www.google.com/books?id=PGocizBPj0EC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#PPA59,M1 ''Desvendando a sexualidade'', C. A. Nunes, p. 58] </ref>, os clãs do Paleolítico eram matriarcais, uma vez que os homens em atividade de caça, vivam se deslocando, cabendo às mulheres a consolidação da sedentarização e da agricultura <ref> [http://books.google.com.br/books?id=0K0p8wCNKTQC&pg=PA84&lpg=PA84&dq=women+consolidate+agriculture+in+pre+history&source=bl&ots=_hwB8nsA2Z&sig=VzalXV9FOZpwwxI9rCgDHDUTPn4&hl=pt-BR&ei=zXs2SpKnIYaMtgeox5H5Dg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum= ''The Civilizations of Africa'', p.84] </ref> <ref> [http://books.google.com.br/books?id=PGocizBPj0EC&pg=PA53&vq=agricultura&dq=desvendando+a+sexualidade&source=gbs_search_s&cad=0#PPA53,M1 ''Desvendado a sexualidade'', citação M. Eliade] </ref> e do primeiro registro histórico de um clã e de um governo familiar. Esta abordagem mítico-religiosa prevaleceu entre as civilizações antigas e nos respectivos mitos. Descobertas arqueológicas revelam a existência de [[arte rupestre]] e de estatuetas de culto ao corpo feminino, à fertilidade e com isso à noção de origem da vida e do mundo <ref> ''Scientific American Brasil'', Nº 10, p.20 </ref>. As mais antigas noções de criação se originavam da idéia básica do nascimento, que consistia na única origem possível das coisas e esta condição prévia do caos primordial foi extraída diretamente da teoria arcaica de que o útero cheio de sangue era capaz de criar magicamente a prole. Acreditava-se que a partir do sangue divino do [[útero]] e através de um movimento, [[dança]] ou ritmo cardíaco, que agitasse este [[sangue]], surgissem os "frutos", a própria [[maternidade]]. Essa é uma das razões pelas quais as danças das mulheres primitivas eram repletas em movimentos pélvicos e abdominais. Muitas tradições referiram o princípio do coração materno que detém todo o poder da criação. Este coração materno, "uma energia capaz de coagular o caos espumoso" <ref> ''O I Ching da Deusa'' </ref> organizou, separou e definou os elementos que compõem e produzem o [[cosmos]]; a esta energia organizadora os gregos deram o nome de ''[[Diakosmos]]'', a ''Determinação da Deusa''.
 
[[Imagem:Rhea MKL1888.png|thumb|left|100px|[[Réia]], para os gregos, ''a mãe de todos os deuses''; a palavra significa '''terra''' ou ''fluxo'' (referindo-se ao sangue menstrual)]]
Os egípcios, nos [[hieróglifos]], chamaram este coração de ''[[alma egípcia|ab]]'' ou ''ib''; esta palavra também foi usada para chamar de ''pai'' o Deus dos [[hebreus]] <ref> [http://books.google.com.br/books?id=WvrYDeJnVKkC&pg=PA192&lpg=PA192&dq=the+egyptian+ib+the+hebrew+ab&source=bl&ots=x3DP4EIURy&sig=R3DB3X99d1NaSmMVDjDoWESh7Ok&hl=pt-BR&ei=fdUzSrr9FInItgeyo4n5Dg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=2#PPA192,M1 ''African presence in eraly Asia''] </ref> <ref> [http://www.greaterthings.com/Word-Number/father.htm ''Greaterthings'', ''Father''] </ref> (ainda que masculinizassem, a idéia fundamental de família e continuidade da vida não era patriarcal). Segundo [[Joseph Campbell]], o patriarcalismo surgido com os hebreus deve-se, entre outras razões, à atividade belicosa de pastoreio de gado bovino e caprino <ref> [http://www.culturabrasil.pro.br/tuesisso.htm ''Tu és isso''] </ref> e às constantes perseguições religosas que desencadeavam o [[nomadismo]] e a perda de identidade territorial <ref> [http://books.google.com.br/books?id=PGocizBPj0EC&pg=PA63&lpg=PA63&dq=hebreus+origens+do+patriarcalismo&source=bl&ots=HlFBclvN_2&sig=sp2txiRqk-lYZIBhbR82T9msLF0&hl=pt-BR&ei=c4jTSYfXKJmEtgOBmrjxCw&sa=X&oi=book_result&resnum=6&ct=result#PPA64,M1 ''Desvendando a sexualidade'', César A. Nunes] </ref>. Herdada da cultura hebraica, ''patriarcado'' é uma palavra que chegou até nós derivada do [[grego]] ''pater'', e se refere a um ''território'' ou [[jurisdição]] governado por um [[patriarca]]; de onde a palavra ''[[pátria]]''. Pátria relaciona-se ao conceito de [[país]], do italiano ''paese'', por sua vez originário do [[latim]] ''pagus'', [[aldeia]], donde também vem [[pagão]]. País, pátria, patriarcado e pagão tem a mesma raiz.
 
A [[arqueologia]] pré-histórica, tal como no sítio de [[Çatalhüyük]], e a mitologia pagã registram esta origem do culto à´Deusa mãe. As mais recentes descobertas de uma religião humana remontam, inicialmente, ao culto aos mortos (300.000 a.C.), e ao intenso culto da cor vermelha ou ''[[ocre (cor)|ocre]]'' associado ao sangue menstrual e ao poder de dar a vida. Na mitologia grega, a chamada ''mãe de todos os deuses'', a deusa [[Réia]] (ou [[Cibele]], entre os romanos), exprime este culto na própria [[etimologia]]: ''réia'' significa ''terra'' ou ''fluxo'' <ref> [http://www.theoi.com/Titan/TitanisRhea.html ''Theoi'', ''Rhea''] </ref>. Campbell argumenta que [[Adão]] (do hebraico אדם relacionado tanto a ''adamá'' ou ''solo vermelho'' ou do ''barro vermelho'', quanto a ''adom'' ou ''vermelho'', e ''dam'', ''sangue'') foi criado a partir do ''barro vermelho'' ou ''argila''. A identidade da religião com a '' Mãe terra'', a fertilidade, a origem da vida e da manutenção da mesma com a mulher, seria, segundo Campbell, retratada também na [[Bíblia]]: ''...a santidade da terra, em si, porque ela é o corpo da Deusa. Ao criar, Jeová cria o homem a partir da terra [da Deusa], do barro, e sopra vida no corpo já formado. Ele próprio não está ali, presente, nessa forma. Mas a Deusa está ali dentro, assim como continua aqui fora. O corpo de cada um é feito do corpo dela. Nessas mitologias dá se o reconhecimento dessa espécie de identidade universal'' <ref> ''As máscaras de Deus'', p. 104 </ref>.
 
==Referências==
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==Ver também==
*[[História das mulheres]]
*[[Eva mitocondrial]]
*[[Deusa mãe]]
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*[[Ocre_(cor)|Ocre]]
*[[Sociedade matriarcal]]
*[[Ocre_(cor):Ocre]]
 
==Referências==