Diagnóstico psiquiátrico: diferenças entre revisões

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Debates culturais e científicos promovidos a partir da criação da Associação Psiquiatria Democrática, na Itália, deram origem à Reforma Psiquiátrica (a partir dos anos 70), seguida por outros países posteriormente (nas décadas seguintes). Um dos autores que participou desse movimento, Giovanni Jervis, registrou em sua obra que o diagnóstico psiquiátrico é "o resultado o resultado de um juízo, ou seja, da decisão de valorizar acima dos demais, alguns dos aspectos do comportamento do indivíduo. Quer dizer, é o resultado de uma opção entre os diferentes aspcetos da maneira de se comportar de um indivíduo submetido ao diagnóstico (sendo que, como os antropólogos, sociólogos e pesquisadores sobre comunicação já constataram, os aspectos subjetivos do próprio avaliador influem nas respostas do avaliado). O diagnóstico psiquiátrico não é mais que uma maneira, só que mais oficial, mais técnica e menos compreensível, de expressar um juízo sobre uma pessoa. Esses juízos são inevitáveis: todos classificamos as pessoas como estúpidas, inteligentes, egoístas, simpáticas, antipáticas, etc...
Expressamos esse juízos, e resumimos neles uma série de “sinais e sintomas” que observamos. A Psiquiatria realiza a mesma operação, com uma diferença muito importante: a ‘etiqueta’ (rótulo) psiquiátrica tem conseqüências sociais muito mais graves. Assim, então, os diagnósticos psiquiátricos se tornam designações mais “técnicas” e autoritárias, sem deixar de ser, no fundo, tão primitivas quando as opiniões que as pessoas tem umas a respeito das outras. Na verdade, um diagnóstico psiquiátrico esclarece muito pouco sobre uma pessoa (sobre sua vida, seus sentimentos, seu contexto, seus problemas, ou como ajudá-la)."(3)

'''Consequências sociais e jurídicas do diagnóstico'''

Jervis observa ainda que esse tipo de diagnóstico tem consequências sociais e inclusive jurídicas (entrando na esfera da [[Psiquiatria Forense]]): "O maior problema, no entanto, é que esse tipo de diagnóstico é sempre um juizo de valor fortemente desvalorizante que, sem dúvida, denigre e estigmatiza a imagem pessoal (afetando a auto-estima do indivíduo “etiquetado”). Definir um indivíduo, como por exemplo uma pessoa inconformista com o “status quo”, como tendo uma “personalidade psicopática” ou “suspeito de esquizofrenia”, significa atribuir um significado doentio a todos os seus pensamentos e atos, introduzindo uma “dúvida social” que ele carregará para o resto da vida. Neste sentido, o diagnóstico psiquiátrico pode se tornar um juízo totalitário, criando a imagem de um indivíduo “monoprogramado”, quer dizer, alguém “robotizado” pela “loucura”, um ser perigosamente irresponsável. Por estes motivos, o diagnóstico psiquiátrico deveria ser utilizado o mais raramente possível. A única justificativa para sua existência seriam breves indicações de caráter realmente técnico (quer dizer, que fossem úteis para resolver problemas que estivessem causando sofrimento para as pessoas)".(3)
 
'''Empatia para o diagnóstico psiquiátrico'''