O Enterro do Conde de Orgaz: diferenças entre revisões

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'''''O enterro do Conde Orgaz''''' (em [[língua espanhola|espanhol]] ''El entierro del Conde de Orgaz''), obra fundamental de [[El Greco]] (1541-1614), encontra-se na [[igreja de Santo Tomé]], [[Toledo]], na [[Espanha]].
 
== História ==
[[ImagemFicheiro:El Greco - Count Orgasz detail.jpg|thumb|left|Pormenor com o Senhor de Orgaz]]
[[Gonzalo Ruiz de Toledo]] era Senhor de [[Orgaz]] (e não conde, pois a vila de Orgaz não foi condado até [[1522]]). Foi um homem piedoso e benefactor da [[paróquia]] de ''Santo Tomé'', sendo a igreja reedificada e ampliada em [[1300]] às suas expensas.
 
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O trabalho alongou-se até finais de [[1587]] provavelmente, para o aniversário do milagre e a festa de [[São Tomé]]. Numa primeira taxação, El Greco avaliou a sua obra em 1.200 ducados, “sem a guarnição e o adorno” quantidade que pareceu excessiva ao bom e prático pároco (comparado com os 318 do “[[Espólio]]” e os 800 do “São Maurício” de [[El Escorial]]). Reclamou o pároco e visou a renegociar a rebaixa e dois novos pintores re-taxaram o enorme quadro em 1.700 ducados. Frente do novo desastre, recorreram cura e mordomo, e o Conselho Arcebispal decidiu retornar ao primeiro preço. El Greco sentiu-se então agravado e ameaçou com apelar para o [[Papa]] e para a [[Santa Sé]], mas aveio-se por causa das previsíveis dilações e custos processais; a [[30 de maio]] de 1588, o conselho aceitou a renúncia do pintor a apelar e resolveu que a paróquia lhe abonasse os 1.200 ducados, concertando-se a [[20 de junho]] ambas as partes e saldando a dívida em [[1590]].
 
== Dimensão teológica do quadro ==
[[ImagemFicheiro:El Greco - Count Orgasz - face.jpg|thumb|Pormenor do quadro.]]
O quadro representa as duas dimensões da existência humana : embaixo a [[morte]], em cima o [[céu]], a [[vida eterna]]. El Greco plasmou no quadro o horizonte da vida frente da morte, iluminado por [[Jesus Cristo]].
 
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O conjunto do quadro convida à contemplação do mistério da morte. E até mesmo quando tem de traspassar o limiar da morte, não o faz em solitário, mas junto a ele para lhe ajudar está Jesus Cristo, redentor do homem, a sua Mãe, e todos os santos do céu.
 
== Os personagens ==
É seguro que El Greco utilizou a face das personagens da aristocracia da época para os imortalizar n´"O Enterro", quer na parte terreal quer na celestial, coisa que é anacrônica porque o enterro ocorrera cerca de trezentos anos antes (outro [[anacronismo]] de El Greco, é o do "Espólio", que se encontra na sacristia da [[Catedral de Toledo]]).
 
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=== A parte terreal ===
Na parte inferior, encontramos a cena do enterro. O luto e a seriedade nos semblantes destaca-se acima de tudo. Todos os lábios estão selados. Contrasta o tropel com o que se situam as personagens, com a ordem da parte superior. Alguns rostos não estão completos. Podemos distinguir entre as personagens em primeira fileira e a própria de cavaleiros num posterior plano.
 
[[ImagemFicheiro:El Greco - The Burial of the Count of Orgazdetal1.jpg|thumb|600px|center|Pormenor da parte terreal]]
 
=== Os personagens de primeira fila ===
 
* ''A criança''. El Greco retratou o seu filho n´“O Enterro”, vestiu-o de traje de gala. Não parece o lugar indicado para uma criança, que obviamente, não segue a cerimônia com a atenção dos adultos sérios. Pelo que parece, o jogo da criança é reparar sobre a flor da dalmática de Santo Estevão e assinalar-no-la. Embora na realidade, ao melhor, simplesmente o que faz é mostrar-nos à personagem central do quadro. Do seu bolso sai um papel no que se lê “Domenico Theotocopúli 1578”.
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* ''Personagem que porta a cruz processional''. Parece que o rosto corresponde com o beneficiado da paróquia de Santo Tomé Rodrigo de la Fuente.
 
=== Fileira de cavaleiros ===
Cada um tem expressão própria. Alguns seguem a cerimônia fúnebre com atenção, outros não o fazem, alguns nos olham e outro olha para o céu, como querendo saber para onde se dirige a alma e até mesmo aquele que se encontra distraído ou, talvez, dormido ante tão triste momento. Entre eles há clérigos, nobres e letrados. Estes últimos têm o pescoço volto (entre eles Alonso de Covarrubias), outros são cavaleiros da Ordem de Santiago (pela cruz vermelha bordada na sua peiteira negra).
 
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Alguns autores atrevem-se a identificar entre as personagens ao próprio Miguel de Cervantes, que nesses anos morava em Toledo. Alguns acreditam ver a Manusso, irmão de El Greco, entre os retratados.
 
=== A parte celestial ===
[[ImagemFicheiro:El Greco - The Burial of the Count of Orgazdetal7.jpg|thumb|300px|right|Pormenor da Glória]]
Na parte superior persiste a necessária seriedade do momento, rodeados de nublado. Corresponde à construção imaginativa de poetas e artistas. As formas características de El Greco acentuam a beleza do ultraterreno; o tom frio e ao mesmo tempo intenso e deslumbrante da cor e a iluminação sublinham a pertença a outro âmbito.
 
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* ''Almas de crianças à esquerda
 
== Aspectos pictóricos do quadro ==
A tradução da assinatura é: “Dominico Theotocopuli, 1578”. Esta corresponde com a data de nascimento do filho de El Greco, não do começo da obra.
 
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A luz existe quase exclusivamente na parte superior. Na inferior, a luz provém das vestes.
 
== O lugar da localização ==
[[Ficheiro:Santo Tomé.jpg|thumb|right|200px|Igreja de ''Santo Tomé'']]
O quadro é mantido no seu local original, após quatro séculos. O local da sepultura do senhor de Orgaz fora a capela de Nossa Senhora da Concepção, avocação e imagem que teria presidido a nova estrutura da capela, típica do século XVI, projetada provavelmente pelo mestre da catedral Nicolás Vergara o Moço, como despido e clássico espaço quadrado terminado por uma sepulcral [[cúpula]].
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Gonzalo Ruiz de Toledo foi enterrado neste mesmo lugar, eleito por ele próprio como a zona mais afastada e humilde da igreja, bem como os materiais da sua sepultura: junto à parede última e apartada do coro e de simples pedra tosca. Aqui se fez uma simples capela até mandar renová-la, 200 anos mais tarde, o pároco Andrés Núñez de Madrid, fazendo-a maior e mais formosa, ficando o sepulcro no meio, querendo que o milagre fosse conhecido de todos.
 
=== A igreja ===
A igreja de ''Santo Tomé'' aparece citada no século XII, embora a sua configuração atual fosse acometida em princípios do século XIV pelo próprio Senhor de Orgaz, que acrescentou o atual campanário cristão ao antigo [[minarete]] muçulmano.
 
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No interior do templo, um retábulo do século XVI, plateresco, e dois barrocos, uma pia batismal de mármore do século XVI, uma belíssima imagem da Virgem em mármore do século XIII, três interessantes telas de Tristán, aluno de El Greco e duas preciosas esculturas da escola de Alonso Cano.
 
== Conservação ==
Devido nomeadamente a que não se movimentou do seu local original, o quadro goza de um excelente estado de conservação.
 
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Em 1975, após um estudo cientista, foi acometida uma notável restauração. Além disso, foi desmontado do seu local original e disposto no lugar atual. Foi então que, definitivamente, foi separada a estância que ocupa a visita ao quadro do templo, eliminando umas cortinas que simplesmente diferenciavam as duas estâncias.
 
== {{Bibliografia}} ==
*Poética. ''El Entierro del Conde de Orgaz.'' Félix del Valle y Díaz. Ed. Azacanes. Toledo, 2000.
*''Fantasía y realidad de Toledo''. Emilio Vaquero Fernández-Prieto. Ed. Azacanes. Toledo, 1997.
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{{Tradução/ref|es|El entierro del Conde de Orgaz|oldid= 24468775}}
 
== {{Ligações externas}} ==
*[http://www.santotome.org Mais informação] {{es}}
 
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[[es:El entierro del Conde de Orgaz]]
[[fr:L’Enterrement du comte d’Orgaz]]
[[it:La sepolturaSepoltura del conte di Orgaz]]
[[ja:オルガス伯の埋葬]]
[[pl:Pogrzeb hrabiego Orgaza]]