Manifestações contra o encontro da OMC em Seattle: diferenças entre revisões

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[[ImagemFicheiro:WTO protests in Seattle November 30 1999.jpg|320px|thumb|[[Gás lacrimogênio]]<ref>[http://seattlepi.nwsource.com/wtogalleries/photo.asp?SubID=14&PhotoID=29 Policial carrega garrafa de gás lacrimogênio]</ref> é lançado por policial da [[tropa de choque]] contra um grupo de manifestantes adeptos do que denominam [[Resistência não-violenta|resistência pacífica]] durante um ''sit in'' em meio a uma esquina.<ref>{{cite news|url=http://seattlepi.nwsource.com/local/301732_wto30ww.html|author=Colin McDonald|title=Juri diz que Seattle violou os direitos dos manifestantes|date=30 de janeiro de 2007|publisher=Seattle Post Intelligencer|accessdate=272007-12-200727}}</ref>.]]
As '''manifestações contra o encontro da OMC em Seattle''', também conhecidas como '''batalha de Seattle'''<ref name="Black Block p.224">Urgência das Ruas - Black Block, Reclaim the Streets e os Dias de Ação Global. Ned Ludd (org.) p.224 {{ISBN|85-87193-61-9}}</ref><ref>[http://www.imdb.com/title/tt0850253/ Battle in Seattle] é o nome do longa-metragem de alto orçamento que pretende contar a história da manifestação através de uma trama e personagem ficcionais.</ref><ref>''The Battle In Seattle: The Story Behind and Beyond the WTO Demonstrations'', by Janet Thomas, Fulcrum Publishing, 2000.</ref> ou '''N-30''', foram [[Manifestação|manifestações]] ocorridas em [[30 de novembro]] de [[1999]] contra a reunião da [[Organização Mundial do Comércio]] (OMC), em que entre 40 e 100 mil pessoas<ref>[http://carosamigos.terra.com.br/da_revista/edicoes/ed64/sergio.asp O levante da juventude, Revista Caros Amigos]</ref><ref>[http://www.tradeobservatory.org/headlines.cfm?refID=16997 Trade Observatory Global Civil Society Broadens and Strengthens Mobilisation against WTO, no Trade Observatory]</ref> — entre as quais [[ecologista]]s, [[anarquista]]s, [[sindicatos|trabalhadores sindicalizados]], [[estudante]]s, [[pacifista]]s e [[humanista]]s — mobilizaram-se por vários dias, sem declarar terem tido auxílio de qualquer [[partido político|esfera partidária de representação]], nas ruas de [[Seattle]] até a queda da chamada "Rodada do Milênio".
 
Os manifestantes envolvidos nos protestos tinham motivações e perspectivas políticas distintas. Enquanto os membros de [[ONG]]s e humanistas se contrapunham ao encontro como forma de protestar contra o avanço das políticas [[Neoliberalismo|neoliberais]], que consideravam uma ameaça aos [[direitos humanos]] e às políticas de [[saúde]], [[educação]] e [[distribuição de renda]] nos países mais pobres, na ótica dos [[ambientalista]]s as manifestações tinham como objetivo barrar as negociações da OMC, chamando a atenção para a degradação ambiental resultante das políticas desenvolvimentistas estatais e privadas. Na ótica dos sindicalistas era o momento de lutar pela manutenção dos direitos trabalhistas.<ref name=bebece>[[BBC]], "[http://www.bbc.co.uk/portuguese/esp_seattle_img.htm Em Imagens a Batalha de Seattle]" (01/12/99). Acesso: 4 de dezembro, 2008 </ref> Para diversos grupos anarquistas a reunião se mostrou uma ocasião para demonstrar o repúdio ao [[globalização|capitalismo global]] tanto pelas questões sociais como pelas questões ambientais, através de diferentes formas de [[ação direta]].<ref name=resitgloba>Sérgio Leo, "[http://www.terra.com.br/dinheironaweb/119/economia/eco119omc.htm OMC, Resistência Globalizada]" (1999). Em [http://www.terra.com.br/dinheironaweb Dinheiro na Web]. Acesso: 4 de dezembro, 2008 </ref>
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== Condições e momento ==
[[ImagemFicheiro:Seattle queen anne.jpg|thumb|left|Vista do centro da cidade de [[Seattle]] do bairro Queen Anne.]][[Seattle]] é uma cidade de 600 mil habitantes, no Estado de [[Washington]] (noroeste dos [[Estados Unidos]]), e possui um movimento sindical extremamente organizado e desenvolvido. À época os trabalhadores estadunidenses começavam a sentir o que consideravam ser as conseqüências negativas do [[NAFTA]] e às medidas desregulatórias destinadas a impulsionar o livre comércio mundial, acarretando em sérios problemas sociais como a perda de empregos e a precarização das condições de trabalho nos chamados 'países de primeiro mundo'.
 
Grupos de ativistas que participaram da campanha vitoriosa de [[1998]] contra o Acordo Multilateral sobre Investimentos (MAI) estavam convencidos que a OMC poderia ser utilizada como mecanismo de tráfico transnacional de influência por corporações. Na perspectiva destes grupos tais corporações buscavam constituir um fórum onde o avanço da agenda [[corporação|corporativa]] global fosse colocada em primeiro plano, em detrimento das [[sociedade civil|sociedades civis]] por todo o mundo, em especial desrespeito aos interesses dos chamados '[[terceiro mundo|países de terceiro mundo]]'. Em [[12 de abril]] de [[1999]], juntando-se a inúmeras cidades tanto nos Estados Unidos como em outros países do mundo, Seattle se declarou parte da área livre MAI por unanimidade dos votos no conselho da cidade. Este fato político foi encarado como um símbolo da efetividade do ''lobby'' democrático em um nível local.<ref>[http://www.twnside.org.sg/title/zone-cn.htm Seattle declara a si mesma "Area-Livre MAI"!] (Rede Terceiro Mundo)</ref>
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Em [[12 de julho]], o ''Financial Times'' reporta que no último relatório de Desenvolvimento Humano das [[Nações Unidas]] defenderam os "princípios de performance para multinacionais em assuntos trabalhistas, negociações e proteção ambiental" indo de encontro com os efeitos negativos da globalização sobre as nações mais pobres". No próprio relatório argumentava que "um aspecto essencial da governança global é a responsabilidade dos povos - na [[igualdade]], por [[justiça]], e pela ampliação das escolhas para todos".<ref>[http://hdr.undp.org/en/reports/global/hdr1999/ ''Globalização com um rosto humano''] UNHDR, 1999</ref>
 
[[ImagemFicheiro:WA State Convention Center 04A.jpg|thumb|right|O ''Washington State Convention and Trade Center'' foi o palco da reunião e dos inícios dos protestos de 1999.]]Em [[16 de Julho]], a jornalista Helene Cooper do ''Wall Street Journal'' alertou para a possibilidade de uma "mobilização maciça contra a globalização" que estava sendo planejada para acontecer durante a conferência da OMC em Seattle no final do ano.<ref>[http://www.globalexchange.org/campaigns/wto/wsj071699.html ''Oponentes da globalization planejam protestar na reunião da OMC em Seattle'']</ref> No dia seguinte, o jornal ''Sunday Independent'' publicou uma matéria reportando que a OMC teria que lhe dar com uma tempestade de protestos:
 
''<blockquote>A forma como [a OMC] tem utilizado [seu] poder está levando a uma suspeita crescente de que suas iniciativas realmente têm como intenção controlar todo o mundo. Várias decisões vão de encontro com medidas destinadas a auxiliar as populações carentes do mundo, proteger o meio ambiente, a saúde global, colocando em primeiro plano a salvaguarda dos interesses dos setores privados, geralmente de empresas estadunidenses.'' ''"A OMC parece estar em uma cruzada para aumentar o lucro privado à custa de toda e qualquer outra consideração, incluindo o bem-estar e qualidade de vida de grande parte da população mundial", afirma Ronnie Hall, secretário de assuntos econômicos da ONG internacional Amigos da Terra. "parece que ela possui um desejo implacável por ampliar seu poder".<ref> [Http://groups.yahoo.com/group/StopWTORound/message/56 Os tentáculos escondidos do corpo mais oculto do mundo] ''Sunday Independent'', 17 de Julho 1999 </ref> </blockquote>''
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== Organizações e planejamento ==
[[ImagemFicheiro:N30-laborsigns-davidortman.jpg|thumb|250px|left|Cartazes em Seattle em 19 de Novembro, dizendo: "O Trabalho diz: OMC acaba com a Democracia."]]
O planejamento para as manifestações começou com meses de antecedência incluindo organizações locais, nacionais e internacionais. Entre os participantes mais notáveis estavam ONGs nacionais e internacionais (especialmente preocupadas com questões referentes ao universo do trabalho, com o meio ambiente e com os direitos do consumidor), sindicatos (incluindo a [[AFL-CIO]], a principal diligência sindical estadunidense), grupos de estudantes, organizações religiosas (Jubileu [[2000]]) e anarquistas (alguns deles integrando os famosos [[Black bloc]]s<ref>[http://mises.org/story/348 Anarquismo: Dois tipos], Wendy McElroy. Sobre mercado, violência e a rejeição anarquista a OMC.</ref>).
 
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Entre os diferentes grupos anticapitalistas, geralmente adeptos da [[ação direta]], alguns optaram pela [[desobediência civil]] aberta através de atos de dano a [[propriedade privada]] relacionada a grandes corporações, e enfrentamento do aparato repressivo estatal. Muitos grupos se organizaram juntos na [[Rede de Ação Direta]] (DAN), com um amplo planejamento para impedir a realização do encontro bloqueando ruas e intersecções do centro da cidade impossibilitando que os delegados alcançassem o Centro de Convenções e Negócios do estado de Washington, onde o encontro deveria acontecer.<ref>[http://carosamigos.terra.com.br/da_revista/edicoes/ed64/sergio.asp O levante da juventude, Revista Caros Amigos]</ref>
 
== Ações contra as corporações ==
Entre os ativistas mais notáveis estavam grupos de jovens anarquistas, muitos deles vindos da cidade de [[Eugene (Oregon)|Eugene]], [[Oregon]]<ref name="time">{{cite web
|url=http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,1000411-1,00.html
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== N30 ==
[[ImageFicheiro:WTO protests.jpg|thumb|250px|left|Bloqueio formado por policiais de Seattle na rua Union durante os protestos.]]
Na manhã do dia [[30 de Novembro]] de [[1999]], a plano da [[Rede de Ação Direta]] foi colocado em ação. Centenas de ativistas e manifestantes ocuparam as ruas desertas nos arredores do centro de convenções tomando controle dos principais entroncamentos. Nas próximas horas, um número considerável de manifestantes convergiu para a área a partir de diferentes direções. Uma marcha organizada por entidades estudantis autogeridas veio da parte norte da cidade, enquanto uma marcha de cidadãos dos países em desenvolvimento chegou ao centro vindo do sul. Alguns manifestantes participavam de comícios em meio as ruas, outros preferiram aderir aos ''sit ins''<ref>técnica de resistência pacífica que consiste em grupos de pessoas que se sentam em um ponto estratégico com o objetivo de impedir a passagem dos delegados da convenção.</ref> bloqueando as esquinas e pelo menos um grupo organizou desde a manhã uma festa de rua ([[Reclaim the Streets]]). Enquanto isso, um número significativo de manifestantes bloqueou os principais entroncamentos atados uns aos outros por correntes presas em seus braços.<ref>Urgência das Ruas - name="Black Block, Reclaim the Streets e os Dias de Ação Global. Ned Ludd (org.) p.224 {{ISBN|85-87193-61-9}}<"/ref>
 
Os ambientalistas optaram por realizar passeatas multicoloridas, vestidos de [[Cheloniidae|tartaruga-marinha]] e borboletas como meio de chamar a atenção para a questão ambiental. O controle das esquinas levado a cabo por uma multidão de manifestantes impediu os delegados de chegarem de seus hotéis ao Centro de Convenções. Também dividindo o efetivo policial em dois: alguns policiais formaram um cordão em torno do centro de convenções isolando-o do resto da cidade. A polícia fora da área eventualmente se empenhou em acabar com os bloqueios dos manifestantes da parte sul.<ref name="ReferenceA">Urgência das Ruas - Black Block, Reclaim the Streets e os Dias de Ação Global. Ned Ludd (org.) p.224 ISBN: 85-87193-61-9</ref>
 
Naquela mesma manhã, policiais vinculados a delegacia de King County (''King County Sheriff's Office'') e ao Departamento de Polícia de Seattle lançaram [[spray de pimenta]], bombas de [[gás lacrimogêneo]], e [[granada (arma)|granadas de percussão]] e [[balas de borracha]] contra os manifestantes em diversos bloqueios em uma tentativa de reabrir as ruas bloqueadas e permitir aos delegados da OMC chegarem ao local do encontro,<ref>Seattle Police Department, After-Action Report, pp. 39-40<br />Draft King Country Sheriff's Office Final Report, II.H.2.<br />WTO Accountability Review Committee, ''Combined Timeline of Events During the WTO Ministerial, 1999'', Tuesday, Nov. 30: 9:09 AM & 10 AM.<br />A recording of the Seattle Police Department radio channel command-5 is also available, but has a gap from 0836 to 0840.<br />Highleyman, Liz, ''Scenes from the Battle of Seattle''.<br />St. Clair, Jeffrey, ''Seattle Diary''.<br />Gillham, Patrick F., and Marx, Gary T., ''Complexity and Irony in Policing: The World Trade Organization in Seattle''.<br />de Armond, Paul, ''Netwar in the Emerald City: WTO Protest Strategy and Tactics'', pp. 216-217.</ref> na sexta avenida com a rua Union, diante da violência da ação policial os manifestantes passaram a revidar.
[[ImageFicheiro:Protest Ends Riots Begin WTO 1999 by J. Narrin.jpg|thumb|250px|right|Black Blocs enfrentam a tropa de choque nas ruas de Seattle em 1999]]
Enquanto isso, no fim da manhã uma marcha sindical saída de um comício de dezenas de milhares de pessoas se dirigiu para o centro de convenções. Ao chegarem aos locais onde estavam os outros manifestantes, os [[sindicato|sindicalizados]] se dividiram: enquanto alguns dispersaram sob as ordens da polícia, outros ignorando as ordens das autoridades se juntaram aos demais às manifestações que deram o aspecto de um carnaval de rua para o centro da cidade.<ref>Urgência das Ruas - name="Black Block, Reclaim the Streets e os Dias de Ação Global. Ned Ludd (org.) p.224 {{ISBN|85-87193-61-9}}<"/ref>
 
À tarde a situação se complicou, quando anarquistas com máscaras negras (em uma formação conhecida como [[black bloc]] começaram a destruir vitrines, [[vandalismo|vandalizando]] as fachadas de lojas, começando com a Fox's Gem Shop. Os atos dos black bloc produziram algumas das mais famosas e controversas imagens dos protestos. Desencadeando uma reação em cadeia em vários sentidos, com manifestantes unindo-se a eles e arrastando latas de lixo para o meio das esquinas ateando fogo sobre elas, com carros de polícia virados, e não-black-blocs se juntando a destruição da propriedade corporativa, impedindo completamente qualquer atividade comercial no centro da cidade.<ref>[http://www.infoshop.org/octo/wto_blackbloc.html N30 Black Bloc Communique, peace police]</ref><ref>[http://woody8858.blogspot.com/2008/11/this-is-what-democracy-looks-like.html This is what democracy looks like]</ref>
 
Outros manifestantes geralmente defendendo posições reformistas e legalistas, tentaram impedir as atividades dos [[black bloc]]. Alguns deles até mesmo ameaçando fisicamente os anarquistas.<ref>[http://www.infoshop.org/octo/wto_blackbloc.html N30 Black Bloc Communique, peace police]</ref> Por sua vez a polícia de Seattle liderada pelo chefe Norm Stamper, não reagiu imediatamente, já que havia sido convencida por alguns organizadores de manifestações durante o processo de permissão que organizadores pacíficos poderiam impedir este tipo de atividade. Rapidamente a polícia acabou sendo suplantada por uma multidão de manifestantes no centro da cidade.<ref>Urgência das Ruas - Black Block, Reclaim the Streets e os Dias de Ação Global. Ned Ludd (org.) p.224 ISBN: 85-87193-61-9<name="ReferenceA"/ref>
 
Apesar das discordâncias quanto à melhor forma de manifestar descontentamento o objetivo dos manifestantes era o mesmo barrar a rodada de negociações entre os representantes dos 135 países associados à OMC. Os manifestantes também tinham pontos de vista análogos quanto às consequências negativas do projeto de [[globalização]] corporativa, que da sua perspectiva se dá em detrimento da grande maioria da população global e dos ecossistemas do planeta.<ref name="resitgloba>Sérgio Leo, "[http://www.terra.com.br/dinheironaweb/119/economia/eco119omc.htm OMC, Resistência Globalizada]" (1999). Em [http://www.terra.com.br/dinheironaweb Dinheiro na Web]. Acesso: 4 de dezembro, 2008 </ref>
 
A abertura do encontro foi seriamente atrasada, e a polícia adentrou grande parte da tarde e da noite buscando retirar os manifestantes da rua. Diante do êxito dos manifestantes em impedir a reunião o prefeito de Seattle, Paul Schell, impôs um [[toque de recolher]] e uma zona de 50 quarteirões ao redor do centro de convenções onde estavam proibidos os protestos. Cerca de 600 pessoas foram presas nos dias que seguiram. Um confronto particularmente violento ocorreu na noite do dia [[30 de Novembro]], quando a polícia perseguiu manifestantes em fuga do centro da cidade até o bairro boêmio de Capitol Hill, usando gás lacrimogêneo, spray de pimenta, e força física.<ref>[http://www.rand.org/pubs/monograph_reports/MR1382/MR1382.ch7.pdf Rand Corp report], pg 24. </ref> A polícia também ordenou que naquele dia estavam proibidos o uso ou a venda de máscaras de gás no centro da cidade, provocando uma série de críticas.<ref>[http://seattlepi.nwsource.com/local/civl02.shtml]</ref>
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A dimensão adquirida pelas manifestações foi capaz de até mesmo chamar a atenção de [[Bill Clinton]], então presidente americano, que se posicionou publicamente a favor dos protestos desde que de forma pacífica. Na ocasião Clinton afirmou que "se a OMC quer mais apoio, o público tem de ver, ouvir e participar das deliberações", concluindo que "numa sociedade livre, as pessoas querem ser ouvidas".<ref>[[BBC]], "[http://www.bbc.co.uk/portuguese/esp_seattle_rodad_02.12.htm Pessoas têm de ser ouvidas, diz Clinton]" (01/12/99). Acesso: 4 de dezembro, 2008 </ref> Ainda em assuntos políticos, a manifestação reuniu debates entre um grupo que defendia a reunião da OMC como um modo dos países mais ricos ajudarem os mais pobres, e um grupo credor de que os EUA e a [[União Européia]] estavam concentrados em seus próprios interesses econômicos.<ref>[[BBC]], "[http://www.bbc.co.uk/portuguese/esp_seattle_rodad_30.11.htm Protestos marcam encontro na OMC]" (30/11/99). Acesso: 4 de dezembro, 2008 </ref>
 
== Cobertura jornalística e acusações de autocensura ==
[[ImagemFicheiro:Man Alone WTO1999 by J.Narrin.jpg|thumb|250px|left|Black Blocs encaram a tropa de choque em meio ao [[gás lacrimogêneo]].]]
Tanto antes das manifestações quanto no seu decorrer, os meios de comunicação tidos como respeitáveis pela maioria dos estadunidenses médios, agiram como um meio de desinformação sobre as manifestações contra a OMC em Seattle.<ref name="pucrs.br">[http://www.pucrs.br/famecos/pos/revfamecos/16/a11v1n16.pdf Jornalismo e ativismo na hipermídia: em que se pode reconhecer a nova mídia]</ref><ref>[http://www.realbattleinseattle.org/node/121 The Real Battle Of Seattle, Surviving the Siege]</ref>
 
Na óptica de muitos manifestantes, bem como na de alguns observadores da imprensa, estaria em andamento um [[censura|cerco midiático]] elaborado pelos meios de comunicação que alguns classificam como ''corporativos''. Houve coberturas jornalísticas distintas do mesmo evento. Uma parte da imprensa teria, segundo os críticos, minimizada ou mesmo ocultada a existência de manifestações nas ruas de Seattle em suas reportagens, enquanto outra parte divulgou informações sem fundamentos relatando a ocorrência de atentados contra a vida de delegados e policiais.<ref>[http://carosamigos.terra.com.br/da_revista/edicoes/ed64/sergio.asp O levante da juventude, Revista Caros Amigos]</ref><ref>Pilger, John. The siege of Seattle marked the rise of a popular resistance to the evils of globalisation. New Statesman; 12/13/99, Vol. 128 Issue 4466, p17, 1p.</ref><ref>[http://www.oikos.org/ecology/seatcom.htm A Brief Comment - What’s Happening in Seattle and Why, por By Michael Albert]</ref>
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Um editorial publicado no jornal ''The Nation'' afirmou que coquetéis molotov jamais foram atirados em um protesto antiglobalização dentro dos Estados Unidos.<ref> [http://portland.indymedia.org/en/2004/08/295733.shtml David Graeber ''O Mito dos Protestos Violentos''] The Nation. </ref>
 
No [[Brasil]], a [[Rede Globo]] inicialmente relutou em abordar as manifestações contra a OMC nas ruas de Seattle em suas matérias jornalísticas. Mas diante da divulgação efetiva nos meios de comunicação internacionais e alternativos na Internet, em rede nacional a emissora emitiu uma matéria divulgando erroneamente a informação de que os protestos se restringiam a grupos de fazendeiros de todo o mundo que se posicionavam "contra o [[protecionismo]] do governo [[norte-americano]] subsidiando agressivamente seus produtos agrícolas".<ref>[http://www. name="pucrs.br"/famecos/pos/revfamecos/16/a11v1n16.pdf Jornalismo e ativismo na hipermídia: em que se pode reconhecer a nova mídia]</ref>
 
== Surgimento da Mídia Independente ==
{{Artigo principal|[[Centro de Mídia Independente]]}}
[[ImagemFicheiro:Imclogo2.gif|thumb|right|Logotipo do [[Centro de Mídia Independente]].]]
 
Indignados com o que consideravam uma cobertura distorcida dos meios de comunicação sobre as manifestações, anarquistas e ativistas com conhecimentos tecnológicos criaram durante os protestos de Seattle o projeto Indymedia. Seu objetivo era de oferecer uma cobertura jornalística alternativa dos acontecimentos que não apareciam nos meios de comunicação convencionais a ser veiculada pela internet, e constituída colaborativamente por qualquer um que se voluntariasse.<ref name="1aNot">[http://seattle.indymedia.org/en/1999/11/2.shtml Primeira notícia publicada no site do Indymedia, em 24 de Novembro de 1999]</ref>
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== Conseqüências ==
[[ImagemFicheiro:Anguish @ WTO 1999 by J. Narrin.jpg|thumb|left|250px|Manifestante atingido por [[spray de pimenta]] recebe cuidados médicos de outro manifestante vestido com máscara de gás.]]
A controvérsia criada sobre a reação das autoridades municipais em resposta aos protestos resultou na demissão do chefe de [[polícia]] de Seattle Norm Stamper,<ref>Kimberly A.C. Wilson, [http://seattlepi.nwsource.com/local/cops071.shtml Embattled police chief resigns], ''Seattle Post-Intelligencer'', December 7, 1999. Accessed online May 19, 2008.</ref> impactando também nas eleições primárias de [[2001]] para prefeito da cidade na qual Shell perdeu para Greg Nickels.<ref>Dan Savage, [http://www.thestranger.com/seattle/Content?oid=2736 Paul is Dead: Norm's Resignation Ain't Gonna Save Schell's Butt], ''The Stranger'', issue of December 9 – December 15, 1999. Accessed online May 19, 2008.</ref><ref>Rick Anderson, [http://www.seattleweekly.com/2004-11-24/news/whatever-happened-to-hippie-bitch-forman.php Whatever Happened to 'Hippie Bitch' Forman?], ''Seattle Weekly'', November 24, 2004. Accessed online May 19, 2008.</ref>
 
Táticas similares, tanto da parte da polícia como entre os manifestantes, foram repetidas nos encontros subseqüentes não só da OMC, como também do [[Fundo Monetário Internacional]] (FMI)/[[Banco Mundial]], da [[Área de Livre Comércio das Américas]], e de outras organizações internacionais, bem como nas convenções nacionais dos partidos [[Partido Democrata (Estados Unidos da América)|democrata]] e [[Partido Republicano (Estados Unidos da América)|republicano]] nos Estados Unidos.
 
Para muitos anarquistas ao redor do mundo, os confrontos contra a OMC em Seattle, protestos e manifestações são considerados vitoriosos, vistos como a primeira vitória em solo estadunidense do movimento antiglobalização. Antes da "Batalha de Seattle", não havia quase nenhuma menção deste movimento nos meios de comunicação dos Estados Unidos, através dos protestos esses foram forçados a reportar os motivos do posicionamento contrário de alguns grupos em face da OMC.<ref>Owens, Lynn, and Palmer, L. Kendall: ''Making the News: Anarchist Counter Public Relations on the World Wide Web'', p. 9.<br />They state that "[t]he protests in Seattle brought attention not only to the WTO and its policies, but also to the widespread organized opposition to those policies."</ref> No entanto, esta foi a segunda vez que este tipo de manifestação massiva ganhou evidência. A primeira ocorreu em [[12 de Dezembro]] de [[1997]] em que organizações anarquistas recém-formadas bloquearam os centros das cidades de [[Melbourne]], [[Perth (Austrália Ocidental)|Perth]], [[Sydney]] e [[Darwin_Darwin (Austrália)|Darwin]] na [[Austrália]].<ref>''A explosão de Seattle: 2 anos atrasada'', Rhoderick Gates, ''Nosso tempo'', 31 de novembro de 1999.</ref>
 
Em [[16 de janeiro]] de [[2004]], a prefeitura da cidade de Seattle processada por 157 pessoas que haviam sido presas fora a área de não protesto durante os eventos da OMC, é condenada a pagar a elas um total de 250 mil dólares.<ref>[http://community.seattletimes.nwsource.com/archive/?date=20040117&slug=wto17m ''Cidade pagará a manifestantes $250,000 por prisões no encontro da OMC''] Seattle Times, 17 de Janeiro de 2004</ref>
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A amplitude das manifestações implicou à prefeitura de Seattle um prejuízo de três milhões de dólares para além dos cálculos de seis milhões de dólares, em parte devido à limpeza da cidade e aos honorários dos policiais. Soma-se ainda o valor do dano aos negócios e propriedades corporativas por vandalismo e perda em vendas, estimado em 20 milhões.<ref>[http://www.cbc.ca/world/story/2000/01/06/wto000106.html Manifestantes contra a OMC acertam Seattle no bolso], [[Canadian Broadcasting Corporation|CBC News]], 6 de janeiro de 2000</ref>
 
== Batalha de Seattle em vídeo ==
=== Documentários ===
* ''[[30 Frames a Second: The WTO in Seattle|30 Quadros por Segundo: A OMC em Seattle]]'' ([[2000]]).<ref>[http://www.bullfrogfilms.com/catalog/30fr.html 30 Quadros por Segundo: A OMC em Seattle 2000]</ref>
* ''[[Breaking the Spell]]'' ([[2001]]).<ref>[http://video.google.com/videoplay?docid=9073827608399871128 Breaking the Spell]</ref>
* ''[[This Is What Democracy Looks Like|Essa É a Cara da Democracia]]'' ([[2000]]). <ref>[http://www.thisisdemocracy.org/ This Is What Democracy Looks Like]</ref>
 
=== Filme ficcional ===
* ''[[Battle in Seattle (filme)|Battle in Seattle]]'' ([[2007]]).<ref>[http://www.imdb.com/title/tt0850253/ Battle in Seattle no IMDB]</ref>
 
== {{VejaVer também}} ==
{{portal-anarquia}}
* [[Manifestações contra o encontro do G8 em Gênova]]
Linha 127:
 
== Referências bibliográficas ==
 
* {{Ref-livro
| autor = Antoun, Henrique.
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|lingua = português
}}
 
 
{{anarquismo2}}
{{OMC}}
 
{{artigo destacado}}
 
[[Categoria:Manifestações de 1999]]
[[Categoria:Manifestações Antiglobalização]]
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[[nl:Protestbeweging rond de WTO-ministerstop in Seattle]]
[[zh:世界貿易組織第三次部長級會議]]
{{artigo destacado}}