Recuo dos glaciares desde 1850: diferenças entre revisões
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O '''recuo dos [[glaciar]]es desde 1850''', de forma global e rápida, afecta a disponibilidade de [[água doce]] para [[irrigação]] e uso doméstico, as actividades de montanha, animais e plantas que dependem da água produzida durante os períodos de degelo, e num prazo mais alargado, o nível dos [[oceano]]s.
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<ref>Intergovernmental panel on climate change, [http://www.grida.no/climate/ipcc_tar/wg1/fig2-18.htm Graph of 20 glaciers in retreat worldwide]. ''Climate Change 2001 (Working Group I: The Scientific Basis)''</ref><ref>Thomas Mölg, [http://www.realclimate.org/index.php?p=129 Worldwide glacier retreat]. ''RealClimate''</ref>
A [[Pequena Idade do Gelo]] foi um período, que se estendeu aproximadamente de [[1550]] a [[1850]], em que o mundo esteve sob temperaturas relativamente baixas quando comparadas com as actuais. Subsequentemente, até [[1940]] os glaciares um pouco por todo o mundo retrocederam à medida que o clima se tornava mais quente. O recuo glaciar abrandou, e em muitos casos foi mesmo revertido, entre [[1950]] e [[1980]] em resultado de um ligeiro [[arrefecimento global]]. Porém, desde 1980
A regressão dos glaciares de montanha, especialmente na [[América do Norte]] ocidental, Ásia, Alpes, [[Indonésia]] e África e ainda nas regiões tropicais e subtropicais da América do Sul, tem sido utilizada como evidência qualitativa do aumento da temperatura ao nível planetário desde o final do século XIX
.<ref>Intergovernmental panel on climate change, [http://www.grida.no/climate/ipcc_tar/wg1/064.htm 2.2.5.4 Mountain glaciers]. ''Climate Change 2001 (Working Group I: The Scientific Basis)''</ref><ref>National Snow and Ice Data Center, [http://nsidc.org/data/glims/glaciermelt/index.html Global glacier recession]. ''GLIMS Data at NSIDC''</ref>
== Balanço de massa em glaciares ==
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Crucial para a sobrevivência de um glaciar é o seu balanço de massa, isto é, a diferença entre a acumulação e a ablação (a perda de gelo por derretimento e [[sublimação]]) num glaciar. As [[alteração climática|alterações climáticas]] podem provocar variações na temperatura e na queda de neve, levando a mudanças no balanço de massa. Um glaciar com um balanço negativo continuado não está em equilíbrio e retrocederá. Um glaciar com um balanço positivo está também fora de equilíbrio, e avançará para restabelecê-lo. Actualmente há alguns glaciares em crescimento, apesar de os seus modestos ritmos de crescimento sugerirem que não se encontram muito longe do ponto de equilíbrio.<ref>Trabant, D.C., R.S. March, and D.S. Thomas, [http://pubs.usgs.gov/fs/fs-001-03/fs-001.03.pdf Hubbard Glacier, Alaska: Growing and Advancing in Spite of Global Climate Change and the 1986 and 2002 Russell Lake Outburst Floods].</ref>
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O recuo de um glaciar resulta na perda da sua região menos elevada. Uma vez que nas elevações maiores as temperaturas são mais baixas, o desaparecimento da porção mais baixa de um glaciar reduz a perda total, aumentando assim o balanço de massa e potencialmente reestabelecendo o equilíbrio. Porém, se o balanço de massa de uma porção significativa da zona de acumulação é negativo, o glaciar encontra-se em desequilíbrio com o clima e derreterá se este não se tornar mais frio e/ou se não ocorrer um aumento na quantidade de precipitação gelada.
O sintoma chave de um glaciar em desequilíbrio é o seu adelgaçamento ao longo de toda a sua extensão
Os métodos utilizados para medir o recuo dos glaciares incluem a marcação do seu ponto terminal, cartografia por [[GPS]], cartografia aérea e [[altimetria]] por laser.
== Glaciares tropicais ==
Os glaciares [[tropical|tropicais]] encontram-se situados entre o [[Trópico de Câncer]] e o [[Trópico de Capricórnio]], na região entre [[latitude|23º26'22'']] a norte ou sul do [[linha do equador|equador]]. Os glaciares tropicais são os mais estranhos de todos os glaciares, por várias razões. Em primeiro lugar, os trópicos são a zona mais quente do planeta. Além disso, as mudanças sazonais são mínimas com temperaturas elevadas durante todo o ano, resultando na ausência de um inverno frio durante o qual a neve e o gelo se possam acumular. Por último, são poucas as montanhas situadas nestas regiões suficientemente altas para que sobre elas exista ar suficientemente frio para que se formem glaciares. Todos os glaciares situados nos trópicos encontram-se em picos montanhosos isolados e elevados. De um modo geral, os glaciares tropicais são menores que os encontrados nas outras regiões e são os que mais facilmente mostram uma resposta rápida a padrões climáticos em mudança. Um pequeno aumento de temperatura, de apenas alguns graus, pode ter um impacto quase imediato e adverso nos glaciares tropicais.<ref>Michael Jankowski, [http://www.realclimate.org/index.php?p=157 Tropical Glacier Retreat] RealClimate.</ref>
=== África ===
Com a quase totalidade do [[África|continente africano]] situado nas zonas de [[clima tropical|clima tropical e subtropical]], os glaciares restringem-se a dois picos isolados e à [[cordilheira de Ruwenzori]]. O [[Kilimanjaro]], com 5895 m, é o pico mais alto do continente. Desde [[1912]], a cobertura glaciar no cume do Kilimanjaro, regrediu aparentemente 75%, e o volume de gelo é actualmente 80% menor do que aquele de há um século atrás, devido ao recuo e ao adelgaçamento.<ref>Thompson, [http://www.geology.ohio-state.edu/news_detail.php?newsId=1 Snows of Kilimanjaro Disappearing, Glacial Ice Loss Increasing] Ohio State University.</ref>
.<ref>Lonnie G. Thompson, et alia, [http://www.sciencemag.org/cgi/content/abstract/298/5593/589 Kilimanjaro Ice Core Records: Evidence of Holocene Climate Change in Tropical Africa] Science nº 5593.</ref><ref>Ohio State University, [http://researchnews.osu.edu/archive/kilicores.htm African Ice Core Analysis reveals catastrophic droughts, shrinking ice fields and civilization shifts] Ohio State Research News</ref>
O [[glaciar Furtwängler]] situa-se próximo do cume do Kilimanjaro. Entre [[1976]] e [[2000]], a área deste glaciar diminuíu quase 50%, de 113 000 m² para 60 000 m²
.<ref>Thompson, Lonnie G., et al, [http://www.geo.umass.edu/climate/doug/pubs/thompson_etal_sci02.pdf Kilimanjaro Ice Core Records: Evidence of Holocene Climate Change in Tropical Africa], Science</ref>
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A norte do Kilimanjaro situa-se o [[Monte Quénia]], que com os seus 5 199 m de altitude é a segunda montanha mais alta do continente africano. O Monte Quénia tem vários pequenos glaciares que perderam pelo menos 45% da sua massa desde meados do [[século XX]]. De acordo com dados compilados pelo [[U.S. Geological Survey]] (USGS), em [[1900]] existiam dezoito glaciares no Monte Quénia e em [[1986]] apenas restavam onze. A área total coberta pelos glaciares era 1.6
A ocidente dos montes Kilimanjaro e Quénia, erguem-se a uma altitude de 5 109 m os [[Montes Ruwenzori]]. Evidências fotográficas deste conjunto de elevações mostram uma redução marcada das áreas cobertas por glaciares durante o século passado. No período de 35 anos compreendido entre [[1955]] e [[1990]], os glaciares nos Montes Ruwenzori recuaram cerca de 40%. Dada a sua proximidade à forte humidade da região do [[Congo]], crê-se que os glaciares nos Montes Ruwenzori possam ter um ritmo de recuo mais lento que os do Kilimanjaro e Quénia.<ref>Andrew Wielochowski, [http://www.kilimanjaro.cc/rwenzoriglaciers.htm Glacial recession in the Rwenzori]</ref>
=== América ===
Um estudo efectuado por [[glaciologia|glaciólogos]] na [[América do Sul]], revela outro recuo. Mais de 80% de todo o gelo glaciar nos Andes setentrionais encontra-se concentrado nos picos mais altos em pequenos glaciares com cerca de 1
[[
Mais para sul, no [[Peru]], os Andes atingem de um modo geral altitudes mais altas, existindo aqui cerca de 722 glaciares que cobrem uma área de 723
A [[calota de Quelccaya]] é a maior calota de gelo tropical do mundo, e todos os glaciares que nela têm a sua origem se encontram em recuo. No caso do maior destes glaciares, o glaciar Qori Kalis, a velocidade de recuo atingiu os 155 m por ano durante o período de três anos ente [[1995]] e [[1998]]. O gelo derretido formou um grande lago na frente do glaciar desde [[1983]], e pela primeira vez em milhares de anos os solos subjacentes foram postos a descoberto.<ref>Byrd Polar Research Center, The Ohio State University, [http://www-bprc.mps.ohio-state.edu/Icecore/Quelccaya.html Peru
=== Oceania ===
Na grande ilha da [[Nova Guiné]], existem evidências fotográficas de um recuo maciço de glaciares desde a exploração aérea da região no início da [[década de 1930]]. Dada a posição desta ilha dentro da zona tropical, a variação sazonal da temperatura varia de pouca a nenhuma. A localização tropical tem um nível de precipitação (chuva e neve) previsivelmente estável, bem como nebulosidade durante todo o ano, e não ocorreu uma alteração significativa na quantidade de humidade durante o século XX. Com 7
Além dos glaciares de Puncak Jaya, outra pequena mancha de gelo que se sabe ter existido no cume do [[Puncak Trikora]] desapareceu completamente entre [[1939]] e [[1962]].<ref>Ian Allison and James A. Peterson, [http://pubs.usgs.gov/prof/p1386h/indonesia/indonesia.html Glaciers of Irian Jaya, Indonesia and New Zealand], U.S. Geological Survey, U.S.Department of the Interior</ref>
== Glaciares em latitudes médias ==
Estes glaciares situam-se entre o Trópico de Câncer e o [[Círculo Polar Ártico]] ou entre o Trópico de Capricórnio e o [[Círculo Polar Antártico]]. Estas duas regiões apresentam gelo glaciar em glaciares de montanha, glaciares de vale e até mesmo calotas de gelo mais pequenas, geralmente situados em regiões montanhosas mais elevadas. Todos estes glaciares se encontram em cadeias montanhosas, destacando-se os [[Himalaias]], os [[Alpes]], as [[Montanhas Rochosas]], as cordilheiras da costa norte-americana do Pacífico, os [[Andes]] na [[América do Sul]] e as montanhas da ilha-nação [[Nova Zelândia]]. Nestas latitudes os glaciares são mais frequentes e tendem a ser maiores quanto mais próximos se encontrarem das regiões polares. Estes glaciares são os mais estudados ao longo dos últimos 150 anos. Tal como no caso dos glaciares situados na zona tropical, praticamente todos os glaciares das latitudes médias encontram-se num estado de balanço de massa negativo, estando em recuo.
=== Europa ===
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O ''[[World Glacier Monitoring Service]]'' (WGMS) elabora, a cada 5 anos, relatórios sobre as mudanças no ponto terminal dos glaciares, isto é, na sua extremidade menos elevada.<ref>World Glacier Monitoring Service, [http://www.geo.unizh.ch/wgms/fog.html Homepage]</ref>
Outros investigadores descobriram que os glaciares alpinos parecem estar a recuar a um ritmo mais rápido que o de há algumas décadas. Em 2005, dos 91 glaciares observados, 84 estavam em recuo e nenhum em avanço. O glaciar Trift, recuou mais de 500 m em apenas 3 anos (2003 a 2005), o que equivale a 10% da sua extensão total. O [[glaciar de Aletsch]], o maior glaciar da Suíça, recuou 2600 m desde 1880. Esta velocidade de recuo também aumentou desde 1980, com 30% (ou 800 m) do recuo total a ocorrer nos últimos 20% do período de tempo considerado.<ref name="Swiss Glacier Monitoring Network">Swiss Federal Institute of Technology Zurich, [http://glaciology.ethz.ch/messnetz/glacierlist.html Swiss Glacier Monitoring Network ], Variations of Grosser Aletschgletscher</ref>
.<ref>Jürg Alean, Michael Hambrey, [http://www.swisseduc.ch/glaciers/morteratsch/comparison/index-en.html Ice retreat at high and low altitudes (e subpáginas associadas) ], Morteratsch ice retreat</ref>
Um dos maiores motivos de precupação, e que no passado teve grande impacto em termos de vidas e propriedade destruídas, são as [[inundação|inundações]] provocadas pela cedência das paredes de lagos glaciares. Os glaciares juntam [[rocha]]s e [[solo]], que foram removidos das encostas das montanhas ao longo do tempo, na sua extremidade terminal. Estas pilhas de materiais muitas vezes formam barragens que retêm atrás de si água, formando lagos glaciares à medida que os glaciares derretem e recuam desde as suas extensões máximas. Estas [[morena terminal|morenas terminais]] são muitas vezes instáveis, conhecendo-se casos em que ocorreram roturas devido à grande quantidade de água retida ou devido a deslocamentos provocados por [[terramoto]]s, [[deslizamento de terra|deslizamentos]] ou [[avalancha]]s. Se um glaciar apresenta um ciclo de derretimento rápido durante os meses mais quentes do ano, a morena terminal pode não ser suficientemente resistente para continuar a reter a água acumulada atrás dela, conduzindo a uma [[inundação]] maciça e localizada. O risco de ocorrência deste tipo de inundações é crescente devido à criação e expansão de lagos glaciares como resultado do recuo dos glaciares. Inundações passadas foram mortíferas e causaram grandes danos materiais. Vilas e aldeias situadas em vales estreitos e escarpados, situados a [[jusante]] de lagos glaciares, são aquelas que correm maior risco. Em [[1892]], uma tal inundação libertou cerca de 200,000 m³ de água do lago do glaciar de Tête Rousse, provocando a morte de 200 pessoas na localidade francesa de Saint Gervais. Sabe-se que as inundações deste tipo podem ocorrer em qualquer região do mundo onde existam glaciares. Espera-se que a continuação do recuo dos glaciares crie e expanda lagos glaciares, aumentando assim o risco de futuras inundações.
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Apesar de os glaciares dos Alpes receberem maior atenção dos glaciólogos que os de outras regiões da Europa, as várias investigações efectuadas indicam que um pouco por toda a Europa os glaciares se encontram presentemente em recuo. Nos montes [[Kebnekaise]], no norte da [[Suécia]], um estudo de 16 glaciares efectuado entre 1990 e 2001, concluíu que 14 se encontravam em recuo, um em avanço e um encontrava-se estável.<ref>Glaciology, Stockholm University, [http://www.glaciologi.su.se/data/mass_balance/mass_balance_data.html#Stor_data Glaciers of Sweden], Mass balance data</ref>
=== Ásia ===
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Os Himalaias e outras cadeias montanhosas da [[Ásia Central]] apresentam grandes regiões glaciares. Estes glaciares fornecem água que é vital para países áridos como a [[Mongólia]], [[China]] ocidental, [[Paquistão]] e [[Afeganistão]]. Tal como sucede com outros glaciares por todo o mundo, os glaciares asiáticos atravessam um período de declínio rápido da sua massa. A perda destes glaciares produziria um tremendo impacto no ecossistema desta região.
Um relatório elaborado pelo [[WWF]], concluiu que 67% dos glaciares dos Himalaias estão em recuo. O exame de 612 glaciares na China entre [[1950]] e [[1970]], mostra que 53% dos glaciares estudados estão em recuo. Depois de 1990, as medições destes glaciares mostram que 95% deles estão em recuo, indicando que o recuo destes glaciares se tornava mais generalizado.<ref>Sandeep Chamling Rai, Trishna Gurung, et alia, [http://assets.panda.org/downloads/himalayaglaciersreport2005.pdf An Overview of Glaciers, Glacier Retreat and Subsequent Impacts in Nepal, India and China], WWF Nepal Program</ref>
Nas montanhas de [[Ak-Shirak]] no [[Quirguistão]], os glaciares sofreram uma pequena perda entre [[1943]] e [[1977]] e uma perda acelerada de 20% da sua massa entre 1977 e 2001.<ref>T. E. Khromova, M. B. Dyurgerov and R. G. Barry, [http://www.agu.org/pubs/crossref/2003/2003GL017233.shtml Late-twentieth century changes in glacier extent in the Ak-shirak Range, Central Asia, determined from historical data and ASTER imagery (abstract)], American Geophysical Union</ref>
A sul das Tian Shan, a cordilheira [[Pamir]] situada sobretudo no [[Tadjiquistão]] tem milhares de glaciares, encontrando-se todos em recuo. Durante o século XX, os glaciares do Tadjiquistão perderam 20 km³ de gelo. O [[glaciar Fedchenko]], com os seus 77
=== Oceania ===
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Na [[Nova Zelândia]], os glaciares de montanha encontram-se em recuo generalizado desde [[1890]], com uma aceleração do recuo desde [[1920]]. A maioria dos glaciares adelgaçaram de forma mensurável e perderam extensão e as zonas de acumulação de neve passaram a situar-se a altitudes cada vez maiores com o decorrer do [[século XX]]. Durante o período entre 1971 e 1975 o glaciar Ivory recuou 30 m no seu ponto terminal tendo ocorrido simultaneamente a perda de 26% da sua superfície. Desde 1980, numerosos pequenos lagos glaciares formaram-se atrás das novas morenas terminais de vários destes glaciares. Glaciares como o Classen, Godley e Douglas apresentam lagos glaciares recentes abaixo dos seus pontos terminais, devido ao recuo ocorrido nos últimos 20 anos. Imagens de satélite indicam que estes lagos continuam a expandir-se.
Vários glaciares, como os muito visitados glaciares [[glaciar Fox|Fox]] e [[glaciar Franz Josef|Franz Josef]] na Nova Zelândia, avançaram periodicamente, sobretudo na década de 1990, mas a escala destes avanços é pequena quando comparada com o recuo ocorrido ao longo do século XX. Estes grandes glaciares, de fluxo rápido e situados em encostas muito inclinadas têm-se mostrado muito reactivos a pequenas alterações dos seus balanços de massa. Alguns anos de condições favoráveis ao avanço dos glaciares, tais como maior queda de neve e temperaturas mais baixas, são rapidamente reflectidas num avanço correspondente, seguido por um recuo igualmente rápido quando essas condições favoráveis deixam de existir.<ref>U.S. Geological Survey, U.S.Department of the Interior, [http://pubs.usgs.gov/prof/p1386h/nzealand/nzealand2.html Glaciers of New Zealand]</ref>
=== América do Norte ===
==== Estados Unidos da América ====
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Os glaciares da [[América do Norte]] situam-se sobretudo ao longo das [[Montanhas Rochosas]] nos [[Estados Unidos da América]] e [[Canadá]], e nas cordilheiras da Costa do [[Oceano Pacífico|Pacífico]] que se estendem desde o [[Alasca]] até ao norte da [[Califórnia]]. Apesar de a [[Gronelândia]] estar geologicamente associada à América do Norte, faz também parte da região [[ártico|ártica]]. Além de alguns glaciares de maré, como o [[glaciar Taku]], que se encontram na fase de avanço do ciclo de glaciares costeiros prevalente ao longo da costa do Alasca, virtualmente todos os glaciares da América do Norte se encontram em recuo. A velocidade de recuo observada cresceu rapidamente desde 1980, e de um modo geral em cada década que passa observam-se velocidades de recuo maiores que na década precedente. Existem também alguns glaciares vestigiais dispersos pela [[Serra Nevada (Califórnia)|Sierra Nevada]] da Califórnia e [[Nevada]].
A [[cordilheira das Cascatas]] no oeste da América do Norte, estende-se desde o sul da [[Colúmbia Britânica]] no Canadá, até ao norte da Califórnia. Exceptuando o Alasca, cerca de metade da área glacial dos Estados Unidos da América está contida nos mais de 700 glaciares do [[Parque Nacional North Cascades]], uma extensão da cordilheira entre a fronteira com o Canadá e o centro do estado de [[Washington]]. Estes glaciares contêm tanta água como aquela contida em todos os lagos e [[albufeira]]s do resto do estado, fornecendo muita da água que alimenta os caudais de rios e ribeiros durante os meses secos do verão, ou seja, cerca de 870,000 m³.
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Tão recentemente como em 1975, muitos glaciares de North Cascades encontravam-se em avanço devido ao tempo mais frio e precipitação superior ao normal que se verificaram entre [[1944]] e [[1976]]. No entanto, em [[1987]] todos os glaciares de North Cascades encontravam-se em recuo e a sua velocidade de recuo tem aumentado em cada década relativamente à década precedente, desde meados da [[década de 1970]]. Entre [[1984]] e [[2005]], os glaciares de North Cascades perderam, em média, mais de 12.5 m da sua espessura e entre 20 e 40% do seu volume.<ref>Mauri S. Pelto (Nichols College), [http://www.nichols.edu/departments/glacier/diseqilibrium.html The Disequilibrium of North Cascade, Washington Glaciers
Os glaciólogos que estudam os glaciares de North Cascades concluíram que todos os 47 glaciares monitorizados encontram-se em recuo e que quatro deles - os glaciares Spider, Lewis (na imagem), Milk Lake e David - desapareceram totalmente desde 1985. O glaciar de White Chuck é um exemplo particularmente dramático. Este glaciar encolheu de 3.1
Nas encostas abrigadas dos picos mais altos do [[Parque Nacional Glacier (Estados Unidos da América)|Parque Nacional Glacier]] (GNP), em [[Montana]], os glaciares estão rapidamente a diminuir a sua extensão. A área de cada glaciar tem sido cartografada ao longo de décadas pelos [[National Park Service]] e [[U.S. Geological Survey]]. A comparação de fotografias obtidas em meados do [[século XIX]] com imagens actuais, fornece evidências claras de que os glaciares deste parque recuaram muito desde [[1850]]. Os glaciares maiores apresentam actualmente um terço do tamanho que tinham em 1850, e muitos glaciares mais pequenos pura e simplesmente desapareceram. Apenas 27% dos 99
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O clima semi-árido de [[Wyoming]] ainda consegue manter cerca de uma dúzia de pequenos glaciares no [[Parque Nacional de Grand Teton]]. Todos eles apresentam evidências de recuo durante os últimos 50 anos. O glaciar Schoolroom, situado ligeiramente para sudoeste de [[Grand Teton]], e um dos mais fáceis de visitar no interior do parque, deverá desaparecer cerca de 2025.<ref>Peterson, Bryce; [http://www.standard.net/standard.php/features/60097?printable=story Glaciers
Existem milhares de glaciares no Alasca, mas apenas alguns têm nome. O [[glaciar Columbia]], próximo de [[Valdez (Alasca)|Valdez]], recuou 15
O ''Programa de Pesquisa do Campo de Gelo Juneau'' tem monitorizado os glaciares de descarga do [[campo de gelo de Juneau]] desde [[1946]]. No lado oeste do [[campo de gelo]] o término do [[glaciar Mendenhall]], que flui para os subúrbios de [[Juneau]], recuou 580 m. Dos dezanove glaciares do campo de gelo Juneau, dezoito estão em recuo, e um, o [[glaciar Taku]], encontra-se em avanço. Onze destes glaciares recuaram mais de 1
Registos de balanço de massa efectuados ao longo de muitos anos relativos ao glaciar Lemon Creek no Alasca, mostram uma ligeira diminuição do balanço de massa ao longo do tempo.<ref>Mauri S. Pelto, Maynard M. Miller, [http://www.nichols.edu/departments/glacier/Lemon.html Mass Balance Measurements of the Lemon Creek Glacier, Juneau Icefield, Alaska,
[[
==== Canadá ====
Nas [[Montanhas Rochosas]] do Canadá os glaciares são geralmente maiores e mais comuns que em [[Montana]]. Um dos glaciares desta zona mais facilmente acessível é o [[glaciar Athabasca]], que é um glaciar de descarga do [[campo de gelo Columbia]]. O glaciar Athabasca recuou mais de 1 500 m desde finais do [[século XIX]]. A velocidade de recuo deste glaciar aumentou desde 1980, após um período de recuo lento entre 1950 e 1980. O [[glaciar Peyto]] em [[Alberta]] cobrindo uma área de 12
=== América do Sul ===
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Grande parte das populações humanas em redor dos [[Andes]] centrais e meridionais na [[Argentina]] e [[Chile]], reside em áreas que são dependentes da água fornecida por glaciares em fusão. A água destes glaciares alimenta também os caudais dos rios em alguns dos quais foram construídas [[barragem|barragens]] para produção [[hidroeléctrica]]. Alguns investigadores crêem que em [[2030]] muitas das grandes calotas de gelo das zonas mais elevadas dos Andes terão desaparecido, se as actuais tendências climáticas se mantiverem. Na [[Patagónia]], na ponta sul do sub-continente, as grandes calotas de gelo recuaram 1
O [[glaciar Perito Moreno]] com 30
== Regiões polares ==
Apesar de estarem próximos de e de serem importantes para populações humanas, os glaciares de vale e de montanha das regiões tropicais e das médias latitudes constituem apenas uma pequena fracção do gelo glaciar existente na [[Terra]]. Cerca de 99% do gelo de água doce encontra-se nos [[manto de gelo|mantos de gelo]] polares e subpolares da [[Antárctida]] e [[Gronelândia]]. Estes mantos de gelo contínuos e de escala continental, com 3
=== Islândia ===
Nesta ilha-nação do [[Atlântico Norte]] encontra-se [[Vatnajökull]], a maior [[calota de gelo]] da Europa. O Breiðamerkurjökull é um dos glaciares de descarga de Vatnajökul, tendo recuado 2
=== Canadá ===
[[
As [[Arquipélago Ártico Canadiano|ilhas canadenses do Ártico]] têm várias calotas geladas de grande dimensão, incluindo as calotas de Penny e Barnes na [[ilha Baffin]], a calota de Bylot na [[ilha Bylot]] e a calota de Devon na [[ilha de Devon]]. Todas estas calotas encontram-se em adelgaçamento e recuo lentos. A calotas de Penny e Barnes têm perdido espessura à razão de cerca de 1 m/ano nos seus pontos de menor elevação entre 1995 e 2000. Em termos globais, entre 1995 e 2000, as calotas geladas no Ártico canadiano perderam 25
=== Europa do Norte ===
As ilhas árticas ao norte da [[Noruega]], [[Finlândia]] e [[Rússia]] mostram, todas elas, evidências de recuo dos glaciares. No arquipélago de [[Svalbard]], a ilha de [[Spitsbergen]] possui numerosos glaciares. Estudos indicam que o glaciar Hansbreen em Spitsbergen recuou 1.4
=== Gronelândia ===
[[
Na [[Gronelândia]], o recuo dos glaciares tem sido observado nos glaciares de descarga, resultando num aumento da velocidade do gelo e desestabilização do balanço de massa do [[manto de gelo]] que lhes dá origem. O período desde 2000 viu aparecer o recuo em alguns grandes glaciares que há muito se encontravam estáveis. Três dos glaciares estudados - Helheim, Kangerdlugssuaq e [[Jakobshavn Isbræ]] - drenam conjuntamente mais de 16% do [[manto de gelo da Gronelândia]]. No caso do glaciar Helheim, os investigadores utilizaram imagens de satélite para determinar o movimento e recuo do glaciar. Imagens de satélite e fotografias áreas das décadas de 1950 e 1970 mostram que a frente do glaciar se havia mantido imóvel durante décadas. Em 2001 o glaciar entrou em recuo rápido, e em 2005 havia recuado um total de 7.5
Jakobshavn Isbræ no oeste da Gronelândia, é um dos principais glaciares de descarga do manto de gelo da Gronelândia, bem como o glaciar mais rápido do mundo ao longo do último meio século. Pelo menos desde 1950 que se move a velocidades superiores a 24 m/dia com um ponto terminal estável. Em 2002, a sua ponta terminal flutuante com 12
O adelgaçamento acelerado, aceleração e recuo dos glaciares Helheim, Jakobshavns e Kangerdlugssuaq na Gronelândia, ocorridos quase simultaneamente, sugerem um mecanismo desencadeante comum, como o derretimento superficial aumentado devido ao aquecimento do clima regional. As actuais velocidades de fluxo são demasiado elevadas para serem causadas unicamente pela deformação interna do gelo, implicando que um aumento da força de escorregamento basal devido ao aumento de produção de água por degelo é a causa provável dos aumentos de velocidade. Este fenómeno foi designado como "efeito Jakobshavns" por Terence Hughes da [[Universidade do Maine]] em 1986.<ref>T. Hughes, [http://adsabs.harvard.edu/cgi-bin/nph-bib_query?bibcode=1986GeoRL..
=== Antárctida ===
[[
O [[Clima da Antártica|clima da Antárctida]] é caracterizado pelo frio intenso e grande aridez. A maior parte do gelo de água doce existente no mundo está contido nos grandes mantos de gelo que cobrem o continente antárctico. O exemplo mais dramático de recuo glaciar neste continente é a perda de grandes secções da [[plataforma de gelo Larsen]]. As plataformas de gelo não são estáveis quando ocorre derretimento superficial, e o colapso da plataforma de gelo Larsen foi causado por temperaturas mais altas durante a época de fusão, que conduziram à ocorrência de derretimento superficial e consequente formação de lagos pouco profundos sobre a plataforma de gelo. A plataforma de gelo Larsen perdeu 2500
O [[glaciar de Pine Island]], um glaciar de descarga antárctico que flui para o [[Mar de Amundsen]], perdeu 3.5 ± 0.9 m por ano e recuou um total de 5
== Impactos do recuo dos glaciares ==
O recuo continuado dos glaciares terá vários impactos quantitativos distintos. Em áreas muito dependentes das águas escoadas desde glaciares que derretem durante os meses mais quentes do verão, a continuação do recuo actual acabará eventualmente por fazer desaparecer o gelo glaciar e reduzir substancialmente ou mesmo eliminar a quantidade de água escoada. Uma redução do escoamento afectará a capacidade de [[irrigação]] das [[colheita]]s e reduzirá os caudais [[Verão|estivais]] dos cursos de água, necessários à manutenção dos níveis de água em albufeiras e reservatórios. Esta situação é particularmente aguda para a irrigação na [[América do Sul]], onde numerosos lagos artificiais são cheios exclusivamente com água originada no derretimento de glaciares.<ref>BBC News, [http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/americas/3172572.stm Melting glaciers threaten Peru], BBC News</ref>
Alguns destes recuos deram origem a esforços para abrandar a perda dos glaciares dos Alpes. Como meio de retardar o derretimento dos glaciares utilizados por certas estâncias de esqui da Áustria, os glaciares Stubai e Pitztal foram cobertos com plástico. Na Suíça é também utilizado plástico para reduzir o derretimento de gelo glaciar utilizado na prática de esqui.<ref>ENN, [http://www.enn.com/today.html?id=8245 Glacial Cover-Up Won't Stop Global Warming, But It Keeps Skiers Happy], Environmental News Network</ref>
Muitas espécies de plantas e animais de água doce e de água salgada, estão dependentes de águas fornecidas por glaciares para que seja mantido o [[habitat]] frio a que se adaptaram. Algumas espécies de peixes de água doce necessitam água fria para sobreviver e reproduzir-se, como por exemplo o [[salmão]]. A redução do escoamento de água proveniente dos glaciares poderá conduzir a caudais insuficientes nos cursos de água, impedindo a sobrevivência desta espécies.
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As alterações nas [[corrente oceânica|correntes oceânicas]] devido ao aumento da quantidade de água doce que chega aos oceanos devido ao derretimento de glaciares, e as potenciais alterações da [[circulação termoalina]], podem ter impactos nas reservas pesqueiras de que os humanos dependem, bem como sobre o próprio clima.
O potencial para uma grande [[subida do nível do mar]] depende sobretudo da ocorrência de fusão significativa nos mantos de gelo polares da [[Gronelândia]] e da [[Antárctida]], pois é aqui que se encontra grande parte do gelo glaciar. O British Antarctic Survey, utilizando [[modelo climático|modelos climáticos]], determinou que pelo menos nos próximos 50 anos, a queda de neve na Antárctida deverá continuar a exceder as perdas glaciares devidas ao [[aquecimento global]]. A perda glaciar na Antárctida não está a aumentar significativamente, e não se sabe se este continente tem tendência a arrefecer ou a aquecer, apesar da Península Antárctica ter aquecido em anos recentes, provocando o recuo dos glaciares nessa região.<ref>British Antarctic Survey, [http://www.antarctica.ac.uk/Key_Topics/IceSheet_SeaLevel/index.html The Antarctic ice sheet and rising sea levels (e subpáginas associadas)], Key Topics</ref>
== {{
* [[Aquecimento global]]
* [[Escurecimento global]]
* [[Mudanças climáticas]]
* [[Subida do nível do mar]]
{{ref-section|Notas}}
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== Referências gerais ==
<div class="references-small">
* {{en}}{{cite web
| author=Michael Pidwirny
| title=Glacial Processes
Linha 185:
| url=http://www.physicalgeography.net/fundamentals/10ae.html
| accessdate=2 de Fevereiro | accessyear=2006}}
* {{en}}{{cite web
| author=University College London
| title=Climate change and the aquatic ecosystems of the Rwenzori Mountains, Uganda
Linha 191:
| url=http://www.geog.ucl.ac.uk/~rtaylor/data_disk/rwenzori/rwenzori_fo_ir.htm
| accessdate=3 de Setembro | accessyear=2003}}
* {{en}}{{cite web
| author=Andrew Wielochowski
| title=Glacial recession on Kilimanjaro
Linha 197:
| url=http://www.kilimanjaro.cc/glacial-recession.htm
| accessdate=6 de Outubro | accessyear=1998}}
* {{en}}{{cite web
| author=National Park Service, U.S. Department of the Interior
| title=Icefields and Glaciers
Linha 203:
| url=http://www.fs.fed.us/r10/tongass/forest_facts/resources/geology/icefields.htm
| accessdate=10 de Julho | accessyear=2002}}
* {{en}}{{cite web
| author=NOAA,
| title=Arctic Change
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</div>
== Leituras e ligações externas adicionais ==
<div class="references-small">
* {{cite journal
| author=Aniya, M. and Y.Wakao
| title=Glacier variations of Heilo Patagonico Norte, Chile between
| journal=Bulletin of Glacier Research
| year=1997
| volume=15
| issue=
| pages=
| url= }}
* {{cite journal
| author=Hall M.H. and Fagre, D.B
| title=Modeled Climate-Induced Glacier Change in Glacier National Park,
| journal=BioScience
| year=2003
| volume=53
| issue=
| pages=
| url= }}
* {{cite book
| author=IUGG(CCS)/UNEP/UNESCO
| year=2005
| title=Fluctuations of Glaciers
| editor=Haeberli, W., Zemp, M., Frauenfelder, R., Hoelzle, M. and Kääb, A.
| publisher=World Glacier Monitoring Service | location=Paris }}
* {{cite journal
| author=Pelto, M.S. and Hartzell, P.L.
| title=Change in longitudinal profile on three North Cascades glaciers during the last 100 years
Linha 244:
| volume=18
| issue=
| pages=
| url= }}
* {{cite journal
| author=Pelto, M.S. and Hedlund, C.
| title=The terminus behavior and response time of North Cascade glaciers
Linha 253:
| volume=47
| issue=
| pages=
| url= }}
</div>
* {{link|en
{{Mudança do clima}}
Linha 266:
{{Link FA|en}}
{{Link FA|de}}
[[ar:انحسار الجليد منذ سنة 1850]]
[[ca:Retrocés de les glaceres des de 1850]]
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