Heitor Villa-Lobos: diferenças entre revisões

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'''Heitor Villa-Lobos''', [[compositor]] [[brasileiro]], nasceu a [[5 de março]] de [[1887]], no [[Rio de Janeiro]], e faleceu na mesma cidade em [[17 de novembro]] de [[1959]].
 
==Vida==
 
Aprendeu as primeiras lições de música com seu pai, Raul Villa-Lobos, funcionário da [[Biblioteca Nacional]], que morreu em [[1899]]. Ele lhe ensinara a tocar [[violoncelo]] usando improvisadamente uma viola, devido ao tamanho de "Tuhu" (apelido de origem indígena que Villa-Lobos tinha na infância). Sozinho, aprendeu [[violão]] na adolescência, em meio às rodas de [[choro]] cariocas, às quais prestou tributo em sua série de obras mais importantes: os ''Choros'', escritos na década de [[1920]]. Casou-se em [[1913]] com a pianista Lucília Guimarães.
 
===Um artista independenteBiografia===
 
Após viagens pelo Norte, Nordeste e Centro-Oeste do [[Brasil]], no final da década de [[1910]], ingressou no [[Instituto Nacional de Música]], no Rio, mas não chegou a concluir o curso, devido à sua desadaptação - e descontentamento - com o ensino acadêmico. Suas primeiras peças tiveram alguma influência de [[Puccini]] e [[Wagner]], mas a de [[Stravinsky]] foi mais decisiva, como se vê nos balés ''Amazonas'' e ''Uirapuru'' (ambos de 1917). Apesar de suas obras terem aspectos da escrita européia, Villa-Lobos sempre fundia suas obras com aspectos da música realizada no Brasil. Utilizava sons da mata, de eventos indígenas, africanos, cantigas, choros, sambas e outros gêneros muito utilizados no país. O meio acadêmico desprezava o que escrevia, até que uma turnê do pianista polonês [[Arthur Rubinstein]] pela América do Sul, em [[1918]], proporcionou uma amizade sólida, que abriria as portas para a mudança de Villa-Lobos para [[Paris]] em [[1923]].
 
Na [[Semana de Arte Moderna]], em [[1922]], ficaficou famoso um episódio em que o compositor é chamado ao palco e entra com um dos pés calçado de sapato e o outro de sandália com uma atadura chamativa no dedão. Interpretada como uma atitude de vanguardismo provocativo, Villa-Lobos é vaiado; depois viria a explicar que o ferimento era verdadeiro, demonstrando sua ingenuidade ante as reações ardorosas despertadas pelo evento.
 
Passou duas longas temporadas na [[França]], o maior reduto musical da época, através da ajuda financeira da família Guinle. Reside em Paris entre [[1923]] e [[1924]] e de [[1926]] a [[1930]], quando volta ao Brasil para participar de um programa de educação musical do [[Governo Vargas]]. Nesse tempo, a influência de Stravinsky foi sobrepujada pela da música brasileira, seja a indígena, seja a dos [[chorões]]. Essas duas vertentes são bastante marcantes nos catorze ''Choros''. Os temas nordestinos viriam a se fazer mais presentes na década de [[1930]], ao lado da inspiração reencontrada em Bach.
 
===Trabalho intenso===
 
O ano de 1930 dá novo rumo à vida do compositor, pois consegue concretizar seu projeto de canto orfeônico (coral), por intermédio da confiança depositada pelo interventor do Estado de São Paulo, João Alberto, aliado de [[Getúlio Vargas]]. Desse projeto, destacaram-se os concertos ao ar livre com a participação de milhares de alunos - um desses concertos, no estádio de São Januário, contou com 40 mil vozes e a presença do presidente. Em [[1936]], pede separação de sua primeira esposa e se une com Arminda d'Almeida Neves, a "Mindinha", com quem viveu até a morte.
 
Na [[década de 1940]], Villa-Lobos conheceu os [[Estados Unidos da América|Estados Unidos]]. Teve ótima aceitação de suas obras e a definitiva aclamação. Diversas orquestras americanas lhe encomendaram novas composições, bem como instrumentistas renomados que lá moravam ou se apresentavam. Se na metade de sua vida, seu eixo fora Rio-Paris, agora passa a ser Rio-Nova Iorque. Mesmo com o sucesso, nunca foi rico; também não teve filhos. Em [[1947]], em [[Nova Iorque]], sofreu a primeira intervenção cirúrgica para tratar do problema que iria tirar-lhe a vida doze anos mais tarde, pouco mencionado em suas biografias: o [[câncer de bexiga]]. Recupera-se e ganha mais vigor para compor.
 
Na sua última década de vida surgem as cinco últimas sinfonias, os seis últimos quartetos de cordas, quase todos os concertos (exceto o primeiro para piano e o primeiro para violoncelo), sua ópera ''Yerma'', a suíte ''A Floresta do Amazonas'' e diversas obras de câmara, como a ''Fantasia Concertante para Violoncelos'' ([[1958]]) e o ''Quinteto Instrumental'', para [[flauta]], [[violino]], [[viola]], [[violoncelo]] e [[harpa]] ([[1957]]). Em nova viagem a Paris, em [[1955]], gravagravou uma de suas obras mais importantes regendo a ORTF (Orquestra da Rádio-Teledifusão Francesa), resultando em mais de sete horas de música, remasterizadas na década de 1990 e hoje disponíveis em CD. Em [[1959]], rege sua última gravação, à frente da Symphony of the Air, justamente ''A Floresta do Amazonas'', e volta para o [[Rio de Janeiro]], onde vem a falecer poucos meses depois em sua casa.
 
Villa-Lobos se incomodava muito com o título de compositor brasileiro. Ele sempre fazia questão de dizer que era compositor do mundo, afinal ninguém fala de outros compositores como Mozart, Bach, etc, que são de determinados países.
 
==Prêmios==
Entre os títulos mais importantes que recebeu, está o de Doutor Honoris Causa pela [[Universidade de Nova Iorque]]; foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Música e regeu 11 orquestras brasileiras e quase 70 na [[Alemanha]], [[Argentina]], [[Áustria]], [[Bélgica]], [[Canadá]], [[Chile]], [[Cuba]], [[Dinamarca]], [[Espanha]], [[Estados Unidos da América|Estados Unidos]], [[Finlândia]], [[França]], [[Grécia]], [[Holanda]], [[Inglaterra]], [[Israel]], [[Itália]], [[México]], [[Portugal]], [[Suíça]], [[Uruguai]] e [[Venezuela]].
 
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====Choros====
 
AOutra série de obras mais significativa de Villa-Lobos, no entanto, é a dos ''Choros'', escritos entre 1920 e 1929, que vão desde o número um, para [[violão]] solo, até o décimo quarto, para orquestra, banda sinfônica e coro, cuja partitura foi perdida (bem como foi a dos volumosos ''Choros n.º 13'', para duas orquestras e banda). A ''Introdução aos Choros'' e os ''Choros Bis'' (que são uma única peça) não são numerados como os outros catorze, sendo classificados extra-série.
 
O de número dez é o mais aclamado de todos; escrito para coro e orquestra, culmina num grande ''samba-enredo sinfônico'', contrapondo a melodia da canção ''Rasga o Coração'', de [[Anacleto de Medeiros]] (gravada na época por [[Vicente Celestino]]) a um acompanhamento coral bem ritmado de onomatopéias supostamente indígenas (mas inventadas por Villa-Lobos) e a uma bateria marcada revezadamente por [[ganzá]], [[tamborim]], [[reco-reco]], [[cuíca]] e similares de [[escola de samba]].
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Os outros concertos foram compostos para [[piano]] (cinco), [[violoncelo]] (dois) e [um raríssimo para] [[gaita de boca]], além de um Grosso - para [[flauta]], [[clarineta]], [[oboé]] e [[fagote]], de [[1959]].
 
====MiscelâneoÓperas e Coral====
 
As [[ópera]]s de Villa-Lobos também confirmam que as formas tradicionais de composição não eram preferidas nem dominadas pelo compositor brasileiro, que escreveu sete: Aglaia (1909), Comédia Lírica (1911, partitura perdida); Elisa (1919); Izath (1912-1914); Jesus (1918) e Malazarte (1924, perdida). A única lembrada (e raramente) é Yerma (1955-1956), baseada na peça de teatro homônima de [[Frederico Garcia Lorca]].
 
''Magdalena'' (1947) é chamada de aventura musical em dois atos, e foi uma encomenda do empresário Edwin Lester da Los Angeles Civic Light Opera ao compositor para que ele (a exemplo do que já fora feito por terceiros com a obra de Borodin para o musical "Kismet"), compusesse um musical baseado em obras de sua autoria. Villa-Lobos não só se utilizou de temas originais, como rearranjou temas folclóricos por ele já utilizados em sua produção.
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Seus dezessete quartetos de corda, ao contrário, estão entre os mais bem inventivos e bem construídos do século XX, provas do domínio da forma de composição e dos recursos dos instrumentos.
 
Tudo o que Villa-Lobos escreveu paraO [[violão]] solo cabe em um CD, mas este era o instrumento preferido do compositor, ao lado do violoncelo - que aprendera na infância e lhe dera algum sustento na juventude. Com isso, os cinco prelúdios, doze estudos, a ''Suíte Popular Brasileira'' e os ''Choros n° 1'' se tornaram peças obrigatórias do repertório violonístico clássico mundial.
 
De um repertório de mais de mil composições, escritas ao longo de sessenta anos, as peças para [[piano]] constituem boa parte dele. A primeira mulher de Villa-Lobos era pianista, e a amizade com o polonês [[Arthur Rubinstein]] o impulsionaram a escrever bastante para o instrumento. Daí surgiram criações magníficas, tais como o ''Rudepoema'' (peça livre, com duração de mais de vinte minutos), o dificílimo ''Ciclo Brasileiro'', os ''Choros n.º 5'' (chamados de ''Alma Brasileira'') e o didático ''Guia Prático'', baseado em canções de roda infantis.
 
Os concertos para piano não tiveram tanto sucesso quanto as [praticamente consideradas] ''fantasias concertantes'' que escreveu para o instrumento. O ''Momoprecoce'', as ''Bachianas n.º 3'' e os ''Choros n° 11'' são os mais significativos exemplos.
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Da obra coral-sinfônica, convém destacar os arrojados ''Noneto'' (1923) e ''Mandu-Çarará'' (1940) e a épica ''Invocação em Defesa da Pátria'' (1943), sobre poesia de [[Manuel Bandeira]], para soprano, coro e orquestra - nomeada "canto cívico-religioso".
 
====Peças para o cinema====
Finalmente, dentre asDas obras para cinema, destacam-se as quatro suítes de ''O Descobrimento do Brasil'' (1937), desenvolvidas a partir da trilha sonora para o filme de mesmo nome de [[Humberto Mauro]], e a suíte ''A Floresta do Amazonas'' (1959), também baseada numa trilha escrita originalmente para filme (''[[Green Mansions]]'', da MGM). Esta foi uma das últimas obras de Villa-Lobos, da qual regeu a primeira gravação e que contou com o retorno de [[Bidu Sayão]] aos estúdios, excepcionalmente em consideração ao compositor.
 
 
 
==Bibliografia==
*MCLEISH, Kenneth e Valerie. Guia do ouvinte de música clássica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988.
 
- MCLEISH*DUARTE, KennethRoberto. eRevisão Valerie.das Guiaobras do ouvinteorquestrais de música clássicaVilla-Lobos. Rio de Janeiro: JorgeEDUFF, Zahar,1989. 2 1988v.
- *O Pensamento Vivo de Heitor Villa-Lobos. [Rio de Janeiro]: Martin Claret, 1987.
 
- DUARTE, Roberto. Revisão das obras orquestrais de Villa-Lobos. Rio de Janeiro: EDUFF, 1989. 2 v.
 
- O Pensamento Vivo de Heitor Villa-Lobos. [Rio de Janeiro]: Martin Claret, 1987.
 
==Referências Externas==
 
* [http://www.museuvillalobos.org.br/index.htm Museu Villa-Lobos]