Arriano: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
LijeBot (discussão | contribs)
clean up - imagem > ficheiro, Replaced: [[Imagem: → [[Ficheiro:, utilizando AWB
Etiqueta: Ligações internas removidas
Linha 1:
Flávio Arriano: natural de Nicomédia na Bitínia, nasceu próximo ao fim do primeiro século depois de Cristo. Era aluno e amigo de Epicteto, pela influência de quem tornou-se um zeloso e ativo admirador da filosofia estóica, e mais especialmente da parte prática do sistema. Ele primeiro atraiu a atenção como um filósofo publicando as aulas (Diatribes) de seu mestre. Isto ele parece ter feito em Atenas; e os atenienses estavam tão encantados com elas que o honraram com privilégios. Arriano, como veremos daqui em diante, escolheu Xenofonte como seu modelo na escrita, e os atenienses chamaram-no de “O jovem Xenofonte”, quer pela semelhança de seu estilo com aquele de Xenofonte, que, mais provavelmente, pela similaridade de sua conexão com Epicteto e aquela que existiu entre Xenofonte e Sócrates (Photius, p. 17, b. ed. Bekker). No ano de 124, ele conquistou a amizade do imperador Adriano durante a estada deste na Grécia, e recebeu das próprias mãos do imperador a faixa púrpura, uma distinção que lhe conferiu não apenas a cidadania romana, mas o direito de ocupar qualquer um dos elevados cargos do Estado no Império Romano. Desde então, Arriano assumiu o prenome “Flavius”. Em 136, foi designado prefeito da Capadócia, que foi invadida, no ano seguinte, por alanos ou massagetas. Ele os derrotou numa batalha decisiva, e adicionou à sua reputação de filósofo aquela de um corajoso e habilidoso general (Dion Cássio Ixix. 15.). Sob Antonino Pio, o sucessor de Adriano,
[[Ficheiro:Meister der Alexanderschlacht 002.jpg|thumb|300px|right|'''Arriano''' é importante historicamente pois seus trabalhos são uma referência notória sobre [[Alexandre, o Grande]]]]
Arriano foi promovido ao consulado (em 146).
'''Lúcio Flávio Arriano Xenofonte''' (em [[latim]]: ''Lucius Flavius Arrianus Xenophon''; c. [[92]]- c. [[175]]), ou simplesmente '''Arriano''', foi um [[História|historiador]] da [[Roma Antiga]]. Nasceu em [[Nicomédia]] (atual [[Izmit]]), [[capital]] da [[Província romana|província]] de [[Bitínia]], no que é hoje o [[noroeste]] da [[Turquia]]. Embora fosse [[Cidadania|cidadão]] [[Império Romano|romano]], falava e escrevia em [[Língua grega antiga|grego antigo]]. Sua figura é importante historicamente porque seus trabalhos constituem o melhor [[Redação|relato]] sobre [[Alexandre, o Grande]].
 
{{esboço-biografia}}
 
Em seus últimos anos ele parece ter-se retirado da vida pública e, a partir de 150, viveu em sua cidade natal, Nicomédia, como sacerdote de Deméter e Perséfone (Photius. p. 73), devotando-se inteiramente ao estudo e à composição de obras históricas.
[[Categoria:Historiadores da Roma Antiga]]
Morreu em idade avançada no reino de Marco Aurélio. Dion Cássio teria escrito uma Vida de Arriano pouco após a morte deste, mas nenhuma parte desta obra nos chegou.
 
 
Arriano foi um dos mais ativos e melhores escritores de seu tempo. Ele parece ter percebido desde o começo de sua carreira literária uma semelhança entre sua própria relação com Epicteto e aquela de Xenofonte e Sócrates; esforçou-se por longo tempo em sustentar esta semelhança e ser para Epicteto o que Xenofonte foi para Sócrates. Tendo isto em mente, ele publicou:
 
 
(I) as aulas de filosofia de seu mestre (As Diatribes de Epicteto) em oito livros (Phot. p. 17, b.), das quais a metade nos chegou. Elas foram primeiro publicadas por Trincavelli, 1535, e depois com o Manual de Epicteto e os Comentários ao Manual de Simplício, com uma tradução latina de H. Wolf, na Basiléia, em 1560. As melhores edições estão na obra Epicteteae Philosophiae Monumenta em três volumes, editada por Schweighauser e na obra Parerga Hellen Biblioth., em três volumes, editada por Coraes.
 
 
(II) suas conversas pessoais com Epicteto (Homiliae Epiktetou), em doze livros. (Phot. I. c.) Esta obra, com exceção de uns poucos fragmentos preservados por Estobeu, se perdeu.
 
 
(III) Um extrato da filosofia prática de Epicteto (Encheiridion Epiktetou), que nos chegou. Esta celebrada obra, que parece ter sido considerada mesmo na Antigüidade um perfeito manual de filosofia prática, manteve sua autoridade por muitos séculos, tanto entre cristãos quanto entre pagãos. Por volta de 550, Simplício escreveu um comentário sobre ele, e dois escritores cristãos, Nilo e um autor anônimo, escreveram paráfrases dele, adaptadas para cristãos, na primeira metade do quinto século de nossa era, o Encheiridion foi pela primeira vez publicado na tradução latina de Politianus, em Roma, no ano de 1493, e em 1496, por Beroaldus, em Bologna. O original grego, como o comentário de Simplício, apareceu primeiro em Veneza, em 1528. Esta edição foi logo seguida por numerosas outras, na medida em que o trabalho foi gradualmente conhecido e usado como um livro escolar. A melhor entre as edições subsequentes são aquelas de Haloander (Nurnberg, 1529), Trincavelli (Veneza, 1535), Nao-Georgius (Strassburg, 1554), Berkel (Leyden, 1670), Schroeder (Frankfurt, 1723) e Heyne (Dresden and Leipzig, 1756 e 1776). As melhores entre as edições recentes são aquelas de Schweighauser e Coraes, nas coleções acima referidas.
 
 
(IV) Em relação a Epicteto, devemos também mencionar uma obra sobre a vida deste filósofo escrita por Arriano, hoje perdida. Embora a maior parte destas obras filosóficas de Arriano tenha se perdido, a parte que nos resta, especialmente as Diatribes, é o melhor e mais perfeito sistema de idéias éticas dos estóicos que nos chegou. No caso das Diatribes, Arriano é apenas o editor, e seu cuidado em preservar as asserções de seu mestre é tão grande que ele retém mesmo as inexatidões históricas nas quais Epicteto incorreu, das quais Arriano ele mesmo tinha plena ciência.
 
 
(V) Outra obra na qual Arriano igualmente seguiu Xenofonte como guia é um tratado de caça (Kunegetikos). Ele está tão intimamente ligado ao tratado de Xenofonte sobre o mesmo tema que não é apenas no estilo uma imitação deste último, mas serve de um tipo de suplemento ao trabalho de Xenofonte, na medida em que ele trata apenas de pontos que ele considerou terem sido omitidos por Xenofonte. Foi primeiramente publicada numa tradução latina por L. Holstenius (Paris, 1644).
 
 
(VI) O mais importante entre os trabalhos nos quais Arriano tomou Xenofonte como modelo é seu relato da expedição asiática de Alexandre o Grande (Anabasis Alexandrou), em sete livros, obra que possuímos completa, com exceção de um trecho no capítulo 12 do sétimo livro, lacuna que desafortunadamente existe em todos os manuscritos. Esta grande obra faz o leitor lembrar-se da Anabasis de Xenofonte, não apenas por seu título, mas também pela simplicidade e clareza de seu estilo. O trabalho não é, na verdade, igual à Anabasis em matéria de composição: não possui a completa uniformidade e a nobre simplicidade ou o caráter vívido <da escrita> de Xenofonte; mas Arriano é, nesta obra, apesar disto, um dos melhores escritores de seu tempo, acima dos quais ele se alçou por sua simplicidade e seu juízo imparcial. Grande que sejam seus méritos como historiador, são, porém, excedidos por sua excelência como um crítico da história. Sua Anabasis se baseia nas obras hoje perdidas dos mais confiáveis historiadores contemporâneos de Alexandre, tais como Ptolomeu, o filho de Lago, Aristóbulo, filho de Aristóbulo, (este dois historiadores que ele tomou como guias), Diódoto de Eritra, Eumenes de Cardia, Nearco de Creta e Megastenes. Seu juízo acertado sobre a quem dar crédito o levaram a rejeitar com justiça os relatos de autores tais como Onesicrito e Calístenes, entre outros. Ninguém com conhecimento da obra de Arriano pode se recusar a concordar com a afirmação de Photius (p. 73, a.; cf. Luciano, Alex. 2), de que Arriano foi o melhor entre os numerosos historiadores de Alexandre. A obra começa com a morte de Filipe e, após oferecer um breve relato dos acontecimentos que se seguiram a este evento, Arriano, no décimo primeiro capítulo, começa a relatar a história da gigantesca expedição Índia, história que ele narra até a morte de Alexandre. Um dos maiores méritos da obra, independentemente daqueles já mencionados, é a clareza e a distinção com as quais ele descreve todos os movimentos e operações militares, a formação dos exércitos para as batalhas, e a condução de batalhas e cercos. Por todos estes aspectos a Anabasis é uma obra-prima, e Arriano mostra que ele mesmo possuiu um extensivo conhecimento prático de assuntos militares. Ele raramente introduz discursos, mas, onde quer que o faça, mostra um profundo conhecimento do homem; e o discurso de Alexandre aos seus soldados rebelados e a resposta de Ceno (v. 25 ss.), assim como alguns outros discursos, são obras-primas da oratória. Além disto, tudo o que não é necessário para tornar clara a narrativa é cuidadosamente evitado, e é provavelmente devido a este desejo de omitir tudo que seja supérfluo no curso de sua narrativa que lhe devemos a seguinte obra separada:
 
 
(VII) Sobre a Índia (Indike ou Indika), que pode ser vista como uma continuação da Anabasis, e tem sido às vezes considerada como o oitavo livro da Anabasis, embora o próprio Arriano fale dela como uma obra distinta. Ela é, por costume, impressa ao fim da Anabasis, e foi indubitavelmente escrita imediatamente após ela. É um fato curioso que a Indika é escrita no dialeto jônico, uma particularidade que tentou-se explicar através de várias teorias, sendo a mais provável a que afirma que que Arriano imitou nesta obra Ctesias de Cnido, cujo trabalho sobre o mesmo tema ele desejou suplantar com um relato mais confiável e correto. A primeira parte da Indika de Arriano contém uma excelente descrição do interior da Índia, para o que ele toma Megastenes e Eratóstenes como seus guias. Segue-se depois uma descrição mais precisa de toda a costa desde a embocadura do rio Indus até o Golfo Pérsico, que se baseia totalmente no Paraplous de Nearehus Cretano, e o livro é concluído com provas de que o extremo sul da terra é inabitável em razão do grande calor. Da Anabasis e da Indika de Arriano duas traduções latinas, uma de C. Valgulius (sem data ou lugar), e outra por B. Facius (Pisaur. 1503) apareceram antes que o texto grego fosse impresso; e a editio princeps do original é de Trincavelli, Veneza, 1535, Entre as edições subsequentes mencionamos apenas a de Gerbel (Strasburgo, 1539), H. Stephens (Paris, 1575, ), Blancard (Amsterdam, 1688), J. Gronovius, que examinou ele mesmo diversos manuscritos de Augsburgo e Italianos (Leyden, 1704), K. A. i Schmidt, com as notas de G. Raphelius (Amsterdam, 1757) e Schneider, que publicou a Anabasis e a Indica separadamente, a primeira em Leipzig, 1798, e a última em Halle, 1798. As melhores editições modernas da Anabasis são aquelas de J. E. Ellendt (Regimontii, 1832, 2 vols.) e de C. W. Kriiger. (Berlin, 1835, vol. i., que contém o texto e vários comentários).
 
 
Todas as obras até agora mencionadas parecem ter sido escritas por Arriano antes de seu governo da Capadócia. Durante todo este período, ele parece não ter se afastado da idéia de que ele devia imitar um ou outro dos mais antigos escritores da Grécia. Mas destes tempos em diante ele mostrou um espírito mais independente, e lançou fora as algemas com as quais havia até então trabalhado.
 
 
(VIII) Durante seu governo da Capadócia, e antes do irromper da guerra contra os alanos, por volta de 137, ele dedicou ao imperador Adriano sua descrição da viagem através das costas de Euxine (Periplous Pontou Euxeinou), viagem que foi sem sombra de dúvida feita pelo próprio Arriano. O ponto de partida é Trapezus, de onde ele procedeu para Dioscurias, o Bósporo cimério e trácio, e Bizâncio. Este périplo nos chegou junto com outros dois trabalhos de tipo similar, uma do Périplo de Eritrea, e outro do Periplus de Euxine e de Palus Maeotis. Ambos estes trabalhos levam o nome de Arriano, mas pertencem sem sombra de dúvida a um período posterior. Estes Périplos foram primeiro publicados com outros trabalhos geográficos de tipo similar por S. Gelenius, Basiléia, 1533, e de modo um pouco melhor por Stuck, Gênova, 1577. Estes textos também estão contidos na compilação de obras menores de Arriano feita por Blancard (Amsterdam: 1683 e 1750). As melhores edições estão em Geographi Minores de Hudson, vol. i., e nas coleções de geógrafos menores de Gail e Hoffmann.
 
 
(IX) Parece ter sido nestes tempos que Arriano escreveu uma obra sobre táticas de guerra (Techne Taktike). O que possuímos agora com este título pode ser apenas uma seção da obra toda, já que trata de pouco mais que exercícios preparatórios de cavalaria; mas este tema é discutido com grande autoridade, e mostra por completo o conhecimento prático do autor. O fragmento foi publicado na coleção de Scheifer de antigas obras sobre táticas de guerra (Upsula, 1664), e em edição melhor na coleção de Blancard de obras menores de Arriano.
 
 
A maior atividade literária de Arriano ocorre no último período de sua vida, que ele dedicou totalmente à composição de trabalhos históricos. Seu número não era menor que sua importância, mas todas estas últimas produções estão agora perdidas, e algumas delas caíram no esquecimento em pouco tempo; pois Photius afirma que havia muitas obras de Arriano das quais ele não conseguia obter os títulos.
 
 
Além de alguns trabalhos menores, tais como (X) uma Vida de Dion (Phot, p. 73, b.), (XL) uma Vida de Timoleon (Phot l.c.), e (XII) uma Vida de Tiliboro, um notório ladrão asiático daqueles tempos (Luciano, Alex. 2), temos de mencionar as seguintes grandes obras: (XIII) Uma História dos Sucessores de Alexandre o Grande (Ta Meta Alexandrou) em dez livros, dos quais um resumo, ou antes uma enumeração do conteúdo, foi preservado por Photius. (Cod. 92.), (XIV) Uma História dos Partas (Parthika), em 17 livros (Phot, p 17, a.), da qual o tema principal era a guerra dos partas com os romanos, especialmente sob Trajano, e (XV) uma História da Bitínia (Bithunika), em oito livros (Phot. Cod. 93; comp. p. 17, a.). Esta obra começa na era idade mítica, e é narrada até o tempo em que a Bitínia uniu-se ao Império Romano. Nesta obra Arriano mencionou vários eventos ligados à sua própria vida. A partir de uma citação de Eustathius (ad Horn. II. viii. p. 694), vê-se como muito provável que esta obra tenha escrita no dialeto jônico (Comp. Eustath. ad Horn. II. iv. p. 490, v. p. 565, xv. p. 1017.); (XVI) Uma História dos Alanos (Alanike, Phot. p. 1.7, a.). Um fragmento intitulado Ektaxis Kat’Alanon, descrevendo o plano de batalha contra os alanos, foi descoberto no século 17 em Milão: parece ter pertencido à História dos Alanos. Foi publicado nas coleções de Scheffer e Blancard acima mencionadas.
 
 
A coleção de todas as obras de Arriano foi editada por Borhek, Lemgo, 1792-1811, 3 vols., a qual, entretanto, não possui mérito algum (Saint Croix, Examen crit. des Anciens Historicans de Alexander le Grand, Paris, 1804, p. 88 ss.; Ellendt, De Arraneorum Librorum Reliquiis, Regimontii, 1836,4to.; Van der Chys, Commentarius Geoyraphicus in Arrianum, Leyden, 1828, 4to.).
 
 
[[bg:Ариан]]
[[ceb:Arrien]]
[[de:Arrian]]
[[el:Φλάβιος Αρριανός]]
[[en:Arrian]]
[[es:Flavio Arriano]]
[[fa:آریان (مورخ)]]