Modernidade reflexiva: diferenças entre revisões

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‘‘‘Reflexividade‘‘‘'''Reflexividade''' é um termo que caracteriza um novo estágio da modernidade. A idéia de pós-modernidade carrega em si uma ambigüidade: de um lado, senso de fim de uma época; e de outro, senso de um novo começo. O conceito de reflexividade é característico da modernização reflexiva. Esta última ao contrário de idéias de fim da modernidade, expressa a idéia de uma segunda fase da mesma. Desta forma, não viveríamos na pós-modernidade e sim na radicalização da modernidade.
 
A reflexividade representa assim uma possibilidade de reinvenção da modernidade e de suas formas industriais. Por meio da radicalização da modernidade, abrem-se caminhos para uma nova modernidade. O que a modernização reflexiva traz é a idéia que muitas modernidades são possíveis, em oposição à idéia fatalista de que só existe uma forma de modernidade: a da sociedade industrial.
 
O sociólogo alemão [[Ulrich Beck]] aponta o desmoronamento do sistema da sociedade industrializada não como o fim da sociedade industrial/moderna, mas como possibilidade de reinvenção da civilização. O desmoronamento ou crise do sistema da sociedade industrial está relacionado com a emergência do segundo lado da modernização. Até então a modernidade era sinônimo de progresso, inovação e de esperança de um futuro melhor. Neste momento, os possíveis efeitos e ameaças da industrialização não representavam uma questão/problema. No entanto, quando os perigos gerados pela sociedade industrial começam a aparecer, seus aspectos passam a ser vistos como problemáticos. Beck caracteriza este estágio da modernidade, no qual as ameaças tornam-se explícitas como: [[Sociedade de Risco]].
 
Segundo o autor, a transformação da sociedade ocorre sem intencionalidade e interferência política, já que a transição para a fase de risco se dá de forma indesejada e despercebida. A fase da modernização reflexiva emerge de maneira silenciosa, por meio de pequenas medidas com grandes efeitos cumulativos. Desta forma, a sociedade de risco não é uma opção e sim uma continuidade da sociedade industrial.
 
Pouco a pouco, as ameaças produzem questionamentos que acabam por destruir as bases da sociedade industrial. Ou seja, no momento em que a modernidade “se olha no espelho” e reflete sobre suas próprias bases, surge a fase de modernização reflexiva.
A tomada de consciência das ameaças produzidas pela própria sociedade abala a crença na ordem social, ou seja, abala a confiança nas instituições modernas, que não dão mais conta de resolver os problemas. A sociedade de risco neste sentido é reflexiva, pois se torna um tema e um problema para si própria.
 
A crise institucional da sociedade industrial é expressa pela impossibilidade de controlar as ameaças e perigos, o que gera ruptura e conflito no interior da modernidade. O desejo que as situações cotidianas sejam controláveis pela racionalidade é questionado pela sociedade de risco que mostra o lado imprevisível, e traz a tona o reino da incerteza. Beck (1997) afirma que “A reflexividade e a impossibilidade de controle do desenvolvimento social invadem as sub-regiões individuais, desconsiderando jurisdições, classificações e limites regionais, nacionais, políticos e científicos” (pg.22).
 
No momento em que a incerteza invade todos os aspectos da vida social, o contexto torna-se favorável para críticas. Na modernização reflexiva surge a base para a crítica autônoma, já que não existe um objeto definido.
Nesta nova fase da sociedade industrial, caracterizada pela reflexividade, as condutas e situações cotidianas não são mais moldadas pela tradição (Giddens, 1997). Neste contexto, o individuo emerge como ator, planejador e diretor da sua própria vida. Desta forma é no momento de desintegração das certezas e na buscas por encontrar e criar novas, que ocorre o processo de individualização. A individualização não é livre decisão dos indivíduos. [[Jean Paul Sartre]] (apud Beck, 1997) afirma que “as pessoas são condenadas a individualização”. Individualização implica na dependência em relação aos processos decisórios.
 
O processo de individualização não se restringe ao privado, tornando-se público em um novo sentido. O político invade arenas além das responsabilidades e hierarquias formais. Decisões políticas não podem mais ser simplesmente aceitas, é preciso formá-las, construí-las e refletir sobre elas. Desta forma, a política começa a determinar a política, onde a política da política tem como conseqüência a reinvenção do político. O renascimento de uma subjetividade política é chamado por Beck de [[subpolítica]].
 
Na modernidade simples política é sinônimo de deixar a esfera privada e caminhar para a publica; na modernidade reflexiva é possível permitir a invasão do político na esfera privada. Nesta perspectiva, o autor aponta o individuo e suas ações cotidianas como novas possibilidades de ação política (subpolíticas). O conceito clássico de política como sinônimo de dedicação a esfera publica é expandido, e emerge na sociedade contemporânea a invasão da política na vida cotidiana (esfera privada).
O que é central para a política atual é a capacidade de auto-organização, que significa a subpolitização (reflexiva) da sociedade. As novas tarefas não podem ser executadas por velhas formas. “Subpolítica, então, significa moldar a sociedade de baixo para cima” (pg.35).
 
<ref>BECK, U. (1997). A reinvenção da política: rumo a uma teoria da modernização reflexiva. In: BECK,U.; GIDDENS, A.; Lash, S. (orgs). Modernização reflexiva. São Paulo: Editora da Unesp, cap.1, 11-68p.</ref>
Categoria: Conceitos filosóficos
<ref>GIDDENS, A. (1997) A vida em uma sociedade pós-industrial. In: BECK,U.; GIDDENS, A.; Lash, S. (orgs). Modernização reflexiva. São Paulo: Editora da Unesp.</ref>
 
 
[[categoria: Teorias sociais contemporâneas]]