Procópio de Cesareia: diferenças entre revisões

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== Biografia ==
À parte da sua própria obra, a fonte mais importante para o conhecimento da sua biografia é o ''[[Suda]]'', uma enciclopédia bizantina do [[século X]]. Por desgraça, nela apenas aparecem dados em relação às origens de Procópio.<ref name=suda2479> Cfr [http://www.stoa.org/sol-bin/findentry.pl?keywords=pi+2479 Suda pi.2479]</ref> Sabe-se, porém, que era originário da cidade de [[Cesareia (Israel)|Cesareia]], na [[Palestina]]<ref name=suda2479/>. Estudou os [[clássicos]] [[língua grega|gregos]] e assistiu a uma escola de [[Direito]], provavelmente em ''[[Berytus]]'' (atual [[BeirutBeirute]]). Foi ''rhetor'' (advogado) e, em [[527]], tornou-se ''assessor'' (conselheiro legal) de [[Belisário]]<ref name=suda2479/>, que então começava a sua brilhante carreira militar. Com ele encontrava-se na frente oriental quando foi derrotado na [[batalha de Callinicum]] ([[531]])<ref>''Guerras de Justiniano'' I.18.1-56</ref> , bem como foi testemunha de como Belisário reprimiu a [[revolta de Nika]] em [[532]]. No ano seguinte acompanhou-o na sua vitoriosa expedição contra o reino [[vândalo]] do Norte da África, onde participou na conquista de [[Cartago]]. Quando Belisário regressou para [[Constantinopla]], Procópio permaneceu na África, mas pouco depois voltou a reunir-se com ele com ocasião da sua campanha contra o reino [[ostrogodo]] da [[Itália (província romana)|Itália]]. Ali foi também testemunha de importantes acontecimentos, como o assédio de Roma pelos ostrogodos, em [[537]]-[[538]], e a conquista de [[Ravenna]], capital do reino godo, por Belisário, em [[540]]. A julgar pelo escrito por Procópio no livro VIII das suas Guerras e na História segreda, as relações com Belisário deveram de se ter esfriado posteriormente; de fato, parece que quando Belisário regressou para Itália para se enfrentar com o novo rei ostrogodo, [[Totila]], Procópio não participou na expedição. Em 542 encontrava-se em Constantinopla, pois descreve a [[peste]] que sofreu a cidade nesse ano.
 
Acerca da vida posterior de Procópio apenasnada se sabe nada, exceto que recebeu o título de ''illustris'' em [[560]]. É possível que chegasse a ser prefeito urbano de Constantinopla em [[562]]-[[563]] (nestes anos houve ao menos um prefeito com o seu mesmo nome).
 
== Obras ==
Procópio é considerado por muitos o último historiador da [[Antiguidade Tardiatardia]]. Escreveu em [[grego clássico]], tomando como modelos a [[Heródoto]] e a [[Tucídides]]. O seu purismo idiomático chega ao extremo de dar uma explicação das palavras contemporâneas que utiliza: sente-se obrigado, por exemplo, a explicar o significado cristão da palavra ''ekklesia'', ou a aclarar que eram os monges. A obra de Procópio não abordou nunca o tema eclesiástico, embora, segundo as suas próprias afirmações (em ''História Secreta'' 26.18) projetasse escrever uma história eclesiástica, segundo o modelo de [[Eusébio de Cesareia]].
 
Escreveu uma história em oito livros a respeito das guerras da época de Justiniano, um panegírico das suas obras públicas e a ''História segreda'', na qual afirma incluir todos os escândalos que não pôde consignar nas suas obras oficiais.
 
=== ''História das guerras '' ===
''História das guerras'' ([[latim|lat.]] ''De bellis''; [[língua grega|gr.]] ''Polemon'') é uma obra dividida em oito livros a respeito das guerras livradas pelo [[Império romano|Império]] durante o reinado de [[Justiniano]], de muitas das quais foi ProcópiaProcópio testemunha presencial. Os primeiros sete livros parecem ter sido concluídos por volta de [[545]], mas foram atualizados pouco antes da sua publicação, em 552, pois incluem referências a acontecimentos de princípios de [[551]]. Mais tarde, Procópio acrescentou o livro VIII, que relata os fatos ocorridos até [[552]], ano em que o [[general]] [[Narses]] destruiu definitivamente o reino ostrogodo.
 
=== ''Sobre os edifícios '' ===
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=== ''História segreda '' ===
A obra mais célebre de Procópio é a ''História segreda''. Embora se mencione no [[Suda]], onde toma o título grego de ''Anekdota'' (composição inédita), somente se descobriu vários séculos mais tarde, na [[Biblioteca Vaticana]], e não se editou até 1623. Cubre os mesmos anos que os sete primeiros livros das Guerras, e parece ter sido escrita depois da edição dessa obra. A teoria mais aceite situa a data da sua composição por volta de [[550]], embora outros autores prefiram a data de 562. Segundo o autor, na obra relata aquilo que não estava autorizado a escrever nas suas obras oficiais por medo às represálias de Justiniano e [[Teodora (Esposa de Justiniano)|Teodora]].
 
A ''História segreda'' constitui uma [[:wikt:vitriólica|vitriólica]] invectiva contra o imperador [[Justiniano I|Justiniano]] e a sua esposa [[Teodora (século VI)|Teodora]], sem esquecer o seu antigo amigo [[Belisário]] e a sua esposa, [[Antonina (cortesã)|Antonina]]. As afirmações que faz em relação a estes personagens - especialmente acerca desobre Teodora - chegam ao pornográfico. Contrasta fortemente a visão que do imperador oferece Procópio na sua ''Sobre os edifícios'' com o retrato dado aqui, até o ponto de ter-se chegado a duvidar de que fosse ele o verdadeiro autor da ''História segreda''. A análise do texto, porém, corrobora dum modo fidedigno esta atribuição.
 
== {{Bibliografia}} ==