Etilenoglicol: diferenças entre revisões

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Na maioria dos mamíferos incluindo humano é inicialmente metabolizado no fígado pela álcool desidrogenase a glicolaldeído (com o possível contribuição de citocromo p-450). Glicolaldeído é rapidamente convertido em ácido glicólico e glioxal pelo aldeído oxidase e aldeído desidrogenase. Estes são oxidados a glioxilato pela glicolato oxidase ou lactato desidrogenase que pode metabolizar em ácido fórmico, ácido oxálico e glicina. Forma-se dióxido de carbono a partir da glicina e ácido fórmico que é um dos maiores produtos de eliminação de EG pela via respiratória. A eliminação também ocorre via urinária (Etilenoglicol, glicoaldeido ou ácido glicólico) com um tempo de semi-vida média de 1 a 4 horas na maioria das espécies incluindo mamíferos. [3,4]<br /><br />
 
'''Citotoxicidade:''' Etilenoglicol, tal como outros álcoois de cadeia curta nomeadamente o etanol, deduz numerosas respostas celulares potencialmente citotóxicas independentemente do tipo da célula. <br />
=== Citotoxicidade ===
Etilenoglicol, tal como outros álcoois de cadeia curta nomeadamente o etanol, deduz numerosas respostas celulares potencialmente citotóxicas independentemente do tipo da célula. <br />
 
Alteração de metabolismo de fosfolípidos e ácidos gordos, alterações em estado de oxidação, distúrbios em estado energético e aumento de produção de espécies reactivos de oxigénio está relacionado com lesões celulares resultantes de exposição aguda ou crónica destes álcoois, causando distúrbios nas cascatas de sinalização intracelulares, o qual interfere na síntese de ácido fosfatídico reduzindo o potencial de fosforilação e peroxidação lipídica e consequentemente diminui número das células. [6]<br />
 
'''Nefrotoxicidade:'''O marcador de toxicidade renal é a presença de cristais de oxalato do cálcio monohidratado (COM) nos túbulos proximais renais e na urina. <br />
=== Nefrotoxicidade ===
O marcador de toxicidade renal é a presença de cristais de oxalato do cálcio monohidratado (COM) nos túbulos proximais renais e na urina. <br />
 
Macroscopicamente, alteração de características histopatologicas, incluindo degeneração, atrofia e inflamação das células tubular renal, são observados apenas na presença da COM. Metabolicamente, a lesão renal está relacionado com maior acumulação de COM nas células de túbulo proximal renal. <br />
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Os sintomas de nefrotoxicidade incluem flank pain, cristaluria de oxalato de cálcio, oliguria, etc. [7,8,9,12]<br />
 
'''Neurotoxicidade:'''Patofisiologia de intoxicação com EG, é caracterizado com efeitos depressores de sistema nervosa central (alteração do estado mental, ataxia, alurred speech) que é causado especialmente pelos metabolitos, maioritariamente glioxilato e glicoaldeído, os quais interferem com o ciclo de krebs e o metabolismo mitocondrial. A produção de aldeído inibe a fosforilação oxidativa, respiração e o metabolismo de glicose. <br />
=== Neurotoxicidade ===
 
Patofisiologia de intoxicação com EG, é caracterizado com efeitos depressores de sistema nervosa central (alteração do estado mental, ataxia, alurred speech) que é causado especialmente pelos metabolitos, maioritariamente glioxilato e glicoaldeído, os quais interferem com o ciclo de krebs e o metabolismo mitocondrial. A produção de aldeído inibe a fosforilação oxidativa, respiração e o metabolismo de glicose.
Durante as primeiras horas após a intoxicação o indivíduo parece embriagado, estuporo e desenvolve apoplexia. Existe edema cerebral agudo e aumento de pressão intercraniano pela deposição dos cristais de oxalato de cálcio na barreira hemato-encefálica. Mais tarde pode ocorrer diferentes formas clínicas de neuropatia.<br />
 
'''Hepatotoxicidade:'''Degenerações celulares (degeneração hidrópica, degeneração gordurosa), necrose do parenquima e deposições de cristais de oxalato de cálcio foram observados na autópsia de fígado dos indivíduos que morreram após a ingestão de EG.
=== Hepatotoxicidade ===
Degenerações celulares (degeneração hidrópica, degeneração gordurosa), necrose do parenquima e deposições de cristais de oxalato de cálcio foram observados na autópsia de fígado dos indivíduos que morreram após a ingestão de EG.
EG induz alteração morfológica nas mitocôndrias de hepatócitos causando aumento do tamanho e perda da organização das mitocôndrias, mas ao contrário do etanol estas alterações não ocorrem em todas as mitocôndrias e não são bem definidas.<br />
 
'''Efeitos cardiovasculares:'''Aparecem após efeitos neurológicos e juntamente com os efeitos respiratórios na segunda fase de intoxicação com EG (12 a 24 horas após a exposição). <br />
=== Efeitos cardiovasculares ===
 
Aparecem após efeitos neurológicos e juntamente com os efeitos respiratórios na segunda fase de intoxicação com EG (12 a 24 horas após a exposição).
Os sintomas incluem a taquicardia, galope ventricular, hipertrofia cardíaca, hipertensão ou hipotensão (que podem resultar em choque cardiogénico), arritmia cardíaca, miocardite e insuficiência cardíaca congestiva que podem levar a morte.<br />
 
'''Efeitos respiratórios:'''Ocorrem 12 a 24 horas após a ingestão de EG na 2ª fase de intoxicação. Os sintomas incluem hiperventilação, respiração rápida e superficial, edema pulmonar generalizado com a presença ocasional de cristais de oxalato de cálcio no parenquima pulmonar. <br />
=== Efeitos respiratórios ===
 
Ocorrem 12 a 24 horas após a ingestão de EG na 2ª fase de intoxicação. Os sintomas incluem hiperventilação, respiração rápida e superficial, edema pulmonar generalizado com a presença ocasional de cristais de oxalato de cálcio no parenquima pulmonar.
O envolvimento de sistema respiratório aparece a ser dependente da dose e ocorre concomitantemente com alteração cardiovascular. Infiltrado pulmonar e outros alterações compatíveis com síndrome do desconforto respiratório agudo (ARDS) são características de segunda fase de intoxicação com EG. Edema pulmonar pode acontecer devido a insuficiência cardíaca, ARDS ou aspiração de conteúdo gástrico. Sintomas relacionados com acidose metabólica tal como a edema pulmonar e broncopneumonia são relativamente raros e normalmente acontecem no caso de intoxicação com doses elevados. A insuficiência respiratória raramente pode acontecer.<br />

Outros sintomas incluem taquipneia, hiperpneia e cianose.<br />
 
'''Efeitos gastrointestinais:'''Náusea, vómito sanguinolento ou não, pirose, cólicas e dores abdominais são efeitos comuns de intoxicação aguda com EG. Áreas hemorrágicas na mucosa gástrica foram observadas na autópsia de um caso fatal de intoxicação com EG. Necrose hemorrágica isquémica do cólon também foi observada num caso. Foram observados outros efeitos como diarreia intermitente, dor abdominal atribuídos a isquemia moderada de cólon devido a estenose e perfuração de cólon 3 meses após ingestão e na histologia foi observados deposição de cristais de oxalato de cálcio.<br />
 
'''Efeitos hematológicos:'''Os testes podem incluir leucocitose moderada e predominância de neutrófilos polimorfonucleares.<br />
=== Efeitos gastrointestinais ===
Náusea, vómito sanguinolento ou não, pirose, cólicas e dores abdominais são efeitos comuns de intoxicação aguda com EG. Áreas hemorrágicas na mucosa gástrica foram observadas na autópsia de um caso fatal de intoxicação com EG. Necrose hemorrágica isquémica do cólon também foi observada num caso. Foram observados outros efeitos como diarreia intermitente, dor abdominal atribuídos a isquemia moderada de cólon devido a estenose e perfuração de cólon 3 meses após ingestão e na histologia foi observados deposição de cristais de oxalato de cálcio.<br />
 
'''Efeitos musculares:'''Efeitos no músculo-esquelético relatado nos casos de intoxicação aguda com EG incluem fragilidade difusa muscular e mialgia associadas com elevada nível sérica de fosfocinase cratinina e mioclonias e contracções tetânicos associadas com hipocalcemia. Em alguns casos, autópsia mostrou miosite intersticial e parenquimático no músculo-esquelético.<br />
=== Efeitos hematológicos ===
Os testes podem incluir leucocitose moderada e predominância de neutrófilos polimorfonucleares.<br />
 
''''''Efeitos metabólicos:''''''Um efeito secundário major após exposição aguda via oral de EG no humano envolve alterações metabólicas, que ocorre nos primeiros 12 horas após a exposição. A intoxicação com EG está acompanhada com acidose metabólica cujo manifesta com descida de PH e teor de bicarbonato do soro e outros fluidos de organismo, causado pela acumulação do excessos de ácido glicólico. Existe uma relação inversa entre descida de PH de plasma e aumento de concentração plasmática de ácido glicólico.
=== Efeitos musculares ===
Outros característicos de efeitos metabólicos de intoxicação com EG são aumento de gap aniónico, aumento de gap osmolal e hipocalcemia. Gap aniónico do soro é calculado através de concentraçaõ de sódio, cloreto e bicarbonato e o seu valor normal varia entre 12 e 16 mM, e aumenta após a ingestão de EG devido a aumento de metabolitos aniónicos como glicolato. Gap Osmolal representa a diferença entre osmolalidade medida e calculada e aumenta na intoxicação com EG. O seu valor normal no humano é entre 10 e 15 mOsm/kg de água. Cada 16mM (100mg/dL) aumento em concentração de EG contribui para cerca de 16 mOsm/ kg de água.<br />
Efeitos no músculo-esquelético relatado nos casos de intoxicação aguda com EG incluem fragilidade difusa muscular e mialgia associadas com elevada nível sérica de fosfocinase cratinina e mioclonias e contracções tetânicos associadas com hipocalcemia. Em alguns casos, autópsia mostrou miosite intersticial e parenquimático no músculo-esquelético.<br />
 
=== Efeitos metabólicos ===
Um efeito secundário major após exposição aguda via oral de EG no humano envolve alterações metabólicas, que ocorre nos primeiros 12 horas após a exposição. A intoxicação com EG está acompanhada com acidose metabólica cujo manifesta com descida de PH e teor de bicarbonato do soro e outros fluidos de organismo, causado pela acumulação do excessos de ácido glicólico. Existe uma relação inversa entre descida de PH de plasma e aumento de concentração plasmática de ácido glicólico.
Outros característicos de efeitos metabólicos de intoxicação com EG são aumento de gap aniónico, aumento de gap osmolal e hipocalcemia. Gap aniónico do soro é calculado através de concentraçaõ de sódio, cloreto e bicarbonato e o seu valor normal varia entre 12 e 16 mM, e aumenta após a ingestão de EG devido a aumento de metabolitos aniónicos como glicolato. Gap Osmolal representa a diferença entre osmolalidade medida e calculada e aumenta na intoxicação com EG. O seu valor normal no humano é entre 10 e 15 mOsm/kg de água. Cada 16mM (100mg/dL) aumento em concentração de EG contribui para cerca de 16 mOsm/ kg de água.
Acidose com gap aniónico elevado geralmente é consequente a um acúmulo de ácido láctico e ácido oxálico. Em qualquer paciente com um gap aniónico elevado recomenda-se verificar o gap osmolar, porque quando ambos estão aumentados, sugere intoxicação por metanol ou etilenoglicol. O aumento dos dois também pode ser observado na cetoacidose diabética ou alcoólica.