Homoerotismo: diferenças entre revisões

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'''Homoerotismo''' refere-se à [[atração sexual]] entre indivíduo(s) do mesmo sexo, tanto entre homens como entre mulheres,<ref>*YOUNGER, John Grimes. ''Sex in the ancient world from A to Z'' (Routledge, 2005), pp.80. ISBN 0415242525</ref> especialmente quando representada ou manifestada nas [[artes visuais]] e na [[literatura]].
[[Ficheiro:SaraceniSebastian.jpg|thumb|upright|''[[São Sebastião]]'', por [[Carlo Saraceni]] (c1610-15). A imagem de Sebastião espetado por arcos tem sido descrita como homoerótica.<ref>[http://www.glbtq.com/arts/subjects_st_sebastian.html glbtg: an encyclopaedia of gay, lesbian, bisexual, transgender and queer culture]. Acessado em 3 de dezembro, 2010.</ref>]]
 
A terminologia inglesa tem consagrado termos como ''[[gay studies]]'', ''[[lesbian studies]]'' e ''[[queer theory]]'', que pretendem estudar as correlações entre a homossexualidade e produções artísticas da [[pintura]], [[literatura]] e afins, estendendo o seu campo de análise a outras formas de expressão artística como a [[sociologia]], a [[história]], a [[antropologia]], a [[psicologia]], a [[medicina]], o [[direito]], a [[filosofia]], etc.<ref>[[Carlos Ceia]]. [http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=1039&Itemid=2 "Estudos sobre homossexualidade"]. E-Dicionário de Termos Literários. Acessado em 3 de dezembro, 2010.</ref> Outros termos, como "homocultura" e "homoerotismo", também foram criados e são usados em campos acadêmicos.<ref>Ver Latuf Isaias Mucci. "[http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=253&Itemid=2 Homocultura]. E-Dicionário de Termos Literários. Acesso: 3 de dezembro, 2010.</ref> Em questão [[Estética|artístico-estética]], temos a frase de [[Thomas Mann]] no ensaio "Über die Ehe" ("Do Casamento") de 1925, onde ele afirma que o homorotismo é estético, enquanto a heterossexualidade é prosaica.<ref>KONTJE, Todd Curtis. ''A companion to German realism, 1848-1900'' (Camden House, 2002), p.327. ISBN 1-57113-322-4, ISBN 978-1-57113-322-9</ref>
 
Na literatura, destaca-se [[Oscar Wilde]], condenado à prisão com trabalhos forçados acusado de [[sodomia]] depois de seu relacionamento com o Lord [[Alfred Douglas]] (com cerca de 20 anos), e que em seu tribunal disse viver "o amor que não ousa dizer o nome"; perguntado no tribunal que amor era este, respondeu:
 
:"O amor que não ousa dizer seu nome é o grande afeto de um homem mais velho por um jovem como aconteceu entre [[David]] e [[Jônatas]], e aquele de que [[Platão]] fez a base de toda a sua filosofia, é aquele amor que se encontra nos sonetos de Michelangelo e de [[Shakespeare]]. É aquela profunda afeição que é tão pura quanto perfeita. Ele inspira e perpassa grandes obras de arte, como as de Shakespeare e [[Michelangelo]] [...] Neste nosso século é mal-compreendido, tão mal-compreendido que é descrito como o amor que não ousa dizer seu nome, e, por causa disso, estou aqui onde estou. Ele é belo, é refinado, é a mais nobre forma de afeto. Nele, nada há de anti-natural. É intelectual e sempre existiu entre um homem mais velho e um rapaz, quando o mais velho tem o intelecto e o mais jovem tem toda a alegria, esperança e charme da vida diante de si. Assim deveria ser, mas o mundo não compreende. O mundo zomba dele e algumas vezes põe por ele alguém no pelourinho."<ref name="latufhomoerotismo" />
[[Ficheiro:Lautrec the two girlfriends c1894-5.jpg|thumb|esquerda|[[Henri Toulouse-Lautrec]] (1864-1901): ''As Duas Amantes'', c.1894-5.]]
Os acadêmicos também têm estudado obras mais antigas; como a dos poetas latinos [[Catulo]], [[Tibulo]], e [[Propércio]], que escreviam versos sobre as experiências pessoais homossexuais que tinham,<ref>YOUNGER, John Grimes. Sex in the ancient world from A to Z (Routledge, 2005), p.38.</ref> e as canções da poetiza [[Safo]] da [[Grécia antiga]], muitas vezes endereçadas à outras mulheres.<ref>Judith Hallett, "Sappho and Her Social Context: Sense and Sensuality," pp. 126f.</ref> Na [[literatura brasileira]], destaca-se a obra ''[[Bom Crioulo]]'' (1895), de [[Adolfo Caminha]], considerado "primeiro romance homossexual na história da literatura ocidental",<ref name="latufhomoerotismo" /> como também escritos homoeróticos de [[Raul Pompéia]], [[Álvares de Azevedo]], [[Olavo Bilac]], [[Mário de Andrade]], [[Carlos Drummond de Andrade]], [[Clarice Lispector]], [[Caio Fernando Abreu]], [[João Silvério Trevisan]], [[Lygia Fagundes Telles]], etc.<ref name="latufhomoerotismo" /> No poema "Rapto", Drummond denomina a homossexualidade "outra forma de amar no acerbo amor".<ref name="latufhomoerotismo" /> [[Machado de Assis]]—mostrando inovação e audácia no cenário literário de seu tempo—escreveu contos como "D. Benedita" de ''[[Papéis Avulsos]]'' e "[[Pílades e Orestes]]", em que existe uma temática [[lésbica]] e [[gay]], respectivamente.<ref>Rick Santos e Wilton García, ''A escrita de Adé: perspectivas teóricas dos estudos gays e lésbic@s no Brasil'', Xama, 2002, p.37. ISBN 85-85833-98-X</ref><ref>Denilson Lopes, ''O homem que amava rapazes e outros ensaios'', Aeroplano Editora, 2002, p.129. ISBN 85-86579-32-7</ref> Além disso, alguns consideram que o Bentinho do romance ''[[Dom Casmurro]]'' (1899) era apaixonado por seu amigo Escobar, e não (ou também por) [[Capitu]].<ref>FREITAS, Luiz Alberto Pinheiro de. ''Freud e Machado de Assis: uma interseção entre psicanálise e literatura''. Mauad Editora Ltda, 2001, p.27. ISBN 85-7478-056-1</ref><ref>CARVALHO, Luiz Fernando. ''O Processo de Capitu''. Casa da Palavra, 2008, p.136. ISBN 85-7734-102-X</ref> Na [[literatura portuguesa]], temos os nomes de [[Mário de Sá Carneiro]], [[Fernando Pessoa]], [[Antônio Botto]] (que morou e faleceu no [[Rio de Janeiro]]) e [[Al Berto]]; Pessoa, por exemplo, sob o heterônimo de [[Álvaro de Campos]], escrevia: "Eu, que tenho o piscar de olhos do moço do frete" ("[[Poema em linha reta]]").<ref name="latufhomoerotismo" /> Em outras literaturas, destacam-se os [[sonetos de Shakespeare]], [[Walt Whitman]], [[Christopher Marlowe]], [[Virginia Woolf]], [[Arthur Rimbaud]], [[Marcel Proust]], [[André Gide]], [[Michel Foucault]], [[Roland Barthes]] e outros.<ref name="latufhomoerotismo" />
 
Nas artes visuais, destacam-se a [[arte da Grécia antiga]], onde vemos uma preferição pelo corpo masculino nu,<ref name="classicwebster">Inc Icon Group International. ''Classicals: Webster's Quotations, Facts and Phrases'', 2008, p.195. ISBN 0-546-69476-4</ref> os [[Renascimento|renascentistas]] [[Leonardo da Vinci]] e [[Michelangelo]],<ref name="latufhomoerotismo" /><ref name=burnl>Burn, L. (1992), ''Mitos gregos, p.75–76, Madrid: Ediciones Akal. ISBN 84-460-0117-9.</ref> e artistas do [[Maneirismo]] e [[Barroco]] dos séculos 16 e 17, como [[Agnolo Bronzino]], [[Carlo Saraceni]] e [[Caravaggio]], cujas obras foram severamente criticadas pela [[Igreja Católica]],<ref>[http://www.studio-international.co.uk/archive/Caravaggio_1983_196_998.asp John Berger, Caravaggio,Strudio International, p.1983, Volume 196 Number 998]. Acessado em 3 de dezembro, 2010.</ref> além do século XIX pintores como [[Thomas Eakins]], [[Eugène Jansson]], [[Henry Scott Tuke]], [[Aubrey Beardsley]] e [[Magnus Enckell]] terem retomado histórias homoeróticas da [[mitologia grega]] como a de [[Narciso]], [[Jacinto (mitologia)|Jacinto]], [[Ganímedes (mitologia)|Ganímedes]] e outros.<ref name="classicwebster" /> Na modernidade, artistas como [[Paul Cadmus]] e [[Gilbert & George]], além de fotógrafos como [[Wilhelm von Gloeden]], [[David Hockney]], [[Will McBride]], [[Robert Mapplethorpe]], [[Pierre et Gilles]], [[Bernard Faucon]] e [[Anthony Goicolea]], também contribuíram muito para a arte homoerótica.
 
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[[Categoria:Artes LGBT]]