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==Sobre o Budismo==
 
Uma pequena anedota sobre o [[Budismo]], que ouvi, numa versão mais coloquial do lama [[Chagdud Tulku Rinpoche]]:
 
Certa ocasião, o [[Buda]] estava no bosque de Jeta, junto à cidade de Saravasti. Um monge de nome Malunkya veio ter com ele parecendo bastante preocupado. Ele se afligia com o fato de Buda jamais responder às seguintes questões, amplamente ventiladas pelos pensadores de sua época:
*O mundo é finito ou infinito?
*Corpo e espírito são uma coisa só ou duas coisas separadas?
*O homem tem uma vida além-túmulo?
Malunkya, que gostava de [[Filosofia]], estava bastante aborrecido por Buda não tratar dessas questões e disse-lhe:
- Ó Perfeito! Se não responderes a minhas dúvidas, deixarei a Comunidade e voltarei à vida mundana!
Buda respondeu-lhe da seguinte maneira:
- Malunkya: certa vez um homem foi ferido por uma seta envenenada. Os amigos correram a buscar um médico, mas o ferido disse que só consentiria que lhe extraíssem a seta e o tratassem depois de lhe explicarem quem atirou a seta, com que arco ela foi lançada, qual a sua forma etc. Que terá acontecido a ele? Certamente há de ter morrido antes de ver esclarecidas suas dúvidas.
- Malunkya: da mesma forma, respostas acerca do caráter finito ou infinito do universo, da natureza da alma etc, não nos libertam do sofrimento. Precisamos libertar-nos do sofrimento nesta mesma vida. Por isso, Malunkya, não te preocupes com as questões que não ensino. Preocupa-te com as que ensino, que são:
*a Existência do Sofrimento,
*a Origem do Sofrimento,
*a Cessação do Sofrimento e o
*Caminho da Cessação do Sofrimento.”
 
''(Majjhima-Nikaya, 63; Chuagonkyo; 221 como está em Ricardo Gonçalves(org). Textos budistas e zen-budistas. São Paulo: Cultrix, 1995).
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Essa breve história está aqui para ilustrar a verdade de que por mais que se leiam aqui os verbetes do budismo, aqui postos como conhecimento da verdade, é a meditação sobre essas [[Quatro Nobres Verdades|quatro nobres verdades]] o principal conhecimento, caminho e prática do budismo.
 
Durante oito anos, em preciosas e raras ocasiões tive a oportunidade de ouvir S.E. Chagdud Tulku Rinpoche. E ele sempre repetia essas quatro nobres verdades, numa versão mais simples, pedindo que contemplássemos:
 
* a preciosidade de termos nascido humanos;
* a impermanência de todas as pessoas, coisas e fatos;
* as ações e seus efeitos, dados no karma;
* o oceano de sofrimento em que se encontram todos os seres sencientes.
 
É verdade que quando o conheci, eu nem imaginava que ele fosse S.E. (Sua Eminência), só soube disso quando vi um vídeo de sua visita ao [[Tibet]]. Rimos muito da minha ignorância. No começo eu era agradecido por sua bondade e paciência comigo, depois por sua generosidade, até que entendi que a natureza búdica era a compaixão pura, que estava presente nos seus pequenos gestos, desde "benzer" a cerveja que eu estava bebendo (espero que poucos alunos dele leiam isto...), até me dar ensinamentos que eu precisava. Possa agora essa partilha do que aprendi com ele, e com tantos mestres que escreveram seus textos, ser de benefício aos amigos da Wikipedia e a todos os seres.
Não posso também deixar de colocar nesses artigos a lembrança de dois amigos que já partiram deste sonho, Marisa e Zeca, que me permitiram conhecer Chagdud. Espero que estejam na [[Terra Pura]] de [[Amitaba]]. :)
 
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