Legio X Fretensis: diferenças entre revisões
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{{Info/Unidade Militar
|nome_da_unidade= Legio X Fretensis
|imagem= [[Image:Roman Empire 125.png|300px]]
|legenda_imagem= Mapa do império romano em 125 d.C., sob o imperador [[Adriano]], mostrando a '''Legio X Fretensis''' aquartelada em ''[[Hierosolyma]]'' (Jerusalém), na província da [[Judeia (província romana)|Judeia]], de 73 d.C. até o século IV d.C.
|país= [[Império Romano]]
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|denominação= ''Fretensis'', "do estreito marítimo"
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|criação= 41 a.C.
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|extinção= após 410 d.C.
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|mascote= [[Touro (constelação)]], barco, [[Netuno (mitologia)|Netuno]], javali
<!-- História -->
|guerras/batalhas= [[Batalha de Nauloco]] (36 a.C.)<br/>[[Batalha de Áccio]] (31 a.C.)<br/>[[Guerra Romano-Parta de 58-63|Campanha parta]] de [[Gnaeus Domitius Corbulo|Corbulo]]<br/>[[Primeira Guerra Judaico-Romana]] (66–73 d.C.)<br />Cerco de [[Masada]] (72-73 d.C.)<br/>Campanha parta de [[Trajano]] <br/> [[Revolta de Bar Kokhba]] (132-135 d.C.)
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<!-- Logística -->
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<!-- Insígnias -->
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<!-- Comando -->
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|comandantes_notáveis=[[Gnaeus Domitius Corbulo]]<br />[[Vespasiano]] (campanha)<br />[[Tito (imperador)|Tito]] <br />[[Lucilius Bassus]]<br/> [[Trajano]] (campanha) <br /> [[Sextus Julius Severus]]
<!-- Contato -->
|guarnição= [[Judeia (província romana)|Judeia]] (década de 20 a.C.) <br> [[Síria (província romana)|Síria]] (''[[circa|ca.]]'' 6 - 66 d.C.)<br/> [[Jerusalém]] (73 - século IV) <br/> ''Aila'' (século IV - após a década de 410)
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A '''Legio X ''Fretensis''''' ("Décima Legião ''do estreito marítimo''") foi uma [[legião romana]] criada por [[Augusto]] em 41-40 a.C. durante o período da [[Segunda Guerra Civil da República de Roma|guerra civil]] iniciada após a dissolução da [[República Romana]]. A X ''Fretensis'' aparece nos registros até pelo menos a década de 410 d.C.
Os símbolos da Décima eram o [[Touro (constelação)|touro]], o animal sagrado da deusa [[Vênus (mitologia)|Vênus]] (e ancestral mítica da ''[[gens]] [[Juliae]]''), um navio (provavelmente uma referências às batalhas de [[Batalha de Nauloco|Nauloco]] e/ou [[Batalha de Áccio|Áccio]]), o deus [[Netuno (mitologia)|Netuno]] e um javali. O símbolo do Touro pode também significar que ela teria sido organizada entre 20 de abril e 20 de maio (o [[signo zodiacal|signo]] de [[Touro (astrologia)|Touro]]).
== História ==
=== Guerras civis da República e o início do Império ===
Otaviano, que seria conhecido depois como [[Augusto]], criou a ''Legio X'' e deu-lhe o número dez, como uma homenagem à famosa ''[[Legio X Equestris]]'' ("Décima Legião") de [[Júlio César]].
Em 36 d.C., a ''Legio X'' lutou sob Otaviano contra [[Sexto Pompeu]] na [[Batalha de Nauloco]], onde ela ganhou o seu ''[[cognomen]]'' ''Fretensis'', que é uma referência ao local onde ela se deu, próximo ao [[Estreito de Messina]] (''Fretum Siculum''). Em 31 a.C., ela lutou na [[Batalha de Áccio]] contra [[Marco Antônio]]. Mesmo sendo uma batalha marítima, a ''Legio X'' estava embarcada e conseguiu abordar as naus inimigas com um gancho de metal. A sua participação, fundamental para o resultado da batalha, é a razão provável pela qual ela teria escolhido um [[trirremo]] como um dos seus símbolos. Áccio marcou o final da Guerra Civil e a ascensão ao poder de Otaviano, que foi proclamado Augusto alguns anos depois.
Tijolos encontrados em [[Cesareia Marítima]], fundada na década de 20 a.C., sugere que a legião já estaria nesta época baseada na [[província romana]] da [[Judeia (província romana)|Judeia]]. Posteriormente, a X ''Fretensis'' se mudaria para a [[Síria (província romana)|Síria]]. Em 6 d.C., ela estava aquartelada ali com as [[legião romana|legiões]] [[Legio III Gallica|III ''Galica'']], [[Legio VI Ferrata|VI ''Ferrata'']] e a [[Legio XII Fulminata|XII ''Fulminata'']]. No mesmo ano, [[Publius Sulpicius Quirinus]], [[governador romano|governador]] da Síria, liderou estas legiões para sufocar uma revolta que surgira após a deposição de [[Herodes Arquelau]].
Sob [[Nero]], em 58 - 63 d.C., a X ''Fretensis'' participou da [[Guerra Romano-Parta de 58-63|Guerra Romano-Parta]] de [[Gnaeus Domitius Corbulo]], contra o [[Império Parta]].
=== Primeira Guerra Judaico-Romana ===
A X ''Fretensis'' estava diretamente envolvida na [[Primeira Guerra Judaico-Romana]] (66 - 73 d.C.), sob o comando supremo de [[Vespasiano]].
Em 66 d.C., a Décima e a [[Legio V Macedonica|V ''Macedonica'']] foram para [[Alexandria]] para uma invasão da [[Etiópia antiga|Etiópia]] planejada por [[Nero]]. Porém, as duas legiões foram enviadas para a [[Judeia (província romana)|Judeia]] para sufocar uma revolta. Após passarem o inverno em [[Ptolemais (Palestina)|Ptolemais]] (moderna [[Acre (Israel)|Acre]]), a X ''Fretensis'' e a V ''Macedonica'' foram realocadas para a cidade de [[Cesareia Marítima]] (67 - 68 d.C.), movimento que se deu por causa do grande número de legiões que estavam se acumulando em Ptolemais, sob [[Marcus Ulpius Traianus]], futuro governador da Síria e pai do imperador [[Trajano]]. Durante o mesmo inverno, o campo de Cesareia da Décima e da Quinta hospedou Vespasiano, que foi forçado a ir de volta para [[Roma]] no ano seguinte (o "[[ano dos quatro imperadores]]"), onde ele conseguiu tomar o poder. O filho de Vespasiano, [[Tito (imperador)|Tito]] terminou a tarefa de sufocar a revolta.
Quando [[Tarichacae]] e [[Gamla]] foram conquistadas, a X ''Fretensis'' se mudou para [[Citópolis]] (a moderna [[Bet She'an]]), a oeste do [[Rio Jordão]]. No verão de 68 d.C., a X ''Fretensis'' destruiu o [[mosteiro]] de [[Qumran]]], onde se acredita terem se originado os [[Manuscritos do Mar Morto]]. Ela acampou em [[Jericó]] para o inverno.
Em 70 d.C., a revolta em toda a Judeia já tinha sido esmagada, exceto pela cidade de Jerusalém e umas poucas fortalezas, incluindo [[Masada]]. Neste ano, a X ''Frentesis'', junto com a V ''Macedonica'', a XII ''Fulminata'' e a [[Legio XV Apollinaris|XV ''Apollinaris'']] começaram o cerco a Jerusalém, coração da revolta. A Décima acampou no [[Monte das Oliveiras]]. Durante o cerco, ela ganhou fama pelo seu uso efetivo de diversas [[máquinas de guerra]], principalmente por ser capaz de atirar rochas que pesavam um [[talento (moeda)|talento]] (por volta de 25 kg) por uma distância de dois ''[[furlong]]s'' (400m) ou mais. Os projéteis de suas [[balista]]s causaram severos danos às muralhas da cidade. De acordo com [[Flávio Josefo]] (no volume III de sua ''[[A Guerra dos Judeus]]''), Larcius Lepidus era o comandante da X ''Fretensis''. O cerco durou por cinco meses e a população, cercada, passou por todos os horrores da fome e da doença. Finalmente, o assalto combinado de todas as legiões conseguiu tomar a cidade, que foi então submetida a uma [[Destruição de Jerusalém|meticulosa destruição]].
Durante a primavera de 71 d.C., Tito partiu por mar de volta para Roma e um novo comandante militar foi designado, [[Lucilius Bassus]], cuja tarefa, dada por Roma, era realizar as missões de "limpeza" na Judeia, para exterminar focos revoltosos. Naturalmente, ele se utilizou da X ''Fretensis'' para atacar as poucas fortalezas que restavam e, como parte desta campanha, a Décima tomou o [[Herodium]] e, posteriormente, cruzou o Jordão para capturar [[Machaerus]], às margens do [[Mar Morto]]. Por conta de uma doença, Bassus não sobreviveu à missão e [[Lucius Flavius Silva]] o substituiu no ataque à última fortaleza remanescente, [[Masada]], no outono de 72 d.C. Ele utilizou a ''Legio X'', tropas auxiliares e milhares de prisioneiros judeus. Após ter sido recusado em suas ordens de rendição, Silva construiu diversos campos e uma muralha cercando o forte. Finalmente, quando os romanos finalmente romperam o cerco e tomaram a cidadela, descobriram que os defensores judeus tinham escolhido a morte através de um [[suicídio em massa]].
Após o término da rebelião judaica, a ''Legio X'' ficou aquartelada em Jerusalém, com o campo principal localizado ao sul da cidade velha, agora livre dos edifícios que antes ali estavam. O campo da Décima foi construído aproveitando as partes sobreviventes das paredes do palácio de [[Herodes, o Grande]], demolido por ordem de Tito. O campo estava no final do ''[[cardus maximus]]'' da recém-fundada [[Aelia Capitolina]]<ref>Pace, H. Geva, "The Camp of the Tenth Legion in Jerusalem: An Archaeological Reconsideration", ''IEJ'' 34 (1984), pp. 247-249.</ref>.
Nesta época, a X ''Frentesis'' era a única legião postada para manter a ordem na Judeia e estava diretamente sob o comando do governador da província, que era também o [[legatus]] da legião<ref>''leg(atus) Aug(usti) leg(ionis) X Fret(ensis) et leg(atus) pr(o) pr(aetore) [pr]ovinciae Iudaeae'', CIL III 12117. See also X 6321.</ref>
=== Terceira Guerra Judaico-Romana ===
Após ter participado da campanha contra os [[partas]] de [[Trajano]], a ''Fretensis]] se envolveu na [[Revolta de Bar Kokhba]] (132 - 135 d.C.).
A revolta foi provocada pela decisão do imperador [[Adriano]] de construir um templo [[paganismo|pagão]], dedicado a [[Júpiter (mitologia)|Júpiter]], em [[Jerusalém]]. [[Simão bar Kokhba]] iniciou a revolta, que ocupou a cidade com grandes baixas romanas. A guerra terminou quando o exército romano - incluindo a ''Frentesis'' e tropas vindas da região do [[Danúbio]] sob o comando de [[Sextus Julius Severus]] - reconquistaram a cidade e cercaram, com sucesso, a última fortaleza judaica, o forte de [[Betar (forte)|Betar]].
Como consequência da instabilidade na região, a ''Fretensis'' recebeu o apoio de uma segunda legião, a [[Legio VI Ferrata|VI ''Ferrata'']], que acampou em [[Lejjun]].
=== Últimos anos ===
Um ''[[vexillatio]]'' da ''Fretensis'' lutou nas [[Guerras Marcomanas]] de [[Marco Aurélio]].
Em 193 d.C., a legião apoiou [[Pescênio Niger]] contra [[Sétimo Severo]] e esteve também, provavelmente, envolvida na disputa entre judeus e [[samaritanos]]. A legião ainda estava em Jerusalém durante o reinado de [[Caracala]] e [[Héliogabalo]].
Sob [[Galieno]], a X ''Fretensis'' foi empregada na guerra contra o [[Império Gálio]].
Ela se moveu para Aila (perto da atual [[Aqaba]]<ref>[[Eusebius of Caesarea]], ''Onomasticon''.</ref> provavelmente durante as reformas de [[Diocleciano]] e aparece, ainda ali, quando da compilação da ''[[Notitia Dignitatum]]'', na década de 390 d.C., quando ela aparece servindo sob o ''Dux Palaestinae''<ref>"praefectus legionis decimae Fretensis, Ailae", [[s:la:Notitia dignitatum partibus orientis - XXI XLV#XXXIV|''Notitia dignitatum in partibus orientis'', XXXIV 30]].</ref>.
== Arqueologia ==
Uma inscrição latina do final do século II, encontrada na igreja de [[Abu Ghosh]] (15 km a oeste de Jerusalém) marca a presença de um ''vexillatio'' (destacamento) da X ''Fretensis'':
:<small>VEXILLATIO</small>
:<small>LEG X FRE</small>
Alguns fragmentos com a marca "L.X.F" da ''L''egio ''X'' ''F''retensis estão na [[Torre de David]], em Jerusalém. A lei romana requeria que todas as peças de cerâmica tivessem a marca do seu fabricante e as da ''Legio X'' não eram exceção, com uma enorme quantidade delas encontrada em Jerusalém<ref>Arubas, B., and H. Goldfus, "The Kilnworks of the Tenth Legion Fretensis", in J. H. Humphrey (ed.) ''The Roman and Byzantine Near East: Some Recent Archeological Research'', ''Journal of Roman Archeology'', Supplementay Series Number 14.</ref>.
{{Referências|col=2}}
== {{Ver também}} ==
* [[Anexo:Lista de Legiões Romanas|Lista de Legiões Romanas]]
== {{ligações externas}} ==
* {{citar web| url = http://www.romanarmy.com/cms/content/view/32/114/| título= Ritterling's "Legio X Fretensis"| publicado = Roman Army| língua = inglês| acessodata = 22/08/2011}}
* {{citar web| url = http://www.livius.org/le-lh/legio/x_fretensis.html| título= Lendering, Jona, "Legio X Fretensis"| publicado = Livius.org| língua = inglês| acessodata = 22/08/2011}}
[[Categoria:Legiões romanas]]
[[bg:X Железен легион]]
[[cs:Legio X Fretensis]]
[[cy:Legio X Fretensis]]
[[de:Legio X Fretensis]]
[[en:Legio X Fretensis]]
[[es:Legio X Fretensis]]
[[fr:Legio X Fretensis]]
[[hr:Legio X Fretensis]]
[[it:Legio X Fretensis]]
[[he:הלגיון העשירי פרטנסיס]]
[[nl:Legio X Fretensis]]
[[ru:Легион X «Фретензис»]]
[[sh:Legio X Fretensis]]
[[fi:Legio X Fretensis]]
[[vi:Legio X Fretensis]]
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