Problemas sociais do Brasil: diferenças entre revisões

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Subseções/Reordenação textual/Pesquisa Contas Regionais do Brasil 2005-2009
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Esse relatório menciona também que, no Brasil, os 20% mais ricos vivem em condições melhores que a fatia mais rica de países como [[Suécia]], [[Alemanha]], [[Canadá]] e [[França]].<ref name="folha" />
 
A base de dados do [[PNUD]] mostra que o Brasil é o décimo no ranking da desigualdade.<ref name="pnud">[[PNUD]]. (julho de 2010). [http://www.idhalc-actuarsobreelfuturo.org/site/index.php ''Informe Regional sobre Desarrollo Humano para América Latina y el Caribe 2010 - Actuar sobre el futuro: romper la transmisión intergeneracional de la desigualdad'']. [[Nova Iorque]], acesso em 24 de julho de 2010</ref><ref name="onu">[[BBC Brasil]]/''[[O Estado de S.Paulo]]''. (23 de julho de 2010). [http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,brasil-permanece-um-dos-mais-desiguais-do-mundo-apesar-de-progresso-diz-onu,585095,0.htm ''Brasil ainda é um dos mais desiguais, apesar de progresso, diz ONU''], acesso em 24 de julho de 2010</ref>
 
Em comparação com o resto do mundo, a divisão pessoal de renda do Brasil é mais discrepante que a dos outros países de baixo desenvolvimento econômico.<ref name="ref"/> Até a última década de 90, alguns países como [[Etiópia]] e [[Uganda]] tinham distribuição de renda muito melhor que a brasileira. No período, os mais ricos tiveram aumento da renda real e os mais pobres também tiveram aumento de renda, embora o abismo entre as classes sociais tenha ficado ainda maior.<ref name="ref"/>
 
A renda também é clara entre os gêneros. Um estudo da [[ONU]], divulgado em [[2010]], mostra que, se analisadas a saúde reprodutiva, empoderamento (autonomia) e atividade econômica, o país aparece em 80º lugar na lista de 138 nações e territórios.<ref>[[PNUD]] Brasil. (4 de novembro de 2010). [http://www.pnud.org.br/cidadania/reportagens/index.php?id01=3598&lay=cid ''PNUD lança índice de disparidade de gênero''], acesso em 11 de dezembro de 2010</ref>
 
Dados do Censo 2010 revelam que a renda dos mais ricos (média de R$ 16.560,92 mensais) é maior que a de 40 brasileiros mais pobres (R$ 393,43).<ref>[[Censo brasileiro de 2010|Censo 2010]]/[[IBGE]] (16 de novembro de 2011). ''[http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_da_populacao/tabelas_pdf/tab8.pdf Distribuição do rendimento nominal mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade, com rendimento, e valor do rendimento nominal médio e mediano mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade, com rendimento, por sexo, segundo as classes de percentual das pessoas de 10 anos ou mais de idade, em ordem crescente de rendimento - Brasil - 2010]'', acesso em 17 de novembro de 2011</ref>
 
Em [[2009]], uma pesquisa do [[IBGE]], realizada em setembro de [[2008]], revelou que os 10% mais ricos (R$ 4.424 mensais ou mais) concentravam 43% da riqueza, ao passo que os 50% mais pobres possuem apenas 18%.<ref name="oretrato">Gois, Antônio (19 de setembro de 2009). ''Desigualdade cai; renda e emprego avançam''. ''[[Folha de S.Paulo]]'', Caderno ''Dinheiro''</ref>
 
O [[Censo brasileiro de 2010|Censo 2010]] detectou que 25% da população brasileira recebia até R$ 188 mensais e metade tem renda per capita de R$ 375, valor abaixo do salário mínimo de 2010 (R$ 510).<ref name="censo2010">[[IBGE]] (16 de novembro de 2011). ''[http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=2019&id_pagina=1 Indicadores Sociais Municipais 2010: incidência de pobreza é maior nos municípios de porte médio]'', acesso em 16 de novembro de 2011</ref>
 
De acordo com dados da [[OIT]] relativos a [[2010]], cerca de 25% da população brasileira ganha menos de US$ 75 por mês, e a geração de empregos formais é incipiente.<ref name="setentaecinco"/> Coincidentemente, o Brasil detém o posto de menor cobertura de [[seguro-desemprego]] entre as economias do G-20.<ref name="setentaecinco">Chade, Jamil. (19 de abril de 2010). [http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,um-em-cada-quatro-brasileiros-ganha-menos-de-us-75-ao-mes--diz-oit,not_14397.htm ''Um em cada quatro brasileiros ganha menos de US$ 75 ao mês, diz OIT''] - ''[[O Estado de S.Paulo]]'', acesso em 19 de abril de 2010</ref>
 
Em maio de 2011, o [[Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome]] calculou, a partir de dados do [[IBGE]] e estudos do [[Ipea]], que existam 16,2 milhões de brasileiros (8,6% do total) vivendo na miséria extrema ou com ganho mensal de até R$ 70.<ref name="mdsmaio">[[MDS]] (3 de maio de 2011). [http://www.mds.gov.br/saladeimprensa/noticias/2011/maio/brasil-sem-miseria-atendera-16-2-milhoes-de-pessoas ''Plano Brasil sem Miséria atenderá 16,2 milhões de pessoas ''], acesso em 3 de maio de 2011</ref> Na distribuição da miséria, as regiões Nordeste (18,1%) e Norte (16,8%) lideram o levantamento, ao passo que o Sul tem menos gente extremamente pobre (2,6%).<ref name="mdsmaio"/>
 
Ainda de acordo com o ministério, metade dos brasileiros mais pobres tem até 19 anos de idade.<ref name="mdsmaio"/>
 
O IDH de 2011, quando ajustado à desigualdade de renda, mostra o Brasil na 97ª posição no ranking de desenvolvimento formado por 187 países.<ref>Anexo estatístico do desenvolvimento humano/Relatório do PNUD - ONU (2011). ''[http://hdr.undp.org/en/media/HDR_2011_PT_Tables.pdf Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade]'', p.142, acesso em 17 de novembro de 2011</ref>
 
=== Mobilidade social ===
 
A desigualdade social caiu de 2001 a 2007, mas sofreu uma ligeira alta em 2008, embora a taxa da população considerada como pobre tenha caído de 30% em 2007 para 25,8% em 2008.<ref name="setentaecinco"/>
 
A taxa de miséria é, inclusive, parcialmente atribuída à [[desigualdade econômica]] do país, que, de acordo com o [[Coeficiente de Gini]] - com um índice de 0,56 em [[2006]] <ref name="onu"/> -, é uma das maiores do mundo.
 
Segundo dados da [[Fundação Getúlio Vargas]], em junho de [[2006]], a taxa de miséria baseada em renda de trabalho era de 18,57% da população, com queda de 19,8% nos quatro anos anteriores.<ref>Fundação Getúlio Vargas. (23 de agosto de 2006). [http://www.fgv.br/cps/pesquisas/miseria_queda_grafico_clicavel/Grafico_Miseria.pdf ''Miséria em queda''], acesso em 30 de maio de 2010</ref>
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A ausência de taxas sobre grandes fortunas mostra que o processo de concentração está institucionalizado, pois os mais ricos têm seus rendimentos mais protegidos.<ref>Safatle, Vladimir (28 de junho de 2011). ''Ricos pagam pouco''. ''[[Folha de S.Paulo]]''</ref> Levantamento divulgado em 2011 aponta que o trabalhador brasileiro labuta mais quatro meses para pagar impostos a todas as esferas governamentais.<ref>[[Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário|IBPT]]/Folha da Região (3 de maio de 2011). [http://www.ibpt.com.br/home/publicacao.view.php?publicacao_id=13970&pagina=30 ''Você trabalhou de janeiro até hoje para pagar impostos''], acesso em 28 de junho de 2011</ref>
 
=== Aspectos regionais ===
A taxa de miséria é, inclusive, parcialmente atribuída à [[desigualdade econômica]] do país, que, de acordo com o [[Coeficiente de Gini]] - com um índice de 0,56 em [[2006]] <ref name="onu"/> -, é uma das maiores do mundo.
 
A [[pobreza]] também é comum nas grandes cidades brasileiras, onde se encontra na forma de subúrbios e [[favela]]s.
 
Entre [[1950]] e [[1990]], a divisão regional de renda ficou praticamente inalterada, com algum crescimento da participação das regiões Centro-Oeste e Norte, em decorrência da expansão da fronteira agrícola.<ref name="ref"/> Em [[1990]], a região Sudeste, com 42% da população brasileira, respondia por quase 60% da renda do país, ao passo que o Nordeste, com 30% da população, possuía 15% da renda.<ref name="ref"/>
 
Ainda deDe acordo com estudo do [[IBGE]], em 2008, em 32,9% dos municípios a administração pública continua responsável por um terço da economia, mostrando a dependência do fomento público para manutenção econômica.<ref name="pibigbe"/>
Em [[2009]], uma pesquisa do [[IBGE]], realizada em setembro de [[2008]], revelou que os 10% mais ricos (R$ 4.424 mensais ou mais) concentravam 43% da riqueza, ao passo que os 50% mais pobres possuem apenas 18%.<ref name="oretrato">Gois, Antônio (19 de setembro de 2009). ''Desigualdade cai; renda e emprego avançam''. ''[[Folha de S.Paulo]]'', Caderno ''Dinheiro''</ref>
 
OA [[Censoriqueza brasileiroestá deconcentrada 2010|Censoem 2010]]poucos detectoumunicípios quee 25%foi daampliada populaçãoem brasileiradecorrência recebiada atécentralização R$de 188 mensaisgastos e metadeinvestimentos tempúblicos, rendao perque capitacausou deo R$congelamento 375,e valordesestímulo abaixoaos dodesenvolvimentos salárioregional mínimoe de 2010 (R$ 510)local.<ref name="censo2010ipea">[[IBGEIPEA]]. (1612 de novembroagosto de 20112010). ''[http://www.ibgeipea.gov.br/homeportal/presidenciaimages/noticiasstories/noticia_visualizaPDFs/comunicado/100812_comunicadoipea60.php?id_noticia=2019&id_pagina=1pdf Indicadores''Comunicados Sociaisdo MunicipaisIPEA 2010:- incidênciaInformativo de pobreza60 é- maiorDesigualdade nosda municípiosrenda deno porteterritório médio]brasileiro''], acesso em 1613 de novembroagosto de 20112010</ref>
 
Dados da pesquisa Contas Regionais do Brasil 2005-2009, realizada pelo IBGE e divulgada em 2011, mostram que, em 2009, oito estados concentravam 78,1% da riqueza econômica do país.<ref name="abdala">ABDALA, Vitor (23 de novembro de 2011). ''[http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-11-23/oito-estados-concentravam-quase-80-do-pib-nacional-em-2009 Oito estados concentravam quase 80% do PIB nacional em 2009]''. ''[[Agência Brasil]]'', acesso em 24 de novembro de 2011</ref>Apenas o estado de São Paulo tinha 33,5% de participação na economia nacional em 2009, ao passo que em 2008 concentrava 33,1%.<ref name="abdala"/>
A riqueza está concentrada em poucos municípios e foi ampliada em decorrência da centralização de gastos e investimentos públicos, o que causou o congelamento e desestímulo aos desenvolvimentos regional e local.<ref name="ipea">[[IPEA]]. (12 de agosto de 2010). [http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/comunicado/100812_comunicadoipea60.pdf ''Comunicados do IPEA - Informativo nº 60 - Desigualdade da renda no território brasileiro''], acesso em 13 de agosto de 2010</ref> Em [[1920]], os 10% municípios economicamente mais ricos tinham 55,4% de participação no PIB, ampliaram para 72,1% em [[1970]] e para 78,1% em [[2007]].<ref name="ipea"/>
 
Em [[1920]], os 10% municípios economicamente mais ricos tinham 55,4% de participação no PIB, ampliaram para 72,1% em [[1970]] e para 78,1% em [[2007]].<ref name="ipea"/>
Estudo do [[IBGE]], divulgado em [[2010]] com dados relativos a [[2008]], mostrou que seis capitais brasileiras — [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[Brasília]], [[Curitiba]], [[Belo Horizonte]] e [[Manaus]] — concentravam 25% do [[PIB]] do país.<ref name="pibigbe">[[IBGE]]. (10 de dezembro de 2010). ''[http://ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1780&id_pagina=1 Em [[2008]], seis capitais concentravam 25% do PIB do país]'', acesso em 11 de dezembro de 2010</ref> De acordo com o mesmo estudo, as diferenças regionais em cada estado também são claras, visto que, em 2008, os cinco maiores municípios do [[Amazonas]] eram responsáveis por 88,1% do PIB estadual, assim como no [[Amapá]] (87,6%) e [[Roraima]] (85,4%).<ref name="pibigbe"/>
 
Estudo do [[IBGE]], divulgado em [[2010]] com dados relativos a [[2008]], mostrou que seis capitais brasileiras — [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[Brasília]], [[Curitiba]], [[Belo Horizonte]] e [[Manaus]] — concentravam 25% do [[PIB]] do país.<ref name="pibigbe">[[IBGE]]. (10 de dezembro de 2010). ''[http://ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1780&id_pagina=1 Em [[2008]], seis capitais concentravam 25% do PIB do país]'', acesso em 11 de dezembro de 2010</ref> De acordo com o mesmo estudo, as diferenças regionais em cada estado também são claras, visto que, em 2008, os cinco maiores municípios do [[Amazonas]] eram responsáveis por 88,1% do PIB estadual, assim como no [[Amapá]] (87,6%) e [[Roraima]] (85,4%).<ref name="pibigbe"/>
De acordo com dados da [[OIT]] relativos a [[2010]], cerca de 25% da população brasileira ganha menos de US$ 75 por mês, e a geração de empregos formais é incipiente.<ref name="setentaecinco"/> Coincidentemente, o Brasil detém o posto de menor cobertura de [[seguro-desemprego]] entre as economias do G-20.<ref name="setentaecinco">Chade, Jamil. (19 de abril de 2010). [http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,um-em-cada-quatro-brasileiros-ganha-menos-de-us-75-ao-mes--diz-oit,not_14397.htm ''Um em cada quatro brasileiros ganha menos de US$ 75 ao mês, diz OIT''] - ''[[O Estado de S.Paulo]]'', acesso em 19 de abril de 2010</ref>
 
O [[Brasil]] é considerado o país menos desigual da [[América Latina]], embora as capitais [[Goiânia]], [[Fortaleza]], [[Belo Horizonte]], [[Brasília]] e [[Curitiba]] estejam entre as cidades mais desiguais do mundo entre 141 cidades de [[países em desenvolvimento]] e ex-comunistas, segundo aponta relatório da [[ONU]] divulgado em 2010.<ref>Antunes, Claudia. (20 de março de 2010). ''País tem 5 capitais entre as 20 cidades mais desiguais''. ''[[Folha de S.Paulo]]'', acesso em 20 de março de 2010</ref><ref>Lauriano, Carolina. (19 de março de 2010). [http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL1536525-5606,00-QUATRO+CAPITAIS+BRASILEIRAS+ESTAO+ENTRE+AS+MAIS+DESIGUAIS+DO+MUNDO+DIZ+ONU.html ''Quatro capitais brasileiras estão entre as mais desiguais do mundo, diz ONU'']. [[G1 (website)|G1]], acesso em 19 de março de 2010</ref>
Em maio de 2011, o [[Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome]] calculou, a partir de dados do [[IBGE]] e estudos do [[Ipea]], que existam 16,2 milhões de brasileiros (8,6% do total) vivendo na miséria extrema ou com ganho mensal de até R$ 70.<ref name="mdsmaio">[[MDS]] (3 de maio de 2011). [http://www.mds.gov.br/saladeimprensa/noticias/2011/maio/brasil-sem-miseria-atendera-16-2-milhoes-de-pessoas ''Plano Brasil sem Miséria atenderá 16,2 milhões de pessoas ''], acesso em 3 de maio de 2011</ref> Na distribuição da miséria, as regiões Nordeste (18,1%) e Norte (16,8%) lideram o levantamento, ao passo que o Sul tem menos gente extremamente pobre (2,6%).<ref name="mdsmaio"/>
 
A renda discrepante também é perceptível na forma de acesso à oferta de alimentos.<ref name="ibge"/> Segundo Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) [[2008]]-[[2009]], a partir de uma amostragem formada por 60 mil domicílios urbanos e rurais, 35,5% das famílias brasileiras não têm a quantidade mensal suficiente de alimentos, mesmo em um contexto de uma [[agropecuária]] eficiente e competitiva e um custo de alimentação considerado baixo para os padrões mundiais.<ref name="ibge">[[IBGE]]. (23 de junho de 2010). [http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1648&id_pagina=1 ''POF 2008/09 mostra desigualdades e transformações no orçamento das famílias brasileiras''], acesso em 28 de junho de 2010</ref><ref name="pobrezasemmisterio">''[[O Estado de S.Paulo]]''. (27 de junho de 2010). [http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100627/not_imp572620,0.php ''Pobreza sem mistério''], acesso em 28 de junho de 2010</ref> Esse mesmo indicador mostra a desigualdade entre as regiões brasileiras: no Norte, essa parcela equivale a 51,5% das famílias; no Nordeste, a 49,8%; no Centro-Oeste, 32%; no Sudeste, 29,4%; e no Sul, 22,9%.<ref name="ibge"/><ref name="pobrezasemmisterio"/>
Ainda de acordo com o ministério, metade dos brasileiros mais pobres tem até 19 anos de idade.<ref name="mdsmaio"/>
 
Uma pesquisa do [[Ipea]], divulgada em [[2011]], estima que 39,5% dos brasileiros não têm uma conta bancária, cujo acesso depende da renda.<ref name="inclusaobancaria">[[IPEA]]. (11 de janeiro de 2011). [http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/SIPS/SIPS_bancos2010.pdf ''Bancos - Exclusão e Serviços'']. Sistema de Indicadores de Percepção Social, acesso em 11 de janeiro de 2011</ref> Este indicador também mostra as desigualdades regionais, ao apurar que a exclusão bancária atinge 52,6% dos nordestinos e 30% dos sulistas.<ref name="inclusaobancaria"/>
A desigualdade social caiu de 2001 a 2007, mas sofreu uma ligeira alta em 2008, embora a taxa da população considerada como pobre tenha caído de 30% em 2007 para 25,8% em 2008.<ref name="setentaecinco"/>
 
=== Desigualdades raciais ===
O [[Brasil]] é considerado o país menos desigual da [[América Latina]], embora as capitais [[Goiânia]], [[Fortaleza]], [[Belo Horizonte]], [[Brasília]] e [[Curitiba]] estejam entre as cidades mais desiguais do mundo entre 141 cidades de [[países em desenvolvimento]] e ex-comunistas, segundo aponta relatório da [[ONU]] divulgado em 2010.<ref>Antunes, Claudia. (20 de março de 2010). ''País tem 5 capitais entre as 20 cidades mais desiguais''. ''[[Folha de S.Paulo]]'', acesso em 20 de março de 2010</ref><ref>Lauriano, Carolina. (19 de março de 2010). [http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL1536525-5606,00-QUATRO+CAPITAIS+BRASILEIRAS+ESTAO+ENTRE+AS+MAIS+DESIGUAIS+DO+MUNDO+DIZ+ONU.html ''Quatro capitais brasileiras estão entre as mais desiguais do mundo, diz ONU'']. [[G1 (website)|G1]], acesso em 19 de março de 2010</ref>
{{Artigo principal|Racismo no Brasil}}
 
A população negra e parda corresponde a 50,7% da população brasileira.<ref name="censo2010"/>O percentual de analfabetos negros e pardos era, em [[2010]], o triplo dos brancos.<ref name="censo2010"/>
A [[pobreza]] também é comum nas grandes cidades brasileiras, onde se encontra na forma de subúrbios e [[favela]]s.
 
As diferenças de renda também são claras se analisadas a condição racial. Na região metropolitana de [[Salvador (Bahia)|Salvador]], onde 54,9% da população são de cor parda e 26% de negra,<ref name="IBGE_cor">IBGE. [http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2006/indic_sociais2006.pdf ''Síntese dos Indicadores Sociais 2006''], acesso em 11 de dezembro de 2010</ref> a renda salarial dos negros era, em [[2004]], de apenas 54,5% da renda dos brancos<ref>Revista do Dieese. (2004). [http://www.dieese.org.br/esp/revistadieese.pdf ''Revista Final'']. Departamento Intersindical e Estudos Sócio-Econômicos, acesso em 11 de dezembro de 2010</ref> e, em outras regiões, como na metropolitana de [[São Paulo]], apenas 5% dos negros estavam em cargos de direção, gerência e planejamento, de acordo com dados de [[2008]].<ref>Godoy, Denise. (19 de novembro de 2009). ''Diminui o abismo entre negro e branco no trabalho''. ''[[Folha de S.Paulo]]'', Caderno Cotidiano</ref>
Ainda de acordo com estudo do [[IBGE]], em 32,9% dos municípios a administração pública continua responsável por um terço da economia, mostrando a dependência do fomento público para manutenção econômica.<ref name="pibigbe"/>
 
Um relatório da [[UFRJ]] divulgado em [[2011]] aponta que tem crescido a parcela de negros e pardos no total de desempregados.<ref name="ufrj2011"/> De acordo com o relatório, em 2006, 54,1% do total de desocupados eram negros e pardos (23,9% de homens e 30,8% de mulheres).<ref name="ufrj2011"/> Pouco mais de 10 anos antes, ou seja, em 1995, os negros e pardos correspondiam a 48,6% desse total (25,3% de homens e 23,3% de mulheres).<ref name="ufrj2011"/>
Em comparação com o resto do mundo, a divisão pessoal de renda do Brasil é mais discrepante que a dos outros países de baixo desenvolvimento econômico.<ref name="ref"/> Até a última década de 90, alguns países como [[Etiópia]] e [[Uganda]] tinham distribuição de renda muito melhor que a brasileira. No período, os mais ricos tiveram aumento da renda real e os mais pobres também tiveram aumento de renda, embora o abismo entre as classes sociais tenha ficado ainda maior.<ref name="ref"/>
 
Em relação aos que estão empregados, as diferenças entre as raças também são claramente perceptíveis: em 2006, o rendimento médio mensal real dos homens brancos equivalia a R$ 1.164, valor 56,3% superior à remuneração obtida pelas mulheres brancas (R$ 744,71), 98,5% superior à conseguida pelos homens negros e pardos (R$ 586,26) e 200% à obtida pelas mulheres negras e pardas.<ref name="ufrj2011"/>
A renda também é clara entre os gêneros. Um estudo da [[ONU]], divulgado em [[2010]], mostra que, se analisadas a saúde reprodutiva, empoderamento (autonomia) e atividade econômica, o país aparece em 80º lugar na lista de 138 nações e territórios.<ref>[[PNUD]] Brasil. (4 de novembro de 2010). [http://www.pnud.org.br/cidadania/reportagens/index.php?id01=3598&lay=cid ''PNUD lança índice de disparidade de gênero''], acesso em 11 de dezembro de 2010</ref>
 
Um levantamento do [[MDS]] divulgado em [[2011]] estima que, na parcela ''extremamente pobre'' da população, 50,5% são mulheres e 70,8% declararam ser pretas ou pardas.<ref name="mdsmaio"/>
As diferenças de renda também são claras se analisadas a condição racial. Na região metropolitana de [[Salvador (Bahia)|Salvador]], onde 54,9% da população são de cor parda e 26% de negra,<ref name="IBGE_cor">IBGE. [http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2006/indic_sociais2006.pdf ''Síntese dos Indicadores Sociais 2006''], acesso em 11 de dezembro de 2010</ref> a renda salarial dos negros era, em [[2004]], de apenas 54,5% da renda dos brancos<ref>Revista do Dieese. (2004). [http://www.dieese.org.br/esp/revistadieese.pdf ''Revista Final'']. Departamento Intersindical e Estudos Sócio-Econômicos, acesso em 11 de dezembro de 2010</ref> e, em outras regiões, como na metropolitana de [[São Paulo]], apenas 5% dos negros estavam em cargos de direção, gerência e planejamento, de acordo com dados de [[2008]].<ref>Godoy, Denise. (19 de novembro de 2009). ''Diminui o abismo entre negro e branco no trabalho''. ''[[Folha de S.Paulo]]'', Caderno Cotidiano</ref>
 
Ainda de acordo com esse levantamento, 39,9% dos indígenas estão em situação de miséria.<ref name="mdsmaio"/>
A renda discrepante também é perceptível na forma de acesso à oferta de alimentos.<ref name="ibge"/> Segundo Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) [[2008]]-[[2009]], a partir de uma amostragem formada por 60 mil domicílios urbanos e rurais, 35,5% das famílias brasileiras não têm a quantidade mensal suficiente de alimentos, mesmo em um contexto de uma [[agropecuária]] eficiente e competitiva e um custo de alimentação considerado baixo para os padrões mundiais.<ref name="ibge">[[IBGE]]. (23 de junho de 2010). [http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1648&id_pagina=1 ''POF 2008/09 mostra desigualdades e transformações no orçamento das famílias brasileiras''], acesso em 28 de junho de 2010</ref><ref name="pobrezasemmisterio">''[[O Estado de S.Paulo]]''. (27 de junho de 2010). [http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100627/not_imp572620,0.php ''Pobreza sem mistério''], acesso em 28 de junho de 2010</ref> Esse mesmo indicador mostra a desigualdade entre as regiões brasileiras: no Norte, essa parcela equivale a 51,5% das famílias; no Nordeste, a 49,8%; no Centro-Oeste, 32%; no Sudeste, 29,4%; e no Sul, 22,9%.<ref name="ibge"/><ref name="pobrezasemmisterio"/>
 
O [[Censo demográfico no Brasil|Censo 2010]] apurou que, dos 16 milhões de brasileiros vivendo em extrema pobreza (ou com até R$ 70 mensais), 4,2 milhões são brancos e 11,5 milhões são pardos ou pretos.<ref>Monteiro, André (10 de maio de 2011). [http://www1.folha.uol.com.br/poder/913919-numero-de-pobres-pardos-ou-pretos-e-quase-o-triplo-de-brancos.shtml ''Número de pobres pardos ou pretos é quase o triplo de brancos'']. [[Folha Online]], acesso em 10 de maio de 2011</ref>
Uma pesquisa do [[Ipea]], divulgada em [[2011]], estima que 39,5% dos brasileiros não têm uma conta bancária, cujo acesso depende da renda.<ref name="inclusaobancaria">[[IPEA]]. (11 de janeiro de 2011). [http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/SIPS/SIPS_bancos2010.pdf ''Bancos - Exclusão e Serviços'']. Sistema de Indicadores de Percepção Social, acesso em 11 de janeiro de 2011</ref> Este indicador também mostra as desigualdades regionais, ao apurar que a exclusão bancária atinge 52,6% dos nordestinos e 30% dos sulistas.<ref name="inclusaobancaria"/>
 
De acordo com pesquisa do IBGE divulgada em julho de 2011, as diferenças raciais ou de cor influenciam em aspectos como acesso a trabalho (71%), relação com justiça/polícia (68,3%) e convívio social (65%).<ref name="PCERP">Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População: um Estudo das Categorias de Classificação de Cor ou Raça/IBGE (22 de julho de 2011). [http://ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1933&id_pagina=1 ''IBGE divulga resultados de estudo sobre cor ou raça''], acesso em 22 de julho de 2011</ref> No [[Distrito Federal (Brasil)|Distrito Federal]],<ref>Contas Regionais do Brasil 2004-2008/IBGE. [http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasregionais/2008/comentarios.pdf ''Comentários''], acesso em 22 de julho de 2011</ref> onde há o maior [[PIB per capita]] do país, esses aspectos são ainda mais perceptíveis: trabalho (86,2%), convívio social (78,1%) e relação com justiça/polícia (74,1%).<ref name="PCERP"/>
 
=== Causas ===
 
Motivos históricos são apontados como responsáveis pelas diferenças regionais, como:
* falta de políticas públicas para a inclusão social da massa populacional vinda abruptamente do processo escravista;<ref name="ref"/>
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Em alguns municípios os investimentos não foram acompanhados por investimentos em municípios próximos, causando inchaço populacional e violência. Em Brasília, que tem o segundo maior [[PIB per capita]] do Brasil,<ref>[[IBGE]]. (16 de dezembro de 2009). [http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1520&id_pagina=1 ''Administração pública é responsável por mais de um terço da economia em quase 34% dos municípios brasileiros''], acesso em 30 de maio de 2010</ref> o plano de desenvolvimento da capital do país não contemplou as cidades do entorno<ref name="godoy" /> e resultou na explosão da violência em cidades como [[Luziânia]], onde, a cada mil jovens de 12 a 18 anos, 5,4 morrem assassinados - o maior Índice de Homicídios na Adolescência da Região [[Região Centro-Oeste do Brasil|Centro-Oeste]].<ref>Neri, Márcia. (12 de abril de 2010). [http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/04/12/cidades,i=185417/VIZINHOS+DO+PEDREIRO+FICARAM+CHOCADOS+COM+A+REVELACAO+DE+QUE+ELE+TERIA+MATADO+OS+SEIS+JOVENS.shtml ''Crime em Luziânia - Vizinhos do pedreiro ficaram chocados com a revelação de que ele teria matado os seis jovens'']. [[Correio Braziliense]], acesso em 30 de maio de 2010</ref>
 
== Desigualdades raciais ==
{{Artigo principal|Racismo no Brasil}}
 
A população negra e parda corresponde a 50,7% da população brasileira.<ref name="censo2010"/>O percentual de analfabetos negros e pardos era, em [[2010]], o triplo dos brancos.<ref name="censo2010"/>
 
Um relatório da [[UFRJ]] divulgado em [[2011]] aponta que tem crescido a parcela de negros e pardos no total de desempregados.<ref name="ufrj2011"/> De acordo com o relatório, em 2006, 54,1% do total de desocupados eram negros e pardos (23,9% de homens e 30,8% de mulheres).<ref name="ufrj2011"/> Pouco mais de 10 anos antes, ou seja, em 1995, os negros e pardos correspondiam a 48,6% desse total (25,3% de homens e 23,3% de mulheres).<ref name="ufrj2011"/>
 
Em relação aos que estão empregados, as diferenças entre as raças também são claramente perceptíveis: em 2006, o rendimento médio mensal real dos homens brancos equivalia a R$ 1.164, valor 56,3% superior à remuneração obtida pelas mulheres brancas (R$ 744,71), 98,5% superior à conseguida pelos homens negros e pardos (R$ 586,26) e 200% à obtida pelas mulheres negras e pardas.<ref name="ufrj2011"/>
 
Um levantamento do [[MDS]] divulgado em [[2011]] estima que, na parcela ''extremamente pobre'' da população, 50,5% são mulheres e 70,8% declararam ser pretas ou pardas.<ref name="mdsmaio"/>
 
Ainda de acordo com esse levantamento, 39,9% dos indígenas estão em situação de miséria.<ref name="mdsmaio"/>
 
O [[Censo demográfico no Brasil|Censo 2010]] apurou que, dos 16 milhões de brasileiros vivendo em extrema pobreza (ou com até R$ 70 mensais), 4,2 milhões são brancos e 11,5 milhões são pardos ou pretos.<ref>Monteiro, André (10 de maio de 2011). [http://www1.folha.uol.com.br/poder/913919-numero-de-pobres-pardos-ou-pretos-e-quase-o-triplo-de-brancos.shtml ''Número de pobres pardos ou pretos é quase o triplo de brancos'']. [[Folha Online]], acesso em 10 de maio de 2011</ref>
 
De acordo com pesquisa do IBGE divulgada em julho de 2011, as diferenças raciais ou de cor influenciam em aspectos como acesso a trabalho (71%), relação com justiça/polícia (68,3%) e convívio social (65%).<ref name="PCERP">Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População: um Estudo das Categorias de Classificação de Cor ou Raça/IBGE (22 de julho de 2011). [http://ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1933&id_pagina=1 ''IBGE divulga resultados de estudo sobre cor ou raça''], acesso em 22 de julho de 2011</ref> No [[Distrito Federal (Brasil)|Distrito Federal]],<ref>Contas Regionais do Brasil 2004-2008/IBGE. [http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasregionais/2008/comentarios.pdf ''Comentários''], acesso em 22 de julho de 2011</ref> onde há o maior [[PIB per capita]] do país, esses aspectos são ainda mais perceptíveis: trabalho (86,2%), convívio social (78,1%) e relação com justiça/polícia (74,1%).<ref name="PCERP"/>
 
== Migrações internas ==