Sílvio Vieira Mendes Lima: diferenças entre revisões

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'''Sílvio Vieira Mendes Lima''' ([[Coimbra]], [[5 de Fevereiro]] de [[1904]] — [[Coimbra]], [[6 de Janeiro]] de [[1993]]), mais conhecido por '''Sílvio Lima''', foi um professor universitário e investigador da área da [[psicologia]] e das ciências da educação. É considerado um dos introdutores da moderna Psicologia em Portugal. Foi um dos professores universitários que em Maio de [[1935]] foram afastados do ensino por serem considerados ''oposicionistas'' ao recém-institucionalizado [[Estado Novo (Portugal)|Estado Novo]].
 
== Biografia ==
Sílvio Lima realizou os seus estudos primários e secundários em [[Coimbra]], frequentando nos últimos anos o Colégio de São Pedro. Ingressou seguidamente no curso de [[Medicina]] da [[Universidade de Coimbra]], transferindo-se pouco depois para a Faculdade de Letras daquela Universidade, já que considerou como erro de orientação profissional a sua opção inicial, estudando aí Ciências Históricas e Filosóficas.
 
Escreveu em [[1927]] a sua dissertação de licenciatura, que intitulou, ''"Ensaio sobre a ética de Guyau nas suas relações com a crise moral contemporânea"'', versando a problemática filosófica e ética da contemporaneidade à luz do pensamento do poeta e filósofo [[Jean-Marie Guyau]]. A tese foi elaborada em França, onde frequentara cursos de férias nas Universidades de Toulouse e Paris.
 
Licenciou-se a [[9 de Julho]] de [[1927]] com aprovação final de ''Muito Bom com 19 valores''. Foi então convidado a seguir a carreira docente universitária, tendo como proponentes os professores [[Joaquim de Carvalho]] e [[Gonçalves Cerejeira]].
 
Ingressado na carreira docente universitária, Sílvio Lima inicia a elaboração da sua dissertação de doutoramento na área da [[psicologia]], área do saber então quase desconhecida em Portugal. Para tal procura orientação nas escolas dos países francófonos, estagiando na [[Sorbonne]], onde frequenta na Faculdade de Letras vários cursos, e no Instituto Católico onde estuda a problemática da vida do inconsciente, sob a orientação do professor belga [[Georges Dwelshauvers]]. Parte de seguida para [[Genebra]], onde no [[Instituto Jean Jacques Rousseau]] frequentou, com [[Helène Antipoff]], um seminário psicopedagógico realizado sobre a orientação do psicólogo [[Édouard Claparède]] (1873-1940).
 
Depois de ter estagiado nas diversas instituições europeias onde procurou orientação, o que lhe conferiu num tempo em que a Universidade portuguesa vivia isolada uma aura de ''estrangeirado'', regressou a Coimbra, defendendo então a sua dissertação doutoral subordinada ao tema ''"O problema da recognição – estudo teórico-experimental"''. Realizou as provas nos dias [[29 de Janeiro|29]] e [[30 de Janeiro]] de [[1929]], obtendo a aprovação com 19 valores e recebendo as insígnias doutorais em cerimónia realizada na [[Sala dos Capelos]] a [[29 de Junho]] de [[1929]].
 
Iniciou sua careira de docente universitário como professor auxiliar de Ciências Filosóficas, regendo a partir de [[1931]] a cadeira de Psicologia Escolar e Medidas Mentais, na Secção de Ciências Pedagógicas.
 
Entretanto, iniciando um processo de ruptura com o nascente regime ditatorial implantado pela [[Revolução Nacional]], em [[1930]] publicou um ensaio filosófico intitulado ''Notas críticas ao livro do Sr. Cardeal Cerejeira «A Igreja e o pensamento contemporâneo»'', obra que marca a ruptura com o seu antigo protector e proponente para a carreira docente.
 
Em [[1935]] publica, como dissertação para o concurso ao lugar de professor extratordinário efectivo da [[Universidade de Coimbra]], o estudo ''"Amor místico - Noção e valor da experiência Religiosa"'', então anunciado como o primeiro volume de uma série de que estavam previstos mais dois. Neste mesmo ano, e na sequência da operação de repressão da intelectualidade universitária levada a cabo pelo recém-implantado [[Estado Novo (Portugal)|Portugal]], que também incluiu o encerramento da Imprensa da Universidade de Coimbra, Sílvio Lima foi demitido do seu lugar de professor e considerado inapto para a docência pública. Dedica-se então à escrita e colabora em inúmeras publicações.
 
Data deste período a escrita de algumas das suas obras mais marcantes, entre as quais ''"Quatro cartas sobre o Idealismo"'' (1936), obra dedicada a [[Raul Proença]], uma trilogia sobre o desporto (''"Ensaios sobre o desporto"'' (1937), ''"Desporto jogo e arte"'' (1938) e ''"Desportismo profissional"'' (1939)) e o ensaio de reflexão analítica ''"Serão luxos a ciência e a arte?"'' (1940). Neste último ensaio, onde distingue judiciosamente os conceitos de ''cultura'' e ''civilização'' e defende que a cultura é um ''luxo'' do espírito puro ''que exalta e dignifica a arte e a ciência, a filosofia e a justiça'', distinguindo judiciosamente cultura de civilização.
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Já depois da sua reintegração na Universidade, publica em [[1943]] o ensaio crítico ''"O determinismo, o acaso e a previsão na história"'', outra das suas obras mais marcantes.
 
A sua obra ''"Ensaio sobre a essência do ensaio"'' (1944), um estudo sobre o conceito de ensaio e o espírito ensaístico, realizada em colaboração com [[André Gide]], foi considerado por [[António Sérgio]], como ''a obra mais lúcida e de maior acerto acerca da natureza da literatura ensaística em Portugal''.
 
Em [[1947]] editou o ensaio ''"Normal, anormal e patológico"'', obra que considerou como um ''exame analítico de microscopia conceitual'', a que se seguiu em [[1950]] a obra ''"A Psicologia em Portugal"'', uma análise histórica e cultural das principais correntes científicas e psicológicas em Portugal desde o início do [[século XIX]] até então.
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Como resultado da sua participação no curso livre de Psicologia Médica da Universidade de Lisboa, publicou em [[1952]] uma obra pioneira para o tempo a que deu o título de ''"Cérebros electrónicos e cérebros humanos: psíquico, psicológico e cibernético"'', a que se segiu ''"Reflexões sobre a consciência saudosa"'' (1955).
 
Em [[1957]], integrando-se nas celebrações do centenário da morte de [[Augusto Comte]], publica a obra ''"Comte, o positivismo e a Psicologia"''.
 
Foi um professor de raras qualidades pedagógicas, com um raro espírito crítico e científico em que primava a exigência de rigor e o respeito pelos factos. Marcou de forma decisiva o desenvolvimento do ensino das ciências sociais no panorama universitário português.
==Referências==
*José Ferreira da Silva, ''Sílvio Lima - História de um Professor Universitário'', in ''Biblos'', vol. LV, pp. XXXV-LIII, 1979.
*Sílvio Lima, ''Obra Completa'', [[Fundação Calouste Gulbenkian]], 2 vols., Lisboa, 2002.
 
=={{Links}} Referências ==
* José Ferreira da Silva, ''Sílvio Lima - História de um Professor Universitário'', in ''Biblos'', vol. LV, pp.  XXXV-LIII, 1979.
*[http://www.instituto-camoes.pt/cvc/figuras/slima.html Sílvio Lima na página do Instituto Camões]
* Sílvio Lima, ''Obra Completa'', [[Fundação Calouste Gulbenkian]], 2 vols., Lisboa, 2002.
 
== {{Ligações externas}} ==
*[ {{Link||2=http://www.instituto-camoes.pt/cvc/figuras/slima.html |3=Sílvio Lima na página do Instituto Camões]}}
 
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[[Categoria:Pedagogos de Portugal]]